prólogo; o ethereal entre nós


    A mão em seu ombro era quente e delicada, um toque suave que lhe passava conforto e lhe espantava os medos do futuro que a agregava enquanto ela era guiada pela extensão do local.

   Os seus cabelos estavam trançados com as mesmas tranças que sua mãe tinha feito na sua partida, isso fora a dois dias atrás.
  Fora uma longa jornada até o Templo do Ar, dois longos dias e duas longas noites, por sorte a vila ao qual tinha nascido não era muito longe, porém ela ainda iria sentir saudades de sua família ao decorrer da sua nova jornada.

Alguns dizem que ser um ethereal era um presente, para Amadahy era mais um enorme fardo.
  Toda sua vida fora construída sob o que ela devia e não devia fazer, sobre o que comer e o que beber, quando falar e quando não falar, quando andar e como andar, como ela deveria se portar e como ela devia seguir, como viver e como morrer.
Ela só tinha 4 anos quando descobriu a sua sina, desde então ela fora moldada para ser a companheira do grande avatar, aquele que ela deveria proteger e cuidar até o seu último suspiro.

Toda vez que um avatar nasce, um ethereal é designado para sua proteção. Eles estavam ligados por algo maior do que somente um grande poder em comum, eles estavam conectados a uma vida de grandes responsabilidades.

-- Eu vou apresentar você a meu amigo, Aang. _ o gentil mestre Gyatso sorria enquanto a guiava. - Você e ele têm muito em comum.

-- Amigo? _ Amadahy olhou por cima do ombro para o sábio. - Ele não sabe... certo?

-- Não ainda. _ a encarou com o canto dos olhos. - Mas logo ele saberá. Por agora, eles esperam uma visitante... uma nova amiga e companhia.

-- Minha mãe disse que eu vou ser treinada e disciplinada, mestre Gyatso. _ sua fala era formal, quase como um grande adulto. - Você vai ser o responsável por meu treino?

-- Alguns. _ concordou.

-- Eu ficarei feliz em ter você como meu professor, senhor. _ sorriu suavemente para o mesmo.

  Gyatso deixou seu olhar demora na jovem, ele a observou com cautela e calma, a estudando pedaço por pedaço.

-- Diga-me, jovem dama. _ o mestre balbuciou. - Quantos anos tem mesmo?

-- Eu fiz meus 13 anos essa primavera, senhor.

-- Você é uma criança _ sorriu confortável. - Enquanto estiver aqui, será uma criança.

   Os dois andaram até o pátio com um enorme chafariz, esse que continha alguns garotos correndo pelo local em uma brincadeira de pegar, as folhas secas das árvores que haviam caído voavam à medida que eles corriam e brincavam com o vento, alguns arriscaram truques no ar para desviar de serem pegos.

– Jovens garotos! _ a voz de Gyatso pareceu ter um efeito instantâneo, pois no mesmo momento os meninos pararam de correr e formaram uma linha horizontal em frente ao mestre.

– Mestre Gyatso! _ prezando respeito os jovens se cursaram suavemente.

– Garotos, quero que conheçam sua nova colega e amiga _ Gyatso a puxou suavemente para frente, suas mãos quentes e delicadas apertaram seus ombros suavemente em conforto. - Essa é Amadahy... ela estará conosco em treinamento, jantar e dormirá no mesmo quarto que vocês. Espero que a façam sentir em casa.

– Bem vinda, Amma. _ um garoto de sorriso fácil se aproximou. - Eu sou Aang! _ se apresentou.

– É um prazer, Aang! _ sorriu para o mesmo.

– Creio que seremos bons amigos. _ o garoto a puxou suavemente em direção aos outros garotos. - Venha brincar conosco.

••••••••••°••••••••••

  Crescer nas Montanhas do povo do Ar no Sul era mágico.
Amadahy, ou Amma como tinha sido apelidada carinhosamente por Aang, nunca tinha sido tão feliz quanto esteve ali naquele ano.
  Ela acordava todos os dias antes do sol nascer, parava na fonte e admirava como as luzes do sol nasciam em meio às montanhas; ia para a prática e brincava com os seus novos amigos que ela tinha feito ali.
  E toda noite, junto dos mestres, ela se sentava em um círculo e fazia suas tarefas de todo ethereal.

  O ethereal era a pessoa prometida a proteção do avatar, nascido e crescido para matar e morrer se preciso, toda a sua vida a jovem tinha sido criada como um gado, para morrer por alguém que ela mais almejava ser.
   Enquanto o avatar poderia viver sem um ethereal, o ethereal não podia ser nada sem o avatar.  Mas às vezes, aquele fardo era demais para  uma jovem aguentar, e nem mesmo um dos seres mais poderosos podia manter sua fachada para sempre.

Naquela noite, quando não conseguiu dormir, Amadahy se viu sentada na fonte, o som da água fluindo a fazia se acalmar, e o som distantes dos animais que cercavam o local a faziam se sentir realmente em casa.
  Casa.
Às vezes quando ia dormir, em noites frias e que a chuva caía ao lado de fora do mosteiro, Amadahy se lembrava de casa, ela se lembrava de ir ao campo colher com seus pais, como era correr com seus irmãos pelas estradas de terra batida, de como sua mãe fazia a melhor sopa de legumes da vila e de como ela ia sempre correndo para os braços de seu pai quando a chuva se intensificava e raios cortavam o céu.
Ela sentia falta de casa, sua real casa, e mesmo aquele local sendo incrível e cheio de vida, ela ainda sentia falta das pequenas coisas que a faziam a doce criança da mamãe.
   No mosteiro ela tinha cama, uma casa para voltar e não passava fome como muitas noites ela passava na vila. Porém sua casa era mais do que somente aquilo, a sua casa era onde sua família estava, onde seus pais e seus irmãos viviam, e ali, embora tão perto, nunca seria a sua casa.

– Hey! _ a voz alegre de Aang fez Amadahy pular no local, suas mãos foram rápidas em enxugar os vestígios de lágrimas. - O que faz aqui? Já está na hora de irmos pra cama. _ o garoto se aproximou de modo feliz. - Gyatso disse que amanhã será um grande dia. _ declarou enquanto se aproximava, seu largo sorriso sumiu quando ele viu os rastros sobre sua pele. - O que houve?

– Nada. _ fungou enquanto desviava seu olhar.

– Não é nada se te fez chorar. _ Aang sentou ao lado da garota. - Você pode conversar comigo.

– Talvez eu não queria conversar, Aang. _ sua voz não tinha fúria, mas rancor, ela estava rancorosa pelo que o seu futuro aguardava.

– Mas _ o garoto balbuciou. - Somos amigos, e amigos conversam. Certo?

  Amadahy o encarou com o canto dos olhos, desgosto era tudo que marcava seu rosto.

– Você não entende, não é mesmo? _ sussurrou.

– O que? _ seus olhos se arregalaram em expectativa.

– Eles disseram o que eu sou quando cheguei. _ resmungou. - Eu sou um ethereal. Você sabe o que significa isso?

– Bem.. não muito.

– Significa que eu sou o gado Aang! _ a voz de Amadahy soou com dor e desgosto. - Eu nasci para morrer, eu estou aqui para treinar como morrer. Esse é meu destino! Morrer pelo Avatar.

– Podemos dar um jeito _ o jovem monge falou. - Podemos fugir e

– Você realmente não sabe de nada, certo? _ Amadahy o encarou. - Eu só estou aqui por causa de

– Crianças! _ uma interrupção soou pelo local, Gyatso se aproximou da dupla. - Algum problema aqui?

– Só estamos conversando, Gyatso. _ o garoto sorriu levemente. - Certo, Amma? _ a encarou.

– É _ encarou o monge. - Só conversando.

– Bem, creio que é hora de dormirmos. _ advertiu. - Certo?

– Já estamos indo _ Aang se levantou e estendeu a mão para Amadahy. - Vamos?

'Existe uma conexão entre você e o avatar... ambos estão ligados, mesmo que não saibam.' a voz de sua mãe soou por sua mente, algo que a fez se levantar sem a ajuda de Aang. 'E se você negar isso... bem, nem um ethereal na história antes negou.'

– Boa noite! _ a garota desejou enquanto saia a caminho de seus aposentos.

  Aang suspirou enquanto a via se distancia do local.

– Gyatso?

– Sim, Aang? _ o encarou.

– Como ajudamos alguém que não quer ajuda? _ o olhar de ambos foram até o grande prédio que a jovem adentrou.

– Bem, às vezes tudo o que precisamos é tempo. _ apontou. - De a ela tempo, Aang. Ele é precioso.

   Aang deu um tempo para Amadahy, ele esperou a menina todas as noites em seu local de sempre, porém ela nunca mais saiu de seu quarto. Amadahy estava evitando Aang, e ela estava evitando ir até a fonte, a fonte que foi designada para eles.

   Naquela noite, perto do enorme cometa vermelho, Aang se viu andando lado a lado com Gyatso, ambos indo até a sala das estátuas dos avatares.

-- Queria falar comigo, Gyatso? _ Aang encarou o mestre.

-- Percebi que Amadahy anda evitando você, jovem Aang. _ o homem parou em frente a uma das estátuas.

   Aang suspirou profundamente enquanto deixava seus ombros caírem em pesar.

-- É... eu não sei o porque. _ o encarou.

-- Está na hora de saber, Aang. _ Gyatso parou em frente a uma das estátuas que fora de um dos avatares do ar. - Amadahy e você estão ligados… pois você é o avatar.

continua...

como sempre, peço paciência com o começo, é o mais difícil pra mim. e peço ainda mais paciência pois estou enferrujada.
alguns erros aqui e ali vão aparecer, eu vou tentar evitar eles, mas é difícil.
Então eu peço paciência, compreensão e tempo, pois o tempo vai ser muito preciso aqui.
Obs: os capítulos serão postados todos os domingos.

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