Cassie Herr

OLHAVA FIXAMENTE PARA O TETO, estava deitada na minha cama, não tinha dormido e já estava amanhecendo.

No momento eu queria chorar mas, porque eu queria chorar? Tristan morreu em meus braços, pessoas da comunidade morreram a sangue frio, Lana morreu em minha frente, tem um grupo querendo destruir nossa comunidade e agora eu estou sendo encarregada de comandar esse lugar. Parece que tudo dá errado sempre, nos tínhamos tudo um dos outros e agora, não temos nada.

Sentia saudade de quando Lana mexia nos meus cabelos, quando ela me chamava para almoçar na casa dela, quando ela falava coisas carinhosas e me elogiava, qua do ela me dava beijo na bochecha ou até quando ela fazia piadas para eu rir quando percebia que eu estava triste.

Eu também sentia saudade de Tristan, do seu jeito carinhoso de conversar, do seu sorriso que fazia com que seus olhos fechassem, do seu profissionalismos e da sua capacidade de suportar as pressões e os ataques que sofria todos os dias. Tinham moradores aqui que eram ingratos, mas Tristan nunca deixou de ser atencioso e gentil. Esse era ele, esse era o Tristan Pravong.

Levantei e coloquei um casaco, uma calça jeans preta, e sai, fui para uma parte mais afastada da rua, era onde ficavam os memoriais e os túmulos, estavam fazendo o "sepultamento" de Tristan.

Cheguei ao lado de Mason e ele me olhou, acho que ele tem medo de mim, quando eu cortei a garganta daquele homem, o olhar de Mason, aquele olhar transmitia medo .

Olhei para a frente, enterraram Tristan e falaram coisas bonitas sobre ele. Todos saíram mas eu fiquei, me aproximei do túmulo que agora se encontrava ao lado do túmulo do seu pai, peguei a pistola na qual ele sempre usava e deixei ali.

- sei que, você confiou em mim, sei que achou que sou corajosa e inteligente, mas Tristan, eu não sou. Eu sinto muito muito, eu sinto tanto por você mas eu vou poder continuar o legado do seu pai, Tristan, eu ainda estou com medo e eu não sei oque fazer. Eu estou perdida tentando procurar uma saída, uma luz mas parece que sempre da errado, as portas sempre se fecham e as minhas oportunidades somem, eu não me dou bem com críticas e pressão, não como você dava, eu sou explosiva, eu gosto de matar, e eu realmente nãos sei oque tem de errado comigo, as pessoas me olham com medo, eu nem me reconheço mais, eu chorava todos os dias, lembrava e sofria com a morte do meu irmão, e agora que ele apareceu vivo, não parece ele eu não reconheço mais o Harry. Não é o meu Harry. Eu nem sei se eu sou mesmo a Cassie. Eu não sei mais de nada, muito menos do porque eu estou desabafando com um túmulo.— olhei para baixo.

Levantei e voltei para minha casa, olhei cada cômodo dali mas não me encontrava, eu procurava com esperança de encontrar meu corpo ali na cama dormindo e aquilo que eu estava sentindo fosse só um sonho, mas não era.

Obviamente eu não estava daquele jeito só por causa da morte de Tristan mas o problema e que eu não sei o porque realmente eu estava assim, era um vazio tão grande que eu tinha vontade gritar, de sair correndo, matar todos os zumbis que eu conseguisse. Ou apenas era vontade de morrer.

Fui até a cozinha e procurei algo para me distrair, vi os talheres e meus olhos ficaram em uma faca que estava ali, desviei meu olhar rapidamente.

Subi as escadas e fui até meu quarto, abri as gavetas e vi uma caixa de lâminas, meus olhos novamente ficaram ali, mas dessa vez eu peguei.

Eu só queria sentir uma dor grande o suficiente para para que a dor e cansaço mental que eu estava sentindo sumisse. Eu queria ter algo que justificasse aquela dor para mim mesma porque para mim não fazia sentido eu estar daquele jeito por nada.

Passei uma vez e ardeu mas foi bom.
Antes de passar outra vez ouvi o sino do almoço tocar, ouvi passos e guardei rapidamente a caixa logo depois descendo a manga do meu casaco.

- vamos Cass, o almoço já tá pronto.— Harry avisa e sai.

Segui ele para o lado de fora e fui em direção ao local do almoço. Enquanto pegava minha comida percebi uns olhares de outras pessoas que estavam ali.

Me sentei na cadeira e comecei a comer, as pessoas continuavam me olhando, e começaram a cochichar.

- é sério que essa vai ser a nova líder?— ouvi um homem dizer.

- pelo oque Tristan pediu, é ela mesmo.— uma mulher disse.

- ela tem cara de criança, não deve nem saber mandar em alguém.— em outra mesa um homem falou.

- ela nem deve fazer as próprias obrigações como vai mandar alguém fazer algo?— um homem falou.

Me levantei e sai de lá indo em direção a minha casa. Fechei a porta e fiquei aí sentada no chão.

Vish

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