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                          𝗩𝗶𝗰𝘁𝗼𝗿 𝗖𝗮𝗺𝗶𝗹𝗼

Eu particularmente só gosto de sair para baladas e coisas do tipo. Outros lugares como jantares ou outros passeios. Mas agora, pela primeira vez, tenho uma namorada. 

Ela não é como qualquer outra que peguei, aquelas que preferiram passar o tempo sentando em mim, não saindo pra lugares comigo.

Hoje era 10 de dezembro, aniversário de Bárbara e quis levar ela para sair. Eu havia acabado de parar minha moto em frente ao Le Bernardin, um restaurante dos restaurantes que minha mãe me levava para jantar no meu aniversário aqui em New York.

——— Você insiste em usar vestidos quando vamos andar de moto. ——— falo e escuto a risada dela.

——— São as roupas que gosto de sair e hoje é meu aniversário, eu queria estar bem arrumada. Até porque eu nunca estivesse em um restaurante chique antes. ——— Babi fala e desce da moto, me entregando minha jaqueta que eu havia dado pra ela tampar a calcinha quando descesse.

Tirei a chave da moto e me desci também, tirando o capacete. Entrelacei nossas mãos e caminhamos até as portas de entrada, que foram abertas por dois homens vestidos em ternos pretos.

Entramos e fomos até um balcão, onde eu disse meu nome e um garçom nos acompanhou até a mesa que eu havia reservado para aquela noite.

Era uma mesa com duas cadeiras, uma de frente para outra. Nos sentamos e logo fizemos nosso pedido.

Um vinho foi servido em nossas taças e eu bebi um gole, fazendo uma pequena careta ao fazer isso. Não gosto muito de vinho.

Babi estava olhando ao redor, sorrindo de lado.

——— Isso aqui é muito lindo, mas com certeza é muito caro.

——— Não liga pra isso. Relaxa, é o seu dia Bee.

——— Então tá. ——— ela molha os lábios e bebe um gole do seu vinho. ——— Nossa, é uma delícia.

——— É...——— levanto a mão e faço o sinal do "mais ou menos" e Bárbara da risada.

Continuamos a conversar e as comidas foram servidas. A entrada, o prato principal e a sobremesa. Quando terminamos, paguei a conta e saímos do restaurante.

Bárbara estava se preparando para colocar o capacete mas impedi e ela me olhou confusa.

——— Estamos em New York, em uma sexta feira à noite. Tenho certeza que você vai adorar caminhar pelas ruas. ——— eu falo e ela se anima.

——— Sim! ——— ela deixa um beijo em meu rosto e entrelaça o braço no meu.

Começamos a caminhar, as ruas estavam cheias, bares abertos, artistas de ruas mostrando seus trabalhos, barraquinhas de comidas no meio das calçadas e jovens bebendo.

Andamos por muito tempo, tempo o suficiente para chegarmos na ponte do Brooklyn.

Babi apoia os cotovelos no parapeito e observa a ponte iluminada com um sorriso de orelha a orelha.

——— É lindo. ——— paro ao seu lado, me apoiando igual ela e confirmando com a cabeça.

——— Sim, realmente é lindo. ——— sorrio de lado. ——— Você não está com frio? Certeza?

Pergunto pela milésima vez naquela noite. Estava nevando e Bárbara estava usando só um vestido e um sobretudo por cima.

——— Estou bem. ——— ela me olha e da uma colherada no seu bolo de pote que havíamos comprado de uma senhorinha no caminho.

Um vento bateu e balançou o cabelo da Bárbara, fazendo algumas mechas irem para seu rosto. Ela riu e começou a colocar as mechas rebeldes para trás da orelha.

——— Que bagunça. ——— falei e a ajudei com os fios.

——— Você entenderia se tivesse cabelos longos. ——— ela diz e leva uma colherada de bolo em direção a minha boca. ——— Abre a boca.

——— Estou cheio, Bee...

——— Ih? ——— ela ergue a sobrancelha. ——— Abre logo, experimenta, está uma delícia.

Abro a boca e ela leva a colher até lá. O bolo realmente estava muito bom, porém estou cheio.

Passo a mão pelo ombro de Bárbara e puxo ela pra mais perto, deixando um beijo ao lado de sua cabeça.

——— Nós vamos voltar pra New Haven hoje? Eu não quero...——— Bárbara fala com uma voz manhosa.

——— Bom...Minha mãe está lá em casa, podemos ficar em um hotel. ——— falo e ela franze a sobrancelha.

——— Não quer que a sua mãe me conheça, Victor? ——— ela perguntou.

——— Não é isso. Minha mãe não é uma mulher muito agradável e meio que cortaria o clima bom que está o dia. ——— explico. ——— Mas se você quiser ir, tudo bem.

——— Ah...eu não quero que o clima bom de hoje acabe. ——— ela da de ombros e fica pensando por longos segundos. ——— Já sei. ——— Babi abriu um sorriso. ——— Vamos pra cabana? Passar o fim de semana lá.

——— Claro, é caminho pra New Haven mesmo. Só que, antes da gente ir, tenho ir em um lugar antes. ——— falo e ela confirma com a cabeça.

——— Tudo bem. ——— Babi caminha até uma lata de lixo e joga o pote vazio fora. Depois vem até mim e entrelaça nossas mãos. ——— Podemos ir.

Voltamos a caminhar pelas ruas, caminhamos por uns dez minutos até chegarmos onde eu queria. Entramos no estabelecimento e diversos sons de animais diferentes ecoaram.

——— Que fofo. ——— Babi aponta para um periquito e sorri. ——— Por que viemos até um pet shop 24h?

——— Vou reservar umas coisas pro meu cachorro para Milena passar aqui amanhã e levar pra casa. ——— falo. ——— Estou indo conversar com a atendendo, pode ficar aí vendo os bichos.

——— Okay...——— ela respondeu sem ao menos me olhar, estava concentrada demais admirando um coelho.

Fui até a atendente que assim que me reconheceu abriu um sorriso.

——— Olá, Victor. ——— a loira cumprimentou.

——— Oi. ——— falei. ——— Vim buscar o cachorrinha.

——— Claro. ——— ela some pra trás de uma parede e depois retorna com a cachorrinha que tinha um lacinho rosa no pescoço. Também tinha uma bolsinha parecendo estar cheia. ——— Tudo aqui. ——— me entrega a cachorra e coloca a bolsa no balcão entre nós dois.

——— Valeu. ——— peguei a bolsa com uma mão e me preparei para girar os tornozelos e me afastar.

——— Sabe...quando você veio aqui escolher a cachorrinha, não havia entendido o porque não quis ter uma rapidinha comigo, igual nos velhos tempos...——— a loira fala e morde os lábios. ——— Mas agora que vi você entrando com a garota, entendi muito bem. Eu não sabia que o Victor Augusto era do tipo que se apaixona...

——— Não sou. ——— respondi rápido demais, por impulso. ——— Ela...a gente tem um "lance", nada muito sério. ——— dou de ombros e abro um sorrisinho de lado.

Não sei muito bem o porque estou mentindo para uma garota insignificante. Talvez eu não queira que as pessoas conheçam meu outro lado e saibam que alguém consegue me baquear.

——— Ah, entendi. ——— um sorriso aparece em seus lábios. ——— Então, quando tiver em New York apareça por aqui.

——— Claro. ——— pisquei e me afastei, procurando Bárbara entre as várias prateleiras.

Esse pet shop é muito grande então demorei um pouquinho para para achá-la. Babi estava de costas para mim, olhando um aquário com diversos peixes coloridos.

Escondi a cachorrinha atrás de mim e fui até ela, beijando sua nuca e a fazendo assustar .

——— Ah, é você. ——— ela abre um sorriso quando me olha por cima do ombro.

Parecia um pouco estranha, mas talvez seja coisa da minha cabeça.

——— É claro que sou eu. ——— franzo o cenho. ——— Alguém mais chegaria beijando sua nuca?

——— Victor, você jura cara? ——— ela resmungou brava mas muda o semblante quando vê que eu estava escondendo algo atrás de mim. ——— O que tem aí?

——— Ué, nada. ——— sorri e ela revirou os olhos.

——— Mostra logo! ——— cruzou os braços.

——— É só um presentinho de aniversário pra você. ——— tirei a cachorrinha de trás de mim e levei em sua direção.

——— MENTIRA! ——— ela gritou animada e tirou a cachorrinha da minha mão, abraçando ela ao peito. ——— Eu não acredito, obrigada!

——— Não tem de que...——— sorri de lado.

——— Aí meu Deus. ——— seu semblante agora era de assustada. ——— É proibido animais nos dormitórios, e agora? Aonde vamos deixá-la?

——— Idai' que é proibido? Ela é um filhote mas não vai crescer muito mais do que isso. É só a gente escondê-la.

——— Victor...é errado. ——— ela morde os lábios. ——— Mas...não tem outro jeito, né?

——— Essa é minha garota. ——— sorri e segurei seu rosto, beijando seus lábios.

Chegamos na cabana por volta das duas da manhã. Babi colocou a cachorrinha em cima do sofá e se sentou, tirando suas botas e ficando apenas com meias.

——— Qual nome vamos dar a ela? ——— Babi pergunta e eu dou de ombros.

——— Sei lá, ela é sua, escolhe um nome que você gosta!

——— Ela não é minha, ela é nossa. ——— ela faz um carinho no cão. ——— O que você acha de Bonnie?

Faço careta. ——— Não gostei não.

——— Lili? ——— ela pergunta com a sobrancelha erguida.

——— Não.

——— Escolha você então. ——— Bárbara cruza os braços.

——— Então tá...——— observo a cachorrinha. ——— Bom, ela tem cara de Maya.

——— Maya...——— ela repete o nome e depois sorri. ——— Gostei de Maya, vai ser esse.

Sorrio e vou até a cozinha, abrindo a geladeira e pegando uma cerveja. Abri a latinha e bebi um gole, soltando um gemido de satisfação pois estava geladinha.

——— Victor. ——— Bárbara me chama com um tom não muito bom.

Retorno para a sala. ——— Que?

——— A gente pode conversar? ——— ela pergunta. ——— Sem brigar...não quero estragar o dia porque está sendo perfeito.

——— Então vamos conversar depois, nós sempre brigamos quando vamos conversar.

——— E isso não é certo. Deveríamos tentar ter uma conversa madura, somos dois adultos!

——— Então tá...como você quiser. ——— me sento ao seu lado e ela cruza as pernas em cima do sofá, molhando os lábios e desviando o olhar.

——— Ainda considera a gente um lance?

——— Por que tá vindo com essa pergunta do nada? ——— pergunto confuso.

——— Eu...——— ela engole em seco. ——— Eu ouvi um pouco da sua conversa com a atendente.

Suspiro.

Merda!

——— Por que estava ouvido nossa conversa escondida?

——— Não foi por querer, eu estava na prateleira de trás e ouvi. Mas não foi tudo, só ouvi a parte que ela falou sobre mim, quando você respondeu que era só um lance e o final...quando disse que aparecia por lá quando retornasse pra New York.

——— Que droga. ——— deixo a cerveja em cima da mesinha de centro e coloco o rosto em minhas mãos. ——— Não era pra você ter ouvido aquilo.

——— É...eu sei.

——— Olha, não é o que você está pensando, não vou lá quando voltar pra New York. É só que...

——— Tem vergonha de dizer que estamos juntos! Tem vergonha de mim...——— ela fala e eu volto a olhá-la. Seus olhos estavam cheios d'água.

——— Não. Eu não tenho.

——— Então por que disse aquelas coisas?

——— Por sou um idiota! ——— falo e me levanto, começando a andar de um lado para o outro. ——— Não quero que as pessoas vejam que sou um fraco, não quero que vejam que sou capaz de ter sentimentos profundos por alguém e que de repente mudei.

——— É fraco por estar comigo? ——— ela se levanta também. ——— Nossa...Então quer dizer que só homens fracos são capazes de ficar comigo? Não sou boa o suficiente então?

——— Você sempre distorce tudo que eu falo, impressionante! ——— dou uma risada sem humor nenhum.

——— Então por que é fraco por estar comigo? ——— ela se aproxima.

——— O amor me deixa fraco! ——— falo e me aproximo dela, parando em sua frente. ——— O amor é uma fraqueza e eu não quero que saibam que pode usar você para me atingir. Eu não quero que ninguém saiba que você conseguiu quebrar as barreiras e se aproximar de mim! Não é vergonha, não diga o que você não sabe.

——— Não pode mentir sobre a gente pra sempre, eu não aceito. Se queria que as coisas fossem assim, a última coisa que deveria ter feito era colocar essas alianças nos nossos dedos!

——— Eu sei...——— cochicho.

——— Mas não pensou nisso, não é? Só queria mostrar que eu era sua pra ninguém chegar perto. Não teve sentimentos nem nada do tipo.

——— Você não escutou literalmente nada do que eu falei? ——— perguntei. ——— Sim, uma das razões pode ser para as pessoas que você está livre, mas também te dei porque eu gosto de você.

——— "Gosto"! Esse "gosto" me irrita muito e não é o suficiente pra mim. ——— ela se vira de costas prestes a se afastar mas agarro seu braço, impedindo ela.

——— O que você quer me ouvir falar? "Eu te amo"? ——— puxo mais seu braço, a aproximando mais de mim. Ela confirma com a cabeça e tenta soltar o seu braço. ——— Eu te amo!

——— Nesse momento, com você apertando o meu braço e me machucando não me deixa contente. ——— ela fala entre soluços, já que havia desistido de segurar suas lágrimas a um tempo.

——— Que se foda então. ——— solto ela com um arranco que a faz cambalear para trás.

Ela passa mão pelo braço avermelhado e foi como se eu saísse de um transe. Abro a boca e tento dizer algo mas nada sai.

Tento me aproximar mas ela da alguns passos para trás.

——— Eu vou trocar de roupa pra poder dormir. ——— ela diz e vai pro andar de cima rapidamente.

Me jogo no sofá e passo mão pelo rosto e bufo.

Consegui estragar o dia dela!

Daqui pra frente...prefiro nem dizer.

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