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a new home
18 𝖽𝖾 𝖺𝗀𝗈𝗌𝗍𝗈 𝖽𝖾 2011
Todos acordaram muito cedo naquele dia. Pela primeira vez, todos os carros foram ligados e todas as coisas foram recolhidas da casa em que estavam alojados. O dia estava quente, sem nenhuma nuvem negra ao céu. Hannah vestia uma regata preta, do namorado, e uma calça jeans clara, assim como a maioria das outras mulheres.
Quando chegaram ao destino final, seus olhos brilharam. A prisão estadual de Atlanta, apesar de não ser uma com a melhor reputação, conseguia ser muito espaçosa. Perfeita para se refugiarem durante um apocalipse zumbi.
— certo, vamos levar um grupo lá 'pra dentro com a gente e limpar o pátio. Lara e Carol ficarão em cima das duas torres – apontou — nos dando cobertura. Maggie e Hannah estarão com a gente, no pátio. Eu quero Hershel, Beth e Lori nas cercas, atraindo os podres para que a gente consiga entrar. Carl, você fica com a Camila ao lado sul. Sua única missão é proteger a sua prima, tudo bem?
O garoto afirma, pegando na mão da garotinha. Após designar todas as tarefas, Daryl foi quem liderou a ída até o pátio. Tinham suas armas, mas a intenção era matar todos eles com facas e flechas, para não atrair mais podres com o som do disparo das armas.
— não quero ninguém fora do círculo, ouviram, Hannah e Maggie? – Daryl é quem questiona, sua besta apontando para frente, seguindo caminho.
As duas mulheres se entreolham por um curto período de tempo, franzindo os olhares.
— não somos suicidas, adoramos viver. – é Maggie quem responde, firmando mais a faca em suas mãos.
— e nem idiotas. – Hannah completou a fala da amiga.
Os tiros de Lara e Carol começam, trazendo vez aos outros na cerca, que atraiam para que pudessem correr com mais rapidez. Lara mirou em um dos caminhantes que estava perto do irmão, mas quase o acertou com um tiro na perna. Ela sorri sem jeito e acena, se desculpando.
Hannah e Maggie estão lado à lado, empurrando zumbis com armaduras e civis que morreram ali. Haviam corpos para todos os lados e o cheiro não era nada agradável. A dificuldade em matar os podres era enorme, pois a maioria ali possuiam armaduras, sem espaços para a penetração de uma lâmina.
A dupla se afastou, correndo em direção a um zumbi em específico apos Maggie chamar pela amiga. Hannah acertou os joelhos do morto, dando a oportunidade perfeita para Maggie cravar a faca no queixo desprotegido do zumbi, o derrubando. As duas, totalmente orgulhosas e sorridentes, respiram ofegantes enquanto encaravam o grupo de homens desesperados que as observava.
— viram isso? – Maggie questiona, ainda muito feliz. O grupo afirma com um aceno de cabeça, adotando a descoberta genial das mulheres. Ela sorri para Hannah, batendo sua mão contra a dela. — somos uma ótima dupla, Grimes.
— as melhores em matar zumbis, com certeza. – Hannah ironizou, voltando para o círculo após um olhar nada bom do namorado e também do irmão. — não ligue para eles, Mag. São amargos.
E em grupo, eles aniquilaram todos os zumbis presentes naquele pátio, sejam eles soldados, prisioneiros ou civis. Querendo ou não, Hannah se tornou sim muito boa para o novo mundo.
[....]
Carregar todos aqueles corpos gastou metade do dia. Logo, decidiram que limpariam o interior da prisão no dia seguinte. Agora estão acomodados dentro das cercas, no gramado verde e com uma fogueira reunindo o grupo. Exceto por Hannah e Daryl, que seguiam admirando as estrelas em cima do ônibus capotado.
Suas mãos pousadas na cintura da loira, a acomodando em seu peitoral enquanto a brisa fresca passava por eles. Hannah acariciava docemente o antebraço do Dixon, a cabeça encostada no ombro do namorado enquanto recebia um cafuné na cabeça.
— as estrelas me lembram você. – ela comenta, sorrindo para o céu.
— a mim? Por quê?
Hannah deixa um riso anasalado escapar, abraçando o braço de Daryl. Ela suspira, como se recordasse de todas as memórias durante aquela pequena fração de segundo.
— pelas noites que passamos no seu gramado. Deitados na camionete do Merle em uma rodovia calma. Mas principalmente do dia em que fomos acampar no sítio do seu tio, na Pensilvânia.
— ainda não acredito que fomos tão longe só para acampar no nosso aniversário. Sério, você poderia ter pedido outra coisa.
Ela ri, dando de ombros.
— para, foi um bom fim de semana.
De fato, o fim de semana que passaram naquele sítio foi muito bom. Hannah ainda se lembra de como estavam felizes. De como suas risadas se misturavam com o silêncio do lugar e o cantar do galo. Ainda se lembra do quanto amou Daryl Dixon aquele dia.
— foi, sim. Todos que passei ao seu lado foram bons. – ele a aperta ainda mais em seu abraço, beijando seus fios loiros. Hannah sorri, inclinando a cabeça para que possa vê-lo. Ela sela seus lábios aos dele em um único e rápido ato, voltando o olhar para as estrelas.
Antes, quando ainda não haviam assumido ou aceitado que se amavam verdadeiramente, Daryl se sentia inseguro quando conversavam sobre o passado que tiveram juntos, pois pensar no passado o lembrava do dia em que Hannah partiu de sua vida. Atualmente ele já não se importa em falar o quanto foram felizes naquela época e também entendeu o motivo dela ter ido embora. Hoje ele entende que Hannah não foi embora porque já não o amava, ela foi porque o amava demais para submetê-lo em tal situação.
Talvez não tenham sido felizes o tempo inteiro, mas ainda assim Daryl e Hannah possuem uma linda história de amor que merece ser espalhada aos quatro ventos, conhecida por cada ser humano que ainda vive na terra. E não importou quanto tempo passaram longe um do outro, o amor ainda prevalece.
— hey, pombinhos. – Carol chamou alto, fazendo o casal abaixar o olhar para o gramado, a enxergando. A mulher coloca as mãos na cintura, estreitando os olhos para vê-los melhor. — venham, vamos comer. Estamos esperando, não demorem.
Ao dar o aviso, Carol volta para o grupo reunido ao redor da fogueira. O Dixon desfaz o abraço, se levantando sem esforços e esticando o braço para que a namorada o agarre.
— vamos, você não se alimentou muito bem durante o dia, nem ontem à noite.
— finalizei sessenta e sete zumbis antes do almoço e o sangue deles estava em minha camiseta, não me culpe pelo óbvio. – ela resmunga, aceitando a ajuda do homem. Daryl sopra, discordando. — ah, pare. Nem você consegueria.
— não estou dizendo nada, eu só respirei. Olha, você é muito complicada. Sorte a sua que eu sou bem paciente.
Hannah, com todo o seu sarcasmo, gargalha ao pisar os pés na grama verde.
— claro, e eu sou um uma vampira de mil anos. – ela zomba, apertando o casaco contra o corpo. — qual será a próxima piada? Você é metade lobisomem, metade bruxo?
— de onde você tira essas coisas? Chega a ser assustador todo esse papo sobrenatural. – ele murmurou. — 'dá 'pra ser lobisomem e bruxo ao mesmo tempo? Achei genial.
— eu não sei. Mas se eu fosse um ser sobrenatural e pudesse escolher, eu escolheria apenas o vampirismo. Acha que eu seria uma boa vampira? – ela vira para ele, imitando os vampiros que via em seriados de televisão.
Daryl pega em sua mão, a fazendo dar uma volta enquanto a analisava, fingindo pensar em uma resposta digna de um bom namorado.
— com certeza, a melhor de todas. Aposto que você se tornaria uma lenda viva e ganharia o prêmio de vampira mais bonita de todo o universo.
Hannah sorri, beijando seus lábios logo em seguida.
— eca, tenham modos. – Camila reclama, apertando os olhos ao presenciar a cena. Os dois riem ao perceber que estavam perto demais de seu grupo.
— concordo com ela, isso é bem nojento. – Carl diz, se sentando ao lado da mãe. — sejam discretos.
— o que é isso? Quando foi que deixaram de me bajular para conseguirem o que querem? – ela questiona, se juntando aos irmãos, na ponta do círculo.
— as crianças crescem rápido, querida. – Hershel diz, sorridente.
O jantar era sempre a melhor parte do dia deles. Era o momento que deixavam todas as preocupações e focavam apenas no fato de que ainda estavam vivos e seguros. Quando Hannah podia sorrir para os irmãos e apreciar o crescimento dos sobrinhos, ou simplesmente observar a interação entre o grupo. Era seu momento mágico.
E quando Beth começou a cantarolar a melodia de uma música calma, que os Grimes nunca ouviram antes em suas vidas, Hannah se acomodou novamente nos braços de seu amado caçador, buscando abrigo e carinho. Daryl a confortou em seus braços, passando calor ao seu corpo gelado e pele macia, apenas ouvindo a bela voz que ambas as Greene possuíam.
[....]
19 𝖽𝖾 𝖺𝗀𝗈𝗌𝗍𝗈 𝖽𝖾 2011
— não é porque temos um lugar que agora pode dormir o dia inteiro. – Lara diz após despertar a irmã. — vamos lá, querida, você ainda é uma lutadora e precisa trabalhar. Só faltam você e Maggie para completar o time.
A loira se espreguiça, bocejando. Sua irmã a entrega um copo com água e a escova de dentes, amarrando os fios que escaparam do coque em sua cabeça.
— quinze minutos. Estamos esperando na fogueira. Não demore, bom dia.
— bom dia. – foi tudo o que ela conseguiu fornular naquele momento.
O tempo que passaram na estrada não acabou afastando apenas a dupla de melhores amigos e o casal Grimes. De certa forma, também acabou afastando os três irmãos uns dos outros. Nenhum deles tiveram uma briga e ambas as irmãs entenderam os motivos de Rick ao matar o melhor amigo dele, mas ele ainda se considera incapaz de ter uma conversa normal com elas. E se Rick não conversa, a família desanda.
A loira, após finalizar seu rito matinal, recolhe suas flechas e balas, recarregando a pistola e colocando o silenciador que encontraram em uma loja de armas há algum tempo. Ela vai em direção ao grupo, o cabelo amarrado novamente, pois entendeu que os zumbis podem puxá-lo a qualquer momento da pior forma possível.
Glenn e Maggie já estavam ali, suas armas em mãos enquanto a mulher ajeitava os fios bagunçados do namorado. Ela forçou um sorriso para o homem, que foi retribuído ainda menor que no dia anterior. Ver Glenn e não poder conversar intensamente é a mesma coisa que a quebrar um pouquinho mais.
— ótimo, ela chegou. – seu irmão informa, sorrindo. Está animado para explorar o local. — pessoal, em formação.
Eles se reúnem outra vez. Daryl se aproxima da namorada, selando seus lábios enquanto as mãos acariciavam seu rosto meio inchado.
— bom dia, Hannitah! – ele deseja em um sussurro, sem dar oportunidades que ela o responda de volta. Daryl atrai a atenção de todos ao começar a falar — Rick e eu estaremos na frente, Maggie e Hannah estarão no meio, Glenn e T-dog estarão atrás delas. Vamos entrar no bloco C, matar os zumbis no caminho e os que estiverem dentro do bloco. Por hoje, será só isso.
— Lara estará aqui fora com vocês, e caso as coisas comecem a feder lá dentro, eu quero todo mundo entrando dentro do carro e dando o fora. Nós daremos conta, pessoal.
Carl joga o molho de chaves para o pai, o desejando boa sorte. Eles deixam o campo para trás, adentrando o segundo portão, seguido pelo portão do bloco. Hannah posiciona seu arco, pronta para disparar flechas na cabeça de herrantes. O primeiro zumbi aparece assim que eles viram o corredor escuro, iluminado apenas pelas lanternas dos que na frente iam.
Daryl o derruba, seguindo caminho. E quando dobram outro corredor, eles aparecem em bandos. Os grunidos se misturando uns aos outros e o cheiro podre ficando ainda mais forte. Hannah dispara a flecha, acertando um, dois, três. Puxando, armando, atirando. Respirações ofegantes, corações acelerados, braços doendo. Maggie acerta outro, tropeçando em um zumbi debilitado. Ele a agarra e seu grito ecoa, assustando Hannah. A loira grita o nome da Greene, sacando a arma da cintura e disparando três vezes na cabeça do zumbi. Ela segura a mão de Maggie, a erguendo novamente.
— tudo bem? Sem arranhões? – questiona assustada.
— estou bem. Obrigada, Hannah.
Ela sorri para a outra, entregando a faca em sua mão outra vez.
— então vamos matar esses filhos da puta.
Antes que o grupo se quer possa questionar o que aconteceu, as duas entram em cena novamente. Hannah, movida pelo medo que sentiu há pouco tempo, disparou flechas aos quatro cantos, matando o máximo de podres que conseguiu. Os grunidos cessam e a calmaria prevalece. Glenn corre até a namorada e Daryl também.
— estou bem, a Hannah me salvou. Deveria agradecer a ela, é minha nova melhor amiga. – Maggie diz ao marido, sorrindo para a Grimes. Hannah sorri de canto, entendendo as intenções de Maggie com aquilo.
— devemos tomar mais cuidado. – Rick diz, verificando a irmã. — tudo bem com você?
Ela afirma em um aceno, recolhendo suas flechas das cabeças mortas de cada zumbi caído. Dezesseis flechas, dezesseis zumbis derrubados por Hannah.
— acho que chegamos ao bloco de celas. – ela informa ao avistar as grades. Sorriu para o irmão, o deixando passar em sua frente. — e pelo visto não temos zumbis por aqui.
Havia muita coisa ali. Uma pequena ala de – arrisco dizer, descanso aos guardas que contia mesas de metal e copos de café. Rick destranca a primeira grade, abrindo a ala de celas. Haviam beliches e colchões – e muito lixo espalhados aos quatro cantos. Haviam encontrado um novo lar.
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001: eu tô amando escrever a evolução da Hannah. Sair de tia das crianças para uma lutadora é algo incrível, meu Deus. Massss, não se enganem, ela continua sendo a tia doce, porém agora ela mata.
002: esse provavelmente é o último capítulo do mês, então até novembro.
Beijinhos da Malu!💋
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