epílogo

Nox estava parada no centro do que restava do campo de batalha, o céu carregado de cores instáveis devido aos resquícios do portal multiversal. Ao seu lado, Peter Parker, o Peter do seu universo, a encarava com uma expressão suave, mas melancólica. O peso da despedida pairava entre eles como uma nuvem densa, mas o sorriso de Nox resistia, uma luz brilhante no meio da escuridão.

Ela o olhou com os olhos cheios de emoção, um sorriso largo iluminando seu rosto, mesmo que seu coração estivesse apertado. A luta havia terminado. O caos, os monstros, os perigos... tudo agora fazia parte de um passado que ela sabia que jamais esqueceria. Mas o que a feria de verdade era saber que esse momento também significava o fim de algo muito maior.

— Foi bom conhecer você, Peter. — Sua voz saiu como um sussurro, como se dizer em voz alta fosse tornar a despedida mais real. — Obrigada... por tudo.

Peter sorriu para ela, aquele sorriso doce e genuíno que ela aprendera a amar. Seus olhos brilhavam com uma mistura de alegria e tristeza, como se ele quisesse guardar cada detalhe daquele momento.

— Eu que agradeço, Nox. — Ele deu um passo à frente, tocando suavemente a mão dela. — Você foi a melhor coisa que me aconteceu.

As palavras dele atingiram Nox como um raio. Ela sentiu seus olhos começarem a arder, mas manteve o sorriso. Não era justo chorar agora, não quando eles tinham tão pouco tempo.

— E você foi a minha, Peter. — Sua voz tremeu, mas o sorriso permaneceu firme.

Eles se abraçaram então, um abraço que parecia conter toda a intensidade das batalhas que haviam enfrentado juntos, toda a gratidão, e, acima de tudo, o amor que nunca tiveram tempo de confessar em palavras. O mundo ao redor começou a se desfazer, pedaços do cenário se desintegrando em partículas luminosas. O multiverso, em processo de consertar suas falhas, reclamava o que era dele.

Nox fechou os olhos enquanto segurava Peter com força, sentindo seu calor pela última vez. Ela quis gravar na memória aquele momento, aquela sensação, o som da respiração dele. Tudo estava se fragmentando, mas, naquele instante, nada importava além dele.

Quando finalmente se afastaram, as lágrimas escorriam silenciosamente pelo rosto dela. Peter levantou a mão, como se quisesse enxugá-las, mas hesitou. Ele sabia que não poderia levá-la consigo, assim como ela não podia segui-lo.

— Cuide de você, Nox. — Ele sorriu, com a voz embargada.

— Sempre, Parker. — Ela tentou rir, mas soou como um soluço.

Com um último olhar, ele começou a se desfazer em luz, assim como o outro Peter, ambos sendo puxados de volta para seus universos. Nox ficou onde estava, vendo o brilho desaparecer como estrelas sendo apagadas uma a uma no céu.

Quando a luz finalmente se foi, o silêncio tomou conta. Era como se o mundo tivesse parado por um instante, vazio e quieto demais. Ela ficou ali, sozinha, o vento passando por seus cabelos, olhando para o espaço onde Peter estivera.

E então, a verdade se instalou: assim como ele havia chegado, Peter Parker agora havia partido, e com o multiverso restaurado, sua existência foi apagada de sua memória e de sua vida.

Mas, no fundo de seu coração, Nox sabia que jamais o esqueceria. Mesmo que o universo insistisse em tentar.

[...]

Nox estava imóvel diante da Grande Pedra das Memórias, um monumento erguido em honra àqueles que se foram durante os eventos catastróficos causados por Thanos. O brilho dourado do crepúsculo iluminava as inscrições entalhadas na rocha, cada nome marcado pela perda e pelo sacrifício.

Loki.

O nome cintilava na pedra como uma ferida aberta em seu coração. Ela suspirou profundamente, as memórias de seu irmão enchendo sua mente. Loki. O trapaceiro, o enganador... mas também o herói no fim. Ele havia morrido enfrentando Thanos, lutando com bravura para salvar aqueles que amava.

— Sinto sua falta, irmão. — Sua voz estava carregada de tristeza, mas também de orgulho.

Estendeu a mão para tocar o nome entalhado, buscando alguma conexão, um conforto tangível. No entanto, assim que seus dedos estavam prestes a roçar a superfície fria da pedra, uma força invisível a envolveu. Seu corpo foi puxado com violência, como se o próprio tecido da realidade estivesse se desfazendo ao seu redor.

— O quê...? — tentou gritar, mas o som foi engolido pelo vazio.

Em questão de segundos, tudo mudou. Ela caiu de joelhos em um piso metálico frio e polido, o ar pesado e estranho, como se estivesse em um lugar fora do tempo. Quando ergueu o olhar, viu que estava cercada por uma sala vasta e impessoal, com luzes fluorescentes que pulsavam suavemente nas paredes.

— Onde estou? — murmurou, confusa, enquanto tentava se levantar.

Seus olhos caíram sobre suas roupas. As vestes de batalha que antes usava tinham desaparecido, substituídas por um uniforme estranho, simples e cinza, com o emblema da TVA bordado no peito.

Antes que pudesse processar a situação, uma voz ecoou acima dela, vinda de uma tela gigantesca que dominava a sala:
Bem-vinda à TVA: Autoridade de Variância Temporal.

A voz era fria, quase mecânica, mas carregava um tom de autoridade absoluta.
— Você está aqui porque quebrou as regras do universo.

Nox piscou, confusa, enquanto a tela mostrava imagens que ela não compreendia: linhas temporais se cruzando, ramificações explodindo em caos, um relógio animado sorrindo sinistramente.

— Eu... o que? Quebrei as regras do universo?

Uma porta metálica deslizou para o lado, e um homem alto entrou na sala. Ele usava o mesmo uniforme cinza da TVA, mas seu emblema brilhava em dourado. Ele carregava uma prancheta, os olhos avaliando-a com uma mistura de curiosidade e satisfação.

Nox Odinsdottir. — Ele pronunciou o nome dela como se fosse uma sentença. — Você tem sido procurada pela TVA por mais tempo do que posso lembrar. É bom finalmente ver você aqui.

— Aqui onde? — perguntou, o tom de sua voz carregado de irritação e confusão.

O homem sorriu, mas o sorriso não alcançou os olhos. Ele consultou sua prancheta antes de responder:
— Bem, você está aqui porque quebrou um dos princípios fundamentais do multiverso. Era para você estar morta.

Nox franziu o cenho, sua mente girando.
— Morta? Do que você está falando? Eu estou viva, claramente.

— Sim. E esse é o problema. — Ele apontou para a tela, que agora mostrava imagens dela mesma enfrentando Hela. — Você deveria ter morrido naquele dia, quando Hela destruiu Asgard. No entanto, algo — ou alguém — interferiu. Você foi levada para outro multiverso, e isso causou uma ramificação significativa.

— Então, vocês querem me punir por estar viva? — exclamou, incrédula. — Eu lutei para sobreviver!

O homem inclinou a cabeça, como se estivesse analisando sua indignação.
— Não se trata de justiça ou injustiça, Nox. Trata-se de manter a ordem. Sua sobrevivência desencadeou eventos que desestabilizaram linhas temporais inteiras. Agora você está aqui para enfrentar as consequências.

— E onde exatamente é "aqui"? — Seus olhos brilhavam com raiva, mas também com medo do que isso significava.

O homem deu um passo à frente, o sorriso frio ainda nos lábios.
— Você está na TVA, sua nova casa. — Ele gesticulou para a sala ao redor. — E esta é sua prisão pessoal.

Nox respirou fundo, tentando absorver as palavras, mas sua mente lutava para entender. Prisão. Multiverso. Morta. Nada fazia sentido.

— Bem-vinda à TVA, Odinsdottir. — Ele virou-se, começando a sair da sala. — Ah, e sugiro que coopere. As coisas tendem a ser... desagradáveis para quem resiste.

A porta se fechou atrás dele, deixando Nox sozinha naquele espaço impessoal e opressor. Ela cerrou os punhos, a mente girando com perguntas. Quem a trouxera para cá? Por que ela? E, acima de tudo, como ela poderia escapar?

Mas uma coisa era certa: Nox não seria domada tão facilmente.



Obrigada a todos que acompanharam, votaram e comentaram na fanfic. Vocês foram extremamente importantes para ela.❤️

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top