cap. nove
O refeitório da escola estava lotado, como sempre. O som de conversas animadas e risadas ecoava pelo espaço, misturado ao barulho de bandejas e talheres. Pandora entrou no local, carregando sua bandeja com uma simplicidade quase indiferente. Seus olhos procuraram Bella, mas algo a fez parar no meio do caminho.
Os Cullen.
Sentados em uma mesa no canto do refeitório, os cinco eram impossíveis de ignorar. Pareciam personagens saídos de um conto de fadas sombrio, com sua beleza etérea e aura misteriosa. E, para sua surpresa, Edward acenou para ela, indicando o lugar vazio ao lado deles.
Pandora hesitou por um momento. Era raro os Cullen interagirem com outros alunos, e agora eles estavam convidando-a a se juntar a eles? Com um suspiro, ela decidiu aceitar. O caminho até a mesa parecia interminável, mas quando chegou, todos os olhos estavam nela.
— Pandora — Edward a cumprimentou com um sorriso. — Estávamos esperando por você.
— Esperando por mim? — Ela perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto se sentava.
— Digamos que temos curiosidade — disse Alice, com um brilho nos olhos. — Você tem uma energia diferente.
Pandora franziu a testa, sentindo-se um pouco desconfortável sob os olhares intensos deles.
— Energia? O que isso quer dizer?
Alice deu de ombros, seu sorriso permanecendo.
— Você parece... especial. Como se houvesse algo mais em você do que as pessoas conseguem ver.
— Isso é um elogio? — Pandora perguntou, tentando esconder seu desconforto com um leve tom de ironia.
Emmett riu, quebrando a tensão.
— Definitivamente é — ele disse. — Alice tem um jeito de ver coisas que nós não vemos.
Rosalie, que estava calada até então, olhou para Pandora com algo que poderia ser descrito como curiosidade cautelosa.
— Como você conseguiu essa cicatriz? — perguntou, direta.
A pergunta fez o silêncio se espalhar pela mesa. Pandora apertou as mãos em volta da bandeja, sentindo o peso do olhar de todos sobre si. Respirou fundo antes de responder.
— Foi um acidente — disse simplesmente, sem entrar em detalhes. — Não é algo de que gosto de falar.
Rosalie assentiu, parecendo satisfeita com a resposta curta. Foi Edward quem quebrou o silêncio que se seguiu.
— Nós entendemos — disse, sua voz gentil. — Cada um de nós tem algo que prefere deixar no passado.
Pandora olhou para ele, sentindo uma estranha conexão em suas palavras. Não sabia o que os Cullen escondiam, mas estava claro que eles entendiam mais do que deixavam transparecer.
— Vocês são... diferentes — ela disse finalmente, olhando ao redor da mesa. — E não estou falando apenas da aparência. Tem algo mais em vocês.
Alice sorriu de forma enigmática, enquanto Jasper, que estava em silêncio até então, disse suavemente:
— Talvez você também seja diferente, Pandora.
O resto do almoço foi preenchido com conversas leves, mas aquela frase de Jasper permaneceu com ela. Quando o sinal tocou, anunciando o fim do intervalo, Pandora se levantou e olhou para os Cullen uma última vez antes de sair do refeitório.
Ela não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas tinha certeza de uma coisa: aquela família não era nada comum, e, de alguma forma, sua vida acabara de ficar muito mais complicada.
[...]
Pandora estava agachada em frente ao pequeno córrego que serpenteava atrás de sua casa. Suas mãos brincavam na água cristalina, que refletia o brilho suave do sol poente. Para ela, havia algo mágico naquele momento. Magia. Era estranho pensar nisso, especialmente quando sua mente parecia estar constantemente atolada em preocupações mundanas como suas cicatrizes e o medo de falhar.
A água parecia responder ao toque de Pandora, movendo-se como um tecido delicado sob suas mãos, deslizando suavemente pela sua pele. Havia um encanto inexplicável naquele fluxo, quase como se a natureza quisesse confortá-la, sussurrando segredos que apenas ela podia ouvir.
— O que está fazendo? — Uma voz grave e inesperada quebrou o silêncio, fazendo-a sobressaltar.
Pandora se virou rapidamente, encontrando o olhar intenso de Paul Lahote. Ele estava parado a poucos passos de distância, as mãos enfiadas nos bolsos da calça e uma expressão que misturava curiosidade e preocupação.
— O que faz aqui? — ela perguntou, franzindo a testa.
Paul deu de ombros, sem tirar os olhos dela.
— Vim ver como você estava — respondeu, o tom despreocupado contrastando com a intensidade de seu olhar.
Pandora bufou, tentando esconder o desconforto que sentia.
— Estou bem — disse de forma curta. — Agora pode ir.
Sem esperar resposta, voltou sua atenção para a água. Suas mãos novamente mergulharam no córrego, mas ela não conseguia ignorar a presença de Paul. Ele não parecia inclinado a ir embora, permanecendo ali, observando-a com uma paciência que era, para ela, desconcertante.
— Você sempre fala assim com quem se preocupa com você? — Paul perguntou depois de um momento, seu tom carregado de provocação.
Pandora ergueu os olhos para ele, sem esconder sua irritação.
— Eu não preciso que você se preocupe comigo, Paul.
Ele se aproximou um pouco, abaixando-se para ficar na mesma altura que ela.
— Talvez não precise — disse, seus olhos fixos nos dela. — Mas isso não significa que eu não vou.
Pandora sentiu o coração acelerar com a intensidade daquelas palavras. Havia algo em Paul que a desconcertava, algo que ela não conseguia definir. Ele era irritante, sim, mas também havia uma sinceridade desarmante em sua voz, algo que fazia com que ela não conseguisse afastá-lo completamente.
— Você é insistente, não é? — murmurou, voltando sua atenção para a água.
Paul deu um sorriso leve, algo raro em seu rosto geralmente sério.
— Faço o que for preciso.
Por um momento, nenhum dos dois falou. O som da água corrente e o canto distante de pássaros preenchiam o espaço entre eles. Pandora sentiu a tensão em seus ombros diminuir levemente. Havia algo quase reconfortante na presença de Paul, apesar de tudo.
— Se vai ficar aqui, pelo menos não me atrapalhe — disse finalmente, com um tom menos cortante.
Paul riu baixinho, acomodando-se em uma pedra próxima.
— Sem problemas. Posso ser um ótimo espectador.
Pandora revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso. Talvez, pensou ela, têm coisas que não podemos afastar tão facilmente — por mais que tentemos.
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autum.garden ( a foto de perfil é a mesma do wattpad, o ekko )
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