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NOTAS INICIAIS:

001: oi pessoal, bem vindos ao fim da segunda temporada. Primeiro eu gostaria de dizer que foi difícil pra cacete escrever esse capítulo e gostar, mas eu consegui. Obrigada pelos 80k de leituras aqui e os 10k de curtidas no tik tok, vocês são realmente demais.

04 𝖽𝖾 𝖽𝖾𝗓𝖾𝗆𝖻𝗋𝗈 𝖽𝖾 2010

𝗛𝗮𝗻𝗻𝗮𝗵 𝗚𝗿𝗶𝗺𝗲𝘀

As coisa veem sendo bem difíceis após a morte de Dale, mas estamos conseguindo seguir. O inverno está perto, Hershel nos mandou entrar para dentro agora que somos todos amigos. Além de ser perigoso lá fora, zumbis podem aparecer à qualquer momento e isso não deixou o shane muito feliz.

Beth me convidou para ficar com ela em seu quarto. Tentei negar, mas a garota insistiu bastante e não me deu muitas alternativas, então tive que aceitar. Mas é claro, minha sombra veio junto.

— o seu quarto é bem bonito, Beth. – Giulia comentou, se sentando na beirada da cama, olhando em volta. — você tem bom gosto.

Beth, que me ajudava com o colchão de casal que colocávamos no canto do quarto, deu um riso nasal.

— obrigada, eu acho. – murmurou a última parte, me causando um riso baixo. — a minha mãe me ajudou um pouco, mas a maioria fui eu quem coloquei aqui.

Beth tinha um quarto bem decorado, no estilo adolescente do campo. Capas de discos de seus cantores favoritos, pôsteres de homens bonitos e muito glittler. Algumas fotos familiares emoldurada na parede, luzes piscando e estrelas que brilham no escuro. As cores na parede eram neutras, não muito chamativas. Não é tão diferente do que eu tinha na casa do meu irmão.

— a sua mãe te ajudava a decorar seu quarto? Que incrível. – a garotinha diz, a boca aberta em animação. — a minha mãe nunca me ajudaria a fazer algo tão legal assim.

Beth franziu o cenho, olhando para a garotinha em sua cama.

— e por quê não? – ela questiona, inocentemente. Aperto os olhos e nego em um aceno discreto. A loira em minha frente faz careta ao entender. — desculpem. Deve ser um assunto familiar, eu entendo.

Lisa Rhee não foi a melhor mãe do mundo, nem chegou perto de ser. Glenn me contou toda a história de sua família e como ele e as irmãs decidiram sair de seu país natal sem olhar para trás, tudo para se livrar das garras afiadas da matriarca. Tiveram  uma infância conturbada ao serem abandonados pelo pai, e a mãe também não os ajudou em muita coisa. Então, quando Giulia completou seus três anos, Glenn e a irmã mais velha, Yuna, saíram do país junto à bebê gigi e o filho de Yuna. Iniciaram uma nova vida em Atlanta. Yuna se casou novamente após três anos e se mudou para Virgínia, onde ainda deve viver se sobreviveu ao apocalipse.

— eu não a conheci muito bem. – ela respondeu, dando de ombros sem se importar. — mas a Yoon me ajudava, e ela era uma ótima mamãe emprestada.

Beth me olhou, se perguntando quem deveria ser essa tal Yuna.

— é a irmã mais velha do trio Rhee – completo, terminando de dobrar o cobertor. — Yuna criou os irmãos e o filho depois de fugirem da Coreia. É uma história bem interessante para se contar e ouvir.

— o Glenn me disse que ela está em um lugar bem seguro e que vamos encontrá-la – a garota dispara. O silêncio ecoou o lugar, enquanto beth e eu trocávamos olhares apreensivos. — tudo bem, eu sei que é uma mentirinha do bem. Yoon me disse que é quando a intenção é boa.

Limpo a garganta em um pigarro.

— querida, não deveria pensar sobre essas coisas.

— sobre a probabilidade da minha irmã e o filho estarem mortos? Por quê não?

As vezes me esqueço de que Giulia não é uma criança normal e que não dá para mentir 'pra ela. A irmã mais velha fez um bom trabalho ao criá-la como uma criança inteligente, mas assim fica difícil de esconder as coisas que ela não deveria saber. Suspiro, dando um sorriso pequeno e sem dentes à Beth antes de me levantar e ir até a garotinha.

— Gigi, meu amor, a gente pode conversar um pouquinho? – perguntei docemente, estendendo o braço para que ela agarre minha mão direita. — enquanto damos uma volta pelo gramado.

Ela pula da cama, agarrando minha mão no mesmo instante.

— até mais tarde, Betinha. – ela diz enquanto acena para a garota loira, que sorriu e a respondeu usando as mesmas palavras.

Saímos pelos corredores movimentados. Carregavam nossos suprimentos para dentro da casa, onde estávamos seguros. Ou era o que pensávamos. T-dog passa por nós, acenando com a cabeça enquanto carregava uma caixa cheia de seus pertences.  Logo atrás vinham Glenn e Maggie, de mãos dadas.

— hey, garotas. – ele comprimentou sorridente. — onde estão indo?

— tia Hannah disse que vamos dar um passeio no gramado enquanto temos uma conversa. – torceu o lábio, pensando na situação. Arregalou os olhos ao perceber o olhar mortal do irmão — mas eu juro que não fiz nada de errado desta vez.

Maggie dá risada.

— vamos ter um passeio reflexivo, meu bem. Mas, já que o seu irmão apareceu, ele mesmo poderá explicar para você que pensamentos negativos sobre a sobrevivência dos familiares não nos ajuda em muito neste momento.

Glenn alternou o olhar entre mim e a irmã mais nova, entendendo a situação. Ele deu um sorriso gentil para a garotinha, esticando a mão para que ela a alcance. Eles a entrelaçam e saem juntos corredor à fora, deixando eu e Maggie para trás.

— se quer conversar sobre a Yuna deveria ter me dito antes, não precisa passar por isso sozinha. – ouvimos ele dizer para Giulia, que o respondeu em um tom baixinho.

Maggie tinha uma caixa de papelão na mão direita, aparentemente super pesada.

— quer uma ajuda com isso 'daí ou consegue fazer sozinha?

— oh, não. Eu consigo sozinha. – ela responde, sorridente. — mas, o Daryl parece muito atarefado lá fora. Você deveria ir dar uma ajudinha para ele...– diz, sinto o tom zombeteiro soando forte, acompanhado por um sorrisinho travesso.

A encaro enquanto seguro o riso, assentindo em um aceno de cabeça. Maggie me deseja sorte e volta a andar em direção ao seu quarto. Daryl e eu estamos bem, continuamos com esse nosso lance entre a gente e nada mudou. A não ser o nosso humor, que melhorou muito após algumas boas fodas durante a madrugada. E, talvez, o meu sentimento adormecido que provavelmente vem despertando.

Esbarro em Camila ao lado de fora, a derrubando no assoalho da varanda. A garotinha vinha correndo do lado de fora e acabou não me vendo. Eu também não a vi, o que teve como consequência um pequeno acidente.

— ai meu Deus, bebê! – exclamei ao notar a garotinha, me abaixando para vê-la melhor. — desculpa a titia, ela não viu você chegando.

Camila parecia muito bem, pois nem reclamou do tombo que levou. Ela ergue os braços para que eu a ajudasse a se levantar, agarrando meus ombros ao ser levada para meu colo.

— machucou? Eu espero que não, a sua mãe me mata se souber disso.

Ela dá risada, negando em um aceno de cabeça.

— por quê estava correndo? Sabe que não pode.

— o Cal me disse que quem chegasse polutimo ia se casa com o tio Shane. Eu não quelo casa com ele, tia Lana. Ele é feio.

Precisei ser forte para segurar a risada, mas consegui. Ao olhar para o  gramado encontrei Carl, jogado na grama enquanto apreciava o céu azul. Provavelmente só queria se livrar da prima e ficar sozinho. Sorrio para a garotinha.

— você tem razão, ninguém merece ter que se casar com o Shane, ele parece um ogro feio e horrível. – ela gargalha, descontraída. A coloco no chão outra vez, dando um tapinha fraco em suas costas. — agora vá com a mamãe ou o tio Rick, eles estão lá dentro. Tia Hannah vai bater um papinho com o seu primo.

Minha sobrinha sai correndo para dentro outra vez, sem nem olhar para trás. Assim que desço os degraus da varanda avisto Daryl. Está parado ao lado de sua moto, olhando para o imenso nada em sua frente. Não conversamos desde ontem à noite, mas eu conheço este homem o suficiente para saber que ele não é sociável o suficiente para dividir uma casa com outras dezessete pessoas.

Daryl é restrito, conservador e por incrível que pareça tem mania de limpeza. Ninguém pode tocar em suas coisas ou tirá-las do lugar ou ele irá surtar muito com isso. Ninguém pode falar muito alto, ouvir qualquer coisa em volume acima do quinze, deixar o sofá bagunçado ou louças sujas na pia por muito tempo. Aposto que ele deve estar questionando sua sanidade por fazer isso.

Tenho o olhar dividido entre Daryl e Carl. Ambos imersos em seus próprios pensamentos, provavelmente negativos. Suspiro, abrindo mão de ouvir meu ex namorado para ir me sentar na grama alta com o meu sobrinho favorito. Ele me lança um olhar mórbido, sem se importar com a minha presença. Cruzo as pernas, inclinando o corpo para trás e apoiando o tronco com as mãos para trás.

— acabei de encontrar com a Cami nas escadas. – o olhei, ele continuou encarando o horizonte. — ela me contou que você apostou corrida, mas continou aqui. Tudo bem?

Desde a morte de Dale eu venho percebendo o comportamento estranho em Carl, mas resolvi não comentar por achar que era normal diante à situação em que estávamos presenciando naquele momento. Nem mesmo a ideia de ter um irmãozinho vem animando o garoto. Ele suspira, deitando a cabeça em meu colo sem pedir por licença ou qualquer aviso prévio.

— eu não queria que ela me visse triste. Não quero que ela pense que eu sou fraco, gosto de ser o herói dela.

Deixo um sorriso pequeno escapar, afagando seus fios curtos recém-cortados. Carl e Camila possuem uma boa relação entre eles, as vezes até parecem irmãos e isso é motivo de muito orgulho na família. Ele sempre poupou a garotinha de coisas que provavelmente a magoaria e sempre que pode está acobertando suas travessuras.

— quer contar para a sua tia favorita o que se passa nessa cabecinha brilhante?

Ele suspirou, parecendo cansado. Apertavas os dedos com uma certa força, os fazendo ficarem com as pontas vermelhas pela pressão causada. Seguro sua mão, o impedindo de continuar com uma mania familiar.

— eu matei o Dale aquela noite. – ele dispara, a voz carregada de dor e culpa.

— o quê? Claro que não, Carl. O Dale infelizmente estava no lugar errado e na hora errada. Não temos culpa por sua morte.

— não, tia. Eu sou culpado. – ele contou, certo da verdade. Franzo as sobrancelhas, não o entendendo muito bem. Ele solta o ar prendido em seu pulmão, agarrando minha mão com mais força — eu fui até à floresta naquela manhã. Vi um zumbi preso na lama, mas tive medo de matá-lo. Se eu tivesse atirado nele quando tive a chance....se eu o tivesse matado, Dale ainda estaria conosco. Ele estaria vivo.

Solto um suspiro pesado, sentindo a dor de meu sobrinho. O puxei para meus braços, o envolvendo em um abraço aconchegante enquanto deixava um beijo carinhoso em sua testa. Carl se encolheu em meu colo, como um bebêzinho birrento. Podia ouvir sua respiração desregulada e os batimentos um tanto acelerados, como se estivesse prestes à chorar.

Apertei mais os braços ao redor de suas costas, feito uma mãe super protetora que só queria aliviar a dor de seu filho. Feito uma tia babona que iria até ao inferno pela felicidade e segurança de seu sobrinho.

— eu fui fraco, tia Hannah. – murmurou entre soluços e lágrimas, fazendo meu coração se despedaçar em milhões de pedacinhos. — tive medo, não sou corajoso.

Ele deitou a cabeça em meu ombro, molhando minha camiseta azul com suas lágrimas silenciosas. Segurei seu rosto entre minhas mãos, limpando suas lágrimas com a costa do polegar, lhe dando um sorriso corajoso.

— não tem problema em ter medo de vez em quando, meu bem. E eu aposto todo o meu dinheiro em como você é a criança mais corajosa que eu já conheci em todos os meus vinte e cinco anos de vida. – ele sorri fraco, fungando. — não podemos prever o futuro, Carl. Coisas ruins acontecem e pessoas que amamos infelizmente morrem as vezes. Mas você continua aqui, e agora é o seu dever carregar seus legados para a glória. Vença esse mundo por eles, por nós.

[....]

O caos se instalou na fazenda Greene em poucos minutos. Shane saiu da floresta com um nariz quebrado e afirmando que Randall havia fugido e lhe dado uma boa surra. Agora, no início da noite, nos preocupamos com o pequeno grupo de busca que saiu para procurá-lo pelas redondezas da floresta.

— fala sério, eles já deveriam ter voltado à esta altura. – mumuro pela décima vez durante aquela hora.

Não faz muito tempo que mandei Giulia para o andar de cima, assim como Lori mandou Carl e Lara, a filha. Não estamos muito contentes para manter as crianças calmas neste momento.

— tenha calma, querida. – Carol pediu, pousando sua mão em meu ombro. — eles já devem estar voltando.

Respirei fundo, dando um sorriso pequeno para a mais velha. Tenho quatro pessoas de minha extrema importância lá fora, não há como manter a calma agora. Estamos todos muito preocupados com a própria segurança, mas ninguém além de mim ama todos os quatro homens lá fora como a própria vida. É óbvio que eu estou apavorada.

Lara veio até mim, segurando minha mão e a acariciando enquanto me dava um sorriso pequeno. Suspirei, sabendo que ela também sente o mesmo.

— está tudo bem, Bebel. Por quê não vamos até à cozinha para tomar um copo d'água, em? Vem com a gente, Maggie.

Sem muitas alternativas, Lara guiou Maggie e eu em direção à cozinha, deixando todos os burburinhos para trás. A Greene estava tão preocupada quanto eu, afinal o namorado também estava lá fora.

— Hannah, pare de se beliscar, já conversamos sobre isso. – minha irmã mandou. Recolho os braços, abraçando minha cintura com força. — esconder as garras não vai adiantar, eu vi você fazendo.

Maggie se aproximou, tocando meu braço com suavidade e me induzindo a sentar à mesa junto a ela e minha irmã. Estava tudo muito quieto, estranho. Era como se fosse a calmaria antes da tempestade. A chuva antes do tornado, ou algo semelhante. O silêncio antes dos grunidos.

Ouvi quando a porta da frente bateu contra a madeira. Maggie e eu levantamos rapidamente, se apressando para chegar até a sala de estar. Parei no corredor ao avistar Daryl e Glenn, parados no meio da sala com suas armas. Seus olhos encontraram os meus e um sorriso aliviado escapou de meus lábios. Meus pés pareceram ganhar vida própria e correram em sua direção, o agarrando em um abraço apertado.

Encostei minha cabeça em seu peitoral e ele cruzou os braços em meus ombros, beijando carinhosamente o topo de minha cabeça.

— graças a Deus, você voltou. – sussurrei em seu peito. Pude ouvir sua respiração ofegante e o coração palpitando rapidamente. Ele segurou meu rosto entre suas mãos, encarando meus olhos como se soubesse cada mísero segredo sobre mim. — fiquei preocupada.

Daryl sorriu para mim. Ele sorriu para mim em público, no meio de uma sala com várias pessoas presentes.

— eu sempre volto para você, Hannitah. – sussurrou, a voz rouca bem perto de meu ouvido. O hálito quente batendo contra meu pescoço, arrepiando o local.

— cadê o Rick e Shane? – minha cunhada questionou preocupada

E só então eu percebo que a dupla policial não havia voltado junto à eles. Glenn e Daryl se entreolham, apreensivos.

— eles não voltaram ainda?

— como assim? Eles deveriam ter voltado? – Lara pergunta, um pouco mais alterada.

Daryl encarou meu rosto, dando um suspiro pesado ao desviar o olhar para meu melhor amigo, que continuava explicando o que havia acontecido lá fora.

— encontramos o Randall, estava zumbificado há pouco menos de um quilômetro daqui. – contou, hesitante. — ele não tinha marcas de mordida, só um pescoço quebrado.

— achamos que Shane possa ter usado isso para separar a gente e poder matar o Randall sem preocupações.

— se ele não foi mordido, como poderia ter virado um zumbi? Há outras maneiras de ser infectado? – Hershel questionou, se aproximando. — e cadê o Rick?

Encarei Daryl, esperando que ele me desse uma resposta para aquilo. Mas, antes que possamos nos pronunciar sobre qualquer coisa, um disparo ecoou por toda a fazenda. Arregalo os olhos, dando um pequeno pulo pelo susto causado.

Corremos para as janelas, mas não havia nada além da escuridão ao lado de fora.

— acham que foram eles? – Andrea questionou.

— devem ter encontrado com algum zumbi pelo caminho. – Carol tentou amenizar a tensão, mas não teve sucesso.

— não, eles teriam usado a faca. Talvez seja o grupo do Randall. Talvez tenham nos encontrado.

Sem respostas, fomos todos para a varanda da casa. Assim que atravessamos a porta, o vento frio soprou nossos rostos, acompanhado pelo cheiro podre e os grunidos longe. Dei dois passos para trás, Daryl agarrou minha mão, me puxando para perto. A horda de zumbis se aproximava com rapidez.

— Patrícia, apague as luzes. – o Greene mandou.

— talvez estejam de passagem. Não vão mexer com a gente se não mexermos com eles. – T-dog palpitou.

— sem chances. Um grupo deste tamanho vai por a casa à baixo. Precisamos ganhar tempo, peguem o máximo de coisa que conseguirem. — Daryl ordenou, sério demais para brincadeiras.

Suspirei, alternando o olhar entre todos ali presentes. Glenn olha para mim, preocupado.

— cadê a Giulia?

— lá em cima, com Carl e Camila. Eu vou chamá-los.

Lori e Lara logo saíram, juntas em busca das crianças. Os grunidos se tornavam cada vez mais altos e o cheiro piorava a cada segundo que se passava. Assim como o medo e a preocupação com Shane e Rick. Bart, meu gatinho, miou em meu pé, pedindo por colo. Me abaixo, o aninhando em meus braços.

— sem passeio noturno para você hoje, bebê. – murmurei, o entregando nas mãos de Beth, que o aceitou de bom grado. — o que fazemos? Não podemos ficar aqui de braços cruzados enquanto tomam nosso lar.

— podemos pegar nossos carros e ganhar tempo, mas não dá para matar todos eles. Pelo ou menos até Rick e Shane voltarem, ou encontrarmos eles.

[....]

Lori voltou às pressas, apenas Lara e Camila ao seu encalço. Franzi o olhar, notando a preocupação estampada em seus olhos.

— eles pularam a janela. Foram atrás do Rick. – ela contou, a voz embargada. — Camila disse, ela falou que eles fugiram.

Cópias da tia Hannah. Pagando cada cabelo branco que dei aos meus irmãos quando tinha a idade deles.

— eu não vou sair daqui sem o meu filho.

Glenn, que estava prestes à entrar em um dos carros para proteger o lugar, paralisou em minha frente. Suspirei, acenando para ele com a cabeça.

— está tudo bem, eu a encontro. – o garanti, dando um sorriso pequeno. Ele afirma, adentrando o carro. Me viro para Lori e minha irmã, que estavam completamente desesperadas. — vamos, acabo de fazer uma promessa ao meu melhor amigo. Se eu não encontrar Giulia Rhee, toda essa fazenda vai pegar fogo.

Giulia é uma criança sapeca, mas ela é responsável quando preciso. Ama pregar peças no irmão e quase o matou do coração inúmeras vezes, mas nada tão grave quanto sumir enquanto nossa casa está sendo atacada por milhares de zumbis. Nem eu fui tão irresponsável e rebelde. Todos os meus atos foram meramente calculados e feitos com a motivação certa. Deveriam ter puxado isso a mim também.

Odeio o quanto meus sobrinhos se parecem comigo. Eles com certeza são a minha sina. Meu castigo é ter de lidar com dois pré-adolescentes que são uma cópia exata minha na infância e adolescência.

Procurei em cada lugar, cada cômodo, cada mísero buraco de toda aquela casa. Não encontramos nenhuma das crianças. Carl e Giulia não estavam em lugar algum. O desespero começava a dar seus primeiros sinais, como a mão tremendo excessivamente e o suor frio escorrendo por meu rosto. Ai meu Deus! Eu perdi a irmã do Glenn. Os grunidos ficaram mais próximos e os tiros pareceram ter parado. O celeiro se incendeia, nos parando na porta da frente.

— deve ser o Rick. Talvez as crianças estejam com ele. – Carol opinou.

Suspiro aliviada, pois sei que com certeza aquilo é verdade. Me permito sorrir, dando uma grande lufada de ar. A paz no coração não dura por muito tempo, pois o caos se torna uma bola de neve e derrepente há fogo por todo o lado, zumbis perambulando perto demais da casa principal e o grito alto de agonia ecoa por todos os ares da fazenda. Alguém foi morto.

Os carros começavam a se espalhar, e o nome de Hershel era gritado por todos os lados, mas ele continuava atirando contra os zumbis, gritando que cairia junto à sua fazenda. Um momento de lucidez tomou conta de mim e eu agarro a mão de Beth e Lara.

— pro carro, agora. – ordeno, me virando para trás. — Lori, vamos!

Minha cunhada olha para mim e depois para o homem que ainda disparava sem parar, suspirando.

— vá, Lori. Salve o seu bebê. – Hershel ordenou. — e salvem o meu.

Beth se agarra à Patrícia e eu seguro fortemente a mão de Lara, correndo em direção ao meu carro. Saco a arma, acertando um zumbi com uma coronhada na cabeça. Disparo em um que tentou se aproximar de Lori, a ordenando ir em minha frente. Ouço um grito estridente bem atrás de mim, seguido pelo grito agoniado de Patrícia. Um zumbi abocanhava seu pescoço, jorrando sangue para todos os lados enquanto ela ainda agarrava com força o punho de Beth. Os choros de Beth e Camila se misturavam aos grunidos dos bichos e os gritos de horros da Patrícia.

Puxei a garota loira, assustada com tudo o que acontecia. Bart pula do colo de Beth, mas Lori o pega antes que ele corra para a morte. Solto o ar, aliviada. Beth ainda estava paralisada, então eu a empurro para frente, a obrigando continuar o percurso.

— vamos lá, Beth. Estamos quase lá, querida. – gritei para ela, tentando acalmá-la.

Lori finalmente alcança o carro, o destravando de imediato e jogando o gatinho lá dentro. Em seguida, Lara empurrou a filha para o banco de trás, entrando logo atrás. Obrigo Beth a adentrar ao lado de minha irmã enquanto grito para que Lori entre logo no passageiro, correndo para o banco do motorista. Ao finalmente sentar no carro, solto o ar fortemente, olhando para todas.

— tudo bem? – Lori afirmou, pousando  a mão na barriga lisa. Olho para trás, ligando o carro enquanto arrancava daquele lugar na maior velocidade possível. — Beth, querida. Beth pode contar até dez comigo? Vamos começar, tudo bem?

A garota estava histérica, chorando compulsivamente enquanto encarava o sangue manchando suas roupas. Patrícia morreu em nossa frente e aquilo me trouxe uma memória nem tão antiga. Amy veio em minha mente no mesmo instante. Ambas morreram com mordidas no pescoço bem na minha frente e eu não fiz nada para impedir.

[....]


Cinco horas digirindo sem rumo algum. Avistei a moto de Daryl de longe, subindo uma ladeira com mais dois carros em sua cola. Era o carro de Glenn e T-dog. Estavam todos vivos. Ele acena com a mão, indicando que deveríamos entrar no comboio assim que passassem por nós. Carol estava em sua garupa.

Seguimos os carros por longos quilômetros, saindo na mesma rodovia em que perdemos Sophia na floresta. O carro do meu irmão estava estacionado. Daryl buzina, assim como todos os outros carros. Estacionamos em uma única fileira, um atrás do outro. Lori correu para o marido e o filho assim que os viu, e todos correram para alguém.

Meus olhos percorreram cada um daquele grupo, sorrindo para todos eles. Mas meu sorriso se desfez no momento em que encontro Glenn. Ele estava parado ao lado da namorada, o olhar franzido enquanto os olhos buscavam por alguém, uma garotinha. O sorriso ia sumindo aos poucos, assim como o meu. Franzo o olhar, o coração palpitando mais rápido.

— o-onde...– sua voz falhou. Ele engole em seco, piscando atordoado. — Cadê a Giulia?

Sua pergunta calou a todos. Carl arregala os olhos, encarando o pai. Rick parece se dar conta do que aconteceu, suspirando pesado.

— Carl, cadê a minha irmã? – perguntou outra vez, mais firme.

— ela se arrependeu de ter fugido comigo então eu a mandei voltar 'pra casa. – meu sobrinho contou, se encolhendo nos braços da mãe enquanto agarrava meu gatinho. — você não a trouxe?

Sua voz saiu baixinha, como se tivesse medo da resposta. Glenn  passa a mão pelo rosto e cabelo, se alterando. Giulia ficou para trás.

— eu volto lá, procuro pela garota. – Daryl diz, atraindo a atenção de todo o grupo. — Andrea também ficou para trás, talvez estejam juntas. Andrea pode ter a encontrado e fugiram juntas, elas devem estar por ai em algum lugar.

— é perigoso demais voltar até lá, filho. – Hershel diz, a voz carregada de dor. — não podemos nos arriscar tanto.

Uma lágrima solitária percorre minha bochecha, os joelhos cedendo ao chão no mesmo momento em que Glenn esmurra a lataria de um carro abandonado. Daryl se abaixa ao meu lado, abraçando minha cintura enquanto lágrimas e mais lágrimas são derramadas ali, na frente de todos. A dor na alma, o buraco no coração. Minha Giulia está por aí, não está comigo.

Naquele dia, no dia quatro de dezembro de 2010, o meu mundo se tornou cinza.




























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001: aos fãs da Giulia Lenda Rhee, saibam que a nossa lindona não está morta e que ela só sumiu para que um outro personagem pudesse voltar de uma forma que não o fizesse ser um personagem babaca.

002: eu passei no mínimo quinze dias escrevendo e apagando esse capítulo diversas vezes. Por favor, deixem seu voto!💋🫶

003: gostaria de informá-los que a partir de agora, a nossa Hannah banana passa de Hannah Banana para Isabel Grimes. Ou seja, é aqui que ela deixa de ser um doce e se torna o próprio veneno.

Tenha uma boa leitura!🫶

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