0.4 | 𝗔 𝗖𝗔𝗦𝗔 𝗗𝗔 𝗙𝗟𝗢𝗥𝗘𝗦𝗧𝗔
2° 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢𝗥𝗔𝗗𝗔
𝖨𝖭𝖨́𝖢𝖨𝖮 𝖣𝖤 𝖴𝖬𝖠 𝖭𝖮𝖵𝖠
𝖩𝖮𝖱𝖭𝖠𝖣𝖠
O VENTO frio da noite começou a soprar com mais força quando Maevie e Sophia finalmente chegaram à pequena casa à beira da lagoa. O céu estava quase totalmente escuro, com apenas algumas faixas de luz laranja se estendendo no horizonte, anunciando o fim do dia. A casa, desgastada e com janelas empoeiradas, parecia ter sido abandonada muito antes do apocalipse. Uma sensação de melancolia pairava no ar, mas para elas, era um refúgio, pelo menos por enquanto.
Maevie, com os sentidos aguçados e os músculos tensos de exaustão, se virou para Sophia e falou calmamente, mas com firmeza:
— Fique atrás de mim. Segure minha blusa e não solte, de jeito nenhum, tá bom?
Sophia, com os olhos ainda arregalados pelo medo, acenou com a cabeça rapidamente e respondeu em um sussurro urgente:
— Certo, segurar sua blusa e não soltar.
Maevie assentiu e se armou com o galho pontudo que havia encontrado no caminho, a única arma que tinha à disposição. Segurou-o firme, com a determinação estampada no rosto. Antes de entrar, ela bateu na janela da casa, criando um eco suave que se espalhou pelo ar. Elas esperaram. Nenhum som veio de dentro, o que para Maevie, era um sinal de que o local estava vazio. Bom, pensou.
Com cautela, ela pressionou a maçaneta da porta, que rangeu levemente, abrindo-se devagar. Maevie avançou lentamente, o corpo em alerta, os olhos varrendo o interior com um giro cuidadoso da cabeça, inspecionando cada canto como se sua vida dependesse disso – e de fato, dependia. O espaço parecia seguro, sem rastros recentes de movimento ou perigo.
— Podemos entrar — Maevie disse, exalando um suspiro de alívio contido.
Ela empurrou a porta um pouco mais, criando espaço para que Sophia, que ainda estava firmemente agarrada à sua blusa, pudesse entrar junto. A menina entrou de olhos arregalados, a tensão visível em cada movimento. Maevie se certificou de que a porta estivesse bem fechada atrás delas, trancando com um tranco suave para que nada nem ninguém pudesse entrar sem que elas soubessem.
O interior da casa estava empoeirado, mas era surpreendentemente acolhedor. Havia móveis cobertos por lençóis brancos e desbotados, uma lareira de pedra que parecia não ser usada há anos e um cheiro leve de madeira velha no ar. O silêncio era pesado, quebrado apenas pela respiração rápida de Sophia.
— Fique aqui um segundo — Maevie instruiu, e, ainda segurando o galho, ela começou a explorar o resto da casa, abrindo portas e checando cada cômodo.
A casa era pequena, e logo ela voltou, confirmando que estavam seguras – pelo menos por enquanto.
— Está tudo limpo. Aqui parece seguro. — Maevie tentou sorrir, mas a exaustão e a preocupação com o ferimento em sua costela a impediam de relaxar completamente.
— Podemos ficar aqui até amanhã — continuou, sentando-se no chão e soltando o galho que agora parecia um pouco mais pesado em sua mão. Sophia, sentindo-se um pouco mais aliviada, se aproximou e sentou-se ao lado dela, mas seus olhos ainda estavam cheios de receio.
A noite cairia por completo em breve e, com ela, o frio e a escuridão total. Maevie sabia que precisaria encontrar algo para se protegerem durante a noite — lenha e talvez alguns cobertores. Com a comida, ela não estava tão preocupada, já que na mochila tinha algumas coisas que achou na estrada. Mas, por enquanto, elas estavam a salvo, pelo menos por algumas horas, e isso era tudo o que importava naquele momento.
—
Maevie sentou-se por pelo menos cinco minutos, tentando recuperar o fôlego e ignorar a dor que pulsava em cada parte do seu corpo. O cansaço pesava sobre seus ombros, misturado com a agonia que vinha da costela onde o walker a havia arranhado. A loira morango não sabia ao certo se a dor era pela queda no barranco ou pela infecção iminente, mas algo lhe dizia que não tinha muito tempo.
Ela suspirou profundamente, sabendo que precisava seguir em frente, apesar do desconforto. Não havia espaço para fraqueza naquele mundo brutal, especialmente com Sophia dependendo dela. Cada movimento parecia um esforço monumental, mas ela sabia que precisava providenciar alguma forma de aquecimento. A noite já estava fria, e sem algo para aquecer ambas, a situação poderia piorar.
— Fique aqui, Sofi. Vou ver se encontro algo para nos aquecer — disse com suavidade, forçando um sorriso para tranquilizar a menina. Sophia, ainda assustada e calada após tudo o que haviam passado, apenas acenou com a cabeça.Seus olhos, grandes e ansiosos, seguiam cada movimento de Maevie.
A loira morango começou a explorar a pequena casa com cautela. Cada passo que dava ecoava no chão de madeira desgastada, enquanto os dedos deslizavam pelos móveis cobertos de poeira. Tudo parecia intacto, como se tivesse sido abandonado muito antes do apocalipse. A casa tinha aquele ar triste de abandono, o que, de certa forma, era um alívio: não havia sinais de walkers ou de outros sobreviventes perigosos.
Ao levantar um lençol que cobria uma poltrona velha e esquecida, seus olhos brilharam ao encontrar um cobertor grosso e pesado. Não era exatamente novo, mas era o suficiente para proteger as duas do frio noturno.
— Ótimo. Isso vai servir — murmurou para si mesma, enquanto levantava o cobertor, sentindo o peso e a textura áspera do tecido.
Com o cobertor nas mãos, Maevie voltou para perto de Sophia, que, ao vê-la se aproximar, estendeu os braços com gratidão. A menina rapidamente se enrolou no cobertor, como um casulo, deixando apenas os olhos espreitando por cima do tecido. Maevie sorriu, uma sensação breve de conforto ao ver Sophia um pouco mais protegida.
Maevie sentia a tensão em seus músculos enquanto examinava a sala, consciente da urgência da situação. Precisava encontrar algo que pudessem queimar para manter o calor pela noite. Os móveis no ambiente pareciam sólidos demais para serem quebrados facilmente, mas, ao varrer o lugar com os olhos, notou algumas cadeiras de madeira envelhecidas, já desgastadas pelo tempo. Essas poderiam servir.
Em um canto escuro, quase escondido, ela avistou um pequeno baú. Curiosa, caminhou até ele, seus passos ecoando pelo chão de madeira rangente. Maevie puxou a tampa do baú, que rangeu em protesto, e precisou forçar um pouco até conseguir abri-lo por completo. Lá dentro, encontrou algo que lhe trouxe um alívio imediato: algumas mantas que pareciam estar em bom estado e, mais importante ainda, um velho machado.
Ao ver o machado, Maevie não conseguiu evitar um sorriso cansado, mas de puro alívio. Segurando o cabo firme, ela sentiu o peso da ferramenta em suas mãos. Não era apenas útil para cortar as cadeiras e a mesa velha, mas também serviria como uma arma, caso precisassem se defender novamente.
Ela se levantou, erguendo o machado em suas mãos, e olhou para Sophia, que a observava com olhos atentos e ainda um pouco assustados. Querendo aliviar a tensão da situação, Maevie balançou o machado de leve, imitando uma pose de lenhadora, e disse com uma voz divertida:
— Sophia, agora me chama de "A Lenhadora" — disse Maevie, com um sorriso malandro, segurando o machado com as duas mãos. Ela fez um movimento exagerado, como se estivesse prestes a iniciar uma coreografia boba. Com passos lentos e desajeitados, ela balançou o machado de um lado para o outro, girando o corpo como se estivesse em um espetáculo improvisado.
Sophia, que ainda estava se recuperando dos eventos traumáticos do dia, não conseguiu segurar o riso. A risada que escapou foi sincera, um som doce e puro que contrastava com o peso do apocalipse ao redor delas. Seu rosto, antes marcado pela preocupação, agora se iluminava com uma expressão de genuína alegria.
— Viu só? Eu sou uma dançarina de machados profissional! — Maevie piscou para a menina, fingindo que estava em um show de talentos. Ela fez outro giro exagerado, quase tropeçando nos próprios pés, mas mantendo o equilíbrio no último segundo, arrancando uma nova risada de Sophia.
— Você é engraçada, tia Evie! — Sophia disse, com o sorriso ainda largo no rosto, os olhos brilhando de diversão.
Maevie sentiu um calor aconchegante no peito. Por um breve momento, o mundo ao redor delas parecia um pouco menos sombrio. Ela havia conseguido arrancar uma risada de Sophia, mesmo em meio ao caos e à destruição, e isso era tudo que importava. A sensação de alívio tomou conta dela, como se aquele pequeno momento de felicidade fosse uma vitória pessoal em meio à desordem.
— Pronto, missão cumprida — Maevie brincou, ajeitando o machado sobre o ombro com uma pose dramática, como se fosse uma heroína de filme. — Agora, bora cortar lenha... ou talvez fazer mais uma performance. Você decide.
Sophia riu mais uma vez, balançando a cabeça.
— Acho melhor cortar lenha — respondeu a menina, ainda sorrindo, mas com um ar um pouco mais sério, como se a noção da realidade começasse a voltar.
— Boa escolha, parceira — Maevie respondeu com um sorriso suave, satisfeita por ter trazido um pouco de luz para a menina.
Ela voltou sua atenção para as cadeiras desgastadas à sua frente e, com alguns golpes precisos, começou a partir a madeira. Cada estilhaço que se desprendia das cadeiras fazia o ambiente parecer mais seguro, mais quente. O som do machado batendo na madeira era quase reconfortante, um lembrete de que, mesmo naquele mundo brutal, ainda havia coisas simples que podiam ser feitas para garantir a sobrevivência.
Enquanto trabalhava, Maevie olhava para Sophia de vez em quando, certificando-se de que ela ainda estava bem. A menina permanecia quieta, envolta no cobertor, mas o sorriso não havia desaparecido completamente de seu rosto. Havia uma certa tranquilidade no ar, uma trégua temporária em meio à tempestade.
Com a madeira finalmente cortada em pedaços suficientes, Maevie os arrumou na lareira, jogando por cima alguns galhos secos que havia guardado e as páginas dos velhos jornais que havia encontrado.Depois, pegou a caixa de fósforos que havia encontrado em uma prateleira e, com um estalo suave, acendeu um deles, colocando-o cuidadosamente entre os papéis.O fogo começou pequeno, mas logo se espalhou, lançando um calor suave pelo cômodo.
Maevie observou as chamas crescerem, sentindo o calor penetrar lentamente sua pele fria. Sua mente ainda estava ocupada com a preocupação sobre a mordida, mas ela afastou esses pensamentos, ao menos por agora. Precisava manter Sophia a salvo, e esse era seu único foco. O que aconteceria depois, ela lidaria quando chegasse a hora.
— Consegui — disse para si mesma, um pouco aliviada. Pelo menos, por agora, elas estariam protegidas do frio.
Sophia, ainda enrolada no cobertor, olhava fixamente para o fogo, seus olhos grandes refletindo as chamas dançantes. O brilho quente iluminava seu rosto jovem, criando um contraste entre a luz e a escuridão ao redor. Embora visivelmente exausta, a menina parecia mais tranquila agora, aninhada no calor e na sensação de segurança, mesmo que temporária.
— Você está com fome, Sofi? — perguntou Maevie, quebrando o silêncio enquanto se levantava com um gemido suave. Suas costas ainda doíam da queda, mas ignorou o desconforto enquanto caminhava até a mochila. Começou a vasculhar o que tinham coletado durante a viagem. Dentro, havia algumas latas de comida e barrinhas de cereais, nada luxuoso, mas o suficiente para uma refeição simples que as manteria de pé por mais um dia.
Sophia, seus olhos pesados de cansaço, assentiu levemente, quase com hesitação.
— Certo, temos algumas opções — Maevie disse, com um tom leve, tentando manter o humor. Ela começou a tirar as latas uma por uma e as colocou na frente de Sophia, exibindo seu "banquete" improvisado. — Vamos ver... temos feijão, milho, ervilha, sopa... e até pêssego em calda. Então, qual vai ser, chef?
Sophia olhou para as latas com um sorriso pequeno e cansado. — Talvez... uma sopa? — Ela disse, sua voz baixa, mas com um toque de esperança.
— Sopa, então! — Maevie respondeu com animação, guardando as outras latas e deixando apenas duas de sopa à frente. — Boa escolha. Mas, definitivamente, não vamos comer sopa fria! Vou procurar uma panela por aqui. Aposto que tem alguma coisa que podemos usar.
Sophia observou enquanto Maevie se levantava novamente e começava a vasculhar os armários e gavetas da cozinha abandonada. O som dos móveis velhos rangendo e o barulho ocasional de utensílios sendo mexidos preenchiam o espaço, mas de uma forma curiosamente reconfortante. Era quase como se estivessem em uma noite comum, em casa, preparando algo simples para comer. A ilusão de normalidade era frágil, mas Maevie fazia o possível para manter esse fio de esperança para Sophia.
Depois de alguns minutos, Maevie encontrou uma velha panela amassada no fundo de um armário. Ela a segurou no ar com uma expressão triunfante. — Aqui está! Perfeita para a nossa sopa gourmet! — disse, piscando para Sophia, que sorriu de volta, o cansaço dando lugar a uma breve sensação de conforto.
Maevie colocou a panela sobre o fogo improvisado, abriu as latas e despejou o conteúdo dentro. O cheiro da sopa logo preencheu o ar, misturando-se ao calor suave que irradiava da lareira. Enquanto mexia a sopa com uma colher velha que encontrou, Maevie olhou para Sophia, que agora descansava a cabeça sobre seus joelhos, observando tudo com olhos sonolentos.
— Só mais alguns minutos, e teremos a melhor sopa desse lado do apocalipse — brincou Maevie, sentando-se ao lado da menina.
— Obrigada, tia Evie... por tudo — murmurou Sophia, quase fechando os olhos.
— Não precisa agradecer, querida. Vamos cuidar uma da outra, sempre — respondeu Maevie suavemente, passando a mão pelo cabelo de Sophia.
Enquanto a noite avançava e o céu ficava cada vez mais escuro, o som suave da sopa fervendo e o estalar das chamas eram a única coisa que quebrava o silêncio.
—
Maevie e Sophia estavam sentadas em frente à lareira, comendo as últimas colheradas da sopa quente, quando Maevie sorriu de canto e puxou algo da mochila com um brilho divertido nos olhos. Era uma caixinha amassada, de cores vibrantes.
— Tcharam! — Maevie exclamou, segurando um baralho de Uno. — Olha só o que eu achei naquele carro lá atrás, no engarrafamento. Vamos jogar?
Sophia arregalou os olhos, animada. — Uno? Eu amo Uno! Como você conseguiu isso?
— Eu sou cheia de surpresas, Sofi — respondeu Maevie com um sorriso brincalhão. — Agora, prepare-se, porque eu sou uma profissional nisso!
As duas se sentaram no chão, com Sophia já visivelmente empolgada. Maevie embaralhou as cartas, tentando fazer aquele movimento de baralho profissional que sempre via nos filmes, mas as cartas escaparam de suas mãos e voaram para todos os lados.
— Ugh, isso não aconteceu — disse Maevie, fingindo uma cara séria. — Não viu nada, hein?
Sophia soltou uma risadinha, já se sentindo à vontade com o clima descontraído.
— Pronto, agora sim! — Maevie disse, recolhendo as cartas espalhadas e finalmente distribuindo as cartas direito. O jogo começou tranquilamente, com ambas jogando as cartas com uma troca de sorrisos e pequenos comentários. Até que, de repente, Maevie jogou um "Comprar 4".
— Ah, não! — Sophia reclamou, olhando para as cartas extras que agora precisava pegar. — Tia Evie, isso é golpe baixo!
— Regras são regras, querida — respondeu Maevie, dando de ombros, mas claramente se divertindo com a reação da menina. — O apocalipse pode ser difícil, mas o Uno é implacável!
Sophia bufou e pegou as quatro cartas. O jogo continuou, e Maevie foi ganhando vantagem, mas Sophia, determinada a reverter a situação, jogou uma carta "Inverter" e depois uma sequência de "Pular" e "Comprar 2", deixando Maevie sem poder jogar.
— O quê?! Você está me sabotando, é isso? — Maevie fingiu indignação, jogando as mãos para o alto.
— Eu só estou usando as cartas que você me deu — Sophia respondeu com um sorriso travesso.
— Ah, então é guerra! — Maevie exclamou, jogando outra carta "Inverter" com um gesto exagerado, como se estivesse prestes a fazer um movimento épico.
As duas começaram a trocar cartas mais agressivamente, com uma série de "Pular" e "Comprar 2", rindo e se provocando o tempo todo. Quando parecia que Sophia iria vencer, Maevie jogou mais uma "Comprar 4".
— Tia Evie! — Sophia protestou de novo, rindo e quase caindo para trás de tanto rir.
— Desculpa, querida, mas eu sou uma profissional. Não tenho culpa se o baralho me ama! — Maevie disse com um sorriso vitorioso.
Sophia, ainda rindo, olhou para a pilha crescente de cartas que tinha na mão e balançou a cabeça, derrotada. — Você é terrível!
— Eu sei, eu sei — Maevie respondeu, cheia de falsa humildade. — Mas ei, pelo menos a gente tem algo pra se distrair, né?
As duas continuaram jogando, rindo cada vez mais alto e esquecendo, por um breve momento, todo o caos que as cercava. O apocalipse parecia distante enquanto estavam concentradas em suas estratégias para vencer a "guerra de cartas".
—
Na estrada, o silêncio era quase ensurdecedor, pesado, como uma presença sufocante que pairava sobre o grupo. Cada um estava mergulhado em seus próprios pensamentos sombrios, e o frio da noite apenas amplificava a sensação de desamparo. O céu escurecera por completo, e o ar estava denso, trazendo consigo um vento gelado que tornava tudo ainda mais sombrio e estranho.
Rick não conseguia permanecer parado como os outros. Ele precisava de movimento, de ação, qualquer coisa que o distraísse dos pensamentos que martelavam em sua cabeça. Seus passos o levavam para frente e para trás entre os carros abandonados na estrada, os olhos constantemente fixos na densa floresta que se erguia ao lado do asfalto. Era naquela floresta que ele e Maevie haviam entrado juntos, atrás de Sophia. Mas, no final, apenas ele havia voltado.
Cada vez que seus olhos voltavam para a escuridão das árvores, sua mente era inundada pela lembrança de Maevie. O medo crescia em seu peito, apertando-o com força, enquanto sua mente repetia incansavelmente o pensamento de que ele havia falhado. Falhado em proteger Maevie, a garota que o Dr. Jenner, seu amigo, havia confiado a ele. A última coisa que Jenner havia pedido era que Rick cuidasse de sua filha. E agora, Maevie estava lá fora, perdida com Sophia, nas garras de uma floresta perigosa e desconhecida.
Carol não estava muito diferente. A mulher caminhava atrás de Rick, seus braços envoltos em torno do próprio corpo, como se isso pudesse impedir que o frio do medo penetrasse ainda mais fundo. Seu olhar estava fixo na floresta, como se tentasse enxergar através da escuridão, procurando desesperadamente por um sinal, qualquer sinal, de sua filha e da jovem que agora estava junto dela. A tensão entre Rick e Carol era quase tangível, um peso invisível que os conectava através da preocupação silenciosa.
Sophia era tudo para Carol. Ela era sua única razão para continuar, sua última esperança. E agora, a ideia de perdê-la mais uma vez, de não conseguir protegê-la de novo, estava destruindo-a lentamente. Rick sabia disso. Ele podia sentir o desespero de Carol, porque ele sentia o mesmo em relação a Maevie. Não era apenas Sophia. Ele também havia falhado com Maevie, uma jovem inteligente e corajosa que ele prometeu proteger. O peso dessas promessas não cumpridas esmagava seu peito, tornando difícil até mesmo respirar.
Carol, incapaz de segurar mais a angústia, quebrou o silêncio que reinava entre eles.
— Rick... — sua voz saiu fraca, um sussurro que carregava toda a dor e o medo que ela vinha segurando. Ela quase parecia estar falando mais consigo mesma do que com ele. — Você acha que elas ainda estão vivas? — A pergunta saiu carregada de desespero, seus olhos buscando nos de Rick algum tipo de esperança, embora ambos soubessem que a resposta era incerta. Ela não estava perguntando apenas por Sophia, mas também por Maevie. A ideia de perder ambas era insuportável.
Rick parou de andar e virou-se lentamente para encará-la. Ele sabia que não podia mentir para Carol. Ambos compartilhavam o mesmo medo. Mas, naquele momento, mais do que nunca, ele sabia que precisava ser a âncora, a esperança que os mantinha de pé. Porque, sem esperança, eles estariam perdidos. Ele respirou fundo, sua voz saindo firme, embora seu coração estivesse se despedaçando por dentro.
— Elas estão vivas, Carol — disse ele, com uma confiança que ele mesmo não sentia. — Maevie é inteligente, e ela sabe se cuidar. E eu sei que ela não deixaria nada acontecer com Sophia. Vamos encontrá-las, eu prometo.
Carol assentiu devagar, mas o medo e a dúvida não deixaram seus olhos. Ela abraçou a si mesma mais forte, como se tentasse impedir que seus pensamentos a despedaçassem. Sem dizer mais nada, ela se afastou de Rick, voltando para onde os outros estavam reunidos. Sua silhueta frágil desapareceu na escuridão, deixando Rick sozinho por um momento.
Ele ficou parado, olhando para a floresta, sentindo seu coração pesado. Ele tentou controlar a respiração, mas sua mente não lhe dava trégua. O que aconteceria se ele não conseguisse encontrá-las? O que diria a Carol? E, acima de tudo, o que ele diria a si mesmo se algo acontecesse com Maevie?
A culpa o sufocava. Rick sempre acreditou que poderia proteger aqueles que estavam sob sua responsabilidade, mas agora, tudo parecia desmoronar.
—
No interior da casa abandonada, a luz da lareira dançava nas paredes, criando sombras que pareciam ganhar vida própria. Maevie e Sophia estavam sentadas no chão, cercadas por almofadas improvisadas que haviam encontrado, rindo e se divertindo enquanto jogavam Uno.
— Você vai se arrepender de ter me deixado ser a primeira! — Sophia exclamou, com os olhos brilhando de expectativa enquanto olhava suas cartas. Maevie, segurando um punhado de cartas coloridas, sorriu para a menina.
— O que você vai jogar agora, pequena? — ela provocou, tentando esconder a ansiedade que sentia sobre o que poderia acontecer a seguir. A distração era bem-vinda, e Sophia estava tão concentrada que isso a fazia parecer mais leve.
— Eu vou jogar este aqui! — Sophia disse, colocando uma carta vermelha na pilha com um movimento dramático. — E agora, eu vou mudar para azul!
— Você não pode fazer isso! — Maevie respondeu, rindo. — Não pode mudar a cor assim! Você precisa jogar outra carta do mesmo número ou da mesma cor.
Sophia fez uma expressão de exagero, como se estivesse prestes a desmaiar. — Ah, não! Eu sou tão ruim nisso! — ela gritou, fazendo Maevie rir ainda mais.
— Você só precisa se concentrar, Sofi. Vamos lá! — Maevie incentivou, piscando para a menina. A atmosfera estava leve, e elas estavam longe de todo o medo que as cercava lá fora.
Depois de algumas rodadas, chegou a vez de Maevie. Ela analisou suas cartas rapidamente e decidiu fazer um movimento ousado. — Hum, eu vou jogar uma carta curinga! — gritou, com um sorriso malicioso. — Eu escolho a cor verde!
— Ah não! — Sophia exclamou dramaticamente, colocando as mãos no rosto como se tivesse sido traída. — Você está me esmagando!
— E você sabe o que vem a seguir, não sabe? — Maevie disse, piscando. — Uno!
Sophia estourou em risadas, levantando os braços no ar. — UNO! — ela gritou com toda a força, sua voz ecoando pelas paredes da casa vazia. O som encheu o ambiente de alegria, e Maevie não pôde deixar de se sentir aliviada ao ver a menina tão feliz.
— Você só grita "UNO" quando você tem uma carta, sabia? — Maevie brincou, olhando para as cartas da menina. — Está com sorte hoje!
— Claro! Agora, é sua vez de perder! — Sophia disse, e as duas riram juntas, a tensão da noite desaparecendo, mesmo que por um breve momento.
Elas continuaram a jogar, mergulhadas em risadas e gritos animados, criando um mundo onde nada mais importava além do jogo e da amizade que estavam fortalecendo a cada carta jogada.
Maevie não tinha dormido ainda. Ela se sentia completamente exausta, com cada músculo do seu corpo protestando a cada movimento. O chão duro onde estava deitada parecia ter se transformado em um campo de pedras. Um frio intenso a envolvia, e, apesar do calor das chamas na lareira, seu corpo estava tomado por calafrios que se espalhavam como uma onda. As chamas da lareira haviam diminuído, as brasas agora emitindo uma luz fraca que dançava nas paredes, projetando sombras que pareciam observar silenciosamente.
Ela virou a cabeça e olhou para Sophia, que dormia profundamente, aconchegada em um lençol que tinha encontrado. A menina estava tão tranquila, o rosto relaxado em um semblante de paz que Maevie achou reconfortante. Sophia havia se entregado ao sono após uma longa noite de risadas jogando Uno, e Maevie se sentiu grata por ter conseguido proporcionar à garota um momento de alegria, mesmo em meio ao caos. Mas agora, sozinha, a realidade a atingiu com força. Maevie se sentia mal. A dor na costela estava se intensificando, e ao olhar para o seu lado, viu que a área ao redor do arranhão começava a exibir veias roxas, como se a pele estivesse reclamando da ferida. A visão fez seu estômago revirar. Sabia que esses eram sinais de que a infecção poderia estar se espalhando, e a ideia de que algo tão pequeno pudesse ameaçar suas vidas era aterrorizante.
Com um esforço, Maevie se levantou lentamente, sentindo cada movimento como se estivesse arrastando pedras. Ela se aproximou da lareira, as brasas ainda emanando um calor tênue, e tentou acender alguns gravetos que estavam ao lado, na esperança de trazer as chamas de volta à vida. O crepitar da madeira ressoou no silêncio da casa, e, enquanto se agachava, seu coração se apertou ao pensar sobre o que poderia acontecer se a situação piorasse.
"Eu não posso deixar isso acontecer", pensou Maevie, forçando-se a ser positiva. Olhando para Sophia, decidiu que não podia falhar. Tinha que se manter forte, não apenas por ela, mas também pela menina que dependia dela. A preocupação começou a se transformar em determinação. Ela precisava encontrar um jeito de cuidar de si mesma, para que pudesse proteger Sophia e voltar para o grupo. Depois de reacender o fogo, Maevie se sentou de volta no chão, apoiando as costas contra a parede, os olhos fixos nas chamas que dançavam. O calor começou a envolver seu corpo, e enquanto a luz da lareira iluminava o espaço ao seu redor, ela respirou fundo, sentindo-se um pouco mais tranquila. A batalha não estava perdida; elas ainda estavam juntas, e isso significava que a esperança ainda existia.
—
A loira morango estava em um momento de concentração intensa, os olhos fixos em sua tarefa. A dor pulsante em sua costela era um lembrete constante do perigo que enfrentara, mas ela sabia que não podia se permitir ser dominada por ela. Usando o que tinha à mão, Maevie estava determinada a cuidar de si mesma, mesmo que as circunstâncias fossem desfavoráveis. Ao seu redor, a casa abandonada era um verdadeiro labirinto de itens esquecidos, restos do passado que agora se tornavam suas ferramentas de sobrevivência.
Sentada no chão frio e empoeirado, Maevie havia criado um pequeno espaço de trabalho, como um alquimista em seu laboratório. Havia encontrado um kit médico em um dos carros abandonados na estrada e, entre os itens, uma agulha de 07x25 que agora se tornava sua arma secreta. O metal brilhante refletia a luz das chamas da lareira, que crepitavam suavemente, lançando sombras dançantes nas paredes ao redor.
A linha de pesca que ela tinha encontrado na casa era fina e resistente, quase como uma corda de um barco, e agora se tornava sua aliada no processo de autocuidado. Com movimentos metódicos, ela desenrolou a linha, observando-a enquanto pensava nas aventuras e desafios que havia enfrentado até ali. A ideia de usar algo tão simples, mas funcional, para se curar trazia um conforto quase inesperado.
Antes de começar, Maevie havia aquecido um pouco de água sobre o fogo, observando as pequenas bolhas se formarem e estourarem na superfície. Usou essa água fervente para esterilizar a agulha e a linha de pesca, criando um ambiente seguro para o que estava prestes a fazer. O vapor subia em ondas, envolvendo-a em uma espécie de aura protetora, como se a própria casa estivesse a apoiando em sua luta contra a dor e a infecção.
Agora, encarando o arranhão em sua costela, Maevie sentia o frio do metal enquanto se preparava para a primeira inserção. O local da ferida era um cenário caótico de pele inflamada e veias roxas, um lembrete vívido de sua recente batalha contra os walkers. Ela respirou fundo, a tensão crescente em seu corpo, mas a determinação era mais forte que a dor. Sabia que precisava agir antes que a infecção se instalasse, como uma sombra ameaçadora em um jogo de sobrevivência.
Com mãos firmes, mas um pouco trêmulas de ansiedade, ela começou a inserir a agulha na pele. O primeiro toque foi como um choque elétrico, fazendo-a estremecer, mas logo a dor se transformou em uma espécie de alívio. Com cada ponto, ela sentia-se mais no controle, como se estivesse reprogramando sua própria narrativa. O processo se tornava um ritual de cura, onde cada movimento era meticulosamente planejado, como em uma estratégia de jogo.
Enquanto trabalhava, pensava em Sophia, que dormia tranquilamente em um canto. "Eu vou ficar bem", murmurou para si mesma, como se aquelas palavras pudessem invocar uma força mágica que a protegesse. "Vou ficar bem por ela." Cada ponto que fazia não era apenas uma tentativa de selar a ferida, mas uma promessa de que nada aconteceria com a menina sob sua responsabilidade.
Finalmente, após o que parecia uma eternidade, Maevie fez o último nó na linha, cortou o excesso e admirou seu trabalho. A pele agora estava unida, embora a dor ainda estivesse presente, havia uma sensação de alívio e realização, como se tivesse completado uma missão crítica. O calor da lareira era reconfortante, e Maevie sentiu uma onda de gratidão por ter encontrado a força dentro de si mesma para enfrentar essa batalha.Com um sorriso cansado, ela se recostou contra a parede, agradecida por estar viva — bom, pelo menos por enquanto...
—
Maevie acordou de seu breve cochilo com a sensação de que uma sombra pesada havia se instalado sobre ela. Assim que seus olhos se abriram, uma onda de pânico a atingiu como uma maré indesejada. Ela estava sufocando, o ar ao seu redor parecia denso e carregado, quase como se houvesse um peso invisível comprimindo seu peito.
Desencostando-se da parede fria e áspera onde estava reclinada, ela sentiu sua mão se mover instintivamente até o coração, como se pudesse acalmá-lo apenas pelo toque. As batidas eram rápidas e descontroladas, ecoando em seus ouvidos. A respiração estava errática, cada inspiração parecia um desafio monumental. "Calma, Maevie, respire fundo", ela murmurou para si mesma, tentando se ancorar em um mantra que a ajudasse a controlar a tempestade interna.
Mas a situação só parecia piorar. Todo o seu corpo queimava, uma sensação de calor intenso que pulsava sob sua pele, como se cada célula estivesse em chamas. O arranhão em sua costela, que havia costurado de forma precária, parecia latejar de forma insuportável. A dor irradiava em ondas, e ela percebeu que a febre estava se instalando, como um invasor indesejado em seu corpo já fragilizado.
Com um esforço monumental, Maevie se sentou, as pernas tremendo sob o peso de sua própria fragilidade. A visão começou a ficar embaçada, como se a realidade estivesse sendo distorcida por um nevoeiro denso. Ela se forçou a manter o foco, tentando afastar a sensação de desespero que ameaçava consumir seus pensamentos. "Você precisa se manter consciente", pensou, lembrando-se de que Sophia ainda dependia dela.
Em um ato de determinação, Maevie se levantou, os músculos protestando e a cabeça girando. Ela precisava de água, algo que pudesse aliviar o calor e a secura que havia se instalado em sua garganta. Com passos hesitantes, começou a procurar pela casa, cada movimento parecendo um esforço hercúleo. Ela precisava lembrar que ainda tinha um propósito: encontrar Sophia, protegê-la, e sobreviver a mais um dia nesse mundo brutal.
Enquanto caminhava, as paredes da casa pareciam se fechar ao seu redor, e cada respiração se tornava mais difícil. O cansaço começava a se instalar, mas ela se lembrava de todas as vezes em que havia lutado para sobreviver. Maevie não permitiria que a dor e o medo a derrotassem agora. "Apenas um passo de cada vez", repetiu em voz baixa, como um mantra que a guiaria na escuridão.
Em meio à névoa turva que envolvia sua mente, uma ideia surgiu como uma lâmpada acesa em um quarto escuro: o lago próximo à casa. O pensamento lhe atravessou a consciência como um raio, provocando uma centelha de esperança. A água estaria gelada, um antagonista indesejado que poderia agravar a febre que consumia seu corpo. Mas a pressão insuportável da dor e do calor a tornava incapaz de pensar em outra coisa. Ela não podia mais suportar aquela sensação ardente que a envolvia, um incêndio que a devorava de dentro para fora.
Com movimentos vacilantes, Maevie abriu a porta dos fundos com um cuidado extremo, como se cada estalido da madeira pudesse acordar a pequena Sophia, que dormia profundamente em seu casulo de cobertores. Os passos dela eram lentos, como se cada um exigisse uma parte de sua energia que já se esgotava. O ar da noite, fresco e perfumado de terra molhada, tocou sua pele quente, um alívio momentâneo que fez seu corpo ansear por mais.
Chegando à beira da lagoa, Maevie se deixou cair na grama úmida, a terra fria contrastando intensamente com o calor que emanava de sua pele. Suas mãos trêmulas se juntaram em uma concha, e ela levou a água gelada ao rosto, como se quisesse apagar o incêndio que a consumia. Assim que a água gelada tocou sua pele quente, um choque térmico a envolveu, um alívio momentâneo que quase a fez esquecer a dor. A sensação era revigorante e dolorosa ao mesmo tempo, como se cada gota de água estivesse em uma batalha épica contra a febre que a consumia.
Mas o alívio foi efêmero. A respiração de Maevie ficou mais pesada, como se cada inalação se tornasse uma luta, e o mundo ao seu redor começou a girar, transformando a noite em um redemoinho de sombras e sons distantes. O peso de seu próprio corpo se tornou insuportável, como se estivesse submersa em um mar de dor e desespero, cada onda a empurrando mais para baixo. Num movimento involuntário, ela caiu para trás, a grama fria e a terra macia acolhendo seu corpo cansado, como se a própria natureza tentasse confortá-la em seus últimos momentos.
Seu olhar, embaçado e turvo, se fixou na lua, que iluminava o céu com uma luz suave e etérea, como uma testemunha silenciosa da tragédia que se desenrolava. As estrelas brilhavam como pequenos faróis, piscando suavemente, como se assistissem a um espetáculo trágico e inevitável, celebrando a vida que estava prestes a se apagar. Ali, deitada sob a vastidão do céu, Maevie soltou um último suspiro, um som fraco e melancólico que parecia se perder na imensidão da noite, como uma folha levada pelo vento.
O ar ao seu redor estava sereno, imperturbável, como se a natureza estivesse em um profundo estado de paz, em contraste com a tempestade que rugia dentro dela. Os sons da floresta pareciam distantes, quase como se fossem ecos de uma vida que já não a tocava mais. E sob a luz prateada da lua, Maevie Angeli Salvatore Jenner finalmente encontrou um momento de descanso, libertando-se da dor que a atormentava, como se seu corpo finalmente entendesse que a luta chegara ao fim.
Eram 2 horas da manhã quando, em meio ao silêncio da floresta e ao brilho das estrelas, ela deixou de lutar contra o cansaço. A escuridão a envolveu como um abraço caloroso e acolhedor, enquanto seu corpo finalmente relaxava e sua mente se aquietava, permitindo que a paz, tão desejada, finalmente a encontrasse. Mas essa paz não era apenas um descanso; era uma despedida, uma transição para um lugar onde a dor não existia, onde as memórias de luta e sobrevivência se dissipavam como névoa ao amanhecer.
No entanto, enquanto Maevie se entregava ao abraço da escuridão, a vida continuava. Lá dentro da casa, Sophia dormia em um sonho inocente, alheia ao destino trágico que se desenrolava a poucos passos. E fora da floresta, Rick e Carol estavam preocupados com elas, mas determinados a encontrá-las, ignorando a dor que os cercava.
Assim, a noite seguiu seu curso, e a floresta, como um guardião silencioso, guardou o segredo de Maevie — uma jovem que ousou sonhar em meio ao caos, mas que, no final, encontrou apenas a escuridão.
O sol já tinha nascido no horizonte, suas primeiras luzes douradas filtrando-se pelas copas das árvores, criando um espetáculo de sombras dançantes no chão da floresta. Maevie soltou um gemido, um som rouco que escapou de seus lábios enquanto se esforçava para se levantar. Com dificuldade, ela abriu os olhos, ofuscados pela luminosidade intensa que se infiltrava entre as folhas. Ao seu redor, o ambiente era familiar, mas também carregava um ar de mistério, como se a floresta estivesse viva, observando seu despertar.
Levantando a mão à cabeça, ela sentiu a textura da grama úmida e a terra fria sob as palmas. O toque era revigorante, mas a dor latejante na sua cabeça quase a impedia de pensar com clareza. — Ai, minha cabeça — murmurou a loira morango, a voz arrastada e abafada, como se ecoasse de um lugar distante. Ela fechou os olhos novamente, tentando absorver a realidade ao seu redor enquanto a memória da noite anterior se esvaía nas sombras de sua mente. Sentindo-se atordoada, Maevie focou na respiração, tentando controlar o ritmo acelerado de seu coração. O cheiro da terra molhada e das folhas recém-despertas enchia seus pulmões, trazendo uma sensação de frescor e renovação. Ela se forçou a se levantar, apoiando-se em uma árvore próxima. Com um olhar atento, examinou a paisagem ao seu redor: a luz do sol refletia em pequenas poças de água, e os pássaros começavam a cantar, como se celebrassem seu retorno.
Para aqueles que acharam que ela havia morrido, se enganaram. O que parecia um fim era, na verdade, o início de uma nova jornada. A determinação crescia dentro dela, aquecendo seu espírito enquanto a dor se tornava um lembrete do que superara. Maevie Angeli Salvatore Jenner estava de volta, e com ela vinha a promessa de novos desafios e descobertas, pronta para enfrentar o que o futuro lhe reservava.
🥀 ✽+ 000 +✽ • Depois de quase um mês sem postar, resolvi aparecer por aqui de novo! Sei que o sumiço foi longo, mas finalmente consegui concluir esse capítulo, e posso dizer que ele está cheio de momentos divertidos e tensos ao mesmo tempo!
🥀 ✽+ 001 +✽ • Escrever a parte da Maevie e da Sophia jogando Uno foi uma das minhas preferidas! Foi em referência aquele edit do tkk em que todos estavam super preocupados, enquanto elas estavam na maior farra!Não tem como não rir dessas situações no meio do caos, né?
🥀 ✽+ 002 +✽ • Agora, tenho que admitir que meu coração ficou apertado ao escrever a cena da Maevie sofrendo com o arranhão. Foi um momento doloroso, mas super necessário para a história. Maevie está enfrentando muitos desafios, e esse arranhão é só o começo de algo muito maior...
🥀 ✽+ 003 +✽ • E sim, vocês não leram errado... a Maevie chegou a "morrer". Mas, como vocês sabem, esse universo está cheio de surpresas, e ela voltou! Porém, não exatamente a mesma. Nos próximos capítulos, vocês vão perceber que algo mudou profundamente nela. Fiquem atentos, porque tem muita coisa interessante vindo por aí.
🥀 ✽+ 004 +✽ • Espero de coração que vocês tenham curtido esse capítulo tanto quanto eu adorei escrevê-lo!
🥀 ✽+ 005 +✽ • E claro, não se esqueçam de votar e comentar, porque eu amo ver as teorias e opiniões de vocês. Elas fazem toda a diferença!
🥀 ✽+ 006 +✽ • Até o próximo capítulo, meus sobreviventes. Se protejam e, como sempre, fiquem a salvo.
🥀 ✽+ 007 +✽ • Think I need someone older.
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