𝗗𝗘𝗭𝗘𝗦𝗦𝗘𝗧𝗘🐄
Liam Dunbar🌸
— Eu quero ocês fora daqui agora! Eu não admito isso dentro da minha casa. — Joseph gritava enquanto eu e Theo terminavamos de nos vestir.
— Senhor, em nenhum momento a gente quis te desrespeitar, a gente só tava…
Joseph interrompeu Theo.
— Eu sei muito bem o que ocês tava fazendo, eu sabia que esse menino ia dar uma má influência pro cês…
Joseph disse e eu realmente precisei me conter para não voar no pescoço desse velho nojento.
— Theo, vamos entrar — eu segurei na mão de Theo e o fiz andar comigo até a casa.
— Não dêem as costas pra mim, ocês não vão entrar na minha casa, eu não quero esse tipo de gente dentro da minha casa! — o velho disse.
— Você deveria ter vergonha de ser um velho tão escroto — eu soltei a mão de Theo e fui em direção ao Joseph enquanto apontava meu dedo para ele — Tem noção do quão problemático você é? Por que você tem tanto preconceito, hein? Eu tenho certeza que você só tem medo de assumir que também gosta de uma pica e por isso fica impedindo as outras pessoas de se amarem, por isso tem tanto medo de ver dois homens que se amam juntos. Admite, Joseph, admite que no fundo tudo isso é inveja.
— Seu viadinho de merda… — Joseph levantou a mão para me bater, mas Theo foi mais rápido e o empurrou para longe de mim.
— Eu não vou deixar o senhor encostar no Liam, muito menos ofender ele.
— Eu poderia esperar isso de qualquer um, menos do cê, Theo — Joseph dizia — Ocê não enxerga que esse menino fez ocê virar isso? O que seus pais iam pensar do cê? Saber que o filho deles virou… isso.
— Seu velho escroto do caralho! — eu gritei enquanto Theo me segurava porque se ele não estivesse fazendo isso eu já teria matado esse homofobico.
— O Liam não me fez virar nada, o Liam apenas me ajudou a enxergar quem eu sempre fui mas tinha tanto medo em admitir pra mim mesmo. E eu tenho certeza que aonde é que meus pais estejam, eles estão muito felizes por mim agora, estão muito felizes por eu ter encontrado alguém como o Liam, que me faz tão feliz — eu vi os olhinhos de Theo marejados.
— Olha pra isso… ainda tem coragem de admitir — Joseph dizia com desgosto.
— O que tá acontecendo aqui? — meu pai veio correndo até nós.
Eu vi meus primos vindo até nós também.
— Conta pra ele, Liam, conta o que ocês dois tava fazendo — Joseph disse.
— Nós não estávamos fazendo nada de errado, mas o Joseph é preconceituoso demais para entender isso. Me fala, pai, me fala o que tem de errado em entrar no lago junto com o meu namorado, porque eu não consigo entender o que há de errado em amar alguém — a raiva que eu sentia era tão grande, tão grande que as lágrimas vieram sem que eu menos quisesse.
— Tá tudo bem… — Theo sussurrou enquanto me abraçava.
— Não tá tudo bem, Theo, enquanto esse preconceito não acabar, não vai estar tudo bem — eu digo, sentindo o carinho de Theo em meu cabelo.
— Pai, o que ocê fez…? — Kira perguntou com um semblante de decepção, eu nunca havia visto ela com essa carinha, a Kira sempre foi tão alegre.
— Não me olhem como se eu fosse um monstro, as únicas aberrações aqui são eles — Joseph apontou para nós dois.
— Filho da puta — eu levei um susto quando de repente o meu pai deu um soco na cara de Joseph.
Em questão de segundos os dois estavam no chão brigando, enquanto Isaac e Theo tentavam separar a briga.
— Você não vai falar assim com o meu filho, caralho! Você não tem a porra do direito de falar isso, a única aberração aqui é você, seu fodido — o meu pai gritava enquanto acertava socos na cara de Joseph.
— Minha nossa senhora, tio, não mata o meu pai — Kira dizia enquanto chorava.
— Kira, vamos entrar — Malia abraçou ela, enquanto Theo e Isaac conseguiram tirar meu pai de cima de Joseph.
— Me surpreende isso não ter acontecido antes… — Nolan disse, olhando com desgosto para o seu pai que se levantava com dificuldade.
— O senhor tá bem? — Isaac perguntou.
— Saiam da minha fazenda! Eu não quero ver nenhum dos três na minha frente, ocê tá demitido, pra mim todos ocês morreu!
— Joseph disse e saiu andando com dificuldade para longe de nós.
— Desculpa… — Isaac disse olhando para mim, antes de ir atrás de seu pai.
— Eu não tenho pra onde ir — Theo disse.
— Não se preocupa com isso, filho — meu pai disse a ele, tocando seu ombro.
— Vamos fazer nossas malas, eu não fico aqui nem mais um segundo! — digo.
[...]
Ajudei Theo a fazer sua mala, não tinha muitas coisas no quarto dele, mas pegamos tudo o que pertencia a Theo. Ele se manteve em silêncio o tempo todo, eu podia ver em seu rostinho que ele não estava bem.
Eu mato aquele velho, olha como ele deixou meu Theozinho.
Nós fomos para o meu quarto e Theo me ajudou a arrumar as minhas coisas também. Não vimos Joseph em lugar nenhum, espero que tenha morrido.
— Terminei essa mala — Theo disse, colocando uma das minhas malas no canto do quarto.
Ele suspirou e se sentou na cama.
— Você tá bem? — assim que perguntei a ele, vi seus olhos se encherem de lágrima e ele levou suas mãos até seu rosto — Ah, meu amor, tudo bem — eu me sentei ao seu lado rapidamente — Você pode chorar, coloca pra fora — eu segurei sua mão e ele me abraçou.
— Eu considerava ele um pai, Liam — ele disse com a voz embargada — Eu sei que ele é uma pessoa ruim e eu não deveria ter esse afeto, mas foi ele que me criou, e antes de você chegar era só isso que eu tinha.
— Não se culpa por isso, o Joseph é um babaca? Sim, mas eu consigo te entender, amor, ele era a sua única figura paterna, por mais que ele não te tratasse de uma forma justa, ele ainda era a única pessoa ali com você… — digo, enquanto Theo desfaz o abraço cuidadosamente.
— Agora ele me expulsou da fazenda, me demitiu e eu não tenho pra onde ir — Theo estava prestes a chorar de novo.
— O Joseph é um idiota, vamos fingir que ele não existe, ok? Como se fosse um surto coletivo — eu disse e ele riu. Isso meu amor, eu quero você sorrindo, não chore por causa desse velho — Você tem pra onde ir, eu e o papai já conversamos sobre isso — digo enquanto enxugo as duas lágrimas.
— Como assim, amor?
Ouço alguém bater na porta do quarto e eu já sei que é o papai, então digo para entrar.
— Eu posso conversar com vocês? — meu pai perguntou.
— Claro, pai — digo.
Papai colocou uma cadeira em nossa frente e se sentou.
— Eu sinto muito por tudo que aconteceu, eu perdi a cabeça por causa do Joseph e não queria piorar ainda mais as coisas.
— Não é culpa sua — Theo diz.
— Não mesmo, ele merecia mais — eu murmurei — A Kira está bem?
— A Malia está com ela, ela ficou assustada mas está bem agora — ele diz.
— Eu vou falar com ela depois — digo.
— Eu vim aqui para fazer um convite ao Theo — o papai disse.
— Pra mim?
— Você mesmo, Cowboy — digo.
— Eu e o Liam estávamos conversando sobre isso e queremos fazer uma proposta para você — disse o papai.
— Sim, senhor — Theo diz, se ajeitando na cama.
— Nós queremos saber se você quer ir morar na cidade. Nossa casa é grande e nós ficaremos muito felizes em ter você morando com a gente se você também quiser. O Liam me disse que você gosta de animais e eu já vi que você cuida muito bem dos animais daqui da roça, então você poderia ter um emprego temporário na clínica veterinária de um amigo meu, o Deaton. Depois você poderia tentar até uma faculdade se você quiser, nós te ajudamos no que você precisar.
Eu vi um sorriso crescer nos lábios de Theo e meu coração já quase se desmontou ali mesmo.
— O senhor tá falando sério? Vocês me levariam pra cidade também? — ele perguntou sorridente.
— É claro, meu amor, eu sei o quanto você quer ir pra cidade e bom, agora seria o momento propício pra isso… mas apenas se você ainda quiser, não se sinta pressionado — eu disse.
— Eu amo a roça, mas esse é o meu sonho, viver na cidade grande, ter uma faculdade, trabalhar com os bicho… eu aceito, aceito ir pra cidade com vocês — ele disse com um sorriso tão lindo.
Eu só quero abraçar ele e não soltar nunca mais.
— Então nesse caso, terminem aqui que esperarei vocês no carro — papai se levantou.
— Muito obrigado pela oportunidade, Robert — Theo se levantou e ele e meu pai apertaram as mãos.
— Não precisa agradecer, meu filho, agora você faz parte da família e aqui um sempre ajuda o outro — ele diz.
Papai logo sai do quarto e eu olho para Theo animado.
— Nós vamos morar juntinhos! — digo dando pequenos pulinhos de alegria.
— Obrigado — Theo chega mais pertinho e me abraça — Eu te amo tanto — ele sussurrou, me fazendo sorrir.
— Eu te amo muito — eu sussurrei de volta.
[...]
Quando terminamos de arrumar as nossas coisas, levamos tudo para o carro do meu pai, chegou a hora de partir, mas antes eu preciso me despedir dos meus primos.
— Aonde pensa que vai sem se despedir de mim, hein? — eu estava lá fora, olhei para trás e vi Nolan.
— Eu nunca iria embora sem me despedir — eu fui até ele e o abracei.
Droga, eu estou chorando de novo.
— Obrigado por esses meses incríveis, obrigado por essa amizade que construímos, pode ter certeza que eu nunca vou me esquecer dos momentos especiais que passamos juntos, você é uma pessoa maravilhosa, primo — Nolan disse durante o abraço.
— Obrigado por tudo, primo, eu amei cada momento nosso e eu vou morrer de saudade, por favor vai me visitar na cidade.
— Eu com certeza irei — desfizemos o abraço e nós dois rimos ao vermos um ao outro enxugando as lágrimas.
— Liam… — Kira apareceu na porta da casa com uma carinha de choro.
Ela veio correndo até mim e me abraçou.
— Com quem eu vou conversar sobre meninos agora? A gente não vai mais poder tirar foto no seu telefone, não vamo mais passar na roça, fazer maquiagem junto… não vai embora Liam, eu posso conversar com o pai, ele vai pedir desculpa procês e vai deixar ocês ficar de novo — ela disse esperançosa.
— Eu tenho que ir, Kira, eu queria muito que as coisas fossem diferentes, mas nem tudo é como a gente quer… eu prometo que eu volto para irmos comer cachorro quente juntos na praça — eu disse e ela sorriu.
— Eu nunca tive um melhor amigo, mas ocê foi o meu, eu gosto muito do cê, Liam.
— Você também é a minha melhor amiga, meu bem — eu sorrio enquanto coloco o cabelo dela atrás de sua orelha — Eu vou esperar você lá na cidade, ainda temos que fazer compras juntos.
— Eu prometo que vou conseguir ir, nois vai comprar muita coisa e depois fazer uma festa do pijama — ela disse animada.
— Com muitos doces.
— Eu também quero ser convidado pra essa festa — Theo que estava por perto, disse.
— Theo, ocê também promete que não vai esquecer de nois tudo? — Kira foi até ele e começou a chorar de novo.
Enquanto ela e Nolan se despediam de Theo, Malia veio até mim.
— Vai pela sombra, mauricinho — ela me provocou.
— Eu quero um abraço — digo abrindo meus braços.
— Saiba que é o primeiro e único — ela disse enquanto me abraçava e eu ri — Desculpa pelo meu pai, ninguém merece ouvir aquelas coisas horríveis que ele disse.
— Não é culpa sua.
— Mas se ele não é homem o suficiente nem pra pedir desculpas, eu faço isso por ele, mesmo que isso não mude porra nenhuma — ela disse.
— Mesmo sem merecer, ele tem filhos incríveis… eu vou sentir sua falta, Malia — digo.
— Não por muito tempo… — ela olhou em volta e disse um pouco mais baixo — Eu e a Allison vamos nos mudar pra cidade, temos dinheiro guardado e pretendemos ir no fim do ano.
— Ai meu Deus, isso é sério? — digo empolgado — Malia, isso é incrível, eu sou muito a favor de vocês serem independentes e não precisarem mais aturar o preconceito dentro da própria casa.
— O preconceito existe em todo lugar, infelizmente.
— Isso é verdade amiga, é uó!
— Volta pra visitar nois, faz o favor de não esquecer de nois tudo — eu ouvi alguém dizendo para Theo e quando olhei para o lado vi Isaac se despedindo de Theo.
— Jamais vou esquecer de vocês, nunca! — Theo disse.
— Antes que ocês fosse, eu quero me desculpar por alguma coisa que eu possa ter feito ou dito que ofendeu ocês de alguma forma, agora eu entendo que nossas palavra pode machucar o próximo, então eu peço desculpas — Isaac disse.
— Desculpas aceitas — eu digo — você é uma boa pessoa, Isaac, mão deixa nenhuma má influência mudar você por completo.
— Vou sentir saudades — Theo disse a ele e o loiro o abraçou.
— Eu também vou, irmão.
Depois de uma longa despedida envolvendo papai também, nós entramos no carro, papai no banco do motorista, Theo ao seu lado e eu atrás. E assim seguimos juntos para a cidade.
— Nós podemos parar pra comer? — eu perguntei.
— Liam, fazem exatamente dez minutos que saímos, não chegamos nem na estrada de asfalto — papai disse.
— Mas eu tô com fome.
— Por que não disse antes de sairmos?
— Porque eu estou com fome agora, paizinho.
— Vai se acostumando, Theo, porque esse aí é difícil demais — meu pai disse ao Theo.
— Eu sei bem — Theo falou.
— Mas vocês me amam, por isso me aturam — digo.
— Você se aproveita disso — Theo disse e papai riu.
— Eu nunca faria isso — eu digo — Mas como vocês me amam tanto, vocês bem que poderiam parar numa lanchonete, numa barraquinha, tipo, qualquer coisa, sabe? Qualquer coisa mesmo — eu comentei.
— Prometo que assim que passarmos por algum lugar que tenha comida eu paro — papai falou — mas enquanto isso, vamos ouvir uma musiquinha.
Papai ligou o rádio em uma daquelas músicas horríveis dele.
— Essa é boa — Theo disse.
— Tá vendo? Meu genro tem bom gosto igual o sogro — papai disse animado.
— Ninguém merece — eu murmurei.
A partir de agora uma nova fase se inicia em nossas vidas, deixamos para trás o que era necessário e iremos construir uma nova jornada, dessa vez como uma verdadeira família.
Mas essa viagem vai ser longa, ainda mais com o papai e o Theo cantando evidências.
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