[11] 𝗜𝗦𝗧𝗢 𝗡𝗮̃𝗢 𝗲́ 𝗨𝗠 𝗘𝗡𝗖𝗢𝗡𝗧𝗥𝗢
Charlotte Delgado
O sino para a quarta aula é soado, me fazendo levantar e caminhar pelos corredores em busca dos garotos idiotas que tenho como familiares e melhor amigo. Logo sou alcançada pelos três, que aparentemente já discutiam. E mais uma vez eu sou obrigada a participar das reuniões no corredor.
— e o que você quer que a gente faça? Seja seu guarda-costas particular durante o jogo? – meu irmão pergunta, já muito irritado. — ai caramba, e se você realmente se transformar no campo? Estamos muito fudidos com isso.
— não me deram escolhas, gente. O que eu devo fazer? Faltar no dia?
— na verdade isso é uma ótima ideia. – apontou Stiles, dando de ombros, apoiando seu braço nos meus. — qual é, Scott. O cara anda cercando a Alisson, ele é perigoso.
— e é por isso que eu vou até as terras dele hoje.
Automaticamente, o grupo recebe minha atenção. Meus passos são travados, consequentemente travando todos eles, nos parando no corredor. Franzo as sobrancelhas, não acreditando no que acabei de ouvir.
— desculpe, você vai o quê? – ele suspira. — só pode estar ficando louco, Scott. Eu juro a você, seu lobo pulguento, que se eu descobrir que anda se arriscando tanto para bancar o macho alfa, eu detono você.
— piada de lobo. – Stiles diz, rindo junto ao meu irmão. Após perceberem que ninguém mais riu, eles se calam. — desculpe, hora errada.
— ele invadiu a nossa casa ontem à noite, está rondando a garota que eu gosto e flertou com você. Esse cara é doente, Charlotte.
— e é exatamente por isso que você irá permanecer o mais longe possível das propriedades Hale e do Derek, entendeu?
Isso vale para todos vocês, adolescentes metidos à aventureiros imortais.
Stiles e meu irmão pararam de prestar atenção em mim quando suas atenções foram desviadas para a figura parada ao lado de fora da escola. Pelos vidros das janelas da sala de ciências era possível ver a silhueta perfeita de Derek no campo de lacrosse, nos observando. Me aproximo da janela, o encarando enquanto aceno.
— se estiver me ouvindo, e eu sei que está, gostaria de dizer, primeiramente, que se ousar pôr suas mãos em qualquer um desses palermas que andam comigo, a morte vai parecer coisa pouca comparado ao que irá te acontecer, Derek Hale. – a distância entre nós é grande, mas ainda consigo ver sua reação. Ele levanta o antebraço, acenando para mim enquanto sorria perverso. — e pare de dizer às pessoas que somos namorados, nós não somos.
Não é ilusão de óptica, seu sorriso realmente aumentou em minha última frase. Sei que estou odiando este homem agora, mas é inegável que seu sorriso seria facilmente classificado como a oitava maravilha do mundo, de tão lindo que é. Tomo o ar de volta ao dar as costas para a vidraça, indo em direção a porta.
— acaba de ameaçar um cara cinco anos mais velho do que você? – Stiles questiona, seus olhos me encaravam com incredulidade. — o que pretende fazer caso ele venha tirar satisfações?
— sou uma garota esperta, Michis. Eu sei muito bem como acabar com um homem. Acredite em mim quando digo que serei uma pedra no sapato deste homem, uma tão dolorosa quanto a dele em seus sapatos.
Caleb dá de ombros enquanto meu primo e Stiles sorriem, orgulhosos. Ninguém nunca mexeu com os garotos e saíram impunes dessa, não quando eu estou por perto, pelo ou menos.
— gosto de quando a Lottie ativa o modo protetora e mete o cacete nos garotos malvados. – meu melhor amigo diz.
— garotos malvados? Cara, as vezes eu acho que o gay aqui é você e não eu.
[....]
Quando éramos crianças, Stiles e Scott sempre me usavam como moeda de troca em relação a tudo o que não conseguiam sozinhos. Ou, quando planejavam aprontar e precisavam de uma distração, era a mim quem eles procuravam. Uma vez, quando eu tinha dez anos e eles sete/oito, me pediram para conversar com Jackson durante dez minutos enquanto eles invadiam a sala de ciências e trocavam as respostas certas do garoto por erradas.
Ou no ano passado, quando queriam ir na festa da Helena por causa das garotas, mas ninguém do primeiro ano havia sido convidados. Ser usada por estes garotos é algo natural, mas nunca me pediram algo tão grave quanto o que acabam de pedir.
— qual o seu problema, carequinha? – berro ao lado da porta.
Os garotos se olham receosos e Caleb dá de ombros.
— eu disse que ela não toparia.
— é óbvio que não toparia. Eu ameacei esse homem hoje cedo, Stiles, como diabos eu iria chamar ele 'pra sair hoje a noite? Devemos lembrar que eu também dei umas boas pauladas nos países baixos do cara.
— a única coisa que realmente importa é que esse cara é caidinho por você, Charlotte. – ele explica, andando de um lado ao outro. Os garotos acham que Derek foi quem matou a mulher na floresta, já que quando Scott foi até a casa dele hoje depois da aula – coisa que mandei ele não fazer, sentiu cheiro de sangue e viu uma cova no fundo do quintal. — vamos lá, Lottinha, você precisa ajudar a gente nessa. Scott precisa jogar sábado e também precisa estar vivo para o encontro com a Alisson.
Sair com Derek Hale seria bem interessante – isso se ele não fosse um lobisomem psicopata que invadiu minha casa ontem a noite. Solto o ar pelo nariz, me rendendo ao seu plano idiota.
— tudo bem, eu topo. Mas como eu o chamaria 'pra sair? Eu nem tenho o número dele.
Não sei 'pra quê fui dizer isso. É óbvio que Stiles já havia pensado até nos mínimos detalhes daquele plano, ele é eficiente. Ele me entrega seu celular aberto em meu aplicativo de mensagens. Estreito os olhos, analisando tudo com cuidado. Stiles já havia marcado tudo e Derek o respondeu quase que de imediato. Agora eu terei de jantar com um lobisomem. Mas não foi isso que chamou minha atenção.
— você clonou o meu torpedo? Desde quando, cretino?
Ele sorri, encolhendo os braços no momento em que o ameacei com um tapa certeiro.
— sim, mas foi só por hoje. Juro 'pra você, eu não abri nenhuma mensagem sua, por favor me deixa viver.
Stiles corre pelo quarto, se escondendo atrás do melhor amigo. Respiro fundo, tentando não matá-lo agora mesmo.
— é melhor se apressar, ele já deve estar se arrumando, ou algo assim. Diz ai, Scott, o que lobisomens fazem antes de um encontro?
— tomam banho? Eu não sei, sou novo nisso. A questão é que você só tem de manter ele ocupado por tempo suficiente, só até conseguirmos desinterrar o corpo do quintal.
— sim, mas mantenha as mãos dele longe de você. Ou eu viro caçador e começo a caçar ele na mesma hora. – meu irmão diz, me arrancando um riso. — eu falo sério, Charlotte. Mãos longe.
— certo, mãos longe.
[...]
Uma saia cinza com estampa quadriculada, camiseta regata preta e uma jaqueta de couro da mesma cor. No rosto, nada além de corretivo, rímel e gloss. Eu não vou me produzir para aquele homem, ele sendo gostoso ou não. E ele é bastante gostoso. A questão é que ele não merece a minha beleza.
Certo, Charlotte, precisamos ser forte e evitar atacá-lo durante toda a noite. Beijos ou facadas, nada disso deverá acontecer, apesar de ambas as opções serem bem tentadoras. Ok, está tudo bem. Eu só preciso me manter longe de seu rosto completamente perfeito e com as mãos longe de seu tanquinho bem modelado. Suspiro, finalmente saindo pela porta da frente com os sussurros encorajadores dos garotos escondidos ao lado da janela.
Derek Hale está vestindo um jeans claro e sua inseparável jaqueta de couro preta. Um homem e tanto. Ele sorri de canto, me analisando por inteiro. Retirou a mão do bolso traseiro, abrindo a porta do passageiro para que eu pudesse adentrar.
— boa noite, garota da floresta. – pronunciou o apelido de uma maneira indiferente, com diversão. Sorrio falsamente, ou não, suspirando antes de respondê-lo.
— boa noite, Hale.
Assim que me acomodo no estofado macio do banco, ele bate a porta, indo para o outro lado com rapidez. Ao adentrar, seu perfume se misturou ao meu naquele ambiente, tornando tudo um pouco mais cheiroso naquele momento. Meu coração acelera ao me dar conta de que estou sozinha com um lobisomem, dentro de seu carro.
— seus amigos idiotas sabem que eu consigo ouví-los, não sabem? – ele questiona, girando a chave. Procuro Scott com os olhos, encontrando os três com o topo de seus cabeções na janela.
— pois é, agora eles sabem. – solto um riso anasalado, tentando não deixar meu desespero transparecer. — só estão preocupados. Não são uma ameaça.
Derek, mesmo dando partida com o carro, não deixou de encarar meus olhos. Sorriu, um sorriso esbranquiçado e largo que fazia seus olhos se tornarem pequenos. Fofo.
— não me preocupo com eles. – ele diz, dando uma pequena pausa antes de continuar sua frase. — é você quem me preocupa. Até onde Charlotte MacGyver iria por Scott McCall?
Um arrepio percorre minha espinha ao ouví-lo pronunciar o sobrenome de minha mãe. Como poderia saber sobre ele? Eu nunca o usei. Não escondi minha confusão e ele percebeu isso. Entretanto, ainda gostaria de responder sua pergunta antes de questioná-lo.
— até o inferno, se possível. Mas já sabe disso, não é? – seu sorriso cínico respondeu por si só. — de onde me conhece, Derek?
— o que te fez querer um encontro comigo, Charlotte?
Foi ágil em mudar de assunto, mas eu conheço bem essa técnica. Eu espero mesmo que lobisomens não possam ler pensamentos agora. Encaro a rua escura em nossa frente, iluminadas apenas por postes em números pequenos e os faróis do carro. Me remexo no banco, ajustando o cinto.
— isto não é um encontro. – rebati de imediato. — eu gostaria de saber o porquê de você me apresentar como sua namorada para as pessoas.
— e de que outra maneira eu te encontraria? – um flash rápido do dia em que nos encontramos na festa de Lydia passou por minha cabeça. Foi a última frase que ele me disse antes de ir embora.
O encaro, meu olhar franzido escondendo o quanto estou apreensiva pelos garotos neste momento. Me enclino no banco, virando para ele enquanto dirigia com sua pose de bom homem. Um homem bem gostoso.
— você é problemático.
— todas me dizem isto. – ele brinca, me arrancando um riso fraco. Seu sorriso aumenta ao perceber isto, me olhando rapidamente. — o que você gosta de comer, garota bonita ?
Tudo bem, Charlotte. Não se deixe levar por este sorriso brilhante, cabelo perfeito e essa beleza excepcional. Lembre-se, ele é um assassino e você é apenas a distração. Mas droga, isso é tão difícil. Suspiro, voltando a olhar para frente. Talvez, se eu não o olhar nos olhos, seja mais fácil de achá-lo atraente.
— pizza portuguesa. Vai me levar para comer uma?
— em uma segunda-feira? Óbvio que não. – rolo os olhos. — no nosso segundo encontro eu levo você para comer uma, hoje nós iremos jantar em um restaurante chique.
— isso não é um encontro, Derek.
Ele solta um riso anasalado em deboche e ironia, tombando a cabeça para a esquerda. Droga, isso vai ser bem mais difícil do que eu imaginava.
— nem mesmo você acredita nisso.
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001: hey, pessoal! Demorou um pouquinho – meses – mas eu voltei, viu??? Charlotte vem aí e com muita novidade.
002: este capítulo estava apodrecendo nos rascunhos desde que o capítulo 10 foi publicado (há muito tempo) e só hoje eu tive a vergonha na cara p finalizar a escrita.
003: perdoe-me se houver algum erro ortográfico no capítulo, eu não revisei.
Beijinhos da Maluzinha!!!💋
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