𝐌𝐘 𝐓𝐄𝐀𝐑𝐒 𝐑𝐈𝐂𝐎𝐂𝐇𝐄𝐓 🌾
🥂 Capítulo Cinco;
"Não era meu estilo ir embora graciosamente
Você é o herói que voa por aí mantendo as aparências"
Agustine e Betty, depois daquele verão.
Augustine estava bebendo outra xícara de café, ela sentiu o aroma fresco que saiu de sua cerâmica enquanto o garçom se aproximava deixando em sua mesa um segundo depois, um delicioso prato com waffles, ovos mexidos e bacon, ela agradeceu a ele, o homem sorriu desejando-lhe um bom dia e então se afastou.
A garota gostaria que James não estivesse em seu pensamento o tempo todo, e ficava feliz em saber que pouco a pouco ele desaparecia e daqui algum tempo já não haveria mais nenhum rastro dele em sua mente. Enquanto pensava sobre isso percebeu que mesmo quando pensava em esquecer do garoto, ainda assim estava pensando nele.
Desistiu de seus pensamentos e se voltou para a vidraçaria e através dela viu a quantidade de carros que passava na rua aquela manhã, não era normal mas também havia uma explicação bem óbvia para aquela questão, um novo shopping havia inaugurado e as pessoas estavam curiosas e animados para visitar.
— Bem, deve ser difícil ser a outra — Um garoto riu junto de duas garotas, o grupo já estava ali a algum tempo rindo dela.
— Acho mesmo é que James se livrou das duas — Outra garota comentou. — Viu como Betty está agindo? Talvez esteja maluca como a mãe.
— Melhor do que ficar chorando por aí como Agustine vem fazendo. — A última sussurrou, mas não baixo o suficiente para que Augustine não pudesse ouvir.
Augustine cansou-se de ignorar, mas sabia que era melhor não dizer nada, então saiu o mais rápido que pode, ao olhar para a estrada viu Jason, o irmão mais novo de James, quando o garoto a viu tentou correr até ela, a animação e surpresa de encontra-lá foram maiores que a atenção que ele deveria ter tido e então ele andou até a estrada sem prestar atenção no carro que vinha acelerado em sua direção.
E então tudo aconteceu muito rápido, em um minuto Augustine gritava para que o garoto permanecesse na calçada, mesmo que ele já estivesse no meio da rua, e no outro tudo estava escuro.
— Augustine! Augustine fique acordada! — Ela ouviu uma voz conhecida, a voz era doce mesmo com aquele timbre desesperado.
Augustine de relance em meio a vultos escuros e imagens borradas, viu um cabelo loiro quase em tom dourado, e então não sentiu ou viu mais nada.
₍🌿 𓏲࣪⋆ ꒰
Betty entrou novamente no hospital, já estava lá a mais de três horas, saiu para tomar um ar e dessa vez quando voltou encontrou na sala de espera James Collins, o garoto levantou no momento em que percebeu a presença da garota ali. Betty hesitou, mas levou um susto tão grande naquela tarde que agora tudo que queria era alguém conhecido por perto, e não havia ninguém que ela conhecia ou que a conhecia melhor do que James.
Não sabia se este fora exatamente o motivo pelo qual ela se aproximou e o abraçou logo em seguida. Mas quis acreditar que era pois não era sempre que gostava de admitir que sentia saudades do abraço, das conversas e risadas, e dos beijos... não gostava de admitir saudade dele.
— Você está bem? — Ele perguntou e então Betty pareceu lembrar de que eles já não estavam mais juntos e de tudo que estava acontecendo.
— Como está o Jason? — Betty perguntou se afastando rapidamente, de imediato sentindo vontade de se aproximar de novo, mas sabia que não era o certo para ela, ou para qualquer um dos três. — Ele está machucado?
— Ele está fazendo exames para ter certeza de que está tudo bem, mas o médico disse que não temos que nos preocupar, ele só está assustado, o carro nem sequer esbarrou nele graças a... — Ele parou como se estivesse a ponto de falar algo de extrema estupidez, de início Betty não entendeu mas quando o fez ela sorriu de lado, não porque era engraçado e sim porque chegava a ser irônico.
— Você pode falar o nome dela, James, fazer isso não vai me fazer te odiar mais. — Ela falou e James pareceu atento a parte de "odiar mais". Na verdade, ela não o odiava, mas gostava que ele pensasse que sim, talvez fosse idiotice mas era algo que a fazia se sentir menos idiota. — Augustine salvou o seu irmão, você deveria ir visitá-la.
— Não acho que ela queira me ver agora. — Ele respondeu, Betty analisou o garoto, parecia mais alto, os cabelos precisavam de um bom corte e os olhos estavam vermelhos e inchados, ele devia ter ficado mesmo preocupado com o irmão, Betty sabia melhor do que ninguém a conexão que os dois tinham.
Ela gostaria de dizer alguma coisa, mas não sabia o que, na verdade tinha até medo de falar quando estava perto dele. James sempre parecia deixar a cabeça dela uma bagunça e as palavras sempre escapavam de sua boca quando ele estava ao seu lado. Então Betty apenas segurou a mão dele, e eles voltaram a sentar, James escondeu o rosto entre o cabelo dourado quando a abraçou novamente e então a garota ouviu ele chorando baixinho.
Ela não disse nada e ele também não pois sabia que não seria justo com ela começar a pedir perdão naquele momento, e por enquanto só estarem ali sendo James e Betty novamente bastava para os dois.
— Alguém aqui é da família de Augustine Williams? — O medico apareceu no corredor e Betty se pôs de pé rapidamente enquanto James secava suas lágrimas.
— Eu a vim com ela, a mãe dela ainda não conseguiu chegar e... — As palavras pareceram fugir e Betty não sabia mais o que dizer, estava preocupada acima de tudo, com Augustine. — Como ela está?
— Ela vai ficar bem, poderia ter sido bem pior, mas infelizmente os detalhes eu só posso dizer para um responsável dela. — Ele finalizou.
Betty concordou com a cabeça enquanto tentava parar de roer as unhas.
— Eu posso vê-la? Por favor só um minuto — Betty pediu e o médico pareceu analisar, mas vendo que não havia mais ninguém ali para visitar a garota, ele permitiu que Betty fosse até a garota.
Quando entrou viu Augustine acordando lentamente, a morena olhou em volta tentando reconhecer o lugar, estava com o braço esquerdo engessado e haviam arranhões em seu rosto, quando Augustine avistou Betty a garota já estava correndo em sua direção para abraçá-la.
— Céus, Augustine! Fiquei tão preocupada — Ela tentou abraçar a garota sem realmente machucar. — Sua mãe já está chegando, liguei pra ela mas o trânsito de hoje não está cooperando.
Augustine correspondeu o abraço, não que não achasse estranho Betty estar lá por ela, mas achava muito melhor que ela estivesse lá, pois a garota não gostaria de ficar sozinha agora.
— Como você soube? — Augustine perguntou vendo Betty se afastar um pouco mas continuar segurando sua mão.
— Eu estava lá, estava chegando na cafeteria e então vi o Jason e também vi você correndo, foi muito corajoso da sua parte, mas fiquei com muito medo quando você caiu. — Ela falava muito e falava muito rápido, Augustine tinha que se esforçar para acompanhar. — O motorista arcou com as despesas, mas logo depois foi embora, sinto muito, não pude impedi-lo.
— Está tudo bem, Betty — Augustine sorriu embora ainda sentisse alguma dor. — Obrigada por ter ficado aqui.
— Bem, eu não gostaria de ficar sozinha se fosse atropelada — Betty respondeu sorrindo docemente para a garota.
Betty nem sequer por um momento sentiu raiva de Augustine depois de descobrir o que aconteceu, ela sempre soube de quem deveria ser a responsabilidade de um relacionamento, era de James e não de Augustine.
E Augustine temeu por ela, não que tivesse pensado que Betty fosse dar uma surra nela ou algo do tipo, temeu mais porque sabia que a garota era boa e que não merecia algo assim. Mas Augustine não sabia que durante todo o verão, James e Betty ainda estavam juntos, essa não foi nem de perto a versão que ela ouviu.
— Jason está bem? — Augustine perguntou depois de alguns segundos de silêncio em que Betty parecia checar se estava mesmo tudo bem.
— Está sim, James disse que... — Betty engoliu um seco e então continuou porque já não havia jeito de ignorar esta fala. — Ele só está fazendo um check up.
— Que bom — Augustine sorriu e então Betty olhou pelo vidro que permitia que as pessoas vissem os pacientes.
E lá estava James, observando preocupado obviamente querendo saber sobre Augustine.
— Espera só um minuto, eu já volto. — Betty informou se levantando e soltando a mão da garota que assentiu vendo ela correr para fora.
James saiu de perto da janela e se aproximou de Betty no momento em que ela fechou a porta, ele não sabia se deveria perguntar algo ou se deixava ela falar, de qualquer jeito no momento em que abriu a boca Betty desatou a falar.
— Ela foi atropelada.
— Eu sei.
— Para salvar o seu irmão.
— Sou grato por isso.
— Não é o suficiente.
— O que?
— Entra lá e pergunta como ela está, e depois agradece. — Betty disse em tom de ordem, ela falava sério. — Ela quer que faça isso, dá pra ver nos olhos dela.
— Como sabe o que os olhos dela estão tentando dizer? — Ele perguntou.
Porque se parecem com os meus. Ela pensou.
— Não importa. — Ela respondeu. — Entra lá, James, você sabe que deve fazer isso e você também sabe que quer.
James pareceu surpreso com a última parte, não era bem o que ele estava esperando ouvir dela.
— Isso não significa na...
— James, eu não quero saber.
E ele entrou, Betty viu por um segundo algum tipo de reação de Augustine, ela não sabia se era positiva ou não e também não ficou ali para saber, ela saiu para pegar algo para comer e deixou-os lá, seja como for agora James teria que se livrar sozinho, ele teria que lidar com como as lágrimas delas ricocheteavam.
James obedeceu, ele entrou e conversou com Augustine, mas o tempo todo a garota sentia como se ele não estivesse mesmo ali, como se estivesse pensando em outra coisa, e só então percebeu que ele sempre foi assim com ela, seu corpo sempre estava ali mas sua mente nunca com ele.
— Você pode ir se quiser, James. — Ela falou depois de cinco minutos de longo desconforto. — Eu estou bem.
— Eu queria agradecer pelo que fez pelo meu irmão. — Ele falou rodando as chaves do carro entre os dedos — Significa muito pra mi...
— Não foi por você. — Ela respondeu rapidamente. — Você pode ir agora, você já fez o que a Betty mandou você fazer.
Ele a encarou surpreso, a madeira da porta era fina e Augustine conseguiu ouvir Betty insistindo para que James fosse ao menos dizer algumas para lavras gentis para ela, e como o cara que ainda obviamente ama Betty Brooks, ele a obedeceu, não por Augustine e nem por ele mesmo, mas porque ela mandou.
James não sabia mais o que dizer, já havia pedido tantas desculpas para Augustine que já parecia irritante para ela ter que ouvi-lo dizer que sentia muito mais uma vez.
— Até mais, Augustine. — Ele falou saindo devagar.
Augustine virou-se para o outro lado e tentou não chorar, olhou para o céu e mentalmente gritou com ele, porque não entendia como uma pessoa poderia amar e então de um momento para o outro ver esse amor voltando-se contra si.
— Tchau, James.
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