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28 𝖽𝖾 𝖺𝗀𝗈𝗌𝗍𝗈 𝖽𝖾 2011

Daryl Dixon

Lidar com a Hannah anda sendo bem mais difícil do que o normal. Estou ciente do que ela passou nas mãos daquele verme nojento, o meu irmão me contou. Ele também implorou pelo perdão de minha namorada. Mas Hannah não anda respondendo ninguém além dos irmãos, os sobrinhos e, às vezes, eu. Ainda espera por sua resposta.

Mais uma vez, ela se encontra na cela que divide com a irmã e a sobrinha, Camila. Giulia acaba de descer de lá, mas voltou sem a pequena bravinha nos braços, o que indica que Hannah ficou com a garotinha. A garota asiática para ao alcançar eu e meu irmão. Notei como Merle age diferente com ela, como se tivesse uma personalidade apenas para Giulia Rhee.

— ela falou com você? – meu irmão questiona, esperançoso.

— mandou avisar que não está brava com você, mas que irá ficar se não parar de me mandar subir lá para falar sobre você e sua casa de cachorro abandonado. – seguro o riso, recebendo um tapa no peito. Giulia deu de ombros, tomando uma lufada de ar ao me olhar. — e ela também pediu para você subir.

Desvio o olhar para Merle, que estava escorado na grade da cela que se não me engano, pertence a Carol. Volto a olhar Giulia, indicando o idiota.

— pode ficar de babá do Merle? Só precisa manter seu irmão longe dele e garantir que nenhuma bala atinja sua cabeça de vento.

Manter Merle vivo dentro desta prisão anda sendo complicado. Entendo seus motivos de ter capturado meus amigos na estrada. Entendo que ele foi impossibilitado de impedir que algo acontecesse com a Hannah. Entendo que tudo o que ele fazia dentro aqueles muros era porque queria que Giulia continuasse segura. Meus amigos não entendem isso. Nem Glenn, nem Rick, nem Lara.

Por outro lado, eu também entendo os motivos dos meus amigos. Todos amam imensamente Hannah e assistem a maneira como ela se afunda nos próprios pensamentos todos os dias. Eu mesmo, morro de medo desse seu comportamento.

Nunca tive a versão depressiva de Hannah. Ela sempre estava feliz quando estávamos juntos. Sempre sorridente e com piadas ruins. Seu coraçãozinho quente me transmitia paz e curava qualquer resquício de mal humor que habitava em mim assim que ela passava pelo portão de casa. Era a minha cura, ainda é.

Deixei os dois para trás, na intenção de transmitir a paz que minha garota precisa neste momento. Nossa situação não é uma das melhores, mas ela não precisa sofrer por isso também. Porque enquanto eu viver, Hannah não terá de se preocupar com nada de ruim no mundo. Eu estarei aqui, a protegendo do mau.

Minha namorada estava de pé no canto do quarto, onde há um berço improvisado para Judith passar a noite. Parei na porta, a ouvindo cantarolar You are my sunshine baixinho enquanto balançava a bebê em seus braços. Me encosto na grade, assistindo seus passos suaves percorrerem a cela por inteiro, tão concentrada que nem me viu chegar. Sua mão acariciava as costas da neném, que estava deitada em seu peito enquanto a apoiava com a outra mão e os braços.

Naquele instante, tive a certeza de que queria Hannah como mãe dos meus filhos. Não que antes eu não soubesse, eu sempre soube. Hannah Isabel Grimes sempre foi a mulher que estava ao meu lado quando eu imaginava um futuro. Desde o início, sempre foi ela.

Um sorriso pequeno nasceu em seus lábios ao finalmente me notar ali, a assistindo. Meu sorriso era grande e apaixonado. Sou rendido por essa mulher e ela sabe disso.

— do que está rindo? – ela questiona, sua voz baixinha para não acordar a sobrinha em seus braços.

Fui em sua direção, adquirindo a bebê e a acomodando no conforto de seu berço – caixote que reformamos para que ela dormisse bem durante a noite. Volto para Hannah, beijando seu rosto e retirando a mecha loira que escapava de seu coque mal feito.

— não 'tava rindo. 'Tava admirando você e seu talento para crianças.

Olhando seu rosto de perto, as olheiras abaixo dos olhos se tornava ainda mais perceptíveis. Hannah não me deixa beijá-la ou tocar em seu corpo desde Woodburry, e francamente, eu a entendo. Foi traumático demais para ela, assim como seria para qualquer outra pessoa. Mas, hoje ela decidiu selar seus lábios aos meus. Foi rápido, quase não deu tempo de raciocinar, mas foi tempo suficiente para sentir a maciez dos lábios colados nos meus.

Sorri, demonstrando que estava tudo bem. Seu sorriso doce me deixou mais calmo. Hannah não sorria mais, mas hoje ela já me deu muitos sorrisos.

— amo você, Hannitah! – as palavras saíram tão naturais que mal notei o que havia dito.

— o que disse? – ela indaga, quase sem voz.

Sua reação lenta e surpresa me fez lembrar que ainda não havia dito que a amava desde que voltamos a namorar. Mas era verdade, eu amo a Hannah. Amo desde o dia em que ela me contou todos seus segredos mais obscuros e não me julgou quando  a contei os meus. Me arrependi de muitas coisas ao longo da minha vida patética, mas nunca sobre me apaixonar por uma loira patricinha que adora crianças e chorava em bares lotados.

— que te amo. Vai precisar de um desenho? Porque eu não sei fazer um, mas posso encomendar com a sua sobrinha.

Hannah alargou o sorriso no mesmo instante, juntando nossos lábios  em um selar demorado. Seus olhinhos brilhavam feito piscinas profundas e não escondeu sua felicidade. Seus braços rodeavam meu pescoço, os pés nas pontas dos dedos. Ela suspirou, soltando o ar preso em seu pulmão.

— também amo você, senhor ranzinza.

O apelido antigo proferido por Hannah me trouxe uma sensação nostálgica. Quando comecei a namorar uma garota que ria de tudo e fazia piadas com todos, me dei conta de que ela seria o meu carma. Pessoas introvertidas estão fadados a encontrar o amor em extrovertidos. Comigo não foi tão diferente.

Sorrio para ela, beijando sua testa com suavez.

— estou prestes a sair com o Glenn para fechar a passagem nos fundos da prisão. Tem certeza de que não vai querer entrar em nenhum grupo por agora?

Ela torce o lábio, saindo de meus braços e percorrendo a cela por inteira.

— acho que não. Judith precisa de calor humano algumas vezes por dia, e eu acho ela novinha demais para deixar com outras pessoas. Talvez outro dia, quando me convencerem do contrário, eu entre para o de Maggie e Lara.

Afirmo, deixando um beijo em sua testa, a libertando de meus braços.

— eu volto antes do anoitecer, para jantarmos juntos.

Ela afirma em um aceno fraco de cabeça e um sorriso pequeno. Deixar Hannah sozinha em seu estado atual não é nem de longe algo fácil, para ninguém, na verdade. Queria poder passar o dia inteiro ao seu lado, lhe dando todo o amor e carinho que necessita neste momento. Mas, para sua segurança e a das crianças, eu a deixo para resolver nossos problemas.

[....]

Pela altura do sol, falta bem pouco para anoitecer. Merle e eu já limpamos metade destes corredores internos e até encontramos alas diferentes, como a quadra interna. Não pude deixar ele para trás com os outros, então dispensei a ajuda de Glenn e trouxe meu irmão comigo. Carl, por outro lado, não quis ficar para trás.

Então, agora, eu tento evitar que Merle diga qualquer coisa imprópria para uma criança de treze anos. Quase que impossível. Não que eu veja Carl como uma criança inocente, ele não é. Mas ainda assim, ninguém merece ouvir as merdas que meu irmão diz.

— sua tia continua solteira, Grimes? – ele questionou, se mantendo ao meu lado enquanto Carl estava logo atrás de nós.

— ah, não. Na verdade, a tia Hannah está namorando o Daryl já faz alguns meses.

Merle parou, o encarando com as sobrancelhas arqueadas enquanto eu tentava me manter sério. Carl deu de ombros, continuando o percurso.

— oh, você diz a outra. – Merle murmurou um "não foi óbvio?" Enquanto eu sei que Carl fez por ironia. — é, está sim. Mas não deve confiar na minha informação, assuntos adultos são evitados na minha presença.

— quem ela namoraria? Suas opções são zumbis e o velho Hershel.

Pigarreio, entrando na brincadeira do garoto de Rick. Nos vingariamos de toda sua tagarelagem agora.

— eles dois estão bem próximos, mesmo. – observo, apontando a besta para frente enquanto dobramos corredores. — estavam juntos esta manhã.

— Lara e Hershel? – ele indaga, confuso. Bufa em blefe. — fala sério, isso é a mesma coisa que a Hannah namorar o xing ling do irmão da Giulia. Impossível.

Solto um riso nasal em discordia.

— mas eles já deram uns beijos na faculdade. – Merle se calou, analisando as informações completamente falsas que acabamos de jogar em seu colo. — então, talvez não seja tão impossível assim da Lara curtir homens mais velhos.

Se minha cunhada souber dessa conversa, ela com certeza vai acabar comigo.

Carl passou em nossa frente, destrancando a última grade para que pudéssemos voltar ao pátio. Maggie estava de vigia nas cercas enquanto o pátio continuava vazio. O grunido dos zumbis se tornando cada vez mais insuportáveis. Quando se ouve isso por muito tempo, ainda mais quando estão juntos, se torna enjoativo.

Me preocupo com a mentirinha que contamos para meu irmão depois. Agora, a única coisa que preciso é dos olhos de Hannah me encarando. Seus lindos olhos azuís olhando para mim e seu sorrisinho bobo nos lábios, é sempre tudo o que eu necessito. A todo instante. Talvez ela esteja mesmo me adocicando.

Então, sem conversas, nós voltamos para o bloco C. Hershel, Beth e Lara estão na ala de recreação, junto com a pequena Camila. A garotinha loira sorriu ao nos ver, tirando a atenção de seus desenhos. Camila tem uma paixão imensa pela arte, assim como Hannah na adolescência.

— oi, tio Daryl. – ela cumprimemta, animada. Seu sorriso banguela à mostra. — eu fiz o desenho que você me desafiou, olhe.

A garotinha ergueu a folha de papel ao alto. É um campo verde, de grama alta e o sol se pondo ao fundo. No desenho há uma mulher loira, um homem moreno e alto, e uma criança pequena de cabelos castanhos. Me aproximei, observando o desenho com mais calma. Era um garotinho entre dois adultos.

— e quem é a criança, Cami? – Carl perguntou.

Há uma semana, enquanto eu tentava distraí-la de tudo o que acontecia por aqui após a morte de Lori, perguntei se ela conseguia desenhar eu e Hannah para que pudéssemos presenteá-la. Camila topou, mas comentou com o primo sobre seu novo desafio.

A loirinha tomba a cabeça, sorrindo ao ver o garotinho desenhado entre nós dois. Levou seus dedinhos brancos e finos pelo desenho, parando ao encontrar o menino.

— meu priminho.

— eu sou bem maior do que isso. – ele protesta.

Então, ela gargalha. Enquanto isso, divido olhares questionadores com Lara, que também observava o desenho.

— mas não é você, Cal. É o filho da tia Hannah e do tio Daryl.

Meus olhos se arregalam no instante em que vejo Hannah parada entre o bloco e a ala de recreação, paralisada feito pedra com Giulia ao seu lado. Ela franze o cenho, vindo em nossa direção para verificar o desenho com seus próprios olhos, assim como o resto das pessoas ali. Hannah, após ver o desenho, sorriu.

— que desenho lindo, meu amor. – Camila sorri em agradecimento. Seus olhos continuaram a julgar o desenho da sobrinha. — mas a titia não está esperando nenhum priminho, não. De onde tirou esse neném?

Camila murchou o sorriso, e ninguém interferiu. Hannah claramente tem mais jeito de lidar com os sobrinhos do que os próprios pais. E se alguém podia entender o que aconteceu, esse alguém era ela.

— eu não sei. – deu de ombros. — o tio Ric teve uma neném, pensei que você e o tio Daryl poderiam me dar outro priminho também. Seria legal, porque 'daí o Carl também teria um garoto para brincar.

E agora, fico com a ideia de ter um filho com a minha garota. Um bebê com  meu sobrenome e os olhos da minha futura esposa. Se algum dia nossa situação melhorar, eu teria sim um filho com essa mulher maravilhosa. Teríamos dois filhos, o Bart e um cachorro. Uma família tradicional americana. Droga, eu quero mesmo isso.



























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001: não consegui ficar longe por tanto tempo e voltei logo. Me resolvi com a vida, estou radiante novamente(mentira, mas tô tentando.) Enfim, trouxe aqui um capítulo fofinho depois de tanto tempo sofrendo.

002: com vocês, o desenho da Mimila:

Beijos da Maluzinha!!!💋

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