capitulo quatro

Os três jovens chegaram ao esconderijo de Vi exaustos, com os pulmões queimando pelo esforço. O lugar era pequeno e escondido, uma sala de concreto bruto com móveis improvisados. Uma pilha de colchões velhos no canto servia como cama, enquanto uma mesa de madeira cheia de riscos e marcas de uso ficava no centro, rodeada por cadeiras descombinadas.

"Estamos seguros... por enquanto," disse Ekko, fechando a porta atrás deles e travando-a com uma barra de ferro.

Powder deixou-se cair em um dos colchões, soltando um suspiro longo. "Isso foi intenso! Duncan, você realmente sabe como trazer emoção para uma noite."

Duncan lançou-lhe um olhar cansado, mas não disse nada. Ela sentou-se em uma das cadeiras, os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça baixa. Ainda sentia o calor da pedra, mesmo que agora estivesse longe.

Powder, animada como sempre, tirou sua engenhoca do bolso e começou a mexer nela. "Bem, se aquele monstro voltar, posso explodi-lo em pedacinhos! Só preciso ajustar isso aqui..."

"Powder, você nunca para?" perguntou Ekko com uma risada breve.

"Claro que não! O que mais eu faria? Além disso, alguém precisa garantir que a gente tenha uma vantagem, certo?"

Ekko sorriu, mas logo sua expressão ficou séria. Ele caminhou até Duncan e sentou-se em uma cadeira ao lado dela.

O silêncio caiu entre eles, quebrado apenas pelo som de ferramentas nas mãos de Powder. Ekko observou Duncan, notando o quanto ela parecia abalada.

"Quer falar sobre o que aconteceu?" ele perguntou, a voz calma.

Duncan suspirou, sem levantar os olhos. "Não sei o que dizer, Ekko. Eu... só peguei a pedra porque parecia valiosa. Não tinha ideia de que era... aquilo."

"Eu sei," respondeu ele. "Mas claramente não era uma pedra qualquer. Você sentiu alguma coisa quando a tocou?"

Ela hesitou antes de responder. "Sim. Era como se estivesse... viva. Pulsava, queimava. E parecia que queria me dizer algo, mas eu não conseguia entender."

Ekko franziu a testa, pensativo. "Isso é estranho. Não sei o que era aquilo, mas definitivamente não era algo que deveria estar em mãos erradas."

"Eu sei," disse Duncan, a culpa evidente em sua voz. "Eu só queria sobreviver, Ekko. Não queria causar todo esse caos."

Ekko colocou a mão no ombro dela. "Você não sabia. E olha, sobrevivemos, certo? Agora precisamos descobrir o que fazer a seguir."

Duncan levantou os olhos, finalmente encarando Ekko. "Mas e se aquela coisa voltar? E se ela machucar mais pessoas por minha causa?"

"Ei, calma," disse Ekko, apertando o ombro dela de leve. "Nós vamos lidar com isso juntos. Zaun já viu coisas piores, e nós sempre damos um jeito. Você não está sozinha nisso."

Duncan sentiu um nó na garganta. Ela não estava acostumada a depender de outras pessoas; sempre fora ela contra o mundo. Mas Ekko parecia genuíno, e isso a fazia querer acreditar nele.

"Obrigada, Ekko," ela disse, quase em um sussurro.

"Estamos no mesmo barco," respondeu ele, sorrindo.

"O Titanic só se for." balbuciou.

[...]

Enquanto isso, Powder estava totalmente imersa em sua invenção. Ela soltava murmúrios e risadas enquanto ajustava molas e engrenagens, testando o movimento de sua engenhoca.

"Powder," chamou Ekko, quebrando o silêncio.

"Hm?" Ela nem levantou os olhos.

"Você acha que consegue criar algo que nos ajude se aquela coisa aparecer de novo?"

"Claro que sim!" respondeu ela, com um brilho nos olhos. "Já tenho algumas ideias, só preciso de tempo e mais peças. Ah, e talvez algo explosivo... bem explosivo!"

Ekko riu. "Só não exploda o esconderijo, ok?"

"Sem promessas," disse Powder, piscando para ele.

Apesar do clima mais leve, Duncan ainda estava inquieta. Sua mente voltava constantemente para a pedra e a criatura que ela havia liberado. Mesmo longe, parecia que algo havia mudado dentro dela, como se a pedra tivesse deixado uma marca invisível.

"Você deveria descansar," sugeriu Ekko, notando a preocupação no rosto dela.

"E você?" perguntou Duncan.

"Eu vou ficar de olho," respondeu ele. "Se Torrin ou qualquer outra coisa aparecer, vou saber antes."

Duncan assentiu, mas demorou a se deitar. Quando finalmente o fez, o sono foi leve, interrompido por flashes de luz vermelha e rugidos que ainda ecoavam em sua mente.

Zaun nunca dormia, e naquela noite, parecia que o perigo também nunca descansaria.

[...]

Powder estava sentada no chão, mexendo nervosamente em seus equipamentos. Suas mãos estavam sujas de graxa e pólvora, mas seus olhos brilhavam com um misto de ansiedade e alívio. Ekko, mais calmo, estava de pé perto da entrada, observando tudo com uma expressão de vigilância, enquanto Duncan, o mais hesitante, tentava não chamar muita atenção.

"Tem certeza que ela vai voltar pra cá?" Duncan perguntou, sua voz baixa, quase temerosa.

Ekko cruzou os braços, o semblante sério.
"Vi nunca deixa um lugar assim pra trás. Esse esconderijo é... seguro pra ela."

Powder riu, mas o som saiu amargo.
"Seguro. Nada é seguro pra gente."

Antes que alguém pudesse responder, o som de passos pesados ecoou pelo corredor estreito. Ekko se virou rápido, sacando uma chave inglesa improvisada como arma. Powder parou de mexer em suas coisas, o coração disparando.

A porta rangeu ao ser empurrada, revelando a silhueta forte de Vi. Seu cabelo rosa brilhava mesmo na penumbra, e seus olhos imediatamente varreram o ambiente, avaliando os rostos conhecidos.

"Que diabos vocês estão fazendo aqui?" Vi perguntou, a voz cortante como uma lâmina, mas com uma ponta de incredulidade.

Powder se levantou de um salto, os olhos se enchendo de lágrimas.
"Vi! Eu... eu achei que nunca mais ia te ver!"

Por um momento, o rosto de Vi endureceu, mas então seus ombros relaxaram. Ela soltou um suspiro longo, como se carregasse o peso do mundo nas costas.
"Eu também, Powder. Mas olha só onde estamos agora."

Ekko deu um passo à frente, interrompendo o momento.
"Não é hora de sentimentalismo. Vi, a situação tá complicada. Precisamos de um plano."

Vi estreitou os olhos, agora reparando no estado do grupo. Eles estavam sujos, com roupas rasgadas e marcas de luta.
"O que aconteceu com vocês?"

Duncan, que até então tinha se mantido em silêncio, falou, sua voz hesitante.
"Fomos pegos numa emboscada. Zaun tá uma bagunça... mais do que o normal. A gente só queria um lugar pra se esconder."

Vi olhou para ele e depois para Ekko, finalmente voltando seus olhos para Powder.
"Isso aqui não é um hotel. Vocês sabem disso, né?"

Powder deu um passo à frente, a voz trêmula.
"Eu sei. Mas... eu precisava ver você. Precisava saber que você ainda tá aqui, que ainda somos uma família."

O silêncio que se seguiu foi pesado. Vi apertou os punhos, como se tentasse segurar as palavras que queriam escapar. Quando finalmente falou, sua voz era mais suave.
"Sempre fomos uma família, Powder. Isso nunca mudou."

Ekko tossiu levemente, quebrando o clima.
"Bom, agora que as lágrimas já caíram, dá pra gente se concentrar? Se alguém seguiu a gente, não temos muito tempo antes que isso aqui seja invadido."

Vi assentiu, voltando a sua postura prática.
"Certo. Vocês podem ficar aqui por um tempo, mas não quero bagunça. E amanhã... a gente resolve como sair desse buraco."

Enquanto todos se acomodavam, Powder finalmente sorriu, ainda que de forma tímida. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentia uma centelha de esperança.















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