Ron Weasley
A aula de poções do Snape finalmente havia acabado, aparentemente o tempo ficava mais devagar quando eu mais desejava que as coisas fossem mais rápido, hoje era um dia diferente, eu estava agitada e inquieta, era péssimo não poder ficar enchendo o saco de todo mundo no meio da aula, principalmente quando a aula era do Snape, desculpa mas...não, prezo pela a minha vida e pela a minha fama de queridinha dos professores.
— Eu posso pedir pro Neville tirar um tempinho pra fazer um chá pra você, ele que entende desses negócios de planta. – Ron pronunciava enquanto andava ao meu lado. – Chá tem planta, né? De qualquer forma, você tem que se acalmar, o dia vai ser longo, você não consegue ficar quieta por muito tempo em um dia como esses.
— Está dizendo que eu não tenho autocontrole? – Perguntei em um tom de indignação, rolando os olhos.
— Bom, da última vez que você acordou agitada e teve que ficar um longo período de tempo quieta, na sua primeira oportunidade de fazer o que quiser você causou uma guerra de comida na hora do almoço, então sim, eu estou dizendo que você não tem autocontrole. – O ruivo segurou o meu ombro, me fazendo parar com os meus passos apressados. – Você é um perigo para Hogwarts quando está inquieta, s/n, se não tivesse amigos para te estabilizar com certeza você colocaria fogo no castelo inteiro.
— Tenho aula de DCAT daqui a 20 minutos, Weasley.
— Então eu vou defender eles de você, com certeza irão me agradecer depois. – Agora ele tinha o braço em volta de meu ombro, me guiando para o caminho contrário do qual eu seguia.
Um suspiro pesado saiu de meus lábios, por mais que seja difícil admitir, Ron estava certo, então apenas o deixei me levar para qualquer lugar desse castelo enorme, de qualquer forma, ir para mais uma aula era a última coisa que eu desejava naquele momento, eu não prestava atenção direito e esforços eram inúteis, em alguma hora eu sempre me pegava perdida em meus próprios pensamentos. Virei levemente a minha cabeça para encarar Ron, o mesmo tinha um pequeno sorriso no rosto enquanto andava ao meu lado para o jardim, era lindo, Ron Weasley era lindo, os cabelos ruivos mexiam levemente contra o vento e as pequenas sardas em seu rosto pareciam mais claras, era impressionante a forma que a beleza do ruivo me cativava ao ponto de me fazer esquecer de respirar.
— Agora você está quieta. – Me perdi em meus pensamentos, de novo. – Tem a oportunidade de liberar esse monstro de agitação que habita dentro de você e agora está quieta?
O mesmo cutucou a minha cintura, me fazendo rir baixinho enquanto me afastava levemente dele, um suspiro pesado saiu de meus lábios, de alguma forma o Weasley conseguiu me acalmar e aparentemente nem o próprio sabia disso, talvez notar os mais belos e bem desenhados traços do ruivo fosse uma certa "terapia". Logo me sentei no gramado esverdiado, apoiando os meus braços para trás das minhas costas enquanto fechava os olhos, apenas sentia o vento bater sem muita força contra o meu rosto, meus pulmões se encheram de ar e logo se esvaziaram assim que eu respirei fundo, agora meus sentimentos não pareciam mais estar embolados, era uma sensação divina estar finalmente com a cabeça no lugar depois de tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, mas não demorei para abrir os meus olhos novamente ao ter aquela famosa sensação de ter alguém me observando, Ron estava sentado ao meu lado e seus olhos estavam vidrados em mim, sua expressão estava uma mistura de confusão com...admiração? Talvez eu não seja tão boa em ler as expressões alheias.
— Acalmou a fera? – Ron perguntou, eu apenas afirmei após rir soprado. – É estranho, sabia?
— O que é estranho, Weasley? – Tombei a minha cabeça levemente para o lado, franzindo o cenho.
— Sua expressão tanto facial quanto corporal é calma, parece que finalmente relaxou, mas é estranho não te ouvir tagarelando, parece que está apenas disfarçando pra me atacar no momento certo. – O mesmo imitou uma garra com as mãos, me arrancando mais uma risada breve, ele sabia que estava sendo extremamente encantador? Era proposital? – Fala algo, s/n! Libere a sua voz!
O garoto me balançou pelos ombros, resmungando enquanto sorria largo. – Você é lindo. – Eu falei, simplista, mas foi o suficiente para Ron parar e o sorriso em seus lábios se desmanchar, ver o sorriso dele se desfazer tão rapidamente foi estranho, então logo entrei na defensiva. – Nunca recebeu um elogio, idiota?
Banalizei a sua reação, o empurrando na grama e fazendo o mesmo se deitar, agora ele tinha um perfeito formato de "o" na boca como indignação, revidando o empurrão e ficando por cima de mim, era normal esse tipo de brincadeira entre nós, somos amigos desde a infância, inseparáveis antes mesmo de entrarmos em Hogwarts, mas eu nunca me senti tão acolhida ao lado do ruivo quanto eu estou me sentindo nesse momento, era definitivamente incrível, isso era algo inegável, mas ao mesmo tempo estranho. Sinceramente? Tenho medo de coisas novas e estranhas ao mesmo tempo.
— Seus elogios sempre foram algo do tipo "tá bonitão em, quase confundi com o perebas". – O outro dizia enquanto permanecia encima de mim.
Eu me permiti rir baixinho, era verdade, pra mim era pecado perder uma oportunidade de zoar o Ron.
Mas ele permaneceu sério.
E foi quando eu também retirei o sorriso dos meus lábios.
Não sabia onde exatamente o ruivo queria chegar, mas resolvi permanecer quieta, de qualquer forma, sua voz também era uma das coisas que eu admirava bastante, e queria a ouvir naquele momento.
— Você realmente me elogiou agora. – Eu engoli seco. – Quero dizer, você não falou "lindo como um dragão" ou algo do tipo.
— Prefere que eu diga?
— De jeito nenhum. – Ele sorriu, finalmente, aquela seriedade tava me dando calafrios.
— É tão importante assim pra você, Ronald? – Perguntei enquanto apoiava o meu corpo em meus cotovelos, fazendo nossos rostos ficarem próximos, dessa vez era eu quem estava séria.
— Não está visível, s/n?
— O que deveria estar visível?
— Que eu quero te beijar.
E o famoso silêncio prevaleceu, chegava a ser ensurdecedor, nenhum de nós dois ousou em desviar o contato visual, era possível sentir a respiração quente um do outro começando a ficar ofegante por conta da aproximação de ambos rostos, eu estava paralisada, em choque, Ron não parecia estar muito diferente de mim, apenas deixava transparecer que a sua frase foi completamente impulsiva.
— Erh, s/n, m-me desculpa, acho que eu não deve- – O garoto tentava se explicar enquanto se ajeitava para se levantar, mas logo foi interrompido quando eu segurei o seu pulso com firmeza.
Antes que o mesmo pudesse falar qualquer coisa, não hesitei em inclinar um pouco mais o meu corpo para assim juntar os nossos lábios, inicialmente sem movimento algum, tanto eu quanto ele estávamos levemente impressionados com esse toque, mas não demorou para essa pequena tensão passar e nossos corpos finalmente relaxarem, os lábios de Ron se moveram lentamente enquanto o mesmo me deitava por completo na grama, guiei as minhas mãos para o seu rosto enquanto seguia o seu ritmo, uma mão do outro estava apoiada no gramado enquanto a outra acariciava levemente os meus fios de cabelo, naquele momento eu me desliguei de tudo o que estava fora daquele beijo e o que não era relacionado ao Ron, assim como as suas bochechas, seus lábios eram tão macios quanto, a expressão "borboletas no estômago" era pequena em comparação ao que eu tava sentindo naquele momento, tava tendo uma festa de aves no meu estômago, pombas, gaviões, pássaros, o que você puder imaginar. Ficamos dessa forma por um tempo até o outro encerrar o ósculo com selinhos, passei a língua entre os meus lábios enquanto olhava atentamente para os seus olhos, não sabia exatamente o que falar e com certeza Ron também não, mas ele logo soltou uma risada fraca, e aquilo foi o suficiente para eu entender o que passava em sua mente.
— Deveríamos fazer isso mais vezes. – Ele dizia enquanto se levantava, erguendo a sua mão para me ajudar a me levantar também.
— O poder de um elogio. – Zombei, batendo levemente no ombro do outro assim que me levantei.
— Gosta de ser a favorita dos professores, s/s?
— Provavelmente, porque?
— Está 5 minutos atrasada.
— Puta merda.
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