🧪┇𝖢𝖠𝖱𝖱𝖸 𝖮𝖭
𝗖𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟯:
𝖢𝖺𝗋𝗋𝗒 𝖮𝗇
E
aquele corredor era extremamente caótico, eles avançavam com cautela.
Aquele era diferente dos outros, um longo caminho de celas de ferro pesado perfeitamente alinhadas e pequenas. Seus interiores exibiam paredes descascadas, até mesmo pichadas.
No meio do tumulto do lugar, eles eram confrontados por diversos infectados que avançavam em sua direção. Bella e Andrew enfrentavam atirando e golpeando, mas a quantidade era esmagadora.
Havia sussurros e barulhos metálicos ecoando, como se de cada um daqueles cantos escuros fosse surgir uma nova ameaça.
Ambos os policiais tentavam se manter perto, cuidando das costas um do outro, mas em certo momento, parecia impossível. Eles foram lentamente se afastando enquanto lutavam, os barulhos de tiros e golpes somados aos gritos e gemidos das criaturas só aumentavam a tensão que corria entre eles.
E Bella estava quase acostumada com aquilo nesse ponto, a ameaça do apocalipse, a presença de criaturas, ela já havia aceitado e precisava desesperadamente sobreviver.
Seu corpo estava todo banhado em suor e sangue daquelas criaturas, a sensação de seu corpo grudando era sórdida, repugnante. O medo também estava encarcerado em sua garganta, junto a um choro muito dolorido que ela não pôde deixar sair.
Estava presa, praticamente cercada por infectados, quando ouviu o grito de dor vindo do outro lado do corredor. E todos os pelos de seu corpo se arrepiaram. Mas ainda estava cercada.
Bella se moveu rapidamente, girando e chutando um deles na cabeça, fazendo-o cair e tomando tempo o suficiente para recarregar a doze, que, embora fosse muito poderosa, tinha alcance limitado e demorava para ser recarregada.
O tiro acertou em cheio. E ela fez o mesmo com o outro. Ainda faltavam alguns quando um tiro veio do lado oposto e ela soube que aquele era Andrew cuidando de suas costas, provavelmente porque já havia acabado com sua própria luta.
O último infectado foi persistente, mas ela desferiu um soco no rosto dele, fazendo-o cambalear para trás. Com um rápido movimento, ela recarregou a doze e apontou para o infectado.
Com um único tiro, a cabeça do último explodiu, encerrando a luta com muito sangue espalhado. Quando menos esperava, lá estavam mais deles.
O corredor, agora escuro e mal iluminado, cheirava a ferro e podre. E aquela nem era a pior coisa sobre ele. De todos os lados pareciam vir barulhos estranhos, gritos, tiros, adicionando ainda mais à atmosfera caótica.
Do outro lado estava Andrew, que sentia uma dor excruciante e pelo barulho que havia feito há minutos atrás, ele imaginou que sua perna havia sido quebrada por impacto.
Mesmo com a dor, ele não pôde desistir, então apenas se arrastou para longe da criatura que havia o ferido, parando no meio do corredor, seu rosto contorcido pela dor e a respiração mais ofegante do que nunca.
Ele estava disposto a continuar, se aquilo não representasse um atraso para Bella, que era sua prioridade.
Ele a amava demais, como uma irmã, e a segurança dela significava muito. Embora toda aquela dor agonizante ameaçasse pará-lo, ele sentia que precisava tirá-la dali. Ou pelo menos ter uma mínima certeza de que ela sairia dali com segurança.
Enquanto os outros infectados se aproximavam, o homem pegou a arma que estava ao seu alcance e começou a atirar, tentando mantê-los longe. Cada tiro era uma mistura de dor e determinação, pois ele lutava com a perna quebrada.
Foi a vez de Bella defendê-lo, os tiros certeiros dando certo alívio para ele, que tentava manter a calma, mas parecia impossível.
Ele a avisou sobre o infectado que se aproximava pelas costas dela enquanto a mesma procurava por sua munição. E foi tempo o suficiente para que um daqueles infectados o surpreendesse. E tudo que Andrew sentiu além da imensa dor em seu calcanhar foram as presas adentrando a pele de seu ombro. E aquilo tirou dele um grito de dor.
E quando ela olhou para trás, já era muito tarde. Sua ação foi acertar a criatura que havia causado a ferida, se sentindo impotente de imediato. Afinal, era ela quem tinha que cuidar dele, como ele havia feito tantas vezes antes. Mas nem isso conseguiu fazer.
Ela gritou o nome dele.
Andrew estava em choque. Suas mãos foram até o ombro, de onde o sangue escorria. Foi somente um segundo para assimilar o que aquilo significava.
A Miller do outro lado correu até ele. O desespero a atingiu, a respiração era ofegante. Não. Não...
Atravessando o local, desviando dos corpos, ela finalmente chegou, encontrando o rosto mal iluminado de seu parceiro dando a ela um sorriso cheio de dor. Ele tentava aliviar a barra, tentando eliminar a culpa que nesse ponto já era enorme e ecoava pelo cérebro da loira.
Ele, em poucos minutos, se acostumou com o pensamento do fim iminente. Foi bizarro até mesmo para ele a forma como, quando aquele infectado o atingiu, ele somente aceitou a realidade. Não tentou pensar que sairia dessa, não tentou imaginar que aquela mordida apenas não o transformaria naqueles monstros. Porque ele sabia que iria.
E estava tranquilo.
- Andy... - a voz dela era um mero lamúrio. A moça se ajoelhou ao lado dele e estava prestes a fazer uma tala quando ele a impediu.
- Acabou, Bella... - ele dizia, simplesmente. A comunicação não era mesmo seu forte, e ele não pretendia romantizar a realidade. Ela mordia os lábios com força, tentando segurar as lágrimas. - A gente já sabe...
Ele indicou com a cabeça os corpos mais próximos deles, onde alguns também tinham visíveis marcas de mordidas.
- Não! A gente vai dar um jeito. A gente... eu... não vou... - ela gaguejava. Lutava por ele, a forma como ele aceitava a morte a fazendo perder a esperança.
Foi quando a gravidade daquilo a atingiu, e seu corpo pareceu desmoronar. O choro veio, e ela não pôde segurar. As lágrimas faziam uma trilha pelo seu rosto sujo, e ela apenas quis se encolher e desabar.
- Termina com isso - ele se referia à tala. - Eu seguro eles... - ele falou, determinado a ter um fim digno.
- Não... eu não pos- - ele a interrompeu, antes que pudesse continuar.
- Pelo amor de Deus, Bella... você tem uma filha. Uma família - A loira entendia o que aquelas palavras significavam. Um reflexo de todos os problemas de Andrew em uma só fala.
- A gente pode dar um jeito - ela era insistente. E mesmo com os barulhos dos corredores próximos, ela não se moveu.
- Por favor! Eu tô pedindo... - os próprios olhos dele se encheram de lágrimas. - Pela Sarah.
E foi a menção do nome da filha que fez a realidade a atingir. O choro dela se tornou mais forte quando acenou positivamente com a cabeça, começando a fazer a tala com um pedaço de tecido, castigando seus lábios enquanto tentava controlar as lágrimas. E quando acabou, ela finalmente voltou a olhá-lo nos olhos.
- Eu amo você. Obrigada - ela sussurrou, enquanto o abraçava, sem medo.
- Eu te amo. Agora vai - ele a empurrou para longe, sem pensar muito sobre isso, as suas próprias lágrimas descendo sem parar.
Andrew se ergueu, apoiando seu peso na perna que ainda estava inteira, numa força quase sobre-humana. Ele aguentou a dor, segurando a arma e aguardando os infectados que eles ouviam se aproximar.
- VAI! - ele gritou.
E ela foi. Sem olhar para trás. Somente ouvindo o baque de Andrew fechando o portão atrás dela.
Olá pessoas! Bem? Obrigada por ler mais um cap e por todo apoio! O cap de hoje foi difícil ;( não vou pagar a terapia de ninguém, hein
Hehe, até a próxima!
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