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6 De fevereiro de 2012.
A comunidade se agita com as pessoas adoecendo de uma hora 'pra outra. O conselho decretou que uma quarentena fosse ordenada aos possΓveis pacientes de risco. CrianΓ§as e idosos. Rick obrigou Carl a ir junto e proteger sua irmΓ£ e prima, mas tambΓ©m pediu que ficasse de olho em Annie, por ela ter perdido o pai durante o ataque ao bloco D.
Um contratempo misterioso deu as caras quando Tyreese pediu a presença de Daryl e Rick nos fundos da prisão. Hannah e Carol, que estavam tendo uma boa conversa enquanto enchiam baldes de Ñgua, os acompanharam. Ao fundo da prisão, onde quase ninguém tinha acesso, haviam dois corpos completamente carbonizados. Eram Karen e David, namorada e amigo de Ty.
O odor forte de cadΓ‘ver queimado incomodava qualquer um ali, deixando o cheiro impregnado em suas narinas. Tyreese estava completamente fora de si. Ele estava furioso demais para pensar racionalmente.
β eu quero que encontre quem fez isso e traga para mim. β o homem ordenou, cuspindo suas palavras com o mais puro Γ³dio em seu tom.
Rick e Daryl pareciam tΓ£o chocados com aquilo que nem se importaram com as ordens que receberam. Sequer lembraram que odeiam receber ordens feito cachorros. Apenas afirmaram de bom grado.
β mas Γ© claro que sim. β Rick respondeu, se levantando. β nΓ£o aceitamos este tipo de comportamento dentro das nossas cercas. VocΓͺ os encontrou aqui?
β sim. Fui visitar a Karen e encontrei o rastro de sangue. Me trouxe atΓ© aqui. β ele responde, completamente petrificado. β os queimaram feito porcos em churrasqueira.
Ao desenrolar da conversa, Tyreese se irritava cada vez mais a cada palavra dita, tanto por Daryl quanto por Rick e Hannah, o homem negro parecia se enfurecer ainda mais. Foi quando Hannah mencionou a mulher morta que ele perdeu totalmente o controle.
β pelo ou menos ela nΓ£o parece ter sofrido. β a mulher analisou, podendo ver o nΓtido buraco no crΓ’nio queimado. β nΓ£o morreu aqui, a mataram antes. Seja quem for, nΓ£o foi tΓ£o cruel assim.
A frase inocente de Hannah pareceu irritar o Williams ao extremo. Ele partiu 'pra cima da mais nova Dixon, chegando a levantar o punho para acertÑ-la. Daryl se colocou em frente a esposa feito um raio super rÑpido, segurando a mão do agressor com tanta força que ele precisou dar passos para trÑs. Hannah se manteve imóvel durante a pequena briga que ocorreu.
Primeiro, Daryl o acertou no rosto apenas por pensar que poderia levantar a mão para sua esposa. O homem, que caiu com o impacto do soco de Daryl, se levantou novamente e pronto para a briga veio em direção ao caçador, buscando por mais. O Dixon franze o olhar, percebendo que se quisesse poderia quebrÑ-lo na porrada sem nem muito esforço.
Tyreese Γ© um homem grande, mas nΓ£o foi feito para brigas. EntΓ£o quando o homem veio para cima, ele nΓ£o revidou. Rick tenta parar o irmΓ£o de Sasha, mas ele estava decidido a acabar com qualquer um que entrasse em sua frente, como um cΓ£o raivoso. Atingiu Rick no rosto mais e mais.
Na intenção de ajudar o irmΓ£o, Hannah puxou o ombro do homem negro com toda a sua forΓ§a mas nΓ£o parece ajudar em muita coisa, afinal ele Γ© quase trΓͺs vezes mais pesado do que a mulher. Atingiu Rick com tanta forΓ§a que ela via o sangue escorrendo de seu rosto e quando ia sacar a arma, Grimes virou o jogo. O primeiro soco acertou bem no centro do rosto de Tyreese, o fazendo ficar zonzo, jΓ‘ o segundo foi com ainda mais forΓ§a e Γ³dio. Rick nΓ£o parava de acertΓ‘-lo nem por um segundo, deixando transparecer que estava descontando a raiva de quatro meses bem ali, no meio da cara de Ty.
β Rick, chega! β a irmΓ£ gritou alto. Ele reprime o soco que estava prester a dar no homem outra vez e levanta o olhar para Hannah, que seguia com a mΓ£o no coldre. Ela respirava ofegante e parecia um tanto cansada, mas estava firme. β solte ele, agora.
Hannah podia nΓ£o ser a irmΓ£ mais velha ou sequer irmΓ£ do meio, mas possuia o poder de pedir e acontecer. Pelo ou menos com os irmΓ£os e sobrinhos, Γ© claro, e agora com o marido. Rick larga seu saco de pancadas com a mΓ£o cheia de sangue e se afasta, deixando Carol ajudar o outro homem a se levantar. A loira cambaleia para o lado enquanto uma tosse rΓspida arranhava sua garganta.
Prestes a cair ela se segura na porta de aço, mantendo-se firme e sem ajuda quando Daryl fez menção de ajudÑ-la.
β Hannah! β ele chama em uma voz preocupada e macia, quase em um sussurro.Β β tudo bem? VocΓͺ estΓ‘ bem?
Hannah tosse com a mão cobrindo a boca, podendo ver nitidamente o sangue vermelho e gosmento em sua mão. Ela ri em desespero, mostrando a mão ensanguentada para os demais. Os olhos de Carol quase saltaram de seu rosto. Daryl e Rick continuaram parados por alguns instantes, assimilando toda a situação. Ambos os homens deram passos a frente quando perceberam a gravidade da situação, mas foram impedidos pela garota.
β nem pensem em um absurdo desses. β ela ordena, ainda apoiada Γ porta. Cambaleou novamente, lutando para ficar de pΓ© com tudo o que tinha. β precisam estar bem para cuidar dos doentes, e eu sou uma doente agora.
Sem falar mais nada a mulher vira de costas, adentrando o corredor escuro no intuito de sair dali o mais rΓ‘pido possΓvel para nΓ£o infectar ninguΓ©m. Tentava se lembrar por onde passou durante o dia e com quem conversou, na esperanΓ§a de ter contraΓdo a doenΓ§a depois de ter contato com terceiros.
β querida, aonde estΓ‘ indo? β Daryl questiona logo atrΓ‘s, tentando se aproximar. β cuidado, Hannah! β exclama quando ela cambaleia novamente.
β fique longe, Daryl! No mΓnimo um metro e meio de distΓ’ncia, por favor. β ela pede. Nunca teve um sistema imunolΓ³gico muito forte, sabia que cedo ou tarde seria infectada. β jΓ‘ sabemos que a doenΓ§a nΓ£o morreu com Karen e David, seus trabalhos agora Γ© encontrar pessoas com sintomas e levΓ‘-las para um bloco vazio. Preciso que encontrem os remΓ©dios necessΓ‘rios, falem com o Hershel sobre isso e ele saberΓ‘ como explicar. β ao sentir a luz solar sob sua pele Hannah parou e se virou para eles, sabendo que em um local ventilado e aberto poderia se manter no mesmo ambiente que outros. β busquem meu kit de primeiros socorros, serei a mΓ©dica dos doentes.
[. . .]
Outra vez na sala de reuniΓ΅es o conselho se mantia em desespero. Buscavam por uma solução desesperada agora que um deles havia contraΓdo o vΓrus da gripe. Hannah Dixon ainda estava estΓ‘vel, mas todos sabiam que era questΓ£o de tempo sem o tratamento correto. Levando em conta que dois de seus mΓ©dicos comeΓ§aram a tossir causaria um pΓ’nico enorme nas pessoas. Se seus mΓ©dicos morressem, quem os trataria?
β a faculdade de veterinΓ‘ria, tenho certeza de que ninguΓ©m passou por lΓ‘ ainda. β o velho Hershel diz
β Γ©, porque aquele lugar estΓ‘ infestado de zumbis hΓ‘ muito tempo. NinguΓ©m consegue entrar. β Sasha o responde
β Γ© a nossa ΓΊnica opção, o tratamento para animais Γ© idΓͺntico ao de humanos e serΓamos previlegiados com muitos outros medicamentos. EstarΓamos salvos por um bom tempo com o estoque cheio.
Ninguém além daqueles que viram Hannah, e Hershel, sabiam que ela havia adoecido. Daryl bate a mão na mesa, atraindo a atenção do grupo.
β eu vou.
β tem certeza? β Glenn questiona. β cara, Γ© quase uma missΓ£o suicida.
Rick e Daryl alternam seus olhares entre si e o grupo. O Grimes afirma, percebendo que oque o amigo precisava era de seu apoio naquela decisΓ£o.
β e vocΓͺ nΓ£o embarcaria em uma por Maggie? β ele questiona, se virando para Hershel. β anote os nomes, estarei recrutando pessoas no pΓ‘tio.
Glenn franze o cenho e quando enfim entendeu o que Daryl quis dizer com sua pergunta estranha ele questiona em desespero:
β espere, Hannah pegou?
β a Hannah estΓ‘ doente?
Quando foi questionado, Daryl jΓ‘ estava no corredor. NΓ£o fez questΓ£o de voltar para responder as perguntas, ele queria mesmo era pegar o carro e ir buscar os medicamentos que salvariam sua esposa. A milΓcia encara Rick em confusΓ£o, que apenas suspira pesadamente.
β ela irΓ‘ ficar bem, Γ© a mais forte que jΓ‘ conheci.
Era o que ele esperava. Rick fingia tranquilidade quando na verdade estava mergulhado em medo e preocupação, apavorado com a ideia de que essa doenΓ§a pode matar sua irmΓ£ caΓ§ula. Sua maior preocupação naquele momento nΓ£o eram as cercas caindo, os zumbis ao redor da prisΓ£o ou as pessoas adoecendo. Ele estava preocupado com a irmΓ£, se ela sobreviveria ou nΓ£o a este desafio. Preocupado porque sabe que nem ele e nem sua famΓlia aguentaria o peso que Γ© uma vida sem Hannah Isabel Grimes-Dixon.
[. . .]
JΓ‘ dentro do bloco de doentes, Hannah passeia pelos corredores atendendo os mais necessitados. Agora ela examinava um garotinhoΒ cujo os pais pediram encarecidamente para que a Dixon cuidasse muito bem dele ali dentro. Ela retira o termΓ΄metro da boca do menino, analisando os nΓΊmeros com cuidado.
β sua febre baixou, Jae. β ela diz em alegria, fazendo o garoto sorrir. Hannah tinha um dom inexplicΓ‘vel com crianΓ§as. β se vocΓͺ continuar repousando e bebendo bastante Γ‘gua ficarΓ‘ novinho em folha.
β tia, a minha garganta ainda dΓ³i. β o menino reclama alisando o lugar, largando o carrinho de brinquedo. β dΓ³i quando eu falo e quando bebo Γ‘gua.
β bom, entΓ£o abre a boca 'pra tia poder dar uma olhadinha. Prometo que nΓ£o vai doer nada. β ela estica o dedo mindinho para um juramento, o garoto sorri e entrelaΓ§a seu dedo ao dela.
Ela apanha o palito de picolΓ© de dentro da maleta e veste novas luvas, pronta para o atendimento. O menino abre a boca, pronto para a avaliação enquanto Hannah leva com cuidado o palito atΓ© a lΓngua do garoto, a afastando para poder visualizar a garganta com mais clareza.
Vermelha, inflamada. Ela faz careta, largando o palito no cesto de lixo.
β Γ© muito feio? β ele perguntou preocupado
β nada que nΓ£o consigamos tratar. β ela respondeu sorrindo. Retirou as luvas com rapidez quando tossiu novamente. Tapou a boca com rapidez, se levantando. β querido, eu volto mais tarde, tudo bem? Se conporte, qualquer coisa Γ© sΓ³ gritar por mim.
O garotinho afirma em um aceno. Hannah levanta com rapidez, levando sua meleta junto a si. Ela se apoia na escadaria, tossindo sem parar enquanto suas pernas enfraquecidas lutavam para permanecer de pΓ©. Foi justamente quando Hershel chegou, a ajudando a se firmar e a sentando no degrau de cima.
O homem apareceu tΓ£o derrepente que ela nem viu de onde, ele apenas veio. Segurou seu queixo com delicadeza enquanto tentava fazΓͺ-la beber um lΓquido transparente, mas que possuia cheiro de chΓ‘ de uma erva desconhecida.
β minha esposa fazia quando beth pegava resfriados, beba e vai se sentir mais disposta. β o velhinho diz, empurrando o copo para mais perto.
Hannah apanhou o copo de alumΓnio, bebendo todo o lΓquido amargo em segundos enquanto se segurava para nΓ£o vomitar tudo o que acabou de ingerir. Ela faz careta ao entregar o copo vazio para o Greene, tendo pequenos dejavu's com aquilo.
β Γ©, a minha avΓ³ tambΓ©m fazia. β ela responde com uma careta, fazendo Hershel sorrir. β o que faz aqui dentro, velhote teimoso?
β tive que enfrentar alguns valentΓ΅es, mas consegui chegar a tempo de ajudar vocΓͺ. β ele diz ao se levantar. Carregava com si uma caixa repleta de folhas e uma chaleira quente. β nΓ£o me venha com essa cara, vocΓͺ 'tΓ‘ acabada demais para dar conta de tudo sozinha.
β eu tenho o Caleb como apoio. NΓ£o deveria ter vindo, vocΓͺ Γ© do grupo de risco. β tenta se levantar, subindos o restante dos degraus acima. Se apoia no corrimΓ£o de ferro enferrujado para se manter de pΓ©. β se vai ficar aqui pelo menos suba esta sua bandana para cobrir o nariz.
Ele solta seu riso rouco, parando em uma cela vazia. Colocou suas coisa ali e ao se virar para a loira, subiu a mΓ‘scara como ela havia pedido. Doutor Caleb, amigo dos dois, se aproxima ao ouvΓ-los conversar.
β nΓ£o acredito que vocΓͺ entrou, Hershel. β o homem comenta ao enxergar o colega, nada contente. Subiu as escadas rapidamente. Ainda nΓ£o havia demonstrado sintomas Γ doenΓ§a. β estΓ‘ ficando maluco?
β o velho Γ© teimoso, Caleb, nem adianta. β Hannah disse em sua voz doente. Tossiu antes de sua prΓ³xima frase. β ou talvez ele esteja tΓ£o velho que jΓ‘ estΓ‘ sem a audição. Isso explicaria muita coisa, na verdade.
Hershel sorriu diante Γ implicação de Hannah, vendo que apesar de estar em situação crΓticas o humor nΓ£o havia mudado. Isto era um ponto positivo.
β venham, parem de querer brigar comigo e me ajudem a distribuir o chΓ‘ para nossos pacientes. DΓͺem prioridade aos em estado mais crΓticos, farei outra remessa em poucas horas.
O senhor Greene e ex-fazendeiro parecia jΓ‘ ter tudo planejado. Haviam dez canecas de chΓ‘ e dezesseis doentes. Por sorte, Lizzie e mais trΓͺs nΓ£o estavam tΓ£o ruins assim. Teriam de filtrar os doentes e verificar quais necessitavam urgentemente do chΓ‘ milagroso de Hershel Greene.
Hannah e Glenn ainda nΓ£o haviam se encontrado pois o Rhee estava ocupado descansando em sua cela enquanto Hannah cuidava de todos. Ela distribuiu copos de chΓ‘ entre os mais necessitados e depois subiu novamente para o bloco de celas de cima, onde sua cela ficava localizada. Para sua surpresa, seu melhor amigo dormia em sua cama.
A loira franze o olhar e cruza os braΓ§os. Se aproximou do asiΓ‘tico em silΓͺncio e verificou sua temperatura apenas com a costa das mΓ£os, nΓ£o estava tΓ£o quente. Talvez um cochilo fosse o que ele precisasse, entΓ£o ela o deixou dormir na cama e se deitou no colchΓ£o ao canto da cela e ao lado da cama.
Seu corpo doΓa por inteiro e os pΓ©s latejavam como se estivesse andado por quilΓ΄metros descalΓ§a. A febre era baixa e mesmo sentindo bastante frio Hannah suava bastante. E mesmo assim os sintomas ainda eram considerados leves. A dupla de amigos nΓ£o conseguiu se manter inconsciente por tanto tempo, acordaram quando Hershel verificava seus batimentos.
β ainda nΓ£o estou morta, velhinho. β a Dixon resmunga ao abrir os olhos e vΓͺ-lo com os dedos em seu pulso. β dormi por muito tempo? Prometi ao Jae que voltava logo, ele precisa de supervisΓ£o.
β descanse, Hannah. Eu acabei de vΓͺ-lo, o deixei lendo um livro infantil cheio de figuras. β ele a tranquiliza, deixando dois copos de chΓ‘ e um pacote de bolachas recheadas que provavelmente estΓ£o prestes a mofar. β bebam o chΓ‘ e dividem o biscoito, ainda precisam se alimentar.
Glenn estava sentado na beirada da cama, tentando assimilar o qur acontecia ao seu redor. Sua feição era doente e a pele pÑlida, assim como Hannah. Os lÑbios antes vermelhos agora são brancos feito papel. O sogro de Glenn deixa a cela e os amigos para trÑs, indo em busca de seus afazeres médicos. Hannah se apoia com as costas na parede, dobrando as pernas ao respirar bem fundo em busca de ar.
β nΓ£o sabia que estava aqui. β ela resmunga entre gemidos de dor. Se estica para pegar seu copo e espera que o amigo divida o pacote de bolacha ao meio. β as crianΓ§as estΓ£o bem? Daryl e Rick.
β Giu estΓ‘ na quarentena com os outros, Daryl saiu feito louco para buscar remΓ©dios e salvar vocΓͺ. Seus irmΓ£os e Maggie estΓ£o ajudando nas cercas, o Merle estΓ‘ de guarda na porta da quarentena, disse que estaria protegendo Giulia, Camila e a senhora Felling. β tosse, desistindo da cama e se sentando ao lado da amiga. β nΓ£o achou que passaria por isso sozinha, achou?
Hannah solta um riso fraco e sem força, mas com bastante humor. Estavam finalmente se acertando e voltando ao que era antes, aquilo a deixava feliz.
β noite do pijama, hum? β ela murmura entre um sorriso. Quando adoecia, Hannah costumava receber a presenΓ§a dos irmΓ£os Rhee durante toda a noite. Dormiam em seu apartamento para dar suporte a ela e vice-versa. β como nos velhos tempos.
Glenn sorri ao se lembrar de sua antiga vida, onde nΓ£o haviam zumbis ou mortes em massa ao seu redor. Mesmo assim, ainda prefere o apocalipse, pois sem ele, Maggie nunca haveria o encontrado. Ele se acomoda confortavelmente no ombro da amiga, fechando os olhos por um instante. Sabia que estavam bem.
β Hannah? β ele chama, tendo como resposta um murmΓΊrio da amiga. β 'tΓ΄ com medo. De morrer, sabe?
A loira respira fundo, lutando para que a respiração ainda continue regulada. Passou o braΓ§o por cima do coreano, o abraΓ§ando durante um longo perΓodo em silΓͺncio.
β pense pelo lado positivo. β ela o responde, o encarando nos olhos. Ele tambΓ©m a encarava, esperando por sua resposta. β se morrermos hoje, pelo menos estaremos juntos.
β morrer com vocΓͺ seria um castigo enorme β o homem brinca e a loira ri. β se um de nΓ³s morrer, eu espero morrer primeiro. Assim nΓ£o precisaria sofrer por vocΓͺ e sua morte precosse e feia.
β aposto que vocΓͺ choraria muito em meu enterro. β Hannah zomba, encostando sua cabeΓ§a Γ do amigo. β se eu morrer, quero que seja por algo significativo, como salvar alguΓ©m que amo.
Glenn a olhou por um breve momento, voltando dua atenção para as paredes cinzas e o chΓ‘ no mesmo lugar onde o sogro havia deixado. Falar sobre morte com sua melhor amiga nunca era assustador, pois ele sabia que β se depender deles, vir a Γ³bito neste mundo seria evitado por muito tempo. Matariam um pelo outro.
β eu te zoaria muito se fosse por outro motivo. β os dois riam com sinceridade, mas nΓ£o durou muito. β quero morrer bem velho, ao lado da minha famΓlia. Uma morte tranquila e indolor, apenas descansando apΓ³s uma longa vida cheia de aventuras memorΓ‘veis.
Aquilo arrancou um belo sorriso da Dixon, que seguia em silΓͺncio. Hannah suspira ao sentir o sono finalmente voltando, se acomodando de uma maneira mais confortΓ‘vel ao lado do amigo, caindo em um sono profundo em menos de cinco minutos.
[. . .]
Quando Hannah acordou novamente a madrugada jΓ‘ havia se iniciado. Glenn dormia desengonΓ§ado sobre o colchΓ£o no chΓ£o enquanto a mulher, de alguma forma, foi parar na cama macia. O abajur de Giulia β que ela mesma enviou para o irmΓ£o e a tia, iluminava algumas partes na cela e um pouco do corredor escuro. A loira se levantou, ascendendo a lamparina que estava sob a cama e caminhando para fora na intenção de verificar os doentes.
Percorreu o corredor de cima, analisando as pessoas dormindo em suas celas, outras ainda estavam acordadas e se entretendo com o que tinham. Ainda do corredor de cima a mulher avista Hershel na saΓda do bloco com uma maca e um lenΓ§ol branco cobrindo um corpo. Ela suspira, gritando em um sussurro pelo nome do velhinho. Desceu tΓ£o depressa que quase perde o equilΓbrio.
O homem ficou parado enquanto a esperava, mas nΓ£o estava contente por alguΓ©m ter visto aquilo. A mulher se aproximou em poucos segundos, se colocando a prontidΓ£o em sua frente.
β e o Glenn? β ele indaga, voltando a empurrar a maca coberta.
β dormindo. Quem estΓ‘ debaixo do lenΓ§ol? β seu questionamento veio tΓ£o afiado e repleto de aflição. β por quΓͺ nΓ£o me acordou, ou ao Caleb?
β estΓ£o doentes, precisam descansar. β ele argumenta sem nem a olhar nos olhos. β volte para a cama, querida, estΓ‘ frio aqui em baixo.
β Hershel! β ela chamou em indignação, o parando. SΓ³ entΓ£o ela percebe que aquilo nΓ£o era o corpo de um adulto, era uma crianΓ§a. Puxou o lenΓ§ol tΓ£o depressa que seu coração acelerou quando viu o rosto ensanguentado do garotinho. Sua mΓ£o foi levada a boca imediatamente, cobrindo-a enquanto uma lΓ‘grima solitΓ‘ria escorria de seu olho esquerdo. β droga, Jaejae! Eu nΓ£o deveria ter deixado ele sozinho, tinha prometido aos pais dele. Meu Deus, eu prometi aos pais dele que cuidaria bem do filho deles. Ele estΓ‘ morto, Hershel. EstΓ‘ morto!
Hannah nΓ£o parava quieta enquanto se lastimava pela vida perdida de Jae. Ela andava em cΓrculos e se debatia contra a parede daquela sala de visitas enquanto sua respiração era descompensada e ofegante. Os olhos ardiam como se houvesse alguΓ©m despejando gotas de pimenta neles. Repetindo que deveria ter cuidado melhor, se culpando pela morte da crianΓ§a. Era sΓ³ uma crianΓ§a, ela dizia repetidamente. Pobre Hannah, mas crianΓ§as tambΓ©m morrem.
O homem ao seu lado não sabia o que fazer para chamar a atenção da mulher, ela estava entrando em desespero e nada importava o bastante naquele momento. Hershel jogou suas luvas sujas sobre o cadÑver e puxou Hannah pelo ombro, a abraçando enquanto pressionava sua cabeça contra o ombro dele.
β estΓ‘ tudo bem, querida, nΓ£o foi sua culpa.
O abraço de Hershel era quentinho e macio como o de seu avô na infÒncia, foi o que ela se lembrou. Seu desespero ainda estava ali, mas se tornava mais calmo e controlado com o passar do tempo. Hannah estava doente e em pÒnico, mas Hershel ainda estava ali para acalmÑ-la e fazer com que tudo fique bem porque este é o papel dos avós.
SΓ³ nΓ£o sabemos por quanto tempo...
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