cap. vinte e um

Nox encarou Max, preso nas máquinas de tortura. Cabos e eletrodos cravavam-se em sua cabeça, enviando choques constantes que faziam sua pele brilhar com uma luz azulada instável. Abaixo dele, um tanque de água cintilava sob a luz fria do laboratório, ameaçador e cheio.

Ela sentiu a tensão no ar enquanto Harry se aproximava com cuidado, evitando qualquer fio solto que pudesse transferir a eletricidade para ele. Seus olhos vasculhavam a sala, atentos à porta como se esperasse uma interrupção a qualquer momento.

— Max — Harry chamou, sua voz firme, mas carregada de urgência.

Os olhos de Max se ergueram lentamente, semicerrados pela dor, até pousarem no rosto do recém-chegado. Sua voz soou rouca, quase inaudível.
— Quem é você?

Harry Osborn abriu um sorriso quase casual, mas seus olhos brilhavam com um propósito mais sombrio.
— Sou Harry Osborn.

Max soltou uma risada áspera, misto de desprezo e dor.
— Eu deveria matá-lo.

— E eu tenho um acordo pra você. — A expressão de Harry permaneceu inalterada. — Eu te tiro daqui, e você me ajuda a entrar na Osborn.

Max arqueou uma sobrancelha, confuso e desconfiado.
— Por quê? Você é dono de lá.

Harry se inclinou ligeiramente, sua voz carregando um tom mais conspiratório.
— Porque você e eu temos o mesmo objetivo. Eles roubaram suas ideias, Max. Te jogaram de escanteio como lixo. E eles me roubaram também.

Por um momento, o rosto de Max suavizou, a raiva dando lugar a um interesse hesitante.
— O que eu ganho com isso?

— Vingança. — Harry respondeu, como se fosse a palavra mais natural do mundo.

Antes que Max pudesse responder, Nox deu um passo à frente, seus olhos agora fixos no prisioneiro.
— Max... — Sua voz era baixa, quase um sussurro, mas carregava uma sinceridade que fez com que ele a olhasse com mais atenção. Ela retirou lentamente a máscara que cobria seu rosto, revelando feições delicadas e determinadas.

Max piscou algumas vezes antes de reconhecer quem estava diante dele.
— Você... a moça do elevador. — Ele parecia surpreso, quase descrente. — A boazinha.

Nox assentiu, dando um pequeno passo à frente.
— Precisamos de você, Max. — Sua voz tremeu levemente, mas não de medo, e sim de urgência.

Harry, por sua vez, perdeu qualquer traço de arrogância e se inclinou na direção de Max, seu olhar carregado de desespero.
— Eu preciso de você. Por favor, Max.

Antes que qualquer resposta pudesse ser dada, o som agudo de um alarme ressoou pelo laboratório, quebrando a tensão no ar como vidro sendo esmagado. Guardas começaram a entrar na sala, armas em punho. Nox imediatamente ergueu as mãos, que brilharam com uma luz verde fantasmagórica, enquanto seus olhos adquiriam uma tonalidade tão intensa quanto uma esmeralda.

A voz de Loki ecoou em sua mente como um sussurro fantasmagórico:
"Eu sei quando você está com dor. Seus olhos se tornam verdes como a floresta."

Se Loki estivesse ali naquele momento, ele teria dito que Nox estava afundando em agonia.

— Harry, vamos logo! — gritou Nox, avançando contra os guardas para distraí-los. Sua luz verde pulsava em rajadas, mas a quantidade de inimigos começava a sobrecarregá-la.

Harry se virou para Max, a súplica em sua voz agora quase um pedido desesperado.
— Por favor, Max! Eu preciso de você!

Um grito cortou o ar. Harry congelou por um instante antes de se virar na direção de Nox. Ela estava caída de joelhos, tremendo enquanto um guarda segurava um taser cravado em sua pele. Mesmo assim, seus olhos continuavam brilhando, agora mais intensos do que nunca.

— MAX! — o grito dela ecoou pelo laboratório, reverberando como um apelo final.

Foi o suficiente. Em um movimento quase imperceptível, Max se libertou das amarras que o prendiam. Sua raiva acumulada explodiu em um clarão elétrico, o suficiente para eletrocutar todos os guardas na sala em questão de segundos. O laboratório mergulhou em um breve silêncio interrompido apenas pelos estalos de energia restante.

Nox arfou enquanto sentia o taser sendo retirado de sua pele, o choque finalmente cessando. Harry correu até ela, envolvendo-a em seus braços.
— Meu amor... — murmurou, sua voz embargada.

— Estou bem. — Nox respondeu, com um sorriso fraco que desmentia a dor que ainda latejava em seu corpo. — Estou bem.

Max, agora em pé no centro da sala, observou os dois por um momento antes de falar, sua voz carregada de algo mais do que dor: determinação.
— O que fazemos agora?

Harry sorriu, exausto, mas vitorioso.
— Agora, fazemos eles pagarem.

[...]

 Dizem que o amor faz você cometer loucuras.

Para Nox, essa frase nunca havia feito tanto sentido quanto naquele momento. Ela estava completamente apaixonada por Harry Osborn, e faria qualquer coisa para vê-lo feliz, para garantir que ele estivesse bem, mesmo que isso significasse vê-lo se injetar uma toxina experimental para salvar sua vida.

— Harry, tem certeza? — Nox perguntou, sua voz hesitante enquanto encarava a grande agulha nas mãos do homem que agora tinha o poder de decidir o destino de Harry.

Harry olhou para ela e abriu um sorriso tranquilizador, como se o caos ao redor fosse apenas uma brisa.
— Absoluta. — Ele se inclinou para ela, tocando-lhe o rosto com a ponta dos dedos antes de sussurrar: — Em breve seremos só nós dois.

Ele selou os lábios dela em um beijo apaixonado, tão cheio de promessas quanto de despedidas. Quando recuou, seus olhos brilhavam com um fervor intenso.
— Minha deusa.

Voltando sua atenção para o cientista trêmulo diante dele, Harry ergueu a arma, apontando diretamente para o homem.
— Você. Injete.

— Isso não foi testado em humanos ainda! — o homem gaguejou, seu rosto pálido de medo.

Harry soltou uma risada sarcástica, fria e cheia de desprezo.
— Vocês são tão burros que nem se dão conta de que já foi testado. — Ele deu uma risada mais alta, quase histérica, enquanto estendia o braço, pronto para receber o soro.

Atrás dele, Nox observava com apreensão, seu corpo tenso. Seus olhos estavam fixos na porta, pronta para reagir caso alguém aparecesse e interrompesse o procedimento. O subterrâneo da Oscorp parecia infinito, com corredores que se estendiam como labirintos e máquinas cujos propósitos eram tão obscuros quanto a organização em si.

O cientista não teve escolha a não ser obedecer. Ele ajustou a seringa com mãos trêmulas antes de perfurar o braço de Harry. O líquido fluorescente desapareceu lentamente dentro da pele, mas o que aconteceu em seguida estava longe de ser o que Nox havia imaginado.

Harry gritou. Um som gutural e primitivo que reverberou por todo o laboratório, fazendo Nox dar um passo para trás, aterrorizada. Ele caiu no chão, contorcendo-se, seu corpo tomado por espasmos enquanto seus músculos pareciam se expandir sob a pele.

— Harry?! — Nox gritou, correndo até ele, mas parando bruscamente quando viu algo impossível acontecer.

As unhas de Harry cresceram de maneira grotesca, transformando-se em garras afiadas que rasgaram sua camisa como se fosse papel. Sua respiração era pesada, os olhos arregalados e brilhando com um tom amarelado que não era humano.

— Harry! — Nox repetiu, sua voz agora um misto de súplica e pânico.

Mas ele não respondeu. Ele estava se transformando bem diante dela, cada movimento seu parecia mais alienígena, mais monstruoso. Ela não conseguia desviar o olhar enquanto ele rastejava até uma das muitas máquinas do laboratório, segurando-a para se levantar.

Finalmente, ele se ergueu, ofegante e tremendo. Ele virou-se lentamente para encará-la, agora vestido com uma armadura que parecia ter sido integrada à sua nova forma. Seus olhos brilhavam com uma intensidade aterradora enquanto um sorriso se formava em seu rosto.

— Minha deusa... — sua voz soou distorcida, metálica e distante, como se não fosse mais dele.

Nox recuou instintivamente, o pânico tomando conta. Ela sabia naquele instante que o homem à sua frente já não era mais o Harry que ela amava. Era algo completamente diferente, algo que ela não conseguia reconhecer.

— O que eu fiz? — ela sussurrou, a culpa e o horror se infiltrando em suas palavras.

Harry — ou o que ele havia se tornado — deu um passo à frente, sua presença agora imponente e quase esmagadora.
— Você me deu um presente. — Ele ergueu as garras, observando-as como se estivesse fascinado por sua nova forma. — E agora, minha deusa, nós vamos conquistar o mundo.

As palavras de Harry soaram como uma sentença final. Nox sentiu o peso do momento cair sobre ela, esmagador e cruel. Ela sabia que, por amor, havia cruzado uma linha que jamais poderia desfazer.

E o preço desse amor acabara de se revelar.

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