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21 de novembro de 2010

𝙃𝙖𝙣𝙣𝙖𝙝 𝙂𝙧𝙞𝙢𝙚𝙨

Depois do café da manhã eu levei as quatro crianças para a brinquedoteca, Giulia e Sophia praticamente me arrastaram com elas para o lugar, e eu como uma boa tia fui sem reclamar. E também porque depois do TC-19 as crianças ficaram meio amedrontadas e eu queria distraí-los com algo.

— titia, o ar parou de funcionar — Camilla diz, mantia seu foco na folha onde desenhava.

Me levanto junto a Lori e verificamos os ar-condicionados, realmente foram desligados. Sem entender muita coisa, varamos no corredor para obtermos respostas. Lá fora tinham todos reclamando da queda de energia

— as luzes se apagaram

— o ar-condicionado parou, o que está acontecendo?

—a energia está sendo priorizada

— o ar não é prioridade? E as luzes?

— isso não cabe a mim. A zona cinco está se desligando

Agarro na mão de Gigi e pego Camilla nos braços, mandando Carl e Sophia andarem na frente, seguindo o doutor para onde quer que ele esteja indo.

—ei, como assim? — Daryl perguntou —ei cara, estou falando com você, como assim desligando? Como um prédio pode conseguir fazer isso?

— ficaria surpreso.

Rick e os outros aparecem, se intrometendo na frente do doutor Edwin.

— Jenner, o que está acontecendo? — meu irmão questionou

O homem deu outro gole da vodka que tomou das mãos de Daryl.

— a energia está acabando, o sistema é programado para priorizar os computadores quando batermos a marca de trinta minutos — aponta para o cronômetro em sua frente — bem na hora.

Paramos ali, analisando tudo o que o doutor nos falou, tentando entender cada palavra.

— o que acontece quando zerar? — Glenn questiona

Giulia suava frio e apertou minha mão com mais força, estava com medo.

– o lugar explode — ela sussurra, a encaramos confusos e depois encaramos o doutor, que a olhava surpreso. — vamos morrer queimados.

— o quê?

—  a garota tem razão — dá outro gole — ela tem potencial, poderia ter ido longe — se vira na cadeira — quando o timer zerar, o lugar explode e morreremos sem dor alguma.

Puxo Giulia para mais perto, a apertando ainda mais contra mim e entrego Camilla para Lara, que estava ao meu lado. As vozes de desespero começam a se misturar, formando um momento caótico ali.

— Lori, Hannah, Lara e Carol, vão buscar nossas coisas — Rick manda — nós vamos sair daqui.

Deixei Gigi ao lado do irmão, Carl também ficou ali, Sophia ficou com Dale e Camilla foi entrege nos braços de Shane, que a pegou sem hesitar. Estávamos prontos para correr quando a voz grave do Jenner nos imobilizou.

— as portas estão trancadas, Rick. — ele disse em voz alta, virando sua cadeira para nós — eu avisei, quando aquelas portas se fechassem, elas não voltariam a se abrir.

Carol se ponhou a chorar, o desespero começando a nos alcançar e a aflição nos deixando loucos.

— você está maluco? — o questionei — temos crianças, Edwin. Elas merecem viver suas vidas, você não pode nos prender aqui para que morremos junto com você.

— irão morrer de uma forma bem mais dolorosa lá fora, eu estou lhes oferecendo a oportunidade de uma morte indolor. São menos de um segundo, e então, tudo acaba.

— Jenner, abre essa porta.

Shane começou a disparar tiros na porta de metal, mas ela continuava intacta e sem nenhum arranhão, o que nos deixava nervosos. Ele veio com sua espingarda e mirou para Edwin

— abre a porra da porta — gritou enfurecido

Jenner não o respondeu e, graças a Rick, Shane não o matou naquele momento, ele atirou em todos os computadores ali perto, acabando com tudo.

As vozes se misturavam, tornando tudo ainda maks caótico. Voltei a segurar fortemente a mão de Giulia, que grudou em mim quando ouviu Daryl acertando a porta com um machado afiado.

— não adianta. Essa porta foi produzida para aguentar até a um foguete.

Daryl veio de lá furioso, andando rápido e pisando fundo, sendo um verdadeiro Dixon.

— a sua cabeça não foi — levantou o machado sobre a cabeça do homem

Rick foi mais rápido, o impedindo de fazer aquilo.

— Daryl, relaxa cara — ele gritou

— vamos morrer queimados, Rick. — gritou de volta — tudo porque esse doutorzinho falido não quer abrir a porta e nos deixar sair

Rick disse algo inaudível para Daryl, que se afastou e voltou para a porta, a atingindo diversas vezes com o machado. Meu irmão se aproximou ainda mais de Jenner, tendo uma conversa em sussurros que nos deixava ansiosos e apreensivos.

A porta a nossa frente foi aberta, deixando que a luz do sol adentre o local e nos tranquilizando.

— vocês tem cinco minutos para chegarem até os carros — ele disse — a porta da frente não irá abrir, deem um jeito de quebrar o vidro ou morrerão comigo.

T-dog puxou Jacque, que se negou a sair, paralisando todo o grupo.

— eu quero uma morte tranquila, Theo — sorriu amarelo — vá, viva por mim.

T-dog a abraçou e beijou seu rosto molhado, aos poucos todo o grupo se despediu da morena, até chegar a minha vez. Me abaixo em frente a ela, lhe dando um abraço apertado.

— assuma seu amor pelo Dixon, ninguém vai julgar você — ela sussurra — e continue sendo uma ótima tia, essas crianças te adoram.

Sinto uma lágrima descer por minha bochecha e lhe dou um sorriso gentil.

— a tia Hannah é a melhor mesmo. — falo em um tom brincalhão, a fazendo rir.

Glenn me puxou pelo braço enquanto eu arrastava gigi comigo, correndo para fora daquele lugar.

— chegará o dia em que não agradecerá — foi a última coisa que ouvi antes de sair daquela sala

Lori e Lara estavam na frente com meus sobrinhos, corriam rápido ao lado de Carol e Shane, que as indicava caminho. Chegamos a entrada, Daryl atingiu o vidro com o machado, mas não o quebrou, Shane deu tiros, mas nada aconteceu.

— Rick, eu tenho uma coisa — Carol disse

— uma lixa de unha não vai resolver o nosso problema, Carol — Shane disse

Carol não o ouviu, apenas abriu sua bolsa, tirando uma granada de lá.

— achei isto no seu bolso quando lavei suas roupas no acampamento, achei que poderia me ajudar a proteger Sophia do Ed.

Rick pegou a granada e olhou para todos.

— no chão, e protejam as crianças.

Cobri Giulia com meu corpo, a deitando no chão. Senti o calor bem perto e o som da explosão me deixou meio zonza, mas Glenn continuou nos puxando quando o fogo cessou, nos levando para fora do edifício.

O sol batia em meus olhos, me cegando por poucos segundos. Ouvia os disparos contra zumbis que se aproximavam enquanto corríamos para os carros, finalmente os alcançando.

Corri com Lara e as meninas para o meu carro, enfiando Giulia no banco traseiro e só depois adentrando o motorista e Lara o passageiro com Camilla em seu colo.

— Gigi, se abaixa, Lara também. Cubram os ouvidos ou isso será a última coisa que vão ouvir.

Me abaixei no espaço apertado, esperando a grande explosão chegar. O barulho me doia os ouvidos mesmo cobertos, dava para sentir o carro balançando e o calor da explosão.

O barulho cessou, indicando que já havia acabado e estava tudo bem. Me sentei no banco outra vez, respirando fundo e mantendo a calma.

— todo mundo bem? — viro para trás, observando Gigi com atenção — você está bem, amor?

— pensei que viver o apocalipse zumbi seria legal, e não assustador — se ajeita no banco — eu quero o meu dinheiro de volta.

Respiro aliviada e dou um sorriso calmo, desviando o olhar para minha irmã e sobrinha.

— é, você está bem.


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