cap. sete
votem nos capitulos gente, vocês não sabem o quão desanimador é ver que leram e não votaram.
Nox estava sentada no banco traseiro do táxi, observando o tráfego interminável sobre a ponte de Nova York. O
congestionamento era caótico, e o som das buzinas, vindo de todas as direções, criava uma melodia desordenada que parecia durar para sempre. Apesar disso, ela permanecia pacientemente em seu assento, tamborilando os dedos no joelho enquanto olhava pela janela.
Foi então que um som diferente cortou o barulho habitual: gritos. Não era o tipo de som que se esperava em um engarrafamento comum. Nox virou a cabeça rapidamente para a janela, e seus olhos se arregalaram ao ver pessoas correndo, algumas tropeçando e caindo no desespero de escapar. O estrondo de carros colidindo ecoou pelo ar, adicionando mais caos à cena.
— O que está acontecendo? — perguntou Nox, virando-se para o motorista.
O homem parecia tão confuso quanto ela, os olhos fixos no retrovisor enquanto franzia o cenho.
— Não sei, senhorita — respondeu ele, a voz vacilante.
Nox não hesitou. Algo estava errado, e ela precisava ver por si mesma. Abrindo a porta do táxi, desceu para investigar. Assim que pisou no asfalto, foi arrastada pela maré de pessoas que corriam, sendo empurrada para trás várias vezes. Com dificuldade, conseguiu se firmar e olhou na direção de onde vinham os gritos.
Foi então que ela viu.
Um lagarto gigantesco, de um verde reluzente, estava saltando de carro em carro, esmagando tetos e capôs como se fossem de papel. Seus olhos brilhavam com uma fúria animalesca, e cada movimento fazia o chão vibrar sob os pés de Nox.
— Pelos deuses... — murmurou, incapaz de desviar o olhar.
O instinto mais básico tomou conta dela: correr. Nox começou a se mover junto com a multidão, esquivando-se de esbarrões e tentando evitar cair. Mas algo dentro dela a fez parar. Um chamado. Uma urgência. Ela olhou para trás, para o caos que o lagarto deixava em seu rastro, e sentiu o coração acelerar.
— Ok... — murmurou para si mesma, respirando fundo. — Hora de brilhar.
Erguendo as mãos, pequenas faíscas verdes começaram a dançar entre seus dedos, crescendo em intensidade à medida que ela se concentrava. Seus passos, antes hesitantes, agora eram firmes. Com um impulso repentino, Nox começou a correr na direção do monstro, ignorando os olhares assustados ao seu redor.
— Ei, lagartão! — gritou ela, chamando a atenção da criatura.
O lagarto virou a cabeça, os olhos dourados fixando-se nela. Nox não deu tempo para que ele reagisse; impulsionou-se no ar e desferiu um soco certeiro contra o focinho da criatura. O impacto fez o monstro rugir de dor, mas também de fúria. Ele revidou com uma força brutal, acertando Nox com a cauda.
Seu corpo foi arremessado como uma boneca de pano, atingindo o capô de um carro estacionado. O metal amassou com o impacto, e uma dor lancinante percorreu seu corpo.
Gritos de pavor ecoaram ao seu redor.
— Meu filho! Alguém salve meu filho! Ele está preso! — a voz desesperada de um pai soou acima da confusão.
Nox abriu os olhos, ainda meio zonza, e viu o lagarto afastando-se, saltando por entre os carros. Ela tentou se levantar, sentindo os músculos protestarem, quando uma figura surgiu em sua frente.
— Você está bem? — perguntou um homem mascarado, suas mãos pousando firmemente nos ombros dela.
Nox piscou, tentando focar nele.
— O menino... — disse, apontando na direção dos gritos. — Salve o menino.
O homem mascarado hesitou por um segundo, seus olhos analisando-a. Então, sem dizer nada, correu até a lateral da ponte e saltou, desaparecendo de vista.
Nox observou a cena, ofegante. Algo nela parecia errado, mas familiar. Quando o cheiro sutil de perfume alcançou seu nariz, ela sentiu o estômago revirar.
Aquele perfume.
— Peter... — murmurou, os olhos arregalados enquanto o nome ecoava em sua mente.
[...]
Nox estava de pé no centro de seu pequeno apartamento, o silêncio entre ela e Peter preenchido apenas pelo som distante do tráfego de Nova York. À sua frente, Peter segurava a máscara do Homem-Aranha em uma mão e evitava o olhar dela. Ele ainda usava o traje completo, como se tivesse acabado de voltar de uma de suas patrulhas.
Nox, com os braços cruzados sobre o peito, o encarava com uma mistura de incredulidade e mágoa. Sua expressão séria contrastava com a habitual leveza que costumava iluminar seus olhos quando estava com ele.
— Você não me contou — esbravejou ela, a voz cortante. — Eu compartilhei tantas coisas com você, Peter. E você simplesmente não me contou isso?
Peter levantou o olhar brevemente, parecendo mais vulnerável do que ela jamais o vira.
— Eu... Desculpa — disse ele, a voz baixa, quase um sussurro.
Nox estreitou os olhos, sentindo a raiva fervilhar sob a superfície.
— Mais alguém sabe?
— Só a Gwen.
Ela franziu o cenho, a expressão de confusão rapidamente dando lugar a outra, ainda mais dolorida.
— Quem é Gwen? — perguntou, tentando manter a voz estável.
Peter hesitou, coçando a nuca e desviando o olhar novamente.
— Minha namorada.
O impacto daquelas palavras atingiu Nox como um golpe. Ela piscou, tentando processar, mas a indignação logo tomou conta.
— E isso também você não me contou? — sua voz subiu um tom, carregada de frustração. — Foi mal, é isso? É tudo o que você tem a dizer?
— Eu... — Peter balbuciou, mas parecia incapaz de se justificar.
Nox soltou uma risada amarga, balançando a cabeça em descrença.
— Só vá pra casa, Peter — disse ela, caminhando até a porta e a abrindo com um movimento brusco. — Pensei que confiança fosse algo que vinha dos dois lados.
Peter deu um passo à frente, as mãos levantadas em um gesto quase suplicante.
— E é! Nox, é claro que é!
Ela o interrompeu, balançando a cabeça com firmeza.
— Não, Peter. — Sua voz era mais controlada agora, mas cada palavra carregava o peso da mágoa. — A confiança só veio do meu lado.
— Mas...
— Só vai, Peter — disse ela, apontando para a porta com um olhar definitivo. — A gente conversa outra hora.
Peter ficou parado por um momento, os ombros caídos, como se quisesse dizer algo mais, mas não encontrou as palavras. Ele assentiu lentamente, colocou a máscara de volta e saiu, deixando Nox sozinha.
Assim que a porta se fechou, Nox encostou as costas contra ela, deixando o peso da situação desabar sobre si. Desde a morte do Tio Ben, algo entre ela e Peter havia mudado. Ele se afastara, e ela tentara ignorar isso, mas agora era impossível.
A revelação de que ele era o Homem-Aranha não era a única bomba; o fato de que ele estava namorando alguém chamada Gwen tornou tudo ainda mais difícil de engolir.
Nox passou as mãos pelo rosto, tentando conter as lágrimas. A confiança que ela depositara em Peter parecia um erro agora, e seu coração estava em pedaços.
Por que ele não confiou nela? Por que não a deixou ser parte daquele lado de sua vida? As perguntas ecoavam em sua mente enquanto ela deslizava para o chão, sentindo-se mais sozinha do que nunca.
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