005.
Era uma noite abafada quando a Kombi parou na entrada da casa de John B, o famoso "castelo". A galera desceu, cansada e faminta depois de um longo dia de perseguições e aventuras. JJ foi o primeiro a entrar, sempre impetuoso e com uma fome insaciável.
Ele marchou até a cozinha e começou a vasculhar os armários, tirando um pão claramente mais velho do que deveria ser consumido.
— Cara, esse pão tá mofado tem uns três dias. -Afirmou Pope.
— Relaxa, eu só tiro as partes ruins. É uma parada natural, faz bem pra imunidade. -Respondeu JJ.
— Que nojo, JJ. Você é tipo um experimento ambulante de biotecnologia falida. Parabéns. -Disse Alyssa encostada na bancada, observando com uma sobrancelha arqueada.
JJ encolheu os ombros, ignorando o sarcasmo enquanto continuava a preparar o sanduíche. Ele deu uma mordida confiante, mas sua expressão mudou instantaneamente. Ele correu até a pia, cuspindo tudo enquanto fazia uma careta dramática.
— Genial. Einstein aqui achou que podia vencer a biologia com teimosia. -Alyssa disse enquanto ria.
— Isso foi absolutamente nojento. -Afirmou Maddy enquanto observava com nojo.
Enquanto JJ ainda se recuperava de sua má decisão alimentar, John B já estava focado no envelope misterioso que tinha em mãos. Ele puxou um mapa antigo e o abriu na mesa, o cheiro de papel velho dominando o ar.
John B olhando fixamente para o mapa.
— Puta merda.
— Olha só, o X tá marcando um lugar. -Pope se inclinou sobre a mesa.
— Longitude, latitude... Mas tem algo mais aqui. -Respondeu John B enquanto passava os dedos pelas marcações do mapa.
Ele mexeu no envelope novamente e tirou de dentro um pequeno gravador antigo.
— Que que é isso? -Indagou o loiro.
É um gravador, idiota. -Respondeu Kie enquanto revira os olhos.
— Parece que alguém pulou as aulas de tecnologia básica. -A Cameron sorriu.
JJ fez uma careta para Alyssa, mas a ignorou enquanto John B ligava o gravador. Um som estático ecoou pela sala antes de uma voz rouca começar a falar.
O gravador emitiu um chiado antes de uma voz rouca e familiar começar a falar. Era o pai de John B. A tensão na sala se tornou palpável.
"Querido Bird..."
— Quem é Bird? Alguém adotou um pássaro e não me contou? -Interrompeu JJ de imediato.
— Era assim que meu pai me chamava.
JJ coçou a cabeça, claramente sem jeito, enquanto os outros permaneciam em silêncio, atentos à gravação.
"Odeio dizer que eu te avisei, mas eu te avisei, e você duvidou do seu velho. Eu suspeito que nesse momento você esteja cheio de dúvida e raiva de si mesmo por causa da nossa última briga, mas não se mata ainda, filho. Pelo menos não até encontrar o Merchant."
Os olhos de todos se arregalaram, e eles trocaram olhares tensos.
— O Merchant... -Sussurou Maddy.
A gravação continuou.
"Você tava certo em me dar bronca. Eu não fui exatamente o pai da década. O que eu posso dizer, garoto? Eu tava de olho no prêmio. E espero que a gente esteja ouvindo isso em nossa nova casa na Costa Rica, vivendo de rendimentos passivos e investimento em imóveis. Se não, você deve ter achado isso em uma situação ruim, e é pra isso que o mapa serve. Lá está ele, o Merchant naufragado. Se alguma coisa acontecer comigo, termina o que eu comecei. Ache o ouro, garoto. Eu te amo, Bird. Mesmo que nem sempre tenha parecido. A gente se vê do outro lado."
O gravador fez um clique final e ficou em silêncio.
John B deu um passo para trás, pressionando as costas contra a parede enquanto lágrimas silenciosas deslizavam por seu rosto.
–Com a voz baixa, quase um sussurro, disse JJ. — Cacete... Ele conseguiu. Ele achou.
Ele deu um passo em direção ao amigo, mas parou quando sentiu a mão de Alyssa segurando a sua. Ela balançou a cabeça em silêncio, como se dissesse: "Melhor não falar nada agora."
JJ olhou para ela, surpreso com o gesto genuíno, mas notou que Maddy os observava de longe. Assim que percebeu os olhares entre JJ e Alyssa, Maddy desviou rapidamente o olhar, fingindo interesse em qualquer outra coisa.
Kiara, por sua vez, se aproximou de John B. Sem dizer nada, ela o envolveu em um abraço firme, deixando que ele chorasse no ombro dela.
— Você não está sozinho, John B. Estamos com você. Sempre.
O silêncio tomou conta da sala por um momento, cada um digerindo o peso da gravação e o que aquilo significava.
O grupo estava sentado no cais, o clima era introspectivo, cada um perdido em seus próprios pensamentos, até que JJ, como sempre, decidiu quebrar o silêncio.
— Ei, quanto era mesmo? -Indagou o loiro.
— Quatrocentos milhões. -Respondeu John B.
JJ assobiou baixo, impressionado. Ele se ajeitou no lugar, com um sorriso que só podia significar que ele estava tramando alguma coisa.
— Tá, mas como a gente divide isso? E antes de qualquer um dizer por igual, só quero lembrar que eu sou o único aqui que pode proteger vocês dos bandidos. E, pessoal, proteção custa caro.
Ele apontou para sua arma com uma expressão orgulhosa.
— Você tem exatamente zero treinamento pra isso, JJ. -Respondeu Pope enquanto encarava o loiro.
— Eu vi no YouTube, tá? Já aprendi tudo. Tática, mira, tudo.
— Ah, perfeito. Um diploma da Universidade do YouTube. Agora estamos seguros. -Respondeu Maddy.
Ela apontou para Alyssa, que estava calmamente sentada, mexendo no relógio de pulso futurista que parecia mais uma peça de algum protótipo experimental.
— Calma aí, ela vai ganhar alguma coisa? Porque até ontem eu nem sabia que ela tava nessa.
-Alyssa ergueu olhar, sem se abalar.
—Relaxa. Se eu puder participar dessa aventura que tem cara de encrenca, tá ótimo pra mim. Não preciso de mais nada.
JJ olhou para Alyssa, surpreso com a resposta. Um sorriso brincou em seus lábios enquanto ele tentava esconder que estava impressionado.
— Olha, a Alyssa ajudou hoje. Graças a ela, conseguimos o mapa e o gravador. Então, sim, acho justo ela ganhar alguma coisa. -Afirmou John B.
Alyssa sorriu, meio satisfeita com aquela pequena resposta de John B. E não pelo dinheiro, mas sim, por ela ter realmente ajudado em algo.
— Tá vendo? Nem precisei puxar o contrato de parceria do bolso. -Brincou a loira.
Kiara, que estava sentada ao lado de Pope, observou a amiga e depois olhou para ele com curiosidade.
— Tá, mas e você, Pope? O que vai fazer com seus cem milhões?
— Pagar a faculdade adiantado. E meus livros. Livros de engenharia não são baratos.
— Pope, você é tipo o único cara que pensaria em faculdade depois de encontrar um tesouro de quatrocentos milhões. -Respondeu JJ enquanto sorria para Pope.
— E você é tipo o único cara que pensaria em gastar tudo em... o quê mesmo? Armas e cerveja?
-JJ riu. — Tá vendo? Você já sabe meus planos.
O grupo caiu na risada, o ambiente ficando mais leve. Eles começaram a falar sobre o que fariam com o dinheiro: viagens, casas, sonhos que pareciam impossíveis até então.
Quando o céu já estava cada vez estrelado, Alyssa olhou o relógio e levantou-se.
— Gente, foi ótimo, mas eu preciso ir. Tenho uns compromissos pra salvar o mundo e tal.
— Eu te levo. Tá tarde, e... -Comentou Kie.
-JJ interrompendo. — Nem pensar. Eu levo ela. Qual é, eu devo pra ela, tá? E não faz essa cara."
Ele olhou para Kiara, que deu um sorriso de canto, percebendo o que estava acontecendo, mas preferindo não comentar.
Alyssa apenas riu, e foi andando, enquanto JJ se levantava, animado.
— Tá bom, motorista. Só não pense que isso te dá algum desconto nos seus cem milhões, ok?
— Veremos.
Os dois se afastaram em direção à Kombi, enquanto o restante do grupo os observava, cada um com um pensamento diferente.
— Eles vão ser um problema, né? -Indagou Maddy.
-Kiara rindo. — Ah, com certeza.
Alyssa fechou a porta da Kombi com um clique e se acomodou no banco do passageiro ao lado de JJ. O som do motor antigo preenchia o silêncio inicial, enquanto a noite envolvia os dois em uma calmaria que só fazia a tensão no ar mais palpável. JJ, sempre despretensioso, tinha um sorriso travesso no rosto, mas os olhos entregavam algo mais profundo.
— Então... Vai me guiando até sua casa, tá legal? –Disse JJ olhando rapidamente para ela antes de voltar a atenção à estrada.
— Claro, motorista. Mas, sério, essa Kombi tem personalidade. Meio imprevisível, mas eu gosto. –Respondeu Alyssa se reclinando um pouco o banco, cruzando os braços com um ar descontraído.
— Ah, finalmente alguém que entende! Essa aqui é minha parceira. Ela tem seus momentos, mas nunca me deixou na mão de verdade.
— Nunca te deixou na mão? Porque tenho certeza de que ouvi umas histórias de você empurrando ela estrada afora. -A Cameron arqueou uma sobrancelha enquanto sorria.
JJ soltou uma risada curta, coçando a nuca, claramente tentando defender o orgulho da Kombi.
—Tá, ela tem suas peculiaridades. Mas, ei, quem não tem?
— Bom ponto. Só espero que as peculiaridades dela não nos matem antes de chegarmos.
JJ balançou a cabeça, com um sorriso que não conseguia conter, enquanto o clima entre eles parecia relaxar, mas sem perder a tensão familiar.
— Você tem esse lance de sempre ter a última palavra, né? Não sei se odeio isso ou se... sei lá. -Disse JJ, meio brincando, meio sério.
— Ou se o quê? -Sorriu enquanto encarava o loiro.
JJ desviou o olhar, o sorriso travesso de sempre voltando, mas com um toque diferente, algo que parecia mais sincero.
— Nada, esquece. Eu só acho que você é... diferente.
–Alyssa encostou a cabeça na mão, observando-o com atenção. — Diferente, hein? Essa foi sua melhor tentativa de elogio, JJ?
— Ah, você não precisa que eu te diga que você é inteligente, bonita e, pra ser honesto, um pouco assustadora às vezes. Você já sabe disso tudo. –Respondeu com um tom brincalhão, mas os olhos fixos na estrada.
Alyssa riu, mas havia algo genuíno na forma como ela olhou para ele, quase como se quisesse dizer algo mais, mas não sabia como.
—Assustadora, hein? Tá, vou aceitar. Mas, JJ, você sabe que eu só entro em encrenca quando vale a pena.
–JJ desviou o olhar por um segundo para encará-la. — E eu valho a pena?
O silêncio que se seguiu foi pesado, mas carregado de algo que nenhum dos dois estava disposto a admitir ainda. Alyssa, pela primeira vez, pareceu sem resposta imediata, mas disfarçou com um sorriso.
— Você está melhorando nos flertes, motorista. Direita na próxima.
JJ soltou uma risada, mas não insistiu. Ele sabia que com Alyssa tudo era um jogo de paciência. Ela o intrigava de um jeito que ninguém mais fazia, e isso era novo pra ele.
Depois de alguns minutos, Alyssa olhou pela janela, mas falou com um tom mais suave.
— E se a gente realmente encontrar esse ouro? O que você vai fazer com tudo isso? -Indagou a Cameron.
— Não sei, talvez comprar um lugar só meu. Algo onde eu não precise me preocupar com ninguém me tirando de lá. -Respondeu pensativo, mas sincero.
Ela olhou para ele, entendendo o que aquelas palavras significavam de verdade.
— Você merece isso, JJ. De verdade.
Ele a encarou rapidamente, surpreso pela sinceridade, mas sorriu, mudando o clima novamente.
— Tá, mas se eu comprar uma casa, você vai vir me visitar ou vai continuar sendo a 'superior sarcástica' que acha que pode fazer tudo sozinha?
— Depende. Vai ter cerveja boa? -Perguntou a loira com um sorriso de canto.
— Só pra você.
Alyssa riu de verdade dessa vez, e por um momento, tudo parecia fácil entre os dois. Eles sabiam que havia muito pela frente – bandidos, tesouros e mais problemas do que podiam contar –, mas naquela noite, na Kombi antiga, parecia que o mundo tinha diminuído para apenas os dois.
~
A noite estava calma, mas o coração de JJ estava longe de acompanhar aquele ritmo. Quando ele finalmente entendeu onde Alyssa o tinha levado, sentiu um nó na garganta. Ele parou no jardim da casa, olhando para o grande portão com o brasão dos Cameron. Seu olhar voltou para ela, que já parecia pronta para qualquer confronto.
— Espera aí... Você é uma Kook? E, pior ainda, uma Cameron? -Indagou confuso e irritado.
Ele deu um passo para trás, como se a informação tivesse força física.
–Alyssa arqueou uma sobrancelha, um leve sorriso de desafio nos lábios. — Ué, você não sabia?
— Não!
Sua voz era uma mistura de descrença e irritação. Ele passou a mão pelo cabelo loiro, olhando para ela como se ela fosse uma charada que ele não conseguia resolver.
–Alyssa cruzou os braços, inclinando a cabeça. — Isso é um problema pra você?
— Meio que é, sim! -Respondeu ainda inquieto.
— Hmm... Mas não precisa ser.
O tom dela era direto, quase despreocupado. Ela não desviava o olhar, enquanto JJ tentava entender o que estava sentindo: raiva, confusão ou algo muito mais complicado.
–JJ olhou fundo nos olhos dela. — O que você quer dizer com isso?
— Quero dizer que nem tudo precisa ser sobre status. Essa coisa de "Kook" nem é sobre mim, na real. É da minha família. Eles têm o dinheiro, não eu.
— Os Kooks são babacas. -Bufou o loiro.
— Ponto pro Maybank. Você é rápido. –Alyssa riu, com um brilho nos olhos. — Mas nem todos, tipo eu. Eu não sou babaca.
O sorriso dela desmontou JJ por completo. Ele não conseguia olhar para ela sem que um sorriso nascesse em seus próprios lábios, mesmo quando ele estava tentando se manter sério.
— Você é... algo, hein. –JJ sorriu involuntariamente.
— Só algo? Tô ofendida.
Ela deu um passo mais perto, e o espaço entre eles parecia ficar carregado. JJ sentiu seu coração disparar, mas se recusou a recuar. Os olhos dela o encaravam como se estivessem lendo sua alma, desafiando-o a resistir.
— Relaxa, loiro. Não vou te morder. Bom, ainda não.
— Não estou preocupado. -Respondeu tentando disfarçar o nervosismo.
–Alyssa aproximou o suficiente para ele sentir o perfume dela. — Claro que não. Você é JJ Maybank. O cara que nunca se preocupa com nada.
Ela sorriu novamente, mas dessa vez o sorriso foi mais suave, quase... carinhoso. JJ estava completamente perdido, e ele sabia disso. Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela se inclinou e beijou a bochecha dele, deixando-o imóvel por um segundo.
Alyssa se afastou, com um sorriso satisfeito. — Tá bom, Maybank. Te vejo amanhã.
Ela virou-se e começou a caminhar em direção à porta, mas JJ ficou parado, observando-a, sentindo o calor onde os lábios dela haviam tocado sua pele. Ele não conseguia evitar o sorriso bobo que tomou conta de seu rosto. O loiro balançou a cabeça, rindo sozinho enquanto se afastava da casa.
— Isso vai ser interessante. -Disse JJ baixinho para si mesmo.
Ele voltou para o Castelo com um misto de confusão, felicidade e uma sensação estranha de que tudo estava prestes a mudar.
∆
No dia seguinte, o sol começava a iluminar os céus de Outer Banks, mas o dia já tinha uma tensão no ar. Dentro da casa luxuosa dos Cameron, Marcus andava de um lado para o outro no quarto de Rafe, o maxilar tenso, enquanto seu irmão mais velho terminava de se arrumar.
— Eu tô te dizendo, Rafe. Ontem à noite eu vi Alyssa falando com aquele Pogue no jardim. Ela parecia... feliz. Demais. -Disse Marcus irritado.
Rafe parou de ajeitar o colarinho da camisa e virou-se com uma sobrancelha arqueada.
— Feliz? Você acha que Alyssa tá caidinha por um Pogue? Sério, Marcus? -Rafe respondeu desdenhoso.
Marcus apontou o dedo. — Não subestime esse tipo de gente. Eles são como ervas daninhas, se infiltram onde não deviam.
Rafe deu um sorriso debochado, mas Marcus parecia realmente incomodado.
— Tá bom, senhor "cavaleiro da justiça". Quem é o Pogue?
— Maybank. Aquele rato loiro e barulhento. –Marcus respondeu com desprezo.
Rafe soltou uma risada curta, balançando a cabeça.
— Maybank? Ah, isso vai ser divertido. Vamos dar um jeito nisso agora.
Logo depois, os irmãos Cameron foram para o carro e seguiram em direção ao trabalho de Maybank.
~
Enquanto isso, na mansão Cameron. Alyssa estava sentada no sofá, segurando uma caneca de café e rindo de algo que Sarah havia dito. Ela parecia descontraída, os pés descalços apoiados na mesa de centro.
— Tá tão de bom humor assim por quê? -Indagou Sarah curiosa.
— Ah, sabe como é. O universo conspira a favor dos gênios. Eu sou brilhante, charmosa, irresistível. As pessoas simplesmente... gravitam em minha direção. -Alyssa deu de ombros enquanto sorria.
Sarah revirou os olhos rindo. — Você tá estranhamente otimista.
— Bom, talvez alguém tenha feito meu dia mais interessante ontem.
Sarah ergueu uma sobrancelha.
— Isso tem nome? -Perguntou Sarah curiosa.
–Alyssa riu. — Vamos dizer que ele tem uma tendência a se meter em problemas... mas eu gosto de gente imprevisível.
Antes que Sarah pudesse perguntar mais, Alyssa notou a ausência dos irmãos.
— Falando em problemas, cadê Marcus e Rafe? Não confio neles juntos, especialmente quando estão quietos.
–Sarah balançou a cabeça. — Saíram cedo.
Alyssa bufou.
— Espero que não estejam fazendo nada que vá atrapalhar meu bom humor.
O clima ali estava bom e calmo. E o humor de Alyssa estava perfeito, e nada podia acabar com aquilo tão cedo. Ou era o que Alyssa pensava.
∆
O sol já estava ficando cada vez mais forte quando JJ Maybank saiu pela porta do restaurante onde trabalhava. Ele limpava as mãos na camisa, o sorriso fácil estampado no rosto enquanto assobiava uma melodia qualquer. Finalmente, seu turno havia acabado. No entanto, ao levantar os olhos e ver Marcus e Rafe encostados no carro do outro lado da rua, seu sorriso se desfez.
Eles estavam ali, esperando, com um olhar provocador que deixava claro que não era uma visita amigável.
–JJ parou no meio da calçada. — Olha só quem decidiu sair da torre! A Rapunzel e o príncipe.
Rafe riu, mas não era um riso genuíno; era carregado de sarcasmo. Ele deu um passo à frente, com as mãos nos bolsos, enquanto Marcus mantinha os braços cruzados e um sorriso afetado no rosto.
— Muito engraçado, Maybank. Quase tanto quanto achar que você e Alyssa têm alguma coisa. -Respondeu Rafe.
–Marcus em um tom lânguido disse.
— Sempre com essas piadinhas de mau gosto.
JJ estreitou os olhos e cruzou os braços.
— Se vocês vieram até aqui pra falar besteira, podem dar meia-volta. Tenho coisas melhores pra fazer do que perder tempo com vocês. -Respondeu o Maybank.
— Ah, tem mesmo? Tipo sonhar que a Alyssa tá caidinha por você? -Rafe sorriu de canto.
–Marcus soltou uma risada fria. — Acorda, Maybank. Alyssa não gosta de você, não gosta de ninguém fora da família. Na verdade, ela só sente pena de você. De todos vocês, Pogues. -Ele sorria com frieza enquanto falava. — Sabe como eu sei? Nós somos gêmeos, conheço ela tão bem como ela própria se conhece.
JJ rangeu os dentes, mas segurou a onda, tentando não cair nas provocações.
— Caramba, ele achou que era especial. -Acrescentou Rafe.
JJ deu um passo a frente. — Você acha que vai me atingir com essas baboseiras? Tenho coisas mais importantes pra me preocupar do que o que vocês acham ou não.
Marcus sorriu, inclinando-se ligeiramente para frente, o rosto a poucos centímetros do de JJ.
— Poxa, magoamos você? -Marcus indagou em um tom teatral.
A provocação foi demais. JJ revidou com um soco direto no rosto de Marcus, que cambaleou para trás. Por um instante, parecia que a situação iria parar ali, mas Rafe não era do tipo que deixava barato.
Ele pegou um taco de golfe que estava no carro e avançou. Antes que JJ pudesse reagir, sentiu o impacto na lateral do corpo.
JJ gritou. — É isso? Dois contra um? Que corajosos vocês são, hein?
–Rafe riu enquanto erguia o taco novamente. — Você não sabe brincar, Maybank.
Enquanto JJ tentava se recompor, Marcus recuperou o equilíbrio, esfregando o maxilar com irritação. Ele se aproximou e acertou um soco certeiro no estômago de JJ, seguido por outros, cada um carregado de uma fúria quase teatral.
— Isso é por pensar que você pode se meter com a Alyssa. -Respondeu Marcus com frieza na voz.
JJ tentou reagir, mas Rafe o segurou pelos braços enquanto Marcus continuava.
–JJ entre dentes disse. — Vocês são patéticos.
— Patético é você, achando que tinha alguma chance. -Rafe riu.
— E se você tentar ter alguma coisa com nossa irmã de novo, os próximos vão ser seus amiguinhos pogues imundos, entendeu? -Sorriu Marcus.
JJ tentou avançar em Marcus mas Rafe o segurou. E Marcus transferiu mais socos na barriga do Maybank. Quando JJ finalmente caiu machucado no chão, Marcus ajeitou a jaqueta, limpando o punho como se tivesse encostado em algo sujo.
— Que desperdício de energia. -Afirmou Marcus rindo.
Rafe riu alto, jogando o taco de volta no carro enquanto eles iam embora, satisfeitos com o estrago.
— Vamos embora. Talvez isso o faça entender o recado.
Eles riram enquanto entravam no carro, deixando JJ caído na calçada, sem ninguém por perto para ajudá-lo.
∆
Mais tarde, Alyssa saiu de casa com o coração disparado. A caça ao tesouro finalmente iria continuar, e ela faria parte disso. Entrou no carro, ligou o motor e seguiu em direção ao Castelo.
O céu começava a se tingir de laranja enquanto o vento batia em seu rosto pela janela aberta. Ela sentia a excitação crescer a cada curva da estrada. Ao avistar a silhueta do Castelo iluminada pelas luzes externas, um sorriso surgiu em seu rosto. Estacionou, e logo saiu do carro. A loira caminhou até a entrada.
Ela bateu esperando que fosse recebida e que todos já estariam lá, mas quem abriu a porta foi JJ. E ele estava completamente machucado.
Alyssa ficou intrigada com a expressão de JJ quando ele abriu a porta. O loiro estava com o rosto machucado, as roupas desalinhadas e um olhar que ela não conseguia decifrar. Havia algo mais do que raiva ali, algo mais profundo.
— Meu Deus, JJ! O que aconteceu? – perguntou, dando um passo à frente, preocupada, tentando entender.
— Não toca em mim. – Ele se afastou, o tom seco, quase cortante.
— O quê? – Ela franziu o cenho, surpresa, tentando decifrar o motivo daquela reação.
— Você ouviu.
Sem esperar qualquer resposta, ele começou a se afastar pelo corredor. Alyssa não era do tipo que deixava as coisas passarem fácil. Ela o seguiu, irritada e ao mesmo tempo confusa.
— JJ, o que tá acontecendo? Por que você tá assim? – insistiu, o tom exigente, mas com uma ponta de preocupação.
Ele parou de repente, se virando para ela com os olhos cheios de dor e raiva.
— Quer saber mesmo, Alyssa? Então pergunta pros seus irmãos. Aqueles babacas, Kooks de merda.
Ela congelou por um segundo, sem entender.
— O que você tá falando?
— Você é igual a eles. Mesma família, mesmo sangue. Uma Cameron até a última gota. – Ele riu, mas era uma risada amarga, cheia de mágoa. – E ainda por cima gêmea. Cara, isso é ouro, sabia? O pacote completo de traição e falsidade.
Aquilo foi a gota d’água. Alyssa sentiu o sangue ferver.
— Você tá me chamando de quê exatamente, JJ? De traidora? Porque se é isso, pode falar de uma vez, sem rodeios. – Ela avançou um passo, encarando-o com a postura firme. – Você acha que sabe tudo sobre mim? Então vai, termina logo. Me surpreende.
Ele ficou em silêncio por um momento, os punhos cerrados.
— Seus irmãos me disseram umas verdades sobre você, Alyssa. Que você não gosta de ninguém de verdade, que só brinca com todo mundo. E que eu não tinha nem chance porque você tinha pena de mim.
— E você acreditou neles? Mesmo depois das coisas que a gente passou juntos?
— Como eu não acreditaria? Eles são sua família, Alyssa! E olha pra mim! Eu sou nada perto do mundo de vocês. Nada!
Ela deu uma risada sarcástica, balançando a cabeça.
— Ah, por favor. Tá me dizendo que a palavra de dois babacas pesa mais do que os momentos que a gente passou?
–JJ ergueu a voz, se aproximando dela. – Você nunca disse o que sentia, nunca disse o que queria, nunca foi honesta. É sempre esse jogo de gato e rato com você, Alyssa. E agora eu sou o rato que caiu na sua armadilha.
Ela estreitou os olhos, apontando para ele com firmeza.
— Sabe o que é engraçado, JJ? Você diz que eu brinco com as pessoas, mas olha pra você. O rei de fugir de qualquer coisa que pareça real. Você acha que tá magoado? Bem-vindo ao clube. A diferença é que eu luto por quem eu me importo.
— Então prova. – Ele encarou-a, os olhos azuis desafiadores, mas também cheios de dor. – Prova que eu tô errado, Alyssa. Porque agora, tudo que eu vejo é mais uma Cameron me ferrando.
Ela ficou em silêncio por um momento, o peito subindo e descendo rapidamente. A tensão entre os dois era palpável, uma mistura de mágoa, desejo e frustração.
— Você quer que eu prove? Beleza, JJ. Mas você tem que decidir se vai parar de correr ou continuar se sabotando. Porque eu tô aqui. Eu sempre estive. Agora a bola tá com você.
Ela passou por ele, o ombro tocando o dele por um segundo, e seguiu para a sala. JJ ficou parado, assistindo-a se afastar, sem saber se deveria odiá-la ou correr atrás dela.
No fundo, JJ sentia o coração pesado toda vez que olhava para Alyssa. Ele queria acreditar nela, queria seguir o brilho de sinceridade em seus olhos e as palavras que pareciam tão genuínas. Mas o medo era maior. A ideia de se entregar àquele sentimento e, no final, descobrir que os irmãos dela estavam certos o aterrorizava. Ele sabia que, se isso acontecesse, a dor seria insuportável.
Então, JJ tomou uma decisão que lhe pareceu a única saída: afastá-la. Ele vestiria a máscara de indiferença, agindo como se a presença dela não significasse nada, como se ele a odiasse. Assim, ele a manteria longe, e ela nunca teria a chance de entrar em seu coração.
Era uma estratégia cruel, mas JJ acreditava que era o melhor para os dois. O que ele não percebia era que, ao fazer isso, machucava não só a ela, mas a si mesmo. A cada palavra ríspida ou gesto frio, o peso no peito aumentava. Ele queria protegê-la de si mesmo e proteger a si mesmo dela, mas, no processo, estava criando um abismo que talvez fosse impossível de atravessar.
᭪☀️🌊 ݇01: A fase ódio tá começandoooo.
᭪☀️🌊 ݇02: Tava ansiosa para essa fase mas confesso que vou sentir falta dos momentos fofos deles.
᭪☀️🌊 ݇03: Tô postando muitos edits dessa fanfic no tik tok, a conta tem o mesmo nome daqui. ( Kietzxd)
᭪☀️🌊 ݇04: Se você leu até aqui, obrigada! Não se esqueçam de votar e comentar pra mim saber o que vocês estão achando da fanfic.
᭪☀️🌊 ݇05: Beijos, amo vocês <3
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