seven - Alexandria
AVISO: o começo desse capítulo foi escrito no ponto de vista de vários personagens de uma vez, sei que estão acostumados a lerem essa fic em primeira pessoa, no ponto de vista do Ethan, mas é só o começo!!!
capitulo sete, Alexandria.
Depois de conseguirem finalmente se livrar de todos os zumbis na estrada, o grupo seguiu em frente na jornada.
— vamos ter que ir direto. Os zumbis estão por toda parte e se esperarmos eles irão se espalhar. — Abraham disse comunicando o resto do grupo. — estão todos bem? Estamos indo buscá-los, onde estão? — terminou.
— estamos bem. Achamos um carro e está funcionando. Podem ir na frente, nos encontramos lá. — Glenn respondeu do outro lado do rádio.
— tudo bem, Aaron disse que é só seguir a rota 23 e chegaram lá. Ao amanhecer estaremos lá. — Abraham concluiu desligando o rádio.
A madrugada caiu sob todos. Ethan continuava sozinho nas estradas, e ninguém sabia.
Abraham achava que ele estava com Glenn.
Glenn achava que ele estava com Abraham.
Bastaram algumas horas de viagem. E como planejado chegaram em "Alexandria" pela manhã.
Os portões se abriram assim que viram Aaron.
— está tudo bem. Podem entrar. — Aaron os encorajava, sorrindo.
Para todos a visão daquele lugar era fascinante. Muros protegiam casas, plantações e pessoas. Não viam aquilo desde que tudo começou.
Por mais que desconfiados, todos pareciam estar encantados com o lugar.
Todos exceto Carl.
Ele parecia procurar por algo. Por alguém.
O garoto dos olhos azuis e chapéu de xerife se aproximou de Maggie.
— e cadê o Ethan? — a pergunta repentina fez com que Maggie arregalace seus olhos e virasse com tudo para procurar o garoto dos fios castanhos.
A feição de Maggie era de desespero e parecia torcer para encontrá-lo dentro de um dos dois veículos.
O desespero e presa da mulher chamou a atenção dos outros.
— o que aconteceu? — Rick perguntou calmamente, porém em um tom de preocupação.
— o Ethan. Ele não tá aqui. — Maggie disse as palavras suavemente. Mas não por estar calma, por estar desesperada o suficiente para não conseguir raciocinar direito.
Todos olhavam ao redor procurando por Ethan.
— não disse que estavam todos com você!? — Glenn perguntou para Abraham, claramente irritado. Glenn não era o tipo de pessoa que perde a paciência facilmente. Porém ele e Maggie haviam criado um laço forte com o garoto.
— eu achei que o garoto estava com você! Ele saiu com você! — o homen ruivo disse.
— deixaram ele na estrada?! — Miles disse irritado.
— precisamos voltar! É o Ethan! — Carl disse.
Aaron parecia preocupado e não queria causar desespero em mais ninguém.
— podemos mandar uma patrulha em busca dele. — ofereceu ajuda gentilmente, mas ninguém parecía realmente escutar. Estavam discutindo entre sí.
Ethan pov
Já era de manhã. Eu estava andando por horas. Cortei caminho, mas não sabia exatamente pra onde ir.
Estava exausto. Sem comida ou água limpa.
Haviam realmente me deixado? Esqueceram de mim?
Com todas as forças que consegui juntar eu continuei meu caminho por mais algumas horas.
A claridade do sol quente fazia meus olhos cansados doerem.
As esperanças pareceram surgir quando vi uma placa dizendo "Alexandria 4KM". Eu precisava aguentar mais um pouco. O esforço talvez valeria a pena.
Foram os 4 kilómetros mais cansativos, quentes, tediantes de toda a minha vida.
A esse ponto eu devia ter pego uma insolação.
Muros altos, armas apontadas pra mim, pessoas gritando....?
Talvez chegar em Alexandria não tenha sido tão bom, afinal..
— tem alguém no portão! — um dos caras apontando a arma pra mim gritou.
De dentro dos portões podiam se escutar gritos, como se tivesse alguma briga.
Alguém subiu no muro para, aparentemente, ver quem eu era.
Com a minha visão embasada não pude ver quem era.
— abram os portões, de presa! Abram! — alguém gritou.
De longe não pude ver quem, mas algumas pessoas vieram correndo em minha direção.
Estava fraco demais para recuar ou fazer qualquer coisa. Então apenas esperei pra ver qual era o meu destino.
E surpreendente, não fui esfaqueado nem nada do tipo.
Eu fui... abraçado.
— eu fiquei tão preocupada. Me desculpe, me desculpe... — uma mulher com a voz muito familiar disse.
Afastei o abraço para ver quem era.
— Maggie? Carl? — olhei atentamente para as duas figuras paradas ao meu lado, enquanto observava os outros vindo também.
E logo recebi mais um abraço.
— achei que tínhamos te perdido, garoto. — Glenn disse me abraçando.
— sim... Vamos entrar você precisa descansar imediatamente. — Maggie me disse, preocupada.
Eles me ajudaram para entrar.
Todos pareciam realmente preocupados. Então...não me deixaram? Talvez eu estive errado.
— ele tá pelando de febre. — Maggie disse colocando a mão na minha testa.
— já pode abaixar a arma, Nicholas. — Aaron disse para o cara, que ainda apontava a arma na minha cabeça. — entrem naquela casa. Aquelas duas são toda de vocês. — Aaron apontou para duas casas. Uma branca e a outra azul claro.
— Ethan, tome um banho e descanse. Vou pedir para alguém da dispensa levar suprimentos e alguns remédios para você! — terminou e saiu correndo.
— vão vocês dois lá para aquela casa. Precisam de mais espaço. — Maggie disse apontando para a casa da direita. — Miles, vai com eles? — perguntou.
— e-eu? —
— sim, os adultos vão discutir algumas coisas. Preciso que fique com eles. —
— eu também sou adulto! —
Maggie o olhou por alguns segundos, e foi o suficiente para Miles ceder.
— tudo bem. Vamos, Ethan. Vem cá eu te ajudo. — me apoiei em seu ombro e ele me ajudou a entrar enquanto Carl abria a porta.
— descansa, Ethan! Assim que der eu vou ver como estão! — Maggie gritou da outra casa. Miles abaixou a cabeça concordando.
Dentro era grande, limpo e muito organizado.
— vá tomar um banho. Vamos esperar aqui. — Miles disse e eu apenas concordei, indo em direção a porta do banheiro.
Não negaria um Banho nem morto.
O banheiro também era grande. Tinha um chuveiro e uma banheira, uma pia e um espelho grande o suficiente para enxergar a parte de cima inteira do corpo.
Tomei um banho morno e isso já foi o suficiente para tirar um pouco do cansaço.
Mas ainda me sentia mole por conta da febre.
Saí do banho enxugando o cabelo com a toalha que tinham deixado, me deparei com Miles sentado no sofá pensativo enquanto Carl explorava o lugar.
Assim que me viram viraram a atenção toda pra mim.
— como tá se sentindo? Ainda não trouxeram os remédios que Aaron disse que trariam... — Miles se levantou e veio até mim.
— eu tô melhor. — sorri. — eu te mordi da primeira vez que te vi e você me trata como se fosse da família. Você é humilde! — disse brincando e dei um soquinho no ombro dele.
— você é da família, idiota. — disse no mesmo tom de brincadeira. — e só pra constar, aquilo doeu muito, okay? — eu ri em resposta.
Me direcionei até o sofá e me sentei.
Carl logo se sentou ao meu lado.
— meu pai veio aqui quando você tava no banho. Disse que a líder quer "entrevistar" todos nós. — ele me explicou.
— oh, vou me sentir uma celebridade. Nunca fui entrevistado, mas já vi alguém sendo. — sorri.
— quem? —
— o meu Pai. Ele tinha uma banda. Tocava guitarra, era irado! — sorri igual idiota lembrando das poucas memórias boas que ainda tinha.
— que maneiro! Qual era o nome da banda? — o menino dos olhos azuis se interessou na conversa, sorrindo.
— the corrupt. Fez sucesso na época dele, mas ficaram velhos e perderam um pouco da audiência. —
— acho que nunca ouvi falar... —
— talvez não. Era uma banda de metal, não é pra todos. —
A conversa foi interrompida com batidas na porta. Miles, que parecía já estar esperando, foi de presa até a porta atender.
— aí, você demor- — parou de falar quando olhou para a pessoa do outro lado da porta, como se houvesse sido brutalmente interrompido.
Eu e Carl nos entre olhamos, confusos. Então nos levantamos e fomos para mais perto da porta de entrada, de uma forma que possamos ver a pessoa de fora, mas que ela não possa nos ver.
— ehm...eu sou o Atlas. Trabalho na dispensa. — um jovem, de cabelos castanhos escuros, disse.
provavelmente da mesma idade que Miles.
— umm, o Aaron me pediu pra entregar algumas coisas pra vocês. — ele segurava uma cesta cheia de coisas. Miles não dizia nada, apenas o encarava sem parar.
— olha, eu sei que o Miles é estranho mas ele vai acabar assustando o outro desse jeito. — eu disse rindo.
— ele tá gamadinho. — Carl disse rindo.
Eu o olhei confuso.
— ele é gay. Sabe o que é isso né? — ele perguntou rindo.
— é claro que sei. Só não esperava. — respondi com um soquinho no ombro, o fazendo rir.
— ah, claro. Sim... — Miles pareceu acordar do transe e pegou a cesta, sem jeito. Fazendo Atlas rir.
— ah, e também tem remédios para febre, náusea e dor nesse saquinho. — Atlas respondeu gentilmente.
— ó seus pirralhos, venham aqui pegar essas cesta! — o grito repentino nos chamando fez com que tomemos um susto.
— em caminho, chefe! — empurrei Carl para que ele vá pegar, e ele andou até Miles rindo.
— ri bastante cowboy, você vai ver só. — Miles o olhou sério, porém com o tom brincalhão na voz.
Carl pegou a cesta e veio até mim ainda rindo.
— tó, vai tomar esse. — me entregou o remédio do frasco escrito 'remedio para febre'
— eu já tô melhor, minha febre passou. —
Ele me olhou com uma cara de reprovação.
— eu juro que tô melhor! —
Ele não disse nada, apenas concordou.
Voltamos a atenção em Miles e Atlas.
— eu moro á algumas casas pra lá. Tô por aí se precisar de qualquer coisa. — Atlas dizia simpáticamente, Miles respondia enrolado algumas palavras.
Depois que Atlas foi embora Miles fechou a porta com um sorriso bobo na cara.
— cara, será que o amor a primera vista existe mesmo? — Carl começou uma conversa sarcástica para irritar Miles.
— não acreditava antes, mas depois de ver isso... — disse as últimas palavras com um sorriso enquanto me virava para Miles, que estava em pé nos encarando.
— acabaram? Você não tava doente? —
— foi tanta boiolice que a febre passou. — disse brincando e Miles tacou uma almofada em mim, rindo.
Mais tarde naquele dia, Miles, Carl e eu fomos para a casa em que os outros estavam. Eles decidiram que todos dormiram na mesma casa por uns dias.
— Ethan! Como está se sentindo? Acabei de voltar da Deanna. Agora ela disse que quer falar com você. — ela disse passando a mão nos meus cabelos.
— eu tô melhor. Vou lá na Deanna, então. — sorri.
Bati na porta da casa de Deanna.
— pode entrar! — ela gritou. E eu girei a maçaneta.
— fique a vontade. — Deanna era a líder de Alexandria. Tinha uns sessenta anos mas parecia muito saudável.
O lugar era grande. As prateleiras de livros cheias deles me fascinava.
Fiquei admirando o lugar por um tempo, até que ela me trás de volta a realidade.
— se importa se eu gravasse a nossa conversa? — ela me perguntou.
Olhei para a câmera e ela parecia em estado ótimo.
— uau. É... Não, pode gravar se quiser. — eu me aproximei e olhei atentamente para as lentes da câmera.
— é... Ethan, se ficar assim a câmera não irá focar. —
— claro. — Dei uma risada sem graça enquanto me afastava da câmera. — é que eu não vejo uma dessas a muito tempo. —
Ela sorriu.
— bom para começar, seja muito bem vindo à Alexandria, Ethan... —
— Levine. —
— Ethan Levine. Se sinta em casa. — ela sorriu.
— obrigado.. eu acho. —
Avistei de longe, na prateleira de trás de Deanna, um box de livro, e reconheci na hora quais eram.
— caralho... — disse e me levantei. Deanna parecía confusa.
Fui até o box e vi a coleção completa dos livros de Harry Potter.
— posso ficar com esse livro? Pode ser emprestado. — peguei o "Harry Potter e a ordem da Fênix." Ela me olhou gentilmente e sorriu.
— pode ficar com eles. —
— eu li até o quarto. Mas nunca pude ler o quinto, por ser grande e virar muito peso pra minha mochila. —
— você é uma criança que teve que crescer rápido demais. Merece uma vida. —
Eu voltei a me sentar. Prestava a atenção em suas palavras, que pareciam ser tão sábias.
— alguns podem te chamar de irritante ou dramático. Mas talvez você não teve tempo o suficiente para aprender. Talvez por ter que crescer tão rápido, a sua criança interior esteja mais presente do que o adolescente que você é. — ela deu uma pausa.
— o fazendo agir como uma criança irritante e dramática. Pense nisso.—
Era bizarro como Deanna fala como se me conhecesse a vida inteira. Era como se ela fosse capaz de me ler, como se eu fosse um livro aberto.
— o que... você era antes disso? — perguntei. Talvez fosse uma psicóloga. Ela tinha cara.
— eu era Representante dos EUA do 15º Distrito de Ohio. — ela respondeu com um sorriso.
Dei um sorriso em resposta. Como se eu soubesse o que ser a "Representante dos EUA do 15º Distrito de Ohio" significasse.
— mas e você? O que fazia antes? —
— isso começou quando eu tinha doze. Era uma criança normal. Ia pra escola. Passeava nos finais de semana com os meus pais.. —
— seus pais. Maggie e Glenn. Certo? — ela perguntou e eu a olhei confuso.
— ah, não. — ri sem graça. — eles.. não são meus pais. Meus pais morreram durante.. tudo isso. —
— ah, me desculpe. Vocês parecem bem próximos, eu pensei que talvez... —
— tudo bem... Conheci eles a pouco tempo mas.. Já são como família. E isso foi meio estranho e confuso pra mim no começo. —
— esse foi o ponto de vocês que mais me chamou a atenção. Eram pessoas que não se conheciam, mas agora são como família. — Deanna sorriu genuinamente. Um sorriso sincero e verdadeiro.
E então continuou:
— a relação de vocês é linda e rara. Por se conhecerem a pouco tempo. Realmente uma família. —
— é...acho que sim. — me peguei pensando sobre tudo que ela disse.
— bom, encerramos por aqui. Espero que goste e que possa se adaptar logo, Ethan. — sorriu.
Eu sorri de volta e fui embora em direção a casa que vamos ficar pela noite.
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