prólogo

Terça feira, 10 de setembro de 2010
Atlanta, Geórgia

Hannah Grimes

Acordo bem cedo com o telefone tocando, deve ser o meu sobrinho. Carl sempre me liga de manhã nas terças, as vezes é escondido do pai, ele costuma me perguntar respostas de atividades não respondidas. Apesar de me acordar, eu gosto, é bom saber que meu sobrinho me vê como alguém em quem ele possa confiar.

Alcanço o telefone ao lado da cama e levo até a orelha, nem se quer abri os olhos.

— Bom dia, mini Grimes – digo, a voz sonolenta.

— me disse que o Carl não te ligava mais – a voz grossa ressoa,  abro os olhos assustada.

— Rick? E não liga, eu só atendi assim porque.... ãhn, quis zoar você.

Ele dá risada.

— ok, mas não te liguei para te ouvir mentir pelo Carl.

— não estou mentindo – rebato.

— tudo bem, Isabel – diz irônico — liguei para te convidar para o churrasco em comemoração a minha promoção a xerife.

Me sento na cama, a empolgação dando seu ar de glória. Rick sempre quis muito ser xerife porquê todos os nossos antepassados foram. Papai foi um, vovô também e o pai dele, assim por diante. Fico feliz por ele ter conseguido, é realmente algo importante para o legado que carregamos no sobrenome.

— foi promovido? – a voz sai alta e extremamente empolgada, ele ri — isso é incrível, Ricardo.

— você vem, Hannah banana?

Rolo os olhos, mas já esperava por este apelido.

— depende – me levanto — estou livre no fim de semana, mas tenho que estar aqui no domingo à noite.

— é perfeito. – ele diz, ouço a voz de Carl no fundo — agora não, filho. Estou falando com a tia Hannah.

— Oi, tia Hannah – o garotinho grita do outro lado da linha, me fazendo sorrir

— oi, Mini Grimes – digo contente

Ouço um "é a Bel?", era a voz de Lori. Ele provavelmente ligou da cozinha e agora todos estão entrando para o café.

— Lori mandou oi

— diga que mandei um beijo – alcanço minha toalha e abro a porta do guarda-roupas — vou comprar uma passagem, talvez eu chegue na sexta.

— Carl ficará super feliz com a notícia.

Carl ama minhas visistas, eu amo os visistar. Amo passar tempo com o Rick e a família dele, mimar o Carl e irritar a Lori até ela me dizer que eu sou a cópia do Rick, mas mil vezes mais chata e inquieta. Levo como o mais sincero elogio.

— tenho que ir agora, preciso me arrumar para a faculdade.

— te vejo na sexta, então?

— vejo vocês na sexta.

Rick e a família se despedem com um enorme "amamos você" em uníssono, respondo com um "eu amo vocês" e desligamos juntos.

Tomo meu banho, faço meu café e quando ia saindo de casa, Glenn me manda um SMS.

Glennie

" hey, peguei outro turno, pode passar lá em casa e verificar se Giulia esta pronta para a escola?

Para sua sorte, estou a um andar da sua casa.

Você é a melhor amiga do mundo, isinha."

Glenn é meu amigo a algum tempo. Ele mora sozinho com a irmã mais nova, somos vizinhos de prédio, o apartamento deles é bem em baixo do meu. Cuidar de uma quase adolescente não é fácil, então eu o ajudo a pagar uma babá para a garota, mas na noite passada ela dormiu na casa da amiga, que é vizinha de porta.

Giulia é uma garotinha de doze anos e meio, como ela mesmo costuma dizer. É a criança mais doce que eu já conheci, depois do Carl, é claro. Ela é travessa, ama pregar peças no irmão. Uma cópia do irmão, só que mais sapeca.

Tranco minha casa e pego o elevador para o quarto andar. Não demora muito, ando até o fim do corredor e destranco a porta com a minha chave. A casa está silenciosa, apenas alguns ruídos no quarto.

— gigi? – chamo, fecho a porta atrás de mim e ando pelo corredor — Giulia, já está pronta para a escola?

— eu não tomei café ainda, tia Hannah.

— tudo bem, amor. A gente compra algo no caminho.

Ela aparece na porta de seu quarto, a mochila nas costas e uma garrafinha em mãos.

— Glenn pegou outro turno. Vem, eu levo você até a escola.

— não tem que ir para a faculdade? – levanta uma sobrancelha

— qual é, dez minutos de atraso não irá me afetar em nada.

[....]

Quinta-feira, 12 de setembro de 2010

Passagem para King County comprada, devo embarcar as dez da noite e chegar as onze e meia, ou meia noite. Mando SMS ao Rick para o avisar, ele provavelmente irá querer me buscar no aeroporto.

A campainha é tocada, me despesso de Rick e coloco o telefone de volta ao gancho. Passam das nove da noite, se não for o Glenn, possivelmente é alguém querendo me matar. Dou uma espiada pelo olho mágico, é Glenn e Giulia.

Respiro aliviada e abro a porta com um grande sorriso nos lábios.

— a quem está devendo, Isabel? – ele pergunta, já sabendo no que eu pensava — algum agiota?

Nego e puxo a caixa de pizza para mim, a abrindo para verificar o sabor.

— sou irmã de um policial, imbecil.

Ele se joga no sofá, a irmã faz a mesma coisa. Deus, como esses dois são idênticos.

— o que é agiota, tia Hannah?

Troco olhares com Glenn, ele respira apavorado, esqueceu que a irmã é quase um papagaio e super questionadora. Solto uma risada nasal e balanço os ombros.

— por que não explica a ela, Glenn? – ele me olha como se fosse me matar

— ela perguntou foi a você

Reviro os olhos e coloco a caixa de pizza sobre a mesa de centro.

— agiota é alguém que te empresta dinheiro quando você precisa muito, entende?

Ela pensa por alguns segundos e pula do sofá, ainda mais curiosa.

— então você é agiota, tia Hannah?

Glenn se engasga com a água que bebia e eu arregalo os olhos. Por que crianças tem que fazer tantas perguntas?

— por que eu seria agiota, amor?

Me sento ao seu lado e Glenn coloca os copos sobre a mesa, nos servindo refrigerante de laranja.

— você empresta dinheiro para o Glenn as vezes, então você é uma agiota – balança os ombros.

Ela tem um ponto forte.

Nego enquanto dou risada.

— daqui um tempo você vai entender, agora come a pizza e bebe o refri, vou buscar as fitas.

Passamos o resto da noite ali, comendo Pizza com refri e asistindo a desenhos da barbie com a gigi. Temos um calendário, cada um tem seu dis de escolher o gênero do filme que vamos assistir, hoje é a vez da Gigi.

Amo passar momentos com eles, são a parte boa de morar nessa cidade, a parte que me impede de voltar para King County permanentemente. Amo os irmãos Rhee e não sei como sobreviveria sem eles ao meu lado.

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