12.
LUNA MONTENEGRO
📍BARCELONA, ESPANHA
Os meus pensamentos estavam longes, mal conseguia prestar atenção em uma palavra que falavam comigo. A briga que tive com Héctor ontem, que era para ter sido um dos melhores dias, tinha se transformado em uma repleta decepção.
Encarei a tela do computador tentando me concentrar no relatório dos jogadores, mas era quase impossível. Escuto batidas na porta.
— Podemos entrar? — Marc perguntou, entrando na sala e Lamine também —
— Já entraram, né. — Falei, sem me importar, eles caminharam até a mesa, sentando-se nas cadeiras vazias do outro lado —
— A gente veio saber como você está? — Lamine falou, com a voz calma —
— Estou tentando ficar bem… — Respondi, tentando sorrir, mas o peso da situação ainda me oprimia —
Marc e Lamine se entreolharam, claramente preocupados.
— Sabemos que você e Héctor brigaram feio ontem. — Marc começou, hesitante. — Isso está te afastando bastante, não é?
Suspirei, recostando-me na cadeira.
— Sim, está. Eu só queria que ele confiasse mais em mim. Eu fui na casa do Fermin, para por um ponto final de vez. Eu jamais iria para outra coisa, estou com vontade meter a mão na cara do Fermin por ele ter usado isso e feito eu e Héctor brigarmos. — Respondi, suspirando. —
Lamine assentiu, compreendendo.
— É difícil para ele, Luna. O ciúmes e a insegurança às vezes falam mais alto. Mas ele também precisa aprender a confiar mais em você e a controlar mais as emoções — Ele disse, tentando ser o mais justo possível —
— Eu sei, Lamine. — Disse, sentindo uma lágrima solitária descer pelo meu rosto — Só quero que ele entenda que eu nunca faria nada para machucá-lo.
— Talvez vocês precisam conversar de novo, com calma. — Marc sugeriu. —
Assenti, limpando a lágrima com a manga da blusa.
— Vocês estão certos. Mas acima disso tudo eu tenho o meu orgulho, e eu não vou procurá-ló. Se ele quiser conversar comigo ele sabe muito bem onde eu moro — Argumentei baixo, olhando para o celular em cima da mesa —
— Ele vai te procurar, sabe aquele lá, não vive mais sem você, Luninha. — Lamine brincou, tentando amenizar o clima tenso —
— Mas cachorrinho que eu só o Héctor. — Marc completou, sorrindo —
— Amigos como vocês não precisam nem de inimigos. — Comentei em um tom mais suave —
— Ah, que isso, só queremos vocês dois bem e esperamos que possam resolver isso tudo logo. — Lamine falou, com um sorriso —
— Eu também, Lala. — Argumentei, olhando para ele —
Marc forçou uma tosse, fazendo meu olhar desviar para ele.
— Vocês viram que tem um empresário muito famoso andando por aqui. — Ele mudou o assunto, soltei um suspiro aliviada —
— Não, mas como você é o nosso fofoqueiro preferido você irá nos contar tudo, né, Marc? — Pedi a ele, e Lamine assentiu —
— É claro, informações foram feitas para repassar. — Marc disse em um tom divertido — Eu e o Prim descobrimos que ele se chama Javi, e é um dos filhos de um dos empresários mais famoso da Espanha, se eu não duvido o sobrenome dele é Radamés.
Esse sobrenome não me era estranho, talvez papai deve conhecer esses tals Radamés.
— Uh-hum, então ele está aqui no ct? — Perguntei, olhando diretamente para Marc, que assentiu —
— Está, acho que talvez ele tenha vindo para resolver algo com o clube, você sabe os patrocínios dessas pessoas cheias da grana, tudo é resolvido pessoalmente. — Marc argumentou, assenti. —
— Quem diria além de jogador já pode virar jornalista de fofoca. — Lamine brincou, empurrando o ombro dele de leve —
— Eu concordo, acho que vocês fariam uma dupla perfeita. — Concordei, entreolhando os dois —
Lamine me olhou com a sobrancelha arqueada.
— Ei, me tira dessa, o fofoqueiro aqui é o Marc. — Ele tentou se defender, Marc mudou a expressão para indignado —
— Vacilão, nem parece que foi você que me contou sobre a briga do Héctor e da Luna. — Marc retrucou. — Desculpa, tocar assunto. Mas é verdade, luninha.
Balanço a cabeça, dando de ombros.
Fecha a planilha no computador, enquanto os dois estavam em uma pequena discussão para saber quem é o mais fofoqueiro.
Marc Guiu com certeza era o mais fofoqueiro.
Aproveitei para checar se tinha alguma mensagem no meu celular, e nada. Confesso que sentia falta de uma mensagem de Héctor, fazia falta sorrir para o celular quando chegava uma mensagem dele ou correr para respondê-lo.
Solto um suspiro, bloqueando a tela e deixando o celular em cima da mesa.
— Que foi, Lu? — Lamine Perguntou, olhando para mim —
— Ficou brava por estarmos brigando ou atrapalhando você? — Marc perguntou preocupado. —
A preocupação e o cuidado deles realmente era essencial em momentos assim.
— Não, é isso. Só estou um pouco cansada, quero ir embora logo, porém algumas horas ainda me esperam pela frente. — Respondi em um tom monótono —
— O que você quer que a gente faça para te ajudar a melhorar seu dia? — Marc perguntou, passando as mãos pelo cabelo dele —
— Chocolates? Está aceitando? — Lamine Perguntou, sorrindo —
Solto uma risada, balançando a cabeça.
— Vocês dois não tem jeito, né. — Disse, rindo. — Estou aceitando os chocolates.
Marc franziu a testa me olhando.
— Ou falimos o supermercado ou você morre de diabetes, toda semana você come chocolates, Luna. — Ele falou, recebendo uma cotovelada de Lamine — Aí, animal.
— Para de cuidar da vida dos outros e cuida dessa cobra que você chama de língua, Guiu. — Lamine Falou em um tom sério —
— Nossa, desculpa. E minha língua não é uma cobra, seu sem namorada. — Marc argumentou, levantando-se —
— Estamos indo comprar seu chocolate, em meia hora voltamos. — Lamine falou também levantado-se —
— Obrigada, meninos. — Falei, sorrindo genuinamente para eles —
— De nada, lulu. Tudo para ver nossa best friend feliz. — Marc disse, sorrindo —
Lamine acenou, puxando Marc com ele para sair da sala.
Decidi ir buscar uma garrafinha de água, na cafeteria que tinha no ct. Pego meu celular e caminho para fora da minha sala.
Eu tinha ganhado minha sala própria no ct, e sairia de uma estagiária para uma fisioterapeuta oficialmente no fim da minha faculdade. Daqui a dois meses.
O frio tomava conta do meu estômago por saber que certamente seria um pouco mais difícil, mas eu estava confiante.
Tinha conseguido tudo por mérito meu, sem a ajuda do meu pai.
Em meio aos meus pensamentos, saio desses devaneios ao esbarrar com alguém, dou alguns passos para trás ainda desconcertada mas me mantendo em pé. Levanto meu olhar para ver um homem por volta dos vinte anos, com os cabelos castanhos escuros e os olhos verdes em tom mais escuro.
— Desculpa, desculpa eu estava distraída. — Disse, rapidamente me enrolando nas palavras —
Ele sorriu, acho que pela minha confusão em tentar me desculpar.
— Então somos dois a pedir desculpas, eu estava distraído também… Luna. — Ele falou gentilmente ao ler o meu nome gravado no jaleco —
— Certo, mas me desculpe de qualquer jeito… — Falei meio sem jeito por não saber o nome dele, ele riu —
— Javi Radamés. Sra. Luna Montenegro. — Javi falou, sorrindo —
— Bom, eu tenho que ir. O trabalho me chama. Desculpa de novo, Javi. — Pedi a ele, apressando os meus passos rapidamente para a cafeteria —
Meu Deus, eu era azarada em um nível gigantesco.
Tinha que esbarrar justo com uma das pessoas mais importantes. Espero não encontrá-lo mais daqui em diante.
¤ 🇪🇸 ¤
Uma das minhas coisas preferidas em Barcelona, era a noite, sem dúvidas a cidade conseguia ficar ainda mais bonita e radiante.
Fazia alguns minutos que eu olhava a paisagem da cidade pela sacada da minha varanda do apartamento. O silêncio em casa era algo que fazia a noite ficar ainda mais tranquila.
Matteo tinha ido encontrar a quase namorada dele, eu não decidi ficar fazendo muito interrogatório na vida dele, além do mais ele já tem dezoito anos e sabe o que deve ou não fazer.
A campainha ecoou pela sala, solto um suspiro caminho para dentro do cômodo, sabendo quem provavelmente se tratava do outro lado da porta.
Mas eu não sei porque um sentimento ruim estava pairando pelo meu peito hoje. Espero que não aconteça nada.
Abro a porta, vendo quem eu já imaginava. Héctor. A expressão seria dele como se ele tivesse algo muito importante para dizer, faz-me ficar um pouco confusa.
— Podemos conversar, Lua? — Ele perguntou, sem me olhar —
Assenti, dando espaço para ele entrar no apartamento. Héctor entrou e parou no meio da sala, suas mãos inquietas, como se ele estivesse lutando contra as palavras que queria dizer.
— Eu queria pedir desculpas por ontem. E vou entender se você não quiser me desculpar, não queria que você achasse que eu desconfio de você, muito pelo contrário eu confio em você como nunca confiei em ninguém. Sei que não tinha o direito de fazer aquilo, mas naquela hora eu estava com raiva, me desculpa, Luna. — Ele disse, com a voz um pouco trêmula —
Dou alguns passos para me aproximar dele.
— Héctor, eu fiquei sim chateada com o que você fez, mas eu entendo que não foi fácil para você essa situação, ainda mais por Fermin ser meu ex-namorado. Acho que teria reagido da mesma forma se tivesse no seu lugar. Eu achei sim, que você desconfiou de mim. Mas entendo, como você se sente em relação a confiar em alguém. — Respondi, calma. — Mas acho melhor esquecermos isso, não vale a pena ficar discutindo por alguém irrelevante em nossas vidas. Que tal esquecermos isso tudo?
Me aproximo dele para selar nossos lábios mas ele se afastou.
— Eu tenho mais uma coisa para te falar. — Ele começou, sem olhar a nenhum momento para mim — Não podemos voltar. Eu só vim me desculpar com você.
A dor da rejeição dele era evidente em meus olhos, mas ele não recuou dessa vez, sua decisão era firme.
— Mas, Héctor… — Tentei argumentar, ainda sem entender nada, mas ele me interrompeu —
— Eu sei que é difícil entender, e eu sinto muito por te magoar. — Ele disse dando um passo para trás —
— Porque? É pelo Fermin? — Perguntei, tentando não demonstrar o quão abalada eu estava — Me fala o motivo!
Héctor negou, os olhos dele finalmente encontraram os meus.
— Eu não posso, Lua. — Ele falou com a voz carregada de tristeza — Me desculpa.
Sinto os meus olhos arderam, mas tento segurar as lágrimas que estavam prestes a rolar pelo meu rosto.
— Você não pode fazer isso com a gente… não pode fazer isso comigo. — Sentei-me no sofá, sentindo aquele sentimento ruim voltar em uma intensidade mais forte —
Eu tampei meu rosto com as mãos, sentindo a dor e a confusão se misturarem. As lágrimas escorreram pelo meu rosto.
— Eu espero que um dia você possa me perdoar, mas estou fazendo isso para o nosso bem. — Héctor disse, a última coisa que escutei antes dele se afastar —
Ele saiu do apartamento, deixando-me sozinha na sala silenciosa.
Porque justo agora que eu estava disposta a tentar, com ele. Porque ele teve que fazer isso.
Sem um motivo. Estávamos bem até dois dias atrás, essa festa não poderia ter sido tão ruim ao ponto dele terminar o que nem tínhamos começado.
Algo estava errado, ele não faria isso comigo. Tinha alguma coisa acontecendo, não é possível.
Escuto a porta ser aberta mas não faço menção de olhar quem era.
— Luna! — Ouço meu nome ser chamado por Lamine e logo ele me envolver em um abraço — O que aconteceu? Porque o Héctor saiu chorando daqui?
Olhei para ele, sentindo uma dor imensa em meu peito.
— Ele terminou comigo… — Respondi, em um fio de voz —
— Mas como? Porque? — Ele perguntou confuso enquanto me olhava —
— Não sei, ele não falou o motivo apenas que precisávamos terminar. — Argumentei, em um tom embargado pelo choro — algo aconteceu com ele, porque ele não faria isso.
Lamine assentiu, limpando as lágrimas que escorriam pelo meu rosto.
— Olha, eu prometo descobrir o que aconteceu. Ele não te machucaria, Héctor é apaixonado por você, Lulu. — Ele disse, pensativo —
— Eu sei… — Falei, em um tom baixinho me aconchegado no abraço dele enquanto as lágrimas insistiam em escorrer e molhavam a camisa dele —
Héctor não podia desistir de nós.
Ele não pode acabar se tornando que nem Fermin. Não quero pensar nele de um modo que não seja com carinho.
Preciso saber o que aconteceu para ele mudar tão rápido.
001. E quem diria que a briga traria tantos problemas. Agora é saber o motivo desse término.
002. Eu disse que o Javi apareceria, e temos mais um personagem por aqui.
003. Espero que estejam gostando da Fanfic. Desculpa qualquer erro ortográfico.
004. Tik Tok Biah.jr e Instagram Autorabiah_
005. Votem e comentem muito para liberação do próximo capítulo ser rápido. Bjos da Bia.
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