Se eu quisesse, eu poderia estar nesse exato momento nas Maldivas, aproveitando as delícias da vida, mas por ironia do destino vim parar nesse hospital e obrigado a fazer uma bateria de exames. O doutor especializado me informou que eu não deveria ficar estressado, mas a minha preocupação subiu ao nível tão alto ao descobrir que não conseguiram pegar a encomenda.

― Vamos ter que mudar as nossas estratégia de torturas. ― ironizei vendo o meu grande amigo, Jeremy, sorrir ao invés de ficar preocupado. ― O que foi que os seus homens fizeram dessa vez? Jeremy, quantas vezes te disse para contratar pessoas experientes no assunto?

― Chefe, eu sinto muito. ― ele respondeu à minha pergunta com a cabeça baixa. ― Eu acabei contratando uma pessoa inexperiente, e esse indivíduo chamou outra pior que ele, chefe, eles encontraram uma menina no local da encomenda. A garota estava machucada e então pelas informações que recebi, eles a levaram para um hospital, mas nunca imaginei que seria o mesmo que esse onde estamos.

― Que lindo, uma linda história. ― ironizei. ― Uma linda coincidência do destino.

― Senhor, eu não acho que eles estejam mentindo. Eu conheço muito bem o Will e acredito que o Otávio também não é uma pessoa mentirosa, apenas ruins para o trabalho que estabeleci. ― ele fez uma pausa. ― Chefe, não se preocupe, as informações serão apagadas sobre isso.

― Ótimo. ― assenti. ― Eu odiaria fazer papel de personagem mal outra vez.

― Ok.

― Senhor, o carro já está estacionado na frente do hospital. ― Daniel resmungou ao se aproximar da gente. ― Já podemos ir.

― Ótimo. ― olhei para o relógio. ― Já estava ficando entediado neste hospital.

― Por aqui, senhor!

Depois de ficar quase uma hora de relógio neste lugar terrível, eu percebi que não estou em condições de ordenar uma punição completamente. Caminhei em direção a saída do hospital com os meus seguranças ao meu lado, quando de repente fomos surpreendidos por um grito que chamou as nossas atenções.

― Os senhores não podem sair agora!

Virei-me para observar uma linda enfermeira vindo em nossa direção, como se estivesse em câmera lenta. Ela se aproximou da gente um pouco ofegante, pois havia corrido para nos acompanhar logo que saímos do elevador central.

― Cansei. ― ela respirou fundo antes de nos olhar, especialmente para mim. ― Quem são os senhores? ― a enfermeira segurava uma caderneta. ― Quem dos senhores é o senhor Cortez?

― Como? ― perguntei, indeciso.

― Os dois senhores que trouxeram a garota já foram embora. ― ela respondeu me olhando em particular. ― E isso quer dizer que o pai dela, é um de vocês três.

― Senhorita, eu acho que está confundindo a gente com outros pacientes. ― Jeremy respondeu me poupando de falar com a enfermeira.

― Quem dos senhores é o senhor Cortez?

― A senhorita está se referindo a mim? ― arqueei a sobrancelha, e ela fez a mesma coisa. ― Porque está procurando Cortez?

― Qual é o seu nome do senhor? ― ela perguntou me encarando nos olhos.

― Meu primeiro nome é Derick.

― O seu sobrenome é Cortez? ― confirmei com um gesto de cabeça, e ela soltou um sorrisinho. ― Graças a Deus! O senhor apareceu… O senhor precisa vir comigo. ― com um simples gesto de mão ela nos indicou o caminho de volta. ― O doutor Douglas ficou responsável pela sua filha. Ele precisa conversar com o senhor sobre a situação dela, por favor me siga.

― Minha filha? Como assim? ― e antes que as minhas perguntas fossem respondidas, a enfermeira me puxou pelo braço em direção a um consultório. ― Jeremy tem alguma explicação?

― Senhor eu...

― Senhor, por favor, queira entrar. ― ela indicou a porta para mim ainda sorrindo. ― O doutor está te esperando.

    Jeremy abriu a porta do consultório para que eu entrasse primeiro e depois eles. O lugarzinho não era grande, mas era bastante organizado e limpo, sendo diferente um pouco do outro consultório que estive para fazer os novos exames. Daniel afastou a cadeira para que eu me sentasse frente a frente com o doutor por nome de Douglas Marçal, que não parava de olhar para os dois homens ao meu redor.

― Preciso que o senhor seja forte… ― o doutor continuava olhando para eles, e depois para mim, e eu sem entender direito o que estava acontecendo. ― Quando sua filha chegou no hospital, ela estava com um sangramento na cabeça e conseguimos estancar logo em seguida. ― ele fez uma pausa por um instante, e depois olhou para o quadro que estava à esquerda colocando um raio x nele. ― Senhor Cortez, a sua filha está apenas dormindo no quarto, mas vamos deixá-la em observação por hoje até se acordar.

― Doutor eu acho e tenho certeza que está acontecendo um engano aqui. ― digo me levantando da cadeira. ― Foi engano.

― Entendo perfeitamente, mas não se preocupe. ― ele me respondeu sem entender direito as minhas palavras. ― A sua filha levou uma pancada muito forte na cabeça, poderia me informar como aconteceu o acidente? ― ele colocou a mão no queixo em um gesto pensativo.

― Ela caiu de um brinquedo. ― Daniel respondeu sem nenhuma permissão.

― O quê? ― encarei, em seguida olhei para o doutor sem reação. ― Foi um descuido.

― Entendo, deve ser difícil cuidar de uma garotinha agitada enquanto tem muito trabalho para fazer… ― confirmei com a cabeça. ― Por favor, senhor Cortez, me acompanhe até o quarto da sua filha.

― Minha filha? ― sorrio para o Jeremy. ― Agora eu tenho uma filha, é? Interessante.

O doutor se levantou da cadeira, e os meus seguranças me acompanharam até o corredor onde supostamente ficava o quarto da garotinha que impediu os meus seguranças de pegassem a minha encomenda, e agora é minha filha?

― Vamos esperar até que ela acorde primeiro para vermos se a pancada na cabeça afeta em alguma coisa. ― o doutor acrescentou abrindo a porta. ― O senhor não precisa se preocupar muito...

― Desde quando o senhor Cortez tem uma filha? ― Daniel resmungou baixinho como se ninguém pudesse escutar sua voz irritante. ― Em Jeremy? Porque eu menti...

― Fique em silêncio Binho. ― Jeremy respondeu encarando o sujeito e depois olhou para mim. ― Senhor, eu não sabia que eles haviam feito isso.

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