19.

LUNA MONTENEGRO
📍BARCELONA, ESPANHA


Acordar cedo nunca era algo bom, mas para viagens eu gostava. Talvez fosse a ansiedade que sempre tomava conta de mim, aquela expectativa que conseguia tirar todo o meu sono, deixando-me alerta e pronta para o que viesse.

Levantei-me da cama, ainda com o céu escuro lá fora, e olhei para Héctor, que dormia tranquilamente ao meu lado. Ele sempre parecia tão calmo dormindo, e por um segundo, quase me arrependi de ter que acordá-lo tão cedo. Mas, por outro lado, eu estava ansiosa demais para esperar.

— Héctor... — Sussurrei, tocando levemente seu ombro. — Vamos, a gente tem uma viagem pela frente. 

Ele se mexeu lentamente, soltando um som de quem ainda estava perdido no sono, mas seus olhos logo se abriram, um sorriso preguiçoso se formando em seus lábios.

— Já tá na hora? — Ele perguntou, a voz rouca de sono. —

— Sim, e você sabe que eu odeio esperar! — Brinquei, sentando na beirada da cama enquanto o observava se espreguiçar. — Quanto mais cedo a gente sair, mais tempo vamos ter pra aproveitar.

Ele riu, ainda sonolento, mas se levantou. Sabia o quanto eu amava viajar, e, por mais que fosse cedo demais para ele, nunca reclamava.

— Tudo bem, tudo bem. — Disse, passando a mão pelos cabelos e se levantando. — Vamos logo antes que você me arraste pra fora da cama.

— Enquanto eu me arrumo, você termina de arrumar as suas coisas. Não entendo por que você sempre deixa tudo para a última hora. — Falei, revirando os olhos com um sorriso divertido. —

Héctor soltou uma risada baixa, ainda meio sonolento, enquanto começava a se levantar da cama.

— Eu funciono melhor sob pressão, meu amor. — Ele respondeu com um tom brincalhão, piscando para mim. — Além do mais, eu já sei exatamente o que levar, não vai demorar.

— Veremos. — Retruquei, balançando a cabeça e caminhando em direção ao banheiro. — Só não quero me atrasar porque você resolveu jogar tudo na mala no último segundo.

— Relaxa. — Ele respondeu, rindo de novo. — Até parece que eu já não me acostumei com suas manias de controle.

Eu bufei, tentando não sorrir, enquanto fechava a porta do banheiro. Por mais que ele sempre deixasse as coisas para a última hora, sabia que tudo acabaria correndo bem.

Enquanto decidi tomar um banho e me arrumar tranquilamente, ao sair do banheiro encontrei Héctor quase todo arrumado, exceto pela camisa. Ele parecia revirar as coisas, com o olhar concentrado em alguma busca.

— O que você está procurando? — Perguntei, tentando conter uma risada. — 

— Aquela minha camisa preta com as letras vermelhas na frente. Não sei onde deixei. — Ele respondeu, ainda focado em encontrar a peça. —

Soltei uma risada, sabendo o quanto ele era apegado àquela camisa.

— Meu Deus, você só usa essa camisa. Parece até que não tem outra! — Falei, cruzando os braços e me divertindo com a situação. —

— É que eu gosto dela, amor. — Ele respondeu com um sorriso meio culpado, olhando para mim de forma quase infantil, como se tentasse justificar. — 

Revirei os olhos, ainda rindo.

— Ok, vou te ajudar a encontrar. Mas, sério, um dia desses vou esconder essa camisa só pra te obrigar a usar outra. — Brinquei, indo até o closet. —

— Não ouse! — Ele disse, rindo junto comigo. — É minha favorita! 

Enquanto procurava entre as inúmeras camisas que ele tinha, mas sabendo que ele queria aquela em específico, finalmente a encontrei.

— Achei! — Exclamei, segurando a camisa preta com as letras vermelhas estampadas na frente. —

Héctor virou-se rapidamente, um sorriso de alívio e satisfação se espalhando pelo rosto.

— Você é minha salvadora! — Disse, pegando a camisa da minha mão como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. —

Eu ri, balançando a cabeça.

— Só você mesmo para fazer tanto drama por causa de uma camisa. — Falei, cruzando os braços enquanto o observava vestir a peça. —

— Ei, essa camisa tem história. — Ele respondeu com um tom sério, mas com um sorriso brincalhão no rosto. — Além do mais, você também tem suas manias. Não vou te julgar. 

Soltei um suspiro, fingindo irritação.

— Tá bom, eu vou tomar café porque eu não aguento você. — Comento, revirando os olhos com um sorriso. —

Enquanto caminhei para a cozinha para arrumar o café da manhã, Héctor demorou um pouco para aparecer. Quando finalmente entrou, notei que estava com uma carta na mão e uma expressão diferente no rosto, como se algo o estivesse incomodando.

— O que é isso? — Perguntei, olhando para a carta, desconfiada. —

Héctor rapidamente tentou disfarçar, dando um sorriso meio forçado.

— Ah, nada demais. — Ele respondeu, começando a rasgar a carta em pedaços pequenos, como se não fosse importante. — Só uma coisa chata que chegou pelo correio. Não tem com o que se preocupar.

Franzi a testa, ainda sentindo que algo estava estranho.

— Héctor, se fosse nada, você não estaria com essa cara. — Insisti, cruzando os braços. — O que tinha nessa carta?

Ele suspirou, tentando manter o tom leve, mas eu podia ver que ele estava tentando afastar qualquer desconforto.

— Amor, sério. É só papelada do time, nada que você precise se preocupar agora. — Ele se aproximou e passou o braço ao redor da minha cintura. — Vamos focar na nossa viagem, ok? Isso aqui já foi.

— Você sabe que não gosto quando fica escondendo as coisas de mim. Nossa última briga foi por esse motivo. — Falei, tentando manter a calma, mas meu tom saiu mais firme do que eu planejava. —

— Eu já disse que não é nada demais, esquece isso, Lua. — Héctor respondeu, o tom de voz mais sério agora, mas ainda tentando encerrar o assunto. Ele desviou o olhar, como se não quisesse continuar com a conversa. —

Respirei fundo, sentindo aquela mistura de frustração e preocupação crescer. Era difícil para mim deixar algo assim passar, especialmente depois de tudo que já tínhamos enfrentado.

— Héctor, eu não estou pedindo para você me contar tudo nos mínimos detalhes, só quero que seja honesto comigo. — Insisti, cruzando os braços, sem tirar os olhos dele. — Se isso não for importante, por que não me fala logo o que estava naquela carta?

Ele passou a mão pelos cabelos, claramente desconfortável com a situação, mas ainda tentando manter o controle.

— Lua, confia em mim. — Ele disse, se aproximando de mim novamente, mas com um tom mais suave. — Eu só não quero que você se preocupe com isso. É uma coisa pequena, prometo que não vai afetar a gente.

Eu suspirei, ainda insegura, mas resolvi dar um voto de confiança.

— Tudo bem, Héctor... Mas saiba que eu não gosto de sentir que tem algo sendo escondido de mim. — Falei, olhando para ele com seriedade. — Só quero que a gente seja transparente um com o outro.

Ele assentiu, me puxando para um abraço.

— Eu sei, amor. E prometo que você vai saber de tudo que for importante. — Ele sussurrou contra meu cabelo. — Agora vamos aproveitar esses dias juntos, sem preocupações, ok?

Respirei fundo, tentando deixar a tensão de lado e focar na viagem.

— Tá bom, amor… — Respondi, tentando soar calma na voz, enquanto meus olhos estavam focados no dele. —

Espero mesmo que isso não afete a gente, porque maioria das vezes que escutei isso dele foi realmente tudo ao contrário.

¤ 🇪🇸 ¤

Ao entrar na casa e olhar ao redor, fiquei encantada com cada detalhe. Era um lugar tão aconchegante, cada pedacinho parecia exalar uma paz imensa, como se o tempo ali passasse de forma mais tranquila.

— Aqui é lindo, Héctor. — Comentei, admirando o ambiente. —

Ele sorriu e, com um olhar brincalhão, se aproximou de mim.

— Amor, você está estragando o clima me chamando assim. — Ele disse, fingindo uma expressão ofendida. — Tem que me chamar de um apelido carinhoso, minha estrela. 

Eu sorri, achando graça do jeito dele.

— Ué, mas seu nome não é Héctor? Pensei que você gostasse. — Falei, provocando. —

Ele deu uma risada leve, inclinando a cabeça.

— Eu gosto, claro. Mas você, em específico, pode me chamar de "minha vida" ou qualquer outra coisa fofa. — Ele respondeu, com um sorriso sugestivo. — Agora, Héctor é muito comum. 

Revirei os olhos, mas não consegui segurar o riso.

— Minha vida, é? — Brinquei, cruzando os braços. — Tá ficando exigente agora, hein?

Ele se aproximou, puxando-me para mais perto e me envolvendo em seus braços.

— Só com você. — Murmurou, me olhando com aquele brilho nos olhos que sempre me fazia ceder. — Porque você é especial.

Senti meu coração derreter, e antes que pudesse responder, ele selou nossos lábios em um beijo suave, cheio de carinho. Meu corpo relaxou automaticamente, como sempre acontecia quando estávamos juntos daquele jeito.

— Tá bom, Cariño. — Respondi, sorrindo contra os lábios dele, sentindo uma conexão profunda com aquele apelido carinhoso. —

Ele riu baixinho, deixando a testa encostada na minha.

— Agora sim. — Héctor murmurou, seus olhos brilhando de satisfação. — Bem melhor do que me chamar só de Héctor.

— Só você mesmo... — Respondi, rindo, e o puxei para mais perto, sentindo o conforto e a paz que ele sempre trazia quando estávamos juntos. —

De repente, Héctor se afastou um pouco e, num movimento rápido, me pegou no colo, arrancando uma risada surpresa de mim.

— Vou te levar para o nosso quarto. — Ele disse com um sorriso maroto. — 

— Nosso? — Retruquei, ainda rindo. — Até onde eu sei, você ainda vai dormir no sofá. 

— Ah, amor, você já me castigou o suficiente. — Ele respondeu, fingindo uma expressão de sofrimento. — Dá uma chance pra mim, vai.

Eu balancei a cabeça, tentando disfarçar o sorriso, mas era impossível resistir quando ele fazia isso.

— A gente vê... — Murmurei, cruzando os braços, ainda nos braços dele, mas sabendo que no fundo eu já tinha cedido. — 

— Já sabia que você não ia resistir. — Disse com confiança, enquanto me carregava pelo corredor, rumo ao quarto. —

Quando chegamos ao quarto, Héctor me colocou de volta no chão, e eu fiquei boquiaberta. O quarto era simplesmente lindo, com uma atmosfera acolhedora e sofisticada ao mesmo tempo.

— Eu vou morar aqui, posso? — Perguntei, brincando, ainda maravilhada. — 

Héctor riu, aproximando-se de mim com aquele sorriso provocante.

— Pode, você pode. — Ele respondeu, dando de ombros. — Mas vai me largar para morar aqui sozinha?

Fingi pensar por um segundo, com um sorriso no rosto.

— Hm... acho que posso abrir uma exceção pra você. — Respondi, rindo. — 

Ele me puxou para perto, segurando minha cintura e olhando nos meus olhos.

— Sorte a minha, então. — Héctor murmurou, com aquele brilho nos olhos que sempre me fazia sorrir, antes de me dar um beijo suave. — Mas eu ainda gosto de quando você vai me ver jogar. Fico mais inspirado com você, Lua. 

Eu ri, encostando minha cabeça em seu peito.

— Ah, é? Então você só joga bem quando eu estou por perto? — Perguntei, provocando, mas ao mesmo tempo me sentindo aquecida com suas palavras. —

— Não é só isso... — Ele disse, acariciando minha bochecha. — Mas saber que você está lá me dá força, sabe? Parece que nada pode dar errado com você me apoiando.

Meu coração derreteu ainda mais, e eu olhei para ele com um sorriso.

— Sempre vou estar lá, Héctor. — Respondi, sentindo uma mistura de carinho e gratidão. — Pra torcer por você, te apoiar... e talvez até te cobrar de vez em quando.

Ele riu, me apertando mais forte.

— Já sei que não vou escapar das suas cobranças. — Ele brincou, antes de me dar um beijo no topo da cabeça. — E eu não esperaria menos da minha estrela.

Eu sorri, olhando para ele com carinho.

— Quem diria que aquele jogador, que parece todo cheio de marra em frente às câmeras, na verdade não passa de um garoto com um coração imenso. — Provoquei, rindo levemente. — 

— É, mas esse lado eu deixo só para você ver, Lua. — Ele respondeu, com um sorriso terno. — Você conhece o verdadeiro eu, aquele que nem as câmeras capturam.

Eu fiquei em silêncio por um momento, sentindo a profundidade das palavras dele. Isso sempre me tocava, saber que ele confiava tanto em mim para ser vulnerável, para mostrar o lado que ninguém mais via.

— E eu amo cada parte desse seu "eu verdadeiro". — Murmurei, com sinceridade. — 

Ele sorriu, me puxando para mais perto, e selou nossos lábios em um beijo suave, como se aquelas palavras tivessem sido tudo o que ele precisava ouvir.

— Daqui a pouco sou eu quem vai se emocionar. — Ele falou, fingindo enxugar uma lágrima imaginária, o que me fez rir. — 

— Ah, pronto, agora vai começar o drama. — Brinquei, revirando os olhos de forma divertida. — 

Héctor riu, balançando a cabeça, mas seu olhar ficou mais suave, cheio de ternura.

— Só fico assim porque você me faz sentir coisas que nunca senti antes. — Ele confessou, sua voz mais baixa e sincera. — Com você, tudo é diferente, melhor. 

Meu sorriso suavizou, e eu senti o coração acelerar de leve.

— Eu sinto o mesmo, Héctor. — Murmurei, segurando o rosto dele. — Com você, tudo faz sentido.

Ele sorriu de volta, me olhando com um brilho diferente nos olhos, algo intenso e sincero.

— Então vamos fazer isso durar, porque eu te amo e pretendo ficar com você pelo resto da minha vida. — Disse com firmeza, como se aquelas palavras fossem uma promessa gravada no ar. —

Meu coração disparou, e por um momento fiquei sem saber o que dizer. O peso daquelas palavras, o jeito como ele me olhava... parecia que tudo ao nosso redor tinha desaparecido, deixando só nós dois ali.

— Héctor... — Sussurrei, sentindo as lágrimas se formarem nos meus olhos, mas dessa vez de pura felicidade. — Eu também te amo. Mais do que consigo colocar em palavras. 

Os olhos dele brilharam, e um sorriso imenso se formou em seu rosto.

— Lua… você disse que me ama? Você me ama! — Ele falou empolgado, me abraçando e me tirando do chão com facilidade, girando no ar como uma criança que acabou de receber o melhor presente. — 

Eu ri, tentando segurar as lágrimas de alegria, enquanto ele me apertava contra o peito.

— Sim, eu te amo, seu bobo! — Respondi, rindo e tentando me equilibrar enquanto ele me girava. — 

Quando finalmente parou, ele me colocou de volta no chão, mas ainda segurava meu rosto com as duas mãos, o sorriso largo e o olhar cheio de felicidade.

— Você não tem ideia do quanto eu esperei por isso. — Ele disse, baixinho, a voz carregada de emoção. — 

Eu sorri, sentindo meu coração derreter de novo.

— E agora você sabe. — Murmurei, acariciando o rosto dele. — Agora somos nós dois, Héctor.

Hoje, consigo perceber que o amo mais que tudo. Mesmo com o jeito maluquinho que ele tem às vezes, Héctor conseguiu me conquistar de um jeito que ninguém mais conseguiu. Com ele, eu descobri o que é amar de verdade, sem medo, sem dor. Não era como antes, quando o amor só me trazia sofrimento. Com Héctor, tudo era diferente.

Eu sentia paz, segurança, e algo que nunca imaginei que poderia sentir, felicidade genuína. Quando olhava para ele, via mais que um namorado, via alguém que me entendia, me aceitava e me amava pelo que eu era, sem reservas.

001. Eu me sinto tão bem escrevendo momentos assim deles, não consigo estragar essa fase deles é impossível.

002. Desculpa qualquer erro ortográfico. Espero que estejam gostando da Fanfic.

003. Votem e comentem muito para liberação do próximo capítulo ser rápido. Bjos da Bia.

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