O sol ainda brilhava forte quando Alyssa chegou em casa. O calor do dia fazia suas roupas grudarem no corpo. Após estacionar o carro na garagem, ela tirou a prancha de surf do porta-malas e a guardou cuidadosamente no suporte da parede. Sem perder tempo, subiu para o banheiro, ansiosa para se livrar do sal e da areia que ainda grudavam na pele.
O banho refrescante trouxe alívio imediato, e lavar os cabelos com um shampoo de coco deixou um aroma agradável no ar. Depois de se trocar, optou por um short jeans claro e uma blusa de alça azul claro, fresquinha e confortável para o dia quente.
Descendo as escadas, Alyssa foi direto à procura de seu pai. Enquanto cruzava a varanda que dava para o jardim, ouviu vozes próximas. E então, a loira se proximou-se devagar, tentando reconhecer o tom de quem conversava.
— É que eu soube que ele pega equipamento emprestado — disse uma voz masculina que Alyssa logo identificou como sendo de Topper.
— Não quero fazer fofoca, senhor, mas é que tem muita coisa de valor aqui.
Alyssa revirou os olhos ao ouvir a frase. Ela já sabia como essas conversas "bem-intencionadas" geralmente terminavam. Sem hesitar, ela se aproximou de seu pai e Topper, cruzando os braços com uma expressão irônica no rosto.
— Sempre começa assim, né? — disse Alyssa, interrompendo o clima desconfortável. — "Não quero fazer fofoca."
Topper, visivelmente sem graça, virou-se rapidamente, coçando a nuca.
— Ah, oi, Alyssa. Eu só estava comentando, sabe, sobre manter as coisas seguras...
— Comentando ou plantando desconfiança? — rebateu Alyssa, arqueando uma sobrancelha.
Seu pai, que estava em silêncio até então, suspirou e interveio, colocando uma mão no ombro de Alyssa.
— Calma, filha. Topper só estava tentando ajudar... à maneira dele.
— Ajudar? — Alyssa olhou diretamente para Topper. — Se ajudar significa criar histórias sobre os outros, então ele é ótimo nisso.
Topper parecia cada vez mais desconfortável, seus olhos buscando uma saída.
— Não quis ofender ninguém. Só achei que seria bom avisar...
— Avisa de quem você desconfia direto pra eles da próxima vez — disse Alyssa, firme.
Seu pai tentou disfarçar um sorriso enquanto Topper murmurava algo sobre estar atrasado e se despedia apressadamente. Assim que ele desapareceu pelo portão, Alyssa virou-se para o pai.
— Esse cara precisa arrumar um hobby.
Ele riu baixo, balançando a cabeça.
— E você precisa aprender a segurar a língua de vez em quando. -Ward afirmou enquanto sorria de leve.
Depois de encarar Topper e seu discurso irritante, Alyssa saiu do galpão bufando. “Esse cara só existe pra me testar,” pensou enquanto caminhava até a cozinha. Pegou um copo d'água, inclinando-se contra a bancada enquanto tomava alguns goles, tentando esfriar a cabeça.
Antes que pudesse relaxar completamente, uma voz familiar ecoou pela cozinha.
— Se você continuar se estressando assim, vai acabar explodindo. — Rafe entrou com um sorriso de canto, o tom cheio de deboche enquanto se encostava na porta.
Alyssa virou-se lentamente, arqueando uma sobrancelha.
— Ei, onde você estava? — ela perguntou, gesticulando dramaticamente com o copo na mão. — Não foi só o Marcus que voltou, tá legal?
Rafe soltou uma risada baixa e deu alguns passos em direção a ela.
— Fui apenas comprar umas coisas pra minha moto, relaxa, Lyssa.
Alyssa estreitou os olhos, cruzando os braços.
— Ah, claro. Porque você tá sempre tão ocupado, né? Fazendo coisas super importantes como... sei lá, conspirar contra o universo.
Rafe riu, balançando a cabeça.
— E você, sempre com essa atitude de “eu sou mais esperta que todo mundo.” Tá cansativo, viu?
Alyssa deu um pequeno sorriso, cheio de sarcasmo.
— Eu não sou mais esperta que todo mundo. Só sou mais esperta que você.
— Ah, claro. — Rafe rolou os olhos. — Engraçadinha como sempre.
Apesar do tom casual, havia algo nos olhos de Rafe que mostrava que ele não estava só brincando. Alyssa percebeu, mas decidiu não cutucar mais fundo. Não agora.
Ela pousou o copo na pia e olhou para ele com um olhar um pouco mais suave.
— Falando sério, Rafe. Você tá bem? Parece que sempre tá procurando algo pra fazer... ou alguém pra irritar.
Ele deu de ombros, desviando o olhar por um segundo antes de responder.
— Tô bem. Só tentando resolver umas coisas na minha cabeça.
— E essas "coisas" incluem afastar a Sarah? Porque, parabéns, você tá indo muito bem nessa parte. –Alyssa encarou o mesmo. — Desde que eu voltei, eu notei o afastamento de vocês.
Rafe apertou os lábios, o tom de brincadeira desaparecendo por um instante.
— Sarah se afastou porque quis, Lyssa. Não fui eu.
Alyssa revirou os olhos, andando até ele e dando um leve empurrão em seu ombro.
— Não se faz de vítima. Você sabe que ela só quer que você seja... sei lá, menos Rafe.
Ele soltou uma risada curta, sem humor.
— E você? Por que ainda tá por perto?
Alyssa inclinou a cabeça, dando um sorriso de canto.
— Porque eu sou masoquista. Ou, talvez, porque eu acredite que você vai tomar jeito alguma hora.
Rafe a encarou por um momento, a expressão difícil de decifrar.
— Você devia desistir disso.
Ela deu de ombros, voltando para a bancada e pegando o copo.
— Já pensei nisso. Mas aí você faz alguma coisa idiota e eu lembro por que vale a pena ficar. Alguém tem que te lembrar que você ainda tem jeito.
Rafe deu uma risada baixa, como se não acreditasse nela, mas ao mesmo tempo apreciasse suas palavras.
— Você é impossível.
— Eu sei. E também sou a sua única fã. Então não estraga isso.
Rafe sorriu de canto enquanto se inclinava contra a bancada ao lado dela. Eles ficaram em silêncio por um momento, até que ele finalmente quebrou o clima:
— Tá, mas se for pra você continuar me enchendo, pelo menos faz café.
Alyssa revirou os olhos, mas foi até a cafeteira, murmurando algo sobre ele ser insuportável enquanto preparava o café.
No fundo, ambos sabiam que aquela dinâmica era o que mantinha os dois próximos. Eles eram diferentes, mas talvez fosse isso que fazia a relação funcionar.
Alyssa estava largada no sofá da sala, girando um chaveiro entre os dedos enquanto encarava o teto, entediada. “Pelo amor de Deus, será que nada interessante acontece hoje?” pensou, soltando um suspiro.
Foi então que o celular vibrou ao lado dela. Pegando-o, Alyssa leu a mensagem de Kiara:
"Ei, por que você não vem aqui pro restaurante? Já tô quase acabando. Vamos fazer alguma coisa! Tô livre, e você?"
Um sorriso se formou em seu rosto. Finalmente, algo para salvar o dia. Ela rapidamente respondeu:
"Tô indo. Se prepara pra me agradecer por ser tão incrível."
Poucos minutos depois, Alyssa já estava no carro, acelerando em direção ao restaurante. O céu começava a se tingir de laranja enquanto o sol se punha, criando um cenário bonito na estrada.
Chegando ao restaurante, Kiara estava do lado de fora, com um sorriso no rosto. Assim que viu Alyssa, estendeu a mão, e as duas fizeram o aperto especial que tinham inventado anos atrás.
— Finalmente, algo pra salvar meu dia, Kie! — disse Alyssa, descendo do carro com um ar dramático.
— Ai, Alyssa, você é tão exagerada. — Kiara riu, empurrando de leve o ombro da amiga.
Antes de entrar no restaurante, Alyssa viu os pais de Kiara saindo da cozinha. Com um sorriso, foi até eles e os cumprimentou calorosamente.
— Ah, os Carreras! As únicas pessoas que me fazem acreditar que a humanidade ainda tem salvação. — disse Alyssa, abraçando os dois de forma carinhosa.
— Alyssa! — a mãe de Kiara riu. — Sempre exagerada, mas adorável.
— Adorável é meu sobrenome. O Cameron é só pra disfarçar.
Os pais de Kiara riram antes de voltarem ao trabalho. Kiara puxou Alyssa para dentro do restaurante, entregando-lhe um avental.
— Ok, já que você tá aqui, vai ajudar.
— O quê? Eu vim pra relaxar, não pra ser explorada. — protestou Alyssa, mas acabou amarrando o avental com um sorriso.
As duas passaram a próxima hora rindo, fofocando e ajudando a limpar o restaurante. Enquanto terminavam, Kiara pegou dois pratos com sobras de comida da cozinha e as duas se sentaram em uma mesa para comer.
— Sério, você devia passar mais tempo aqui comigo. — disse Kiara, com a boca cheia.
— Ah, claro. Vou abandonar minha vida de glamour e caos pra me trancar aqui. Que oferta tentadora. — respondeu Alyssa, fingindo pesar a ideia.
Kiara revirou os olhos, mas riu.
— Você é inacreditável. -Respondeu a Carrera enquanto ria.
— E é por isso que você me ama. — Alyssa piscou, arrancando outra risada da amiga.
O clima descontraído foi interrompido pela chegada de Pope, que entrou no restaurante e foi em direção às garotas.
Alyssa estava sentada em uma das mesas do restaurante, girando uma colher entre os dedos enquanto observava Kiara arrumar algumas coisas. O clima estava leve, mas começou a mudar quando Pope entrou pela porta. Ele cumprimentou Alyssa com um aceno rápido e foi direto até Kiara.
— Ei, você vai? — perguntou ele, com um tom curioso.
Kiara balançou a cabeça, já antecipando onde a conversa iria dar.
— Não.
— Mas Kiara.. -Antes que Pope pudesse terminar, Kiara o interrompeu.
— Eu já disse que não, tá?
Pope suspirou, desapontado, e saiu, murmurando algo sobre como ninguém nunca o escutava. Alyssa franziu o cenho, curiosa, mas antes que pudesse perguntar qualquer coisa, John B entrou como um furacão.
— Kiara! — ele disse, com os olhos brilhando de animação. — Vai ser histórico. Você não pode perder.
Kiara, que já estava de costas limpando uma prateleira, virou-se lentamente, com uma expressão de pura descrença.
— Tá delirando de novo?
John B riu, passando a mão pelo cabelo.
— Tô, mas tô delirando bonito. Olha, eu tô imaginando mais do que nunca na minha vida!
Kiara revirou os olhos e começou a caminhar pelo restaurante, ocupando-se com qualquer coisa para evitar o discurso de John B. Mas, é claro, ele não ia desistir tão fácil.
— Eu sei que você tá sendo uma boa amiga, segurando meus delírios. — disse ele, enquanto a alcançava e pousava uma mão leve no ombro dela.
Kiara parou, mas não olhou para ele.
— Me escuta. — continuou ele, com um tom mais sério. — Você é minha melhor amiga, Kiara, e eu preciso de você. Eu imploro!
Kiara soltou um suspiro profundo, levantando os olhos para o teto como se estivesse pedindo paciência aos céus.
— Ai meu Deus, cala a boca.
John B a encarou com um olhar esperançoso, esperando a resposta que queria ouvir. Kiara finalmente virou-se, cruzando os braços.
— Eu vou.
John B abriu um sorriso vitorioso, mas ela ergueu a mão antes que ele pudesse comemorar.
— Mas com uma condição.
— Pode falar. — ele respondeu rapidamente.
— A Alyssa vai com a gente.
Alyssa, que observava a conversa da mesa onde estava, levantou a cabeça com curiosidade. Ela tinha acabado de escutar o seu nome ou ela só está doida?
— Espera aí, eu? — ela perguntou para si mesma, já interessada, mas também desconfiada.
John B franziu a testa, parecendo ponderar.
— Tem certeza que ela é confiável?
— Tenho. — respondeu Kiara sem hesitar.
— Ok. Eu confio se você diz. — concordou ele, embora um pouco relutante. — Mas não precisamos contar todos os detalhes do que vamos fazer lá, né? Sabe, só pra garantir...
— Tanto faz. — Kiara respondeu, enquanto deu de ombros.
John B finalmente aceitou, e Kiara caminhou até Alyssa com um sorriso travesso.
— Vem, vou deixar o seu dia mais interessante.
Alyssa arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços enquanto observava a expressão animada de Kiara.
— Isso tem cara de encrenca. E você sabe que eu adoro encrenca.
— Exatamente por isso que você é a pessoa certa. — disse Kiara, puxando Alyssa pelo braço.
Alyssa não sabia o que estava por vir, mas já estava preparada para qualquer coisa. Afinal, com Kiara e John B, um dia chato era praticamente impossível.
~
Alyssa, Kiara e John B caminharam em direção à icônica Kombi dos Pogues. O sol já havia se escondido no horizonte, deixando o céu tingido de tons de azul e laranja. Kiara subiu no banco da frente, ao lado de John B, enquanto Alyssa abriu a porta de trás e entrou, deparando-se com Pope e JJ sentados ali.
Assim que JJ viu Alyssa, seu rosto se iluminou. Ele abriu um sorriso largo, o tipo de sorriso que não conseguia controlar, como se a presença dela fosse a melhor parte do dia.
— Olha só quem veio alegrar nossa noite! — JJ comentou, jogando-se um pouco para o lado, dando espaço para Alyssa sentar.
Alyssa entrou com um ar casual, mas lançou um olhar divertido para JJ.
— Uau, essa recepção toda é pra mim? Tô começando a achar que você precisa seriamente de novos hobbies. — ela disse, sentando-se ao lado dele e cruzando as pernas, seu tom carregado de sarcasmo.
JJ riu, balançando a cabeça.
— Eu gosto muito desses meus hobbies.— Ele deu uma piscadela, ainda com o sorriso no rosto.
Pope olhou para Alyssa, já acostumado com o jeito dela.
— Então, você tá pronta pra se meter em mais uma das ideias "geniais" do John B? -Indagou Pope.
— Pronta? — Alyssa respondeu, inclinando-se para trás com um ar despreocupado. — Eu nasci pra isso. Se tem confusão no menu, pode me colocar como cliente VIP.
Kiara, no banco da frente, virou-se brevemente para olhar para eles.
— Só pra deixar claro, Alyssa, se isso der errado, você não vai culpar ninguém além de você mesma por ter aceitado vir.
Alyssa ergueu as sobrancelhas.
— Kiara, você sabe que eu não assumo a culpa nem quando sou pega no flagra. Relaxa, eu vou estar muito ocupada salvando a pele de vocês pra me preocupar com isso.
JJ soltou uma gargalhada.
— Ela tem resposta pra tudo! Impressionante.
— É um dom, JJ. — Alyssa respondeu, olhando para ele com um sorriso de canto. — Não é todo mundo que consegue acompanhar meu nível.
JJ a encarou por um momento, os olhos brilhando com aquela mistura de admiração e fascínio que ele tentava disfarçar, mas falhava miseravelmente.
John B, percebendo a troca de olhares, interrompeu a conversa com seu tom animado:
— Tá bom, pessoal, foco aqui! Esse vai ser o momento histórico que eu falei. Ninguém pode estragar isso. -Afirmou John B. — Eu sei que eu errei sobre o farol, mas eu sei que meu pai tá tentando me dizer alguma coisa.
— Certo, capitão! -Respondeu JJ sorrindo.
Enquanto o veículo sacolejava pelas estradas de Outer Banks, Alyssa sentia o clima único que só os Pogues conseguiam criar: um misto de caos, diversão e a constante sensação de que algo estava prestes a dar errado. Ela não admitiria em voz alta, mas adorava isso.
JJ, por outro lado, estava mais calado do que o normal, tentando disfarçar como estar ao lado de Alyssa o fazia sentir.
— Então, Alyssa... — ele começou, tentando parecer casual. — Pronta pra salvar o dia de novo quando a gente se meter em encrenca?
Alyssa lançou-lhe um olhar afiado, mas brincalhão.
— Sempre. Mas você sabe que eu cobro caro por isso, né?
— Vale a pena. — JJ respondeu, com um sorriso de lado que fez Alyssa arquear uma sobrancelha, surpresa pela resposta inesperada.
Ela deu um leve sorriso antes de olhar pela janela, o vento bagunçando seus cabelos.
— E cadê a Maddy? -Indagou Kie.
— Ela disse que ia encontrar a gente lá. -Respondeu JJ.
A noite estava apenas começando, e Alyssa sabia que, com esse grupo, as coisas ficariam bem interessantes.
Os Pogues e Alyssa adentraram o cemitério, o ambiente sombrio envolto por uma brisa fria e o som distante de folhas secas sendo arrastadas pelo vento. Alyssa olhava ao redor, desconfortável com a atmosfera.
O cemitério estava envolto em uma névoa densa, as sombras das árvores projetavam formas inquietantes no chão, e o silêncio era cortado apenas pelo som ocasional de corujas. O grupo então caminhavam lentamente, com lanternas iluminando o caminho.
— Esse lugar é assustador — comentou Alyssa, com um sorriso irônico. — Definitivamente o tipo de lugar que eu escolheria para passar minhas férias.
Kiara olhou para John B, franzindo a testa.
— John B, o que a gente tá fazendo aqui? Isso tá começando a ficar estranho.
John B parou diante de uma parede de pedra coberta de musgo, apontando a lanterna.
— Sabe quando você tenta lembrar de uma música, mas não sabe quem canta?
Kiara cruzou os braços, exasperada.
— Sei. Mas isso não tá respondendo minha pergunta.
— É tipo isso. Sabe o nome Redfield? Eu tava cismado que era um lugar, mas não é um lugar.
Ele direcionou o foco da lanterna para a parede, revelando a palavra gravada: Redfield.
— É uma pessoa — completou ele, em um tom cheio de mistério.
JJ, como sempre, se aproximou curioso, colocando as mãos nos bolsos.
— Olha só isso. Sempre tem algo esquisito quando você tá por perto, John B.
John B continuou, com os olhos brilhando.
— Minha bisavó Olivia. Redfield era o nome de solteira dela.
Pope, que observava de longe, balançou a cabeça.
— Então, estamos no cemitério da sua família? Que ideia brilhante.
— Me ajudem com essa porta — pediu John B, ignorando o comentário.
Os meninos começaram a empurrar a porta pesada incrustada na parede, enquanto Kiara e Alyssa observavam e iluminavam para eles. Subitamente, um som agudo fez todos congelarem. Uma cobra emergiu de um buraco ao lado da porta, movendo-se lentamente em direção ao grupo.
JJ deu um passo à frente, observando o réptil com fascinação.
— Essa daí é uma mocassin d’água. Serpente boca de algodão. A morte na grama.
Alyssa, com as mãos na cintura, arqueou uma sobrancelha.
— Uau. Um biólogo no grupo. Incrível. Mas por que a morte na grama está aqui querendo matar a gente?
Antes que alguém pudesse reagir, JJ começou a latir alto para a cobra, exagerando na imitação de um cachorro bravo.
— JJ! — Alyssa gritou, indignada. — O que você tá fazendo? Tá tentando criar um canal de comédia enquanto a gente pode, sei lá, MORRER?
JJ se virou para ela, com um sorriso travesso.
— Relaxa, Aly. Elas têm medo de cachorro. Todo mundo sabe disso.
Alyssa abriu a boca para responder, mas pausou, incrédula.
— Todo mundo sabe disso? Claro. Eu perdi essa aula em Defesa Contra Cobras Imbecis.
Kiara revirou os olhos, enquanto Pope balançava a cabeça, visivelmente frustrado.
John B se preparava para se aproximar novamente da parede quando sentiu a mão de JJ em seu ombro, segurando-o levemente.
— Se tem uma cobra, deve ter um monte — disse JJ, com um sorriso de quem se divertia às custas da tensão alheia.
— Você pode parar? Tá me assustando — resmungou Kiara, cruzando os braços.
Mas JJ não parou. Ele começou a latir de novo, como se estivesse decidido a ser a estrela cômica da situação.
Alyssa, de onde estava, suspirou profundamente, apoiando uma mão no rosto enquanto balançava a cabeça.
— Fantástico. O prêmio Dr. Dolittle do Ano vai para... — disse ela, apontando dramaticamente para JJ.
John B virou-se para ele, frustrado.
— Para de latir para as cobras, JJ.
— Me deixa! — JJ rebateu, ainda latindo entre as palavras.
Pope interveio, exasperado.
— Cala a boca!
— É só uma garantia! — JJ retrucou, tentando se justificar.
— Cala a boca! — repetiu Pope, dessa vez com mais firmeza.
JJ levantou as mãos em rendição, finalmente parando.
— Tá bom — respondeu ele, em um tom mais calmo.
Pope então se virou para John B, apontando para a porta.
— John, a gente não vai entrar ali, tá bem? Isso nem tá mexendo. É melhor a gente ir embora antes que apareça outra cobra.
Enquanto as luzes das lanternas de Kiara e Alyssa iluminavam o buraco próximo à porta, Alyssa estreitou os olhos, observando atentamente.
— Aí, eu consigo passar. — disse ela, com um tom casual.
Todos se viraram para encará-la, incrédulos.
— O quê? — John B perguntou, confuso. — Você acha que passa por esse buraco?
JJ se colocou entre ela e o buraco, balançando a cabeça.
— Ei, Alyssa, você tá maluca? A gente tá falando de um buraco com, sei lá, um ninho de cobras assassinas.
Alyssa cruzou os braços e inclinou a cabeça de lado, seu tom carregado de sarcasmo.
— Olha, aqui vai uma lógica simples pra você: isso não é sobre mim, é sobre ele. — Ela apontou para John B. — O pai dele desapareceu, certo? E eu não faço parte da pequena sociedade secreta de vocês, mas se tem uma coisa que eu aprendi é que às vezes você precisa fazer a coisa estúpida pra conseguir respostas.
John B piscou, visivelmente tocado, enquanto Kiara olhava para Alyssa com surpresa.
— Honestamente, eu não tô acreditando nisso... mas a Alyssa tá certa.
— Eu sei. Eu geralmente estou — respondeu Alyssa, com um sorriso arrogante.
— Ei! — JJ exclamou, interrompendo. — Ainda tem o detalhe de que isso é um buraco cheio de COBRAS. E não de qualquer cobra, mas aquelas que matam!
Alyssa se aproximou do buraco, afastando galhos com as mãos.
— Escuta, se eu for picada, talvez eu me transforme numa super-heroína. Melhor ainda, né? Agora, parem de drama.
— Você não vai entrar aí sozinha — resmungou JJ, ainda inseguro.
— Olha só, se quiser latir pra me proteger, eu vou adorar. Mas fora isso, me dá licença. -Respondeu a loira enquanto começou a tirar os galhos dali.
O grupo se aproximou do buraco, afastando juntos os galhos que bloqueavam a entrada. Alyssa observava com uma expressão cética enquanto JJ, com seu habitual entusiasmo, se encostou casualmente na parede, abaixando-se para preparar algo.
— Eu vou te dar impulso, tá? — disse JJ, em um tom confiante. — Eu vejo nos filmes, é sempre assim que funciona. Pronta?
Alyssa arqueou uma sobrancelha, os braços cruzados.
— Tá, mas só pra deixar claro... o que exatamente a gente tá procurando mesmo?
— Vai saber quando encontrar — respondeu John B, dando de ombros.
Alyssa bufou e entregou a lanterna para Pope, balançando a cabeça como quem aceitava o caos.
— Beleza, vem cá — disse JJ, gesticulando para Alyssa. — Põe as mãos aqui e o pé aqui. Isso aí. A gente vai no três, tá? Um...
Antes que JJ pudesse continuar, Alyssa já havia subido, impulsionando-se com agilidade.
— Tá, tá, esquece o três — resmungou JJ, ajeitando-se com um sorriso de canto.
Alyssa se espremeu pelo buraco e deu um grito abafado.
— Consegui! Tá, e a lanterna?
— Tá aqui — respondeu Pope, passando a lanterna pelo buraco.
Alyssa pegou o objeto, ligando-o para iluminar o ambiente escuro.
— E aí? Você tá viva? O coração tá batendo e tal? — perguntou John B, ansioso.
— Você tá bem, Alyssa? — complementou Kiara, preocupada.
— Até agora, sim — respondeu Alyssa.
— Tá bom, beleza — John B murmurou, aliviado.
— Qualquer coisa, você late pras cobras, tá? — provocou JJ, ainda sorrindo.
Alyssa virou a cabeça na direção dele, visivelmente irritada.
— Com certeza não.
— É... pode ser também — JJ respondeu, divertido.
— Preciso de mais luz aqui — disse Alyssa, ignorando o comentário.
— Toma, tem mais — respondeu John B, passando outra lanterna pelo buraco.
Alyssa andava do outro lado, examinando tudo com cuidado enquanto os meninos a observavam pelas brechas na parede.
— Achou alguma coisa? Tem ouro? — perguntou JJ, a voz carregada de entusiasmo.
— Ai meu Deus... — murmurou Alyssa, enquanto encontrava algo.
Era um envelope branco, com algumas palavras escritas à mão. Alyssa entregou o envelope e a lanterna pelo buraco para John B.
— Ah, isso não é ouro — comentou Pope, decepcionado.
Alyssa passou pelo buraco novamente, com JJ ajudando-a a sair.
— Tá bem? -Perguntou JJ.
Alyssa sorriu e concordou com a cabeça. Logo depois se aproximando dos outros para saber sobre o envelope.
— O que é isso? — perguntou Kiara, encarando o envelope.
John B olhou fixamente para a escrita no papel, a voz tremendo levemente.
— Puta merda, é do meu pai!
Antes que pudessem processar a descoberta, JJ, que estava encostado de costas para eles, observando os arredores com um cigarro na mão, virou-se subitamente.
— Alerta, alerta, contrabandistas! CONTRABANDISTAS! — gritou ele, apontando freneticamente para a direção de onde vinham passos.
— Vai, vai! — disse Kiara, puxando John B.
— São os caras que roubaram a sua casa! — exclamou JJ.
Sem pensar duas vezes, o grupo começou a correr, escondendo-se atrás de um antigo mausoléu enquanto ouviam vozes se aproximando. JJ, ainda empolgado, estava apagando seu cigarro na parede mas esqueceu a lanterna que tinha envolta de sua testa.
JJ, ainda agitado, parecia prestes a falar novamente, mas Alyssa colocou a mão em sua boca.
— JJ, por favor, não. Porque se você atrair mais atenção, eu mesma vou te jogar pras cobras, entendeu?
JJ deu um sorriso satisfeito por baixo da mão dela, como se aquilo fosse um elogio. A tensão aumentava enquanto os passos ficavam mais próximos, e todos se preparavam para o próximo movimento.
O grupo estava escondido atrás de um velho mausoléu. Kiara olhou para John B, o rosto tenso.
— Acha que são eles? — perguntou ela, a voz baixa, quase num sussurro.
Alyssa tirou a mão da boca de JJ, que imediatamente fez uma careta de falsa indignação.
— Obrigado por finalmente respeitar minha liberdade de expressão — murmurou ele, antes de espiar ao lado dela, ambos tomando cuidado para não colocar toda a cabeça à vista.
JJ analisou os homens que se aproximavam e apontou com um aceno de cabeça.
— O amigo ali tá armado.
— Aí que se dane! — exclamou Kiara, levantando-se de repente e correndo.
— Kiara! — gritou John B, mas era tarde demais.
O impulso de Kiara forçou todos a correrem atrás dela, o som das botas batendo no chão ecoando pelo cemitério.
— Vai, acelera, acelera! — gritou JJ, olhando por cima do ombro enquanto eles se aproximavam do portão de ferro que marcava a saída.
John B foi o primeiro a pular, seguido de Kiara, que escalou com agilidade. JJ ajudou Alyssa, segurando suas pernas enquanto ela subia.
— É bom que isso valha um jantar ou um discurso inspirador depois, Aly! — brincou JJ, ofegante.
— Meu Deus, você é uma peça rara, hein, JJ? — retrucou Alyssa, saltando do outro lado com um leve baque.
Quando chegou a vez de Pope, ele tentou subir rápido, mas ficou preso, sua camisa e calça enroscadas nas pontas afiadas do portão.
— Gente! Gente! Eu tô preso! Eu tô preso aqui, galera! — Pope gritou, tentando se soltar, mas sem sucesso.
JJ bufou, revirando os olhos enquanto olhava para John B.
— Qual é, cara! — exclamou JJ, puxando a arma que havia encontrado anteriormente e apontando para o portão.
— Não se mexe, Pope! Vou resolver isso agora mesmo! — disse JJ, com um sorriso cheio de confiança.
— JJ, o que você tá fazendo?! — gritou John B, empurrando a mão dele para baixo.
— Larga essa arma! — exigiu John B, a voz tensa.
— Relaxa, eu ia só assustar o portão, cara! — rebateu JJ, ofendido, mas obedeceu.
Enquanto isso, Alyssa e Kiara corriam para puxar Pope, segurando suas roupas para tentar soltá-lo.
— Vai rasgar, vai rasgar! — Pope gritou em desespero.
— Ótimo, menos tecido pra carregar — murmurou Alyssa, impaciente.
E então, com um som alto de tecido se rasgando, Pope finalmente caiu no chão do lado de fora, sua roupa agora em frangalhos.
— Uhuu! Legal, gostei da cuequinha, Pope! — gritou JJ, rindo alto enquanto corria na frente do grupo.
— Cala a boca, JJ! — retrucou Pope, segurando os pedaços de sua calça enquanto corria atrás dos outros.
O grupo corria a toda velocidade em direção à Kombi estacionada na beira de uma estrada deserta. O som de passos apressados e respirações ofegantes ecoava pela noite, misturado com o ocasional "Vai, vai, vai!" de JJ.
De repente, todos esbarraram em algo — ou alguém. O impacto foi tão abrupto que eles pararam imediatamente, gritando em uníssono.
— AAAHHHH!
A figura diante deles também gritou, erguendo as mãos em um reflexo de susto.
— AAAHHHH!
Foi só quando a luz da lanterna bateu na pessoa que John B reconheceu quem era.
— Maddy? — exclamou Kiara, surpresa, olhando para a garota que agora encarava o grupo, confusa.
Maddy, a irmã mais nova de JJ, olhou para eles com os olhos arregalados antes de focar no estado deplorável de Pope.
— Calma aí... por que o Pope só tá de cueca? — perguntou ela, apontando, a expressão misturando choque e diversão.
John B passou a mão pelo rosto, exasperado, enquanto JJ imediatamente apontava para Pope com um sorriso enorme.
— Boa pergunta. Ótima pergunta, aliás! Explica aí, Pope! — provocou JJ.
Antes que Pope pudesse retrucar, John B interrompeu, impaciente.
— Essa ser sua primeira pergunta diz muito sobre você. Agora CORRE!
Sem dar tempo para mais perguntas, John B começou a puxar todos em direção à Kombi. Maddy ficou parada por um momento, tentando entender o que estava acontecendo.
— Espera, vocês tão fugindo de quê? — perguntou ela, correndo atrás deles enquanto o grupo entrava na Kombi.
JJ segurou a porta da Kombi aberta, gesticulando dramaticamente.
— Entra logo, Maddy, antes que os contrabandistas apareçam e a gente vire notícia de desaparecimento coletivo!
— Contrabandistas?! — Maddy arregalou os olhos, mas não hesitou e pulou para dentro da Kombi.
Alyssa entrou logo depois, jogando-se no banco do carona.
John B correu para o banco do motorista, ligando a Kombi enquanto Pope ainda tentava ajustar sua cueca rasgada e Maddy olhava para o grupo, incrédula.
— Tá, mas sério, alguém vai me explicar por que o Pope tá sem calças?
JJ apenas riu enquanto John B acelerava, saindo em disparada pela estrada de terra.
— Prioridades, Maddy, prioridades!
᭪☀️🌊 ݇01: Acabou que esse capítulo não teve de ódio de Alyssa e JJ porque queria uma aventura Pogue com ela KKKKK.
᭪☀️🌊 ݇02: Eu amei escrever esse capítulo KKKKKK.
᭪☀️🌊 ݇03: Tô postando muitos edits dessa fanfic no tik tok, a conta tem o mesmo nome daqui. ( Kietzxd)
᭪☀️🌊 ݇04: Se você leu até aqui, obrigada! Não se esqueçam de votar e comentar pra mim saber o que vocês estão achando da fanfic.
᭪☀️🌊 ݇05: Beijos, amo vocês <3
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