cap. catorze
O sol parecia nascer cada dia mais cedo naquela semana, como se o universo conspirasse para prolongar a estadia de Pandora e Bella na praia. Assim que os primeiros raios de luz dourada tocavam o mar, as duas já estavam com suas mochilas prontas, vestindo biquínis por baixo de vestidos leves, e carregando toalhas coloridas.
Pandora adorava a sensação da areia quente sob os pés. Para ela, a praia era mais do que um lugar; era um refúgio. Bella, mais discreta, preferia sentar-se à sombra com um livro na mão, enquanto Pandora corria para o mar, rindo alto quando as ondas batiam contra ela.
Naquela semana, algo diferente aconteceu. Um grupo de surfistas começou a frequentar o mesmo pedaço de praia que elas haviam escolhido. Pandora os notou no terceiro dia: pele bronzeada, cabelos bagunçados pelo sal, e sorrisos tão largos quanto o próprio oceano.
Eles logo perceberam a presença das duas, especialmente Pandora, que não hesitava em puxar conversa. Um deles, chamado Lucas, era particularmente insistente em tentar impressioná-la com histórias de manobras radicais e aventuras perigosas no mar.
-- E aí, o que achou daquela onda? Foi ou não foi perfeita? - ele perguntava, gesticulando exageradamente. Pandora ria.
-- Foi incrível, claro! Quer dizer, eu nem entendo de surf, mas se você está dizendo...
Enquanto Pandora ria e flertava de maneira descontraída, Bella limitava-se a observar, meio tímida, mas incapaz de conter alguns sorrisos. Para ela, era divertido ver Pandora agir com tanta naturalidade, como se fosse parte daquele mundo de pranchas e marés.
-- Você vai surfar um dia desses? - Lucas perguntou, cutucando Pandora na brincadeira.
-- Só se você prometer que não vou me afogar, - respondeu ela, piscando.
A interação leve e cheia de risadas entre Pandora e os surfistas tornou-se a atração diária daquela semana. No final da tarde, quando o sol mergulhava no horizonte, os rapazes montavam uma roda na areia para tocar violão e cantar, e as duas frequentemente se juntavam a eles. Pandora, que adorava dançar, animava a roda com movimentos improvisados, enquanto Bella batia palmas no ritmo da música.
No fundo, Pandora sabia que aqueles flertes não levavam a lugar algum. Era mais sobre o momento do que sobre qualquer coisa séria. Para ela, era um jogo, uma maneira de aproveitar a semana ao máximo e encher os dias de leveza.
Na última noite antes de voltarem à rotina, os surfistas fizeram uma fogueira na praia. Bella finalmente relaxou o suficiente para conversar mais com eles, enquanto Pandora aproveitou para fazer o que fazia de melhor: roubar a cena com sua energia contagiante.
Quando a fogueira se apagou e as estrelas iluminaram o céu, Pandora olhou para Bella e sussurrou:
-- Foi uma boa semana, né?
Bella sorriu, concordando com um aceno de cabeça. Não precisavam de palavras para saber que aquelas lembranças ficariam gravadas para sempre.
[...]
O som suave das ondas foi a primeira coisa que Pandora ouviu ao abrir os olhos. Ela piscou lentamente, sentindo a luz dourada do sol matinal tocar seu rosto. Não sabia ao certo onde estava nos primeiros segundos, mas a textura áspera da toalha sob sua cabeça e o cheiro do sal no ar a lembraram de tudo: estava na casa de Bella, e, ao que parecia, tinha adormecido na cadeira de praia.
O cenário ao seu redor era tranquilo. A casa de Bella ficava em uma localização privilegiada, com o quintal praticamente se fundindo à areia branca. Pandora ergueu o corpo preguiçosamente, os músculos ainda um pouco doloridos da semana cheia de atividades.
-- Dormiu bem, Bela Adormecida?
Pandora virou a cabeça e viu Bella parada na porta de vidro que dava para a sala. Ela segurava uma xícara de café fumegante, o cabelo preso de forma desleixada em um coque.
-- Dormir bem é pouco. Esse lugar faz mágica, - respondeu Pandora com um sorriso preguiçoso, esticando os braços. -- Mas como eu vim parar aqui? Eu me lembro de estar na varanda com você... depois, nada.
Bella deu de ombros, divertida.
-- Você apagou enquanto falava sobre os surfistas. Resolvi te deixar aqui. O céu estava limpo, e a brisa estava boa. Achei que você merecia.
Pandora riu, levando uma mão ao rosto para proteger os olhos do sol.
-- Bem, obrigada. Não sei o que seria de mim sem a minha fada madrinha.
Bella riu de volta, caminhando até Pandora e entregando a xícara de café.
-- Vai, toma isso antes de desmaiar de novo.
Pandora aceitou a xícara e deu um gole, sentindo o calor espalhar-se por seu corpo.
-- Você sabe que o café não combina com meu espírito praiano, - brincou ela, colocando a xícara na mesa ao lado. -- Mas, falando sério, Bella, sua casa é um paraíso. Não me admira que eu tenha me sentido tão em paz essa semana.
Bella sentou-se na cadeira ao lado, os pés descalços afundando na areia.
-- Fico feliz que goste. Acho que, às vezes, a gente precisa de um lugar assim, sabe? Onde tudo parece mais simples.
-- Você tem razão, - disse Pandora, olhando para o mar ao longe. O azul infinito do oceano parecia refletir sua própria sensação de liberdade.
Por um momento, nenhuma das duas falou nada. Apenas o som das ondas e o canto distante de algumas gaivotas preenchiam o ar. Pandora olhou de lado para Bella e sentiu uma gratidão silenciosa.
-- Obrigada por isso, - disse Pandora de repente. -- Por me trazer aqui. Por me deixar ficar. Eu nem sabia que precisava tanto desse descanso até agora.
Bella deu um pequeno sorriso, apoiando o queixo nos joelhos.
-- Não precisa agradecer. Eu sabia que seria bom para você. Além disso, eu gosto de ter você aqui.
O calor do sol ficou mais forte, mas Pandora não se importava. De alguma forma, aquela manhã parecia especial.
-- Então, - disse Pandora, levantando-se da cadeira com energia renovada, -- o que faremos hoje? Praia? Mais surfistas? Talvez uma caminhada até aquela trilha que você mencionou?
Bella balançou a cabeça, rindo.
-- Você não para, né?
-- Jamais! - respondeu Pandora com um brilho nos olhos.
Enquanto elas riam, o dia prometia ser mais um daqueles que ficariam guardados na memória para sempre.
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