cap. um
O som da risada de Pandora era viciante, um toque melodioso que parecia ecoar mesmo depois de cessar. Edward Cullen achava isso surreal. Era raro ele se interessar pelo comportamento de alguém, especialmente pelo riso, mas havia algo em Pandora que ele não conseguia ignorar.
Pandora era uma combinação curiosa de timidez e confiança. Sua beleza enigmática — pele tão branca quanto a neve, olhos azuis profundos como o oceano — chamava atenção sem esforço. Mas o que mais intrigava Edward eram seus pensamentos. Eles eram tão vivos, tão cheios de uma autoconfiança silenciosa, que contrastavam completamente com sua atitude modesta durante as conversas.
Na aula de sociologia, Pandora, Edward e Alice dividiam a mesma mesa, formando um trio improvável. Para os Cullen, essa era uma das poucas aulas onde a dinâmica social lhes permitia algum entretenimento. Edward sempre sentia uma estranha energia quando estava perto de Pandora, algo que não conseguia decifrar, e Alice parecia se divertir genuinamente com a companhia dela.
Pandora era diferente. Não tinha o menor interesse em se encaixar nos grupos populares do colégio, e, exceto pelos Cullen e pela novata Bella Swan, suas interações sociais eram mínimas. Era como se ela preferisse a solidão, a não ser quando alguém realmente quebrava a barreira de sua reserva.
— E ele fez isso mesmo? — Pandora perguntou, com um sorriso largo no rosto enquanto encarava Alice.
— E quando Emmett não faz isso? — respondeu Alice, com uma risada delicada, tocando levemente a mão de Pandora.
Edward observava a interação em silêncio. Pandora soltou outra gargalhada, tão espontânea e contagiante que ele teve que conter o impulso de sorrir também. Seus pensamentos, no entanto, eram um turbilhão de impressões: Alice realmente entende como fazer alguém se sentir confortável... ou talvez seja apenas Pandora.
A risada, embora encantadora, atraiu a atenção indesejada da professora. Com um olhar severo, ela interrompeu a aula.
— Srta. Pandora, se não quiser passar a tarde na detenção, sugiro que se cale e preste atenção.
O rubor subiu instantaneamente às bochechas de Pandora, pintando-as com um tom rosado que Edward achou quase adorável. Ela abaixou a cabeça, murmurando um pedido de desculpas:
— Foi mal.
O silêncio na sala foi quebrado por risadinhas abafadas vindas do fundo da classe, o que fez a professora estreitar os olhos.
— Isso vale para todos — ela declarou, a voz firme.
Pandora desviou o olhar, claramente envergonhada, mas Edward notou o brilho de um pequeno sorriso ainda pairando em seus lábios. Ele percebeu como ela era diferente de qualquer outra pessoa que ele já havia conhecido. Onde muitos se retraíam completamente após uma repreensão, Pandora parecia carregar uma leveza que não permitia que situações como essa a afetassem profundamente.
Quando a professora voltou a atenção para o quadro, Alice inclinou-se discretamente para Pandora e sussurrou:
— Você devia ver a cara de Emmett agora. Ele estaria rindo até cair da cadeira se estivesse aqui.
Pandora segurou uma risada, mas Edward percebeu o brilho divertido em seus olhos. Ele deixou escapar um suspiro quase imperceptível, questionando a si mesmo por que aquela garota parecia mexer tanto com ele.
O restante da aula transcorreu sem maiores incidentes, mas Edward continuou atento a Pandora, tanto em seus pensamentos quanto em sua presença física. Ele não sabia explicar o que era, mas havia algo nela que o fazia querer entender mais, observar mais, e, de uma maneira que ele ainda não admitiria, proteger.
Ao final da aula, enquanto todos recolhiam seus materiais, Pandora olhou de relance para Edward e Alice, sorrindo levemente.
— Até a próxima aula — disse ela, jogando a mochila no ombro e caminhando com passos leves para fora da sala.
Edward ficou olhando enquanto ela saía, sentindo que aquele som — o som de sua risada — ficaria com ele por muito mais tempo do que ele estava disposto a admitir.
[...]
O fim das aulas era contagiante. O som do sinal ecoando pelos corredores sempre trazia um alívio palpável, como se cada estudante fosse libertado de uma gaiola invisível. Para Pandora, aquele era o melhor momento do dia. Ela adorava ouvir o toque final, pois significava que podia deixar para trás as salas abafadas e as olheiras de professores exaustos.
Enquanto caminhava pelo corredor, ajustando a alça de sua mochila no ombro, uma voz familiar chamou sua atenção.
— Pandora! — Bella Swan apareceu em sua visão periférica, acenando com um sorriso tímido.
Pandora virou-se para olhar, e seus lábios se curvaram em um sorriso imediato.
— Oi, Bella!
Bella parecia um pouco hesitante, mas determinada.
— Eu estava pensando... quer uma carona pra casa? — ofereceu, seu tom leve, mas carregado de uma expectativa silenciosa.
Durante o dia, Bella havia conseguido se enturmar com um pequeno grupo na escola, mas sentia que ninguém ali realmente entendia o que era ser nova em Forks, exceto Pandora. Mesmo sem conhecê-la profundamente, Pandora já era algo mais — sua primeira amiga na cidade.
— Claro! Ia ser adorável. — Pandora respondeu, animada, seu sorriso iluminando o rosto.
As duas caminharam juntas até o estacionamento, a chuva fina que sempre parecia cair em Forks borrando os contornos das árvores ao fundo. Bella levou Pandora até sua picape, um veículo grande e de cor laranja vibrante.
— Uau! — Pandora exclamou, os olhos arregalados enquanto admirava a caminhonete.
Bella coçou a nuca, sem jeito.
— Não é grande coisa, mas...
— É linda! — Pandora a interrompeu, seus olhos brilhando de entusiasmo. — Adoro laranja.
Bella riu, aliviada, e abriu a porta do motorista enquanto Pandora subia pelo lado do passageiro, ainda fascinada com o interior do veículo. Para Bella, Pandora era, sem dúvida, peculiar — um misto de timidez e energia cativante, como se cada pequeno detalhe do mundo tivesse algo de mágico para ela.
No caminho para a casa de Pandora, as duas se soltaram. O rádio da picape tocava uma música pop animada, e Pandora não conseguiu resistir a cantar junto, incentivando Bella a fazer o mesmo. Logo, ambas estavam cantando em altos brados, rindo quando erravam a letra ou desafinavam propositalmente.
— Ok, isso foi terrível! — Bella disse, rindo tanto que precisou reduzir a velocidade da picape.
— Não foi tão ruim assim, só desafinamos... o tempo todo! — Pandora respondeu, gargalhando.
O caminho parecia mais curto do que realmente era, e antes que percebessem, Bella estacionou em frente à casa de Pandora. Era uma casa modesta, mas acolhedora, com um pequeno jardim na entrada e uma luz acesa que iluminava suavemente a varanda.
— Essa é sua casa? — Bella perguntou, olhando-a com curiosidade.
— É! — Pandora respondeu, um sorriso caloroso surgindo em seus lábios. — Quer entrar?
Bella hesitou, olhando para o relógio.
— Acho melhor eu ir pra casa. Meu pai pode estranhar se eu demorar muito.
— Tudo bem. — Pandora desfez o cinto e inclinou-se para Bella, ainda sorrindo. — Obrigada pela carona.
Antes que Bella pudesse responder, Pandora acrescentou:
— E, por favor, me busque amanhã. Eu adoraria ir cantando com você de novo.
Bella riu, balançando a cabeça em aprovação.
— Claro, vai ser divertido.
— Até amanhã, Bella.
— Até, Pandora.
Pandora fechou a porta da picape e ficou na calçada, acenando enquanto Bella se afastava pela estrada. Quando a caminhonete desapareceu ao longe, Pandora respirou fundo, sentindo-se estranhamente feliz. Não era só a carona ou a companhia de Bella — era a sensação de que, talvez, pela primeira vez, ela tivesse encontrado alguém com quem realmente pudesse se conectar.
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