Nox riu, e o som parecia carregar uma mágica sutil, como se pudesse acalmar até a alma mais inquieta. Peter não pôde evitar sorrir ao ouvir aquilo. Fazia tanto tempo que não ouvia a risada de Nox, tão única e reconfortante.

— Então é real. — Nox sorriu para ele, o brilho em seus olhos carregando um misto de esperança e incredulidade.

— É real. — Peter confirmou, seu tom suave, mas firme. — Se a atmosfera se alinhar, você pode finalmente voltar para casa.

Nox desviou o olhar, deixando-o vagar pelo horizonte. A palavra pairava em sua mente como algo distante, quase esquecido.

— Nossa... — murmurou, quase para si mesma. — Casa. Faz tanto tempo que não ouço essa palavra. E ela soa... tão bem vinda de você.

Peter inclinou levemente a cabeça, observando-a com um sorriso.

— Soa? — perguntou, quase como um desafio, mas com a suavidade de quem já sabia a resposta.

Nox olhou para ele e assentiu, um riso fácil escapando de seus lábios.

— Soa.

Eles se deixaram envolver por um silêncio confortável, o tipo raro que não exige palavras. Estavam no topo do prédio, a cidade se estendendo abaixo deles como um mar de luzes. O vento fresco tocava seus rostos, mas não parecia frio; era quase acolhedor.

Finalmente, foi Nox quem quebrou o silêncio, sua voz baixa e um tanto hesitante.

— Fui visitar o Harry esses dias.

Peter virou o rosto para ela, surpreso.

— Como ele está?

— Ele está bem. — Nox respondeu, um sorriso pequeno e melancólico surgindo em seus lábios. — Bem até demais, considerando... sabe, que ele tinha uma doença genética que deveria tê-lo matado. E agora... ele está limpo.

Peter percebeu algo no tom dela — um peso emocional escondido, mas inegável.

— Você realmente o amava, não é? — ele perguntou, escolhendo as palavras com cuidado.

Nox virou o rosto para encará-lo, sua expressão séria, mas não fria.

— Você amava a Gwen? — devolveu a pergunta, sua voz carregando uma intensidade que fez Peter prender a respiração por um instante.

Ele desviou o olhar, mas não fugiu da verdade.

— Com todo o meu coração. — respondeu, sua voz quase um sussurro.

Nox assentiu, os olhos brilhando com uma emoção que Peter não conseguiu decifrar completamente.

— E eu com toda a minha alma.

O silêncio voltou, mas agora era denso, como se carregasse as memórias de duas vidas marcadas por perdas e escolhas difíceis. E ainda assim, naquele momento, havia uma conexão inquebrável entre eles, uma compreensão que dispensava palavras.