— Ele tá aí?

— Eu não sei.

— Isso é ridículo, você está passando vergonha, Miguel.

Miguel havia chegado no pet shop onde costumava levar seu cachorrinho todo fim do mês. Ele tem um cão da raça Shih-Tzu, ele faz parte da família há um ano, Miguel o adotou depois de alguém ter abandonado em seu prédio em uma caixa e sapatos, ele ainda era um filhotinho quando Miguel o colocou para dentro e lhe deu água e o que comer. Não foi difícil convencer sua mãe de ficar com o filhote tão fofo e indefeso.

Desde então vem cuidando de Dino com todo carinho e dedicação do mundo. Levando ao veterinário para algumas consultas, dando um alimento regular e adequado para ele, e sempre levando ao pet shop no fim do mês para o banho.

Miguel o leva no mesmo pet shop há algum tempo, isso porque sabe de todo cuidado dos profissionais, de como são dedicados e atenciosos com seu querido Dino. Mas ele também não pode negar que Robby leva o maior crédito quando o assunto é esse.

Robby é o atendente/ajudante do pet shop, ele trabalha lá desde que Miguel começou a levar Dino e Miguel se encantou com toda aquela simpatia, Robby era tão atencioso, fazia questão de ajustar cada pequeno detalhe dos agendamentos de banho de Dino, sempre travava Miguel com carinho e principalmente Dino.

Quando Robby sorria, Miguel se derretia.

Ele era tão lindo que Miguel às vezes questionava se ele era mesmo real ou apenas fruto da sua imaginação.

Mas Robby era real, tão real que Miguel estava caidinho por ele e decidiu tomar coragem para se aproximar mais hoje.

— Você é tão pessimista, por que não fica quieto, Demetri? — Eli perguntou.

— Eu só estou sendo realista, é um pouco vergonhoso termos vindo em bando para o Miguel chamar um cara pra sair.

— Nós estamos aqui para encorajá-lo — Eli falou — cadê ele, Miguel?

Eles estavam no pet shop, Miguel marcou um horário para Dino fazer uma tosa e tomar um banho, mas dessa vez não levou seu cachorrinho sozinho, ele chamou Demetri e Eli junto, na verdade Eli foi quem se ofereceu para ir junto depois que Miguel disse que queria chamar Robby para sair mais estava muito nervoso com isso.

Ele disse que ajudaria no que fosse preciso e mudaria de assunto rapidamente se Miguel levasse um fora. Demetri foi junto porque precisava comprar ração para o seu hamster, mas logo foi arrastado junto ao plano também.

— Ele está ali — Miguel falou tentando ser o mais discreto possível ao ver Robby de longe conversando com um cliente.

— Vamos lá.

— Espera! — Miguel segurou o braço de Eli — eu já deveria chegar falando? Sei lá, vai soar meio estranho, né?

— Você está agindo como um adolescente que nunca chamou alguém para sair antes — Demetri negou com a cabeça.

— Mas eu sou um adolescente que nunca chamou ninguém para sair antes — Miguel falou.

— Ah, é verdade...

— Vamos ficar parados aqui? Vão pensar que somos malucos.

— Eu não sei se estou pronto para ir falar com ele. Talvez eu devesse desistir.

— Não, você não vai desistir!

— Au, Au!

Dino, que estava perto de Miguel com sua coleira, latiu, chamando a atenção de alguns que estavam na loja, incluindo Robby.

Robby olhou na direção deles e sorriu ao ver Miguel, então acenou para ele. Miguel sem saber muito o que fazer acenou de volta com um sorriso tímido.

— Agora ele já te viu.

— Obrigado por avisar, Demetri.

— Vamos lá — Eli falou.

Os três caminharam até a recepção onde Robby agora se despedia de um cliente. Dino caminhava animado balançando o rabinho, como se não tivesse acabado de colocar seu dono em uma saia justa.

Dino foi correndo na direção de Robby e Miguel soltou a coleira para que ele pudesse caminhar livremente para o colo do mais baixo.

— Dino! Como você está, garotão? — Robby perguntava, enquanto se abaixava no chão e Dino pulava em seu colo, lambendo sua bochecha com animação — também senti saudades.

Miguel assistia a cena com um sorriso bobo.

— Oi, Miggy — Robby sorri para Miguel — como você está?

— Muito bem, e você?

— Ótimo. Esse garotão continua animado como sempre.

— É, ele tem muita energia.

— O horário de vocês é o próximo — Robby se levantou — o último cliente já está sendo finalizado — ele diz enquanto checa no computador.

— Tudo bem, sem problemas.

Eli dá uma cotovelada discreta em Miguel.

— Ah! Esses aqui são meus amigos, esse é o Eli e esse é o Demetri.

— É um prazer conhecê-los, sejam bem vindos a loja.

— Finalmente conheci o famoso Robby! — Eli falou.

— A propósito, onde fica a sessão para Hamster? — Demetri perguntou.

— No último corredor virando a direita — Robby indicou.

— Vamos lá, Demetri — Eli disse e Miguel quase o fuzilou com o olhar.

— Mas você não ia esperar aqui comigo, Eli?

— Vai ser rapidinho, a gente vai lá e já volta. Bora, Demetri.

Eli quase arrastou Demetri com ele e Miguel ficou para trás, xingando seu amigo mentalmente por ter quebrado a promessa de que não o deixaria sozinho com Robby.

— Você quer marcar o horário para o próximo mês ou prefere agendar pelo telefone? — Robby perguntou, tendo a atenção de Miguel.

Ele adorava falar com Robby pelo telefone, eles sempre acabavam criando algum assunto e ficavam mais tempo do que deveriam no telefone de serviço.

— Hum... qual dia livre tem aí?

— Deixa eu ver aqui — Robby disse enquanto olhava os horários no computador — dia 16 nesse mesmo horário tá bom pra você?

— Sim, tá ótimo — Miguel disse. Ele mordeu o lábio timidamente e olhou para Robby concentrado no computador, depois para Dino sentado no chão olhando para ele e depois para Robby de novo — hum... e você? Quando você tem um tempo livre?

Robby voltou a olhar para ele.

— Eu? Hum... eu...

— Dino! O Dino já chegou? É a vez dele.

A mulher simpática que sempre cuida do banho do Dino, apareceu na recepção chamando por ele. Dino caminhou até ela balançando o rabinho e entrando na sala por conta própria.

— Ele é tão independente — Robby disse e Miguel riu um pouco.

— Ele aprendeu desde cedo.

— Então vai ser só o banho hoje? — ela perguntou.

— Você poderia aparar um pouco os pêlos também? Ah, e limpar as orelhas, por favor — Miguel pediu.

— Claro. Vamos, Dino.

A porta se fechou e Miguel e Robby voltaram a ficar sozinhos.

— Ele é muito fofo.

— Oi? Ah, sim... sim.

Miguel havia perdido toda a pequena coragem que ele adquiriu.

— Tem tantas coisas bonitinhas aqui, eu quase comprei uma roupinha para coelho e eu nem tenho um coelho — Eli disse enquanto voltava com Demetri, que segurava um pequeno saco de ração.

— Nós temos coelhos aqui também, os animais ficam naquela área — Robby apontou.

— Ah, sério? Vamos ver, vamos ver? — Eli pediu, puxando a camiseta de Demetri.

— Não enche, Eli.

— Então será no dia 16, Miguel? — Robby perguntou.

— Sim, esse dia está bom.

— Tá vendo só, cara? Eu disse que não ia ser assim tão difícil chamar ele pra sair — Eli deu dois tapinhas no ombro de Miguel.

— Eli, eu...

— O Miguel estava com medo, mas nós viemos com ele para encorajá-lo um pouco, mas no final ele acabou conseguindo sozinho — Eli sorriu.

— Eli, fica quieto — Miguel só queria cavar um buraco e se enfiar lá dentro agora.

— O Miguel... ia me chamar para sair?

— Espera, ele não...?

— Você é tão inconveniente, Eli — Demetri negou com a cabeça.

— Acho que eu vou indo, você me liga quando o Dino estiver pronto? Obrigado, tchau.

— Espera, Miguel — Robby falou, Miguel desistiu de dar meia volta e ir embora, mesmo que ele quisesse — ele está falando sério?

Eli coçou a nuca enquanto Demetri brigava com ele em cochichos.

— Eu... hum... talvez?

Miguel não sabia se mentiria ou diria a verdade.

— Você ia me chamar para sair?

— É, eu... estava pensando nisso.

Miguel se sentia um pouco patético agora

— E pra onde nós iríamos? — Robby perguntou curioso.

— Bom... eu estava pensando em te chamar para ir ao cinema já que tem um filme novo em cartaz e você comentou uma vez que gostava de ficção científica...

— Então... — Robby pegou uma caneta e um bloquinho de papel — no próximo sábado está bom para você? Vamos conversar sobre o horário — ele entregou o papel para Miguel — esse aqui é meu número pessoal, me mande uma mensagem e combinamos tudo, tá bom?

— Sim, claro! Sábado está bom para mim, eu vou... adorar.

— Perfeito. Então, está marcado — quando Robby sorriu de novo, Miguel quase se derreteu.

— Pode cobrar a ração pra mim? — Eli perguntou, colocando o pacote no balcão.

— Viu? Eu falei que daria tudo certo — Eli cochichou.

— Mas você quase estragou tudo.

— Mas deu certo, toca aqui.

Miguel o ignora.

— Obrigado — Robby agradeceu assim que Demetri pagou pela ração.

— Disponha.

— Vamos.

— Eu te ligo quando o Dino ficar pronto, Miggy — Robby falou.

— Tudo bem, obrigado, Robby.

Robby sorriu. Ele queria fazer mais do que sorrir, mas estava muito nervoso agora e feliz também.

Ele sempre achou Miguel tão bonito e engraçado, adorava quando eles ficavam conversando e Miguel parecia ser tão atencioso. Até teve vontade de chamá-lo para comer alguma coisa qualquer dia, mas estava com medo de Miguel não gostar muito da ideia, ele não podia perder um cliente por causa dos seus sentimentos.

Mas agora que Miguel o chamou para sair, as coisas vão ser diferentes.

Robby vai adorar finalmente sair com ele.