𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗜𝗩 - 𝗣𝗥𝗢𝗩𝗢𝗖𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦🎯

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𝘈cho que trocar a aula de escrita por uma aula de culinária seria muito melhor, pois no momento de expressarmos nossas habilidades iríamos provar cada comida deliciosa ao invés de melar nossas mãos de tinta. Não que eu não saiba escrever, eu amo escrever. Para mim tudo vira versos de poemas com expressões de amor, mas eu amo muito mais a aula de culinária, principalmente quando a Penélope aparece na sala com aquela bela bandeja cheia de bolinhos de arroz.

A minha amiga Alice, a ruiva, vive dizendo que a única coisa que eu sei fazer até agora é cozinhar umas ervas verdes do quintal de casa, que viram ótimos remédios para feridas abertas. Eu não acho que essa seja minha habilidade e tenho certeza que cozinhar também não é. Uma vez depois de tanta insistência por parte do meu pai, eu segurei uma espada e quase foi um desastre assim como cozinhar os ingredientes para a comida do Jonas, meu irmão mais novo.

― Saiba que a escrita é muito importante para a nossa tribo. ― disse a professora Oriana segurando um grande rolo de papel cheio de palavras. ― Todos vocês sabem o quanto é importante a escrita para conseguir empregos de alta no castelo?

― Esse ofício não é o meu. ― sussurrei os ventos dando um belo sorriso para mim mesma. ― O meu caminho é por outro. Prefiro segurar uma espada.

― Claro que é. ― Alice ergueu a cabeça me dando uma certa confiança. ― O seu ofício será liderar a nossa aldeia comigo.

― Pode deixar! ― ergui a minha cabeça.

Parece ser injusto, mas nem todas as aldeias do reino de Atlas têm os mesmos privilégios que a nossa, pois somos muito mais leal ao nosso Rei Kael Darkfire. Temos uma grande facilidade em termos de empregos no Castelo, principalmente com as artes culinárias e na arte da escrita para as mulheres.

― Tenho certeza que eles vão me chamar quando virem que as minhas costuras são ótimas. Eu amo o que eu faço professora, e sei que conseguirei fazer o vestido mais lindo de todo o reino de Atlas.

― Charlotte, será que dá para fazer uma armadura também? ― Harry perguntou bastante sério, coisa que me surpreendeu. ― Talvez eu te compre.

― Eu posso tentar. ― ela respondeu, e eu pude escutar o som da risada dela.

A escrita e nem a culinária chegam aos pés quando o assunto é aprender sobre a arte da guerra e nós mulheres somos deixados de lado por sermos delicadas. Ficamos apenas com o ofício da culinária, e da arte com os poemas, entre outros. Mas acho que deveríamos aprender a se defender e isso não é imputado a nós. Não podemos pegar nenhuma arma, não podemos para não nos machucar.

Apenas os homens.

"A luta começa por nós e pelos nossos direitos. Como não podemos ir à luta?"

― Ainda bem que vamos participar do acampamento na floresta... ― deixei passar sem eu mesmo perceber direito.

― A partir de agora eu quero que todos, incluindo os meninos, comecem a praticar a escrita escrevendo algo muito bonito... Se quiserem podem se declarar para as meninas haha! ― a professora Oriana gargalhou bem alto, divertida.

― Professora para com isso! ― Joab se manifestou parecendo irritado, e nós rimos com a sua atitude inesperada.

― Eu acho que ele quer se declarar só que não tem muita coragem, né? ― Jack colocou mais lenha na fogueira. ― Diz logo para a Tracy que você gosta dela.

― O quê? ― Joab encarou o primo como se quisesse desafiar ele para uma luta na frente de todas as garotas da aldeia. ― De onde você tirou isso? Para com isso, cara!

― Você ainda pergunta? ― Nicolas indagou levantando uma das mãos.

― Pessoal, que discussão é essa? ― a professora Oriana se aproximou da gente.

― Nico, é melhor você ficar na sua. ― Abner, o irmão gêmeo de Joab, me olhou e depois para Alice. ― Se você se manifestar contra o meu irmão eu também me manifesto contra você.

― E o que você vai falar?

― Você ainda pergunta, Nicolas? ― ele ameaçou com quisesse fazer isso há muito tempo. ― Quer que eu fale?

― Eita... ― tapei a minha boca suspeitando do que seria, e ela encarou.

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❝𝗦𝗲𝗿𝗮́ 𝗾𝘂𝗲 𝗲́ 𝗽𝗼𝘀𝘀𝗶́𝘃𝗲𝗹 𝗺𝗲𝘀𝗺𝗼? 𝗦𝗲𝗿𝗮́ 𝗾𝘂𝗲 𝘃𝗮𝗺𝗼𝘀 𝘀𝗲𝗿 𝗮𝘀 𝗽𝗿𝗼́𝘅𝗶𝗺𝗮𝘀 𝗮 𝗹𝗶𝗱𝗲𝗿𝗮𝗿 𝗮 𝗮𝗹𝗱𝗲𝗶𝗮?

𝗘𝗦𝗖𝗢𝗟𝗔 - 𝙰𝚕𝚍𝚎𝚒𝚊 𝚍𝚎 𝙳𝚊𝚖𝚊𝚜𝚌𝚘.

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𝘕𝘌𝘔 sempre as aulas de escrita eram tão legais ou tinham essas emoções, mas hoje a estrangeira provou a melhor aula de escrita que ela poderia ter em sua vida. Talvez, apenas quando a professora em questão é a Oriana. Ela sabe muita coisa e sempre faz questão de nos ensinar de um modo diferente e fácil de aprender. Ela sempre nos apoia e disse que vai lutar por mim, pela ruiva e por nossos direitos de sermos futuramente os novos líderes da aldeia de Damasco. Tem dias que eu fico me perguntando se eu serei capaz de fazer aquilo que o meu sobrenome exige.

― Silêncio! ― ela gritou antes que virasse uma bagunça de novo e me acordou dos meus pensamentos. ― Porque agem como crianças? Meninos e meninas, vocês não são mais crianças. Porque todos vocês se agitam assim?

― Professora, a aldeia é tão grande que tem uns colegas aqui gostando da mesma pessoa. ― Kira sorriu. ― Amigos hein? Como podem gostar da mesma...

― Eita... ― continuei com a minha boca tapada, observando a reação deles.

― Silêncio! ― a professora bateu muita força na mesa do Dário, e ele se comportou de imediato. ― Kira, que assunto foi esse? Meninos...

Era por conta dessas coisas que certas matérias não fazíamos juntos dos meninos. Não que as aulas não fossem importantes para eles, mas que era muito difícil interagir com suas personalidades. Era como se qualquer um soubesse atacar na área importante do seu adversário.

― Pelo visto, vocês estão cheios de segredinhos. ― a nossa professora sorriu, apontando com uma vara para o rolo com as belas palavras. ― Vamos continuar com a aula de escrita de hoje. Por favor meninos não interrompam outra vez. Sem colocar a culpa em alguém, me ouviram?

Os meninos só podiam ficar na nossa aula por algumas horas e depois eles se retiravam para a aula no campo onde praticam a arte da guerra com o professor Reitor Lion Hacker. De um modo ou de outro, eu e a minha amiga, Alice, vamos mudar isso algum dia. A gente faz até o momento do nosso jeito para aprender escondido a prática da liderança, e a arte da guerra sem que alguém da área superior saiba e isso me parece arriscado. Percebi que ser líder tem seus sacrifícios e eu estou fazendo cada um deles com a minha amiga.

― Franci, posso ver sua escrita? ― Alice perguntou como se quisesse mesmo ver. ― Você sabe que uma de nós tem que ser boa nisso, né? Eu sou péssima...

― Aqui. ― mostrei o meu papel e ela só faltou infartar de tanto rir da minha escrita. ― Qual foi? Eu tenho certeza que a minha está melhor que a sua.

― Disso você tem razão hahaha. ― nós duas rimos. ― É por isso que você tem que aprender a escrever direito. E pode deixar as outras responsabilidades que eu aprendo.

― Quem gostaria de trabalhar no Castelo? ― Abner perguntou fazendo com que um período de silêncio se estendesse na sala. ― Na feira passada eu ouvi boatos de estrangeiros da aldeia de Asgard que o Rei dispensou alguns funcionários do Castelo por causa de traição. E também fiquei sabendo que a corte real está à procura de novos funcionários. Isso não é incrível?

― Williams, isso é verdade? ― todos nós perguntamos, exceto a estrangeira.

É claro que o desbotado Williams Parker poderia responder essa pergunta com facilidade, sendo ele filho mais velho do grande comandante Áquilla. Ele nunca deixa passar despercebida nenhuma de suas experiências pelas aldeias, já que a cada semana ele está em um lugar diferente, principalmente quando está entre as pessoas importantes da realeza.

― A corte só aceita pessoas com habilidades. ― ele respondeu, ajeitando os cabelos. ― Todos vocês deveriam se dedicar mais nas aulas, e aproveitarem as oportunidades que o rei dá a vocês.

― O que ele quis dizer com isso? ― a pergunta veio do outro lado parecendo ser a voz da Emily. ― Quem você pensa que é? Muito debochado.

― Ainda pergunta quem eu sou? ― William ficou de pé, encarando a Emily de longe. ― Tenho certeza que sou muito mais importante do que você, e que a minha família é muito mais importante do que a sua, que trabalha na feira quase todos os dias com aquele carrinho cheio de legumes sem cor e estraga...

― Senhor Parker, por favor, não continue. ― a professora Oriana o interrompeu, olhei para Alice, e ela me respondeu com um simples olhar fixo. ― Senhorita Brownie, por favor, não entenda mal as palavras do senhor Parker... ― Oriana tentou mudar de assunto, rapidamente. ― Pessoal, vamos continuar trabalhando na escrita? Eu gostaria de dar uma olhada nos seus...

― Que babaca. ― Alice sussurrou, baixo. ― Babaca desbotado...

― Professora, o que a senhora acha da minha escrita? Bonita não é mesmo? Ah, ninguém além de mim sabe escrever tão bem aqui nessa sala, ou poderia dizer...

Eu sabia que estava demorando demais para que Tracy Johnson se manifestasse pela primeira vez. Onde ela estava esse tempo todo? É claro, que escrevendo.

― Nem mesmo na aldeia toda? ― ela completou sorrindo, em seguida mostrou o papel se exibindo como sempre.

― Meus parabéns, senhorita Johnson! ― a professora Oriana, próxima dela, alisou seus cabelos. ― Sua escrita é incrível.

― Obrigada. ― Tracy sorriu, gentilmente.

― Ô professora, a senhora já deu uma olhado nesse trabalho aqui? Vem ver. ― Dário disse ao se aproximar da cadeira da estrangeira. ― Olha o nível dessa escrita...

― O quê? ― todos nós olhamos para ele.

Oriana se aproximou da cadeira da estrangeira e apontou para o papel onde parecia estar bem preenchido.

― Isso é um poema? ― ela perguntou, pegando o papel para nos mostrar. ― Meus parabéns... Que lindo! Onde foi que a senhorita aprendeu a escrever tão bem?

A estrangeira conseguiu roubar toda a cena da Tracy ao ponto da professora mandar ela se sentar em seu lugar normalmente, sem seus privilégios.

― Ela escreveu o quê? ― Alice perguntou.

― Sobre a liberdade. ― a professora respondeu, abrindo um enorme sorriso me deixando preocupada. ― Vocês querem que eu leia? Está bem, eu vou ler. A Liberdade mesmo é fazer o que você deseja e não ter alguém que te impeça.

― Uau ficou muito bom, e que letra bonita. ― Nicolas comentou fazendo com que os outros concordassem. ― Onde aprendeu?

― Verdade, como foi que ela aprendeu a escrita sendo que é da aldeia de Troy? ― Dário perguntou fazendo com que todos nós olhássemos para ela. ― Como pode?

Olhei para a estrangeira esperando por sua resposta, e eu não fui a única. Rayane Reymond se levantou da cadeira e com um olhar fixo para o seu papel, ela não respondeu nada. Olhei para Alice, e ela parecia impaciente com alguma coisa.

― Não vai responder? ― Kira cruzou os braços. ― Como sabe escrever?

― Ela é da aldeia de Troy? ― Williams olhou estranho para ela. ― Eu acho...

― Com a minha mãe. ― Rayane respondeu baixo demais, e depois tocou em uma de suas tranças. ― Eu aprendi com ela.

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𝘚𝘌 eu não estiver enganada, falta bem pouco para que a aula de escrita termine. Até que a aula de hoje não foi tão ruim, é claro que é porque era a professora Oriana. Não posso dizer as mesmas coisas quando é a professora Denise... Ainda bem que ela ficou com a outra sala, e falta bem pouco para os garotos da nossa idade irem embora da nossa sala.

― A professora está demorando demais. Por que será que ela ainda não voltou? ― Safira comentou encostada na minha cadeira. ― Acredito que ela deve estar lanchando ou nos deixou sozinhos de novo.

― Ela não acabou de sair? ― digo expulsando ela de perto. ― Sai fora!

A sala de aula parecia um caos sem a professora e agora fico me imaginando como as coisas terminaram na reunião.

― Essa está ficando com tédio. Ei estrangeira, você pode escrever o meu? ― alguém gritou do fundo, vindo do próprio Dário. ― Será que ela vai perceber isso?

― Dário ela tem nome. ― Abner respondeu se preparando para fazer a troca.

― A professora?

― Não, a estrangeira. ― ele rebateu.

― Ata.

― A escrita dela é muito bonita mesmo e na certa a professora vai saber que não foi você que escreveu. ― digo olhando para ela que continuava escrevendo. ― Será que ela vai continuar calada assim?

― É claro que vai, ninguém foi conversar com ela. ― Nicolas me respondeu, em seguida olhou para a ruiva que fingiu que não estava escutando a nossa conversa.

― Quem seria amiga dela? ― Alice perguntou, arqueando as sobrancelhas. ― Ela é uma estrangeira vindo de Troy.

De repente, Tracy se aproximou de Rayane e puxou seu papel cheio de palavras com força, fazendo com que todos olhassem para elas.

― O que foi, não gostou? ― Tracy sorriu olhando para ela, e depois para nós. ― Está se achando porque sabe escrever? Acha que é importante por causa disso? Você não impressionou ninguém, ouviu?

― Tracy deixa a garota em paz.

― Está do lado dela, George? Viu como a professora ficou impressionada com ela e não com você? Ela é de Troy e todos de Troy são rebeldes e não obedecem o Rei.

― Por favor, pode me entregar?

― Acha mesmo que eu vou te entregar? Hahaha. ― Tracy riu. ― Quero deixar bem claro que ninguém daqui gosta de você.

― Por favor, pode me entregar? Eu não fiz nada.

― Você não fez nada é? Garota, você e seu pai vieram para o lugar errado. ― Tracy simplesmente rasgou o papel em vários pedacinhos na frente de todos.

― Não faça isso! ― gritei. ― Tracy?

― Você não queria? Então tome. ― ela jogou os papéis na estrangeira de propósito. ― Ops, me desculpe.

"Sem dúvida a Tracy passou dos limites"

🍚me sigam por favor! Videl10🍚

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