25 𝖽𝖾 𝖿𝖾𝗏𝖾𝗋𝖾𝗂𝗋𝗈 𝖽𝖾 2012.

Hannah Dixon.

Pela primeira vez em muito tempo eu pude ver meus sobrinhos limpinhos, juntos, tranquilos e felizes, também vi Rick sem aquela barba toda, até brinquei com o fato de que agora ele não estava mais parecendo o nosso pai. Alexandria é legal, é bonita e apropriada para o crescimento das crianças. Rick finalmente confiou no lugar para deixar cada um dormir em suas casas agora. Daryl e eu ganhamos um quarto em sua casa enorme, já o Carl insistiu em tornar o sótão o seu quartinho da bagunça.

Era manhã e Daryl não estava mais na cama, então eu me vesti, escovei os dentes e desci para tomar café com a turma. Mas não havia ninguém além de mim e Judith, que ainda dormia em seu berço na sala. Talvez eu tenha dormido tanto que já era hora de seu soninho da manhã. Deixaram torrada e vitamina de mamão sobre a mesa, então foi o que eu comi. Não comeria que soubesse que iria me fazer mal. Assim que bebi o último gole da vitamina meu estômago ronca, embrulhando cada vez mais até eu não me conter e correr para os fundos do quintal, vomitando tudo o que acabei de ingerir e mais um pouco.

Céus, como odeio vomitar.

— tudo bem com você? – era Carl, parado perto da porta com um semblante preocupado. Afirmei em um aceno de cabeça, limpando ao redor da boca. — tem certeza? Não quer que eu chame alguém, o tio Daryl, talvez?

— eu estou bem, amor, não se preocupe. – sorri para ele, voltando para dentro. — deve ter sido a vitamina, acho que não me caiu bem, sabe?

Ele afirmou com um aceno, mas pareceu desconfiado.

— Clara e Peter pediram para chamar você, estão te esperando lá fora. – contou, passando em minha frente. Me olhou sorrindo. — acho que vai ganhar uma casa, mas tente parecer surpresa quando contarem.

Paralisei por um segundo, congelando um sorriso em meu rosto emotivo. Sempre quis minha própria casa, minha e de meu marido. Se Clara e Peter me derem isso, então eu os amarei ainda mais. Beijei sua testa, deixando tapinhas no ombro.

— cuide da sua irmã, eu não vou demorar.

Deixei Carl e Judith para trás, mas antes lavei o rosto e tirei o gosto ruim da boca, só então encontrei os Monroe ao lado de fora da minha casa. Estavam com o pequeno George nos braços, sorrindo para mim como uma família perfeita e feliz. Eu sorri de volta para eles, descendo as escadinhas com cuidado. O sol estava quente, então coloquei um boné branco que encontrei no parapeito da varanda, um que provavelmente pertence ao Jeremy.

— e então, chefes, aonde vamos hoje? Estou em suas mãos. — toquei a delicada mãozinha delicada da criança. — oh, ele é tão fofo. Chega a ser sufocante.

— pois é, eu dizia a mesma coisa por muito tempo. – Clara ri. — iremos andar até a rua cinco, tudo bem por você? Queremos te mostrar uma coisinha.

Seu sorriso era intenso, como se não conseguisse contê-lo. Estava eufórica e animada, ansiosa para que saíssemos do lugar o mais rápido possível. Eu ri de sua empolgação, acatando suas instruções e caminhando com eles.

— o que está achando da comunidade, Hannah? – Peter questionou, também parecia animado, mas ao contrário da esposa ele sabia se conter. — está gostando das pessoas?

— eu saí poucas vezes desde que chegamos, ainda não vi muita gente, nem conversei com tantas pessoas. A moça que cortou o cabelo do Rick parece ser legal, sua mãe é meio afobada, mas também me parece boa gente. Eu não quero ser rude ou parecer ingrata, mas o Aiden é um porre e não tem noção de liderança. Não gosto dele.

Pensei que ele não iria gostar de minha opinião sobre seu irmão, mas Peter apenas me deu um riso nasal e concordou.

— eu sei, ele é péssimo. Aiden tem medo, não nasceu para liderar nada neste mundo. – o encarei confusa, mas não questionei. — Não espere que eu o defenda, Hannah. Meu irmão nos deixou para trás quando as coisas apertaram e ainda mentiu sobre nosso status de vida. Ninguém nos procurou porque ele afirmou que estávamos mortos, mas agora ele falta beijar nossos pés e implora por perdão. Chega a ser divertido.

— é hilário, na verdade. – deu de ombros. — Infelizmente não podemos fazer nada quanto a isso. Deanna gosta de manter o filho ocupado, para que ele não se meta onde não é chamado, entende? Sem o grupo de buscas aquele fedelho não é nada.

— não quero que pensem que estou me metendo onde não fui chamada, mas já me metendo, esse garoto não está pronto para liderar nada. Confiam mesmo nele para isso? Porque se alguém do nosso grupo morrer nas mãos do seu fedelho, terão um problema bem maior diante dos olhos.

— a irresponsabilidade do meu irmão em Atlanta balançou seu pedestal, mamãe acordou do conto de fadas e pareceu entender que ele não está pronto para isso. Se o Glenn continuar se mostrando um bom corredor, então ele será nomeado o líder de buscas por suprimentos. Acho qur chegamos ao nosso destino.

Paramos de andar, então eles sorriram para mim. Não andamos tanto, afinal, apenas duas ruas pela principal. Ainda consigo ver o pico da casa de Rick. Estávamos de frente para uma linda casa verde pastel com uma varanda elegante, muretas e escadinhas de tijolinhos. A casa possuia duas cadeiras de madeira branca e uma pequena mesinha de centro da mesma madeira. Portas e janelas de vidro, a única que vi até agora nesse estilo.

Era realmente muito linda, como sempre idealizei em meus sonhos, como se fosse feita para mim. O pequeno jardim de flores que crescia ao redor da casa era de tirar o fôlego.

— é sua, amiga. – Clara contou, sorrindo para mim com o filho no colo. — por salvar a minha vida. Se não tivesse feito o impossível por mim eu não teria encontrado o Peter e voltado para casa, não teria visto meu filho outra vez.

Ainda estava sem palavras para tal ação. Sempre amei Clara como uma irmã, a acolhi desde a primeira vez que veio em nossa casa e eu era apenas uma adolescente mal informada nessa época. Agora, aqui estou eu, adulta e ganhando uma casa por ter sido uma ótima praticante de medicina.

— ela é linda, Clara, de verdade. Mas não sei se eu posso aceitar algo assim. Eu salvei sua vida porque te amo e queria você viva, não precisa me presentar com algo tão grande por isso.

— aceite, Hannah. – Peter insiste tocando em meu ombro, sua outra mão enfiada em seu bolso. — Eric me contou da sua conversa com o Daryl no trailer, nós sabemos que quer o seu próprio lar. É algo que podemos proporcionar a você, um cantinho para chamar de seu.

— além do mais, é falta de educação recusar presente. Vai ter que aceitar.

Meus olhos brilhavam de encanto e lágrimas, então dei um jeito de abraçar aos dois de uma só vez, beijando o rosto do garotinho e o vendo dar uma gargalhada apaixonante.

— vai lá, garota, entre na sua casa. Não 'tá curiosa pra ver o lado de dentro? – ela indagou.

Sorridente eu os deixei para trás, correndo até a minha linda varanda e abrindo a porta de vidro. Haviam um sofá de cinco lugares e outras duas poltronas, uma de cada lado do grande sofá. O carpete de veludo era verde clarinho, combinando com as cores das paredes. A mesa de centro era larga, tendo algumas decorações sobre ela.

Na cozinha havia um lindo e enorme balcão de mármore branco no centro de tudo, contendo uma pia ao fim do lado esquerdo e armários embutidos em baixo. Armário embutido é o que não falta nessa cozinha, ela é cheia deles, tendo também um fogão preto no centro de um deles e uma geladeira de duas portas ao fim. Era tudo maravilhoso. Eu estava vivendo em um sonho.

— precisa ver o que te espera lá em cima, de verdade. – ela diz, sorrindo sapeca. — essa casa é um paraíso, pode acreditar.

— eu não estou duvidando, ela é uma maravilha. – a respondi, passando por eles enquanto ouvia suas risadas.

O corredor era espaçoso, diferente das outras duas casas que cederam ao grupo. No andar de cima haviam quatro portas, a última delas era um banheiro social, outras duas eram quartos, um deles de crianças, pintado em cores rosa claro e branco, algumas flores desenhadas às paredes. O quarto principal era realmente muito bonito, com cama de casal e um pequeno sofá de dois lugares perto da janela, assim como o puffe aos pés da cama, ou o tapete claro sobre o piso amadeirado. E, ainda bem, um banheiro aconchegante.

— eu não sei como agradecer, de verdade. – ri com os olhos encharcados, abraçando minha amiga outra vez. — Isso aqui ultrapassa qualquer expectativa que eu já tive, é incrível.

— apenas o melhor para a garotinha da Lori. – ela sussurra, beijando meu cabelo. Tocar em seu nome me faz querer chorar ainda mais, mas eu sorri diante ao seu comentário. — muita gente gostaria de estar em seu lugar, desfrute do privilégio de morar na casa mais cobiçada de Alexandria.

— pertenceu aos fundadores do bairro. – Peter diz, colocando o filho no chão. — bem, era o que dizia os documentos. Agora é sua. Aproveite sua vida de casada, agora no conforto do seu próprio lar.

— tem cinco quartos, três banheiros, uma dispensa, uma lavanderia, escritório, porão e sótão, essa casa é quase uma mansão.

— e ainda nem falamos da melhor parte. – ele se apressa, abrindo as cortinas do quarto principal. — tcharamm!! Uma maravilhosa vista para o lago de Alexandria.

Era realmente muito empolgante, surreal. Meu entusiasmo com aquela casa era de cair o queixo, porque ela é a melhor casa que eu já pisei os pés. Eu estou vivendo um sonho americano no meio de um apocalipse zumbi, fala sério.

— muito obrigada, gente, de verdade! Eu sou eternamente grata por fazerem isso por mim.

Sorrindo, Peter me deu um tapinha nas costas.

— a casa era só uma chantagem,  para te convencer a ir até a festa de boas vindas que a minha mãe vai fazer. – ele solta, tranquilo. Franzi as sobrancelhas, o encarando. — vamos, acabamos de te dar a melhor casa da cidade, não pode recusar nosso convite.

— não me olhe assim, eu avisei que era forçado demais. – ela se defende. — Mas, se quiser a minha opinião, acho que deveria ir à festa,  afinal terá muita comida e álcool. Eu adoro álcool.

Uma festa de boas vindas seria algo legal, um gesto de carinho dos anfitriões, mas eu não sei o que algumas pessoas de nosso grupo pensaria sobre isso. Honestamente, Daryl nunca pisaria os pés em uma social com os moradores deste lugar, nem com ninguém. Suspirei, sorrindo.

— tudo bem, então. Mas, eu só vou se o Daryl também for, caso contrário nós ficaremos em casa admirando nossa linda casa nova.

[. . .]

Não deve ser mais do que três da tarde agora e eu estou enfiada em minha nova casa, admirando cada detalhe dela, por dentro e por fora. Já revirei tudo aqui dentro e ela fica ainda mais interessante com o tempo. Por exemplo, o meu guarda-roupa está repleto de vestidos muito bonitos e camisetas que eu provavelmente irei usar primeiro que meu marido.

Ainda não sei o que faremos com tantos quartos vagos, ou quem iremos colocar em nossa casa, mas tenho a certeza de que meus fiéis recém-adultos virão comigo para onde eu for. Entretanto, ninguém entra aqui dentro antes de Daryl chegar para decidirmos juntos o que fazer.

— ela é linda, você tem sorte. – Maggie diz, chegou há pouco tempo com as garotas, prontas para palpitar sobre minha nova moradia. — o que o Daryl achou?

— ele não viu ainda, eu nem sei se deve saber sobre isso, saiu tão cedo que eu nem notei. Ainda está lá fora, Carol me disse que ele foi caçar. Sabem como ele é, muitas pessoas em um só ambiente o deixa sufocado.

— não se incomoda com o fato dele estar sempre fugindo como um cão raivoso? – Rosita, a latina gostosa que veio de Houston, questionou.

— me sinto aliviada, na verdade. – dei de ombros. — Se ele não foge, então irá explodir sua raiva toda sobre nós. A última vez que isso aconteceu terminou comigo apontando uma arma 'pra cabeça do melhor amigo do meu irmão.

— oh, eu me lembro deste dia. – Lara apontou, rindo. — foi hilário, mas na hora eu achei bem assustador.

Gostaria de rir com ela, mas derrepente o cheiro do chá que eu estava prestes a tomar pareceu ruim, me causando náuseas. Ameacei gorfar, mas segurei de início, pena não ter conseguido fazer o mesmo na segunda vez e precisar correr para o banheiro do andar de baixo, me agachando frente ao vaso sanitário. Praguejei quando ouvi passos atrás de mim.

— Hannah, tudo bem? – era Lara, parecia preocupada. Me sentei no piso gelado, os braços apoiados ao vaso, quase colocando minhas vísceras para fora. — Quanto tempo?

— não pode contar isso 'pra ninguém. Não podem contar, por favor, não contem. – implorei, me virando para elas. De joelhos, implorei para que não abrissem a boca. — por favor, me prometam.

— Hannah, quanto tempo? – Lara voltou a questionar, aumentando o tom para sobressair minha voz. — Eu não vou contar, juro! As meninas também não vão, não é?

Alternei o olhar entre as três, vendo o quão confusas e surpresas estavam. Mas mesmo com dúvidas, as duas concordaram com minha irmã.

— é, nós não vamos contar. – Maggie responde.

— somos amigas, Hannah. Pode confiar em nós, eu prometo a você.

Com o choro entalado na garganta eu me levantei, lavando a boca antes de responder.

— não tenho certeza, provavelmente um pouco antes do surto de gripe na prisão. Acho que. . . Na lua de mel. – funguei, afastando o cabelo para trás da orelha. — Me dei conta no primeiro enjoo, a primeira manhã depois da queda da prisão.

— acabou de me pedir por um chá de canela. – sua frase me faz soluçar, me apoiando na pia do banheiro. — Você ia. . .

— Hannah Grimes! – Lara me repreendeu, o que definitivamente me fez perder completamente a paciência.

— EU SEI, TÁ LEGAL?  – gritei em meio as lágrimas. — Sou uma pessoa horrível por tentar matar o meu feto, mas eu não posso colocar um bebê inocente nesse mundo de merda. É egoismo.

— abortar um bebê é egoísmo. – rebateu ela. Parecia mesmo irritada com minha tentativa. — Ia beber aquele chá na maior tranquilidade enquanto ríamos com você sem nem mesmo nos avisar? O Daryl pelo menos sabe que está grávida?

— Lara, não acho que seja uma boa hora para gritar. – Maggie tenta, afastando minha irmã de mim. — Hannah, por que não vamos sentar, hum?

Ela estendeu sua mão para mim e eu a agarrei, trêmula e chorosa, sufocada com tudo o que sentia naquele momento. Eu me sentei na poltrona branca e um copo de água me foi oferecido, aceitei entre soluços. Esperaram até meu choro cessar para continuarem com suas perguntas, me deram um tempo para me acalmar e recuperar a capacidade de dialogar corretamente.

Então Maggie se sentou de frente para mim, sorriu docemente e até mesmo acariciou meu ombro como forma de consolo. Ela foi paciente o suficiente para aguardar cada gota das minhas lágrimas secarem.

— certo, então vamos conversar agora. – concordei com um aceno, vendo Rosita olhar através das persianas por alguns segundos. — Hannah, por que escondeu isso de todos?

— não havia a quem contar. Fiquei sem tempo no grupo com a mamãe e quando voltamos para vocês. . . Minha melhor amiga tinha morrido com um tiro na cabeça, mamãe foi mordida por um zumbi, Glenn estava ocupado tentando manter você em nosso mundo e o meu marido se culpava por ter perdido a Beth aquela noite. Todos tinham problemas, eu não incomodaria ninguém com o meu.

— não quer mesmo ter o bebê ou só está com medo do que pode acontecer se decidir ficar com ele? – Minha irmã perguntou, parecia tranquila agora, porém chateada. — medo de acontecer o mesmo que houve com a Lori.

BINGO! Ponto 'pra ilustre Lara Grimes, que finalmente se deu conta do meu real problema. O parto é algo simples quando se tem toda uma equipe médica a sua disposição, mas e quando não se têm mais do que uma toalha molhada, uma faca esterilizada e a confiança de que dará certo? Se morro durante o parto do meu bebê, então quem irá amá-lo tanto quanto eu poderia ter amado? Quem abraçará meu marido com meu filho no colo e dirá que somos uma família completa? Bem, eu não seria. E também não quero que outra pessoa o faça.

— Lori morreu no dia em que Judith nasceu, ela nunca vai ver a filha a chamar de mamãe, muito menos o primeiro passo dela. Eu não quero ter um filho se não vou poder ver ele crescer.

— achei justo. – Diz Rosita, dando de ombros, mas recebeu olhares nada agradáveis da minha irmã. — O que é? Eu concordo com ela, também não teria um filho se soubesse que morreria no parto, é lógica.

— mas ela não sabe. São nove meses até a certeza final, podemos achar uma solução até lá. Estamos em uma comunidade idêntica ao antigo mundo, nós temos um médico agora. Hannah, você pode ter um acompanhamento médico descente e uma gravidez tranquila, sem precisar fugir de zumbis o tempo todo. Nós estamos seguros agora.

— não sei se estou pronta 'pra ter um bebê. Cuidar dos meus sobrinhos é uma coisa, eu não preciso estar com eles o dia todo todos os dias, mas o meu filho será meu e eu não sei se dou conta de tudo e ainda conseguir ser uma boa mãe para ele.

— eu sei que é difícil, sei mesmo, mas também sei que você não contou ao seu marido que esperam por um bebê. – Maggie responde, tocando minha mão. — não estará sozinha, Hannah. Sempre terá a gente, a qualquer momento.

Sei que falam a verdade, assim como sei que contar a verdade ao Daryl é importante para a nossa relação, sua opinião é importante. Eu não quero parecer egoísta ao tomar uma decisão precipitada por nós porque estou com medo do futuro, mas também não quero morrer para que uma criança viva em meu lugar, por mais que a ideia de impedir o nascimento de um filho meu me doa.

Sorri para Maggie, que também sorriu para mim e me abraçou. Ela beijou meu rosto e limpou minhas lágrimas, como sua irmã provavelmente teria feito. Funguei ao conseguir estabilizar minhas emoções. Parece que não tirarei a vida de um inocente no dia de hoje.

[. . .]

Teria ido à aquela festa de boas-vindas que Deanna promoveu, mas seria difícil esconder a minha verdade ao estar rodeada de álcool e não poder consumi-lo. Então, eu vesti uma camiseta larga e um short minúsculo, me sentei em minha nova cozinha e esperei até que meu marido voltasse.

Penso como seria minha vida como mãe, as dificuldades que enfrentaria diariamente e o quanto eu o amaria, até onde iria por ele. Ou ela, nós não sabemos. Aposto que mataria por meus filhos, sei que Daryl faria o mesmo por eles. Mas ao mesmo tempo que penso o quão ruim isso pode ser, também me dou conta de que seria a minha maior felicidade. Me assustei quando ouvi a porta da sala sendo aberta, então corri até lá para ver se era meu Daryl. Não era.

— desculpa, assustei você? – meu melhor amigo questionou. Sorri para ele, soltando o ar que prendi em meus pulmões. — eu não te vi na festa, Maggie disse que você não estava se sentindo bem. . . Está melhor agora?

— ah, não, eu estou bem. O que é isso aí? – apontei para a vasilha fechada em sua mão.

— doces e salgados. Carol guardou para você e Daryl, ela presumiu que ele não iria aparecer. – a esticou para que eu pudesse pegar. Caminhamos até a cozinha. — E então, nada a contar?

Olhando para sua cara lavada e desconfiada tive vontade de rir, porque eu já sabia que ele sabe sobre minha gravidez e só quer que eu diga. Ofereci a banqueta do balcão para que ele se sentasse, abrindo a vasilha de doces.

— Maggie te contou. – ele afirma. — não tem muito o que dizer, na verdade. Estou grávida e com medo do que pode acontecer.

— na verdade eu me sinto aliviado por não ter me contado. – o encarei no mesmo instante, o vendo sorrir em cinismo. — acho que serei pai.

Meus olhos se arregalam em uma proporção muito grande e até parei de mastigar, em choque com a informação.

— ai-meu-Deus! Glenn, isso é incrível, meu parabéns! – Sorri, dando pulinhos até ele e o abraçando. — Desculpe por ter dito tanta besteira sobre meus medos ma presença da Maggie, eu não sabia que poderia a assustar. Agora me sinto culpada.

— não, 'tá tudo bem. Nós ainda não queremos que todos saibam, estamos esperando, mas você é a minha melhor amiga e estamos nessa juntos, então. . . Achei que deveria saber que não estará sozinha, literalmente. – ele sorriu para mim e beijou minha cabeça, se levantando. — eu vou indo, Daryl já deve estar chegando e eu não quero estar aqui quando contar tudo isso pra ele.

— está com medo dele chegar e te pegar aqui comigo, não é?

— o quê? Claro que não, Daryl e eu somos ótimos amigos. Ele não teria ciúmes de mim, teria?

Ri, mas não o respondi e isso o deixou tenso. Glenn saiu praticamente correndo da minha casa, tive que gritar para que ele fechasse a porta ao sair. A saída dele me deixou ainda mais tensa e ansiosa, quero muito acabar logo com tudo isso e resolver o problema.

Esperei por Daryl no nosso sofá super caro enquanto acabava com todos os doces que mandaram para nós dois. O nervosismo tomou conta de mim quando a maçaneta girou e suas botas sujas adentraram a casa. Ele sorriu para mim e tirou a jaqueta de couro, por incrível que pareça a pendurando no cabideiro que ficava ao lado da porta.

— oi, meu amor, tudo bem? – ele questionou cheio de amor, selando nossos lábios. — Desculpe por passar o dia fora, arrumei um novo emprego. Aaron me pediu para ser recrutador com ele e até me deu uma moto maneira, acho que ainda saí ganhando em tudo isso. – mas eu estava tão nervosa que não conseguia respondê-lo ou reagir às suas palavras. — O que houve com você? Está pálida.

Respirei bem fundo na esperança de encontrar a coragem que me faltava para lhe contar a novidade, receosa com sua reação. Encarei seus olhos azuís e tomei uma grande lufada de ar, então soltei a bomba em seu colo.

— Estou grávida!

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001: olá, divos e divas, tudo bem??? Primeiro de tudooo; eu sei que muita gente aqui não gosta do famoso "plot de gravidez", mas não é isso que está acontecendo aqui. Daryl e Hannah já são casados, não possuem desavenças e o bebê não vai servir de tapa buraco para a relação deles.

002:  a gravidez da Hannah é algo planejado desde o início da fic, o destino dela já está totalmente decidido e eu queria que ela tivesse bebê na mesma época que a Maggie, porque me ajudaria em muita coisa na estória.

003: era isso, espero que gostem tanto quanto eu.❤️‍🩹

Beijos da Malu!💋