cap.019; sob as estrelas de Ba Sing Se
A vida em Ba Sing Se parecia mais vibrante do que nunca. Desde o reencontro com Zuko, os dias de Amadahy eram preenchidos com uma energia renovada, como se uma parte esquecida de si mesma estivesse despertando. Zuko cumprira sua promessa: ele aparecia quase todos os dias na loja de chá de Jasmine, sempre com um sorriso tímido e uma desculpa simples – buscar um pouco de chá ou trazer alguma novidade do mercado.
Mas era à noite que os dois realmente se conectavam. Longe das multidões e da rotina, eles encontravam pequenos refúgios pela cidade, lugares onde podiam compartilhar histórias, risadas e, ocasionalmente, um silêncio confortável que dizia mais do que palavras.
Caminhadas ao Luar
— Vamos por aqui — disse Zuko, apontando para uma viela estreita.
Amadahy arqueou uma sobrancelha, segurando a risada. — Você tem certeza de que não vai nos perder, Zuko?
Ele soltou uma risada baixa, algo que ela ainda não estava completamente acostumada. — Confie em mim desta vez.
Ela revirou os olhos, mas seguiu. Era uma noite particularmente clara em Ba Sing Se, com a lua cheia iluminando os telhados de jade e os canais tranquilos. O som da água correndo pelos aquedutos se misturava ao murmúrio distante da cidade, criando um cenário quase mágico.
Após algumas curvas, eles chegaram a um jardim escondido, cercado por muros de pedra cobertos de trepadeiras. Um pequeno lago refletia o brilho das estrelas, e bancos de madeira estavam espalhados sob as árvores floridas.
— Como você descobriu este lugar? — Amadahy perguntou, impressionada.
Zuko deu de ombros. — Eu me perco na cidade mais do que deveria. Mas às vezes, isso leva a lugares interessantes.
Ela riu, sentando-se em um dos bancos. — Parece que valeu a pena.
Ele sentou-se ao lado dela, e por um momento, o silêncio tomou conta. Mas não era desconfortável; era um tipo de silêncio que parecia cheio de possibilidades.
— Você sente falta do passado? — Zuko perguntou de repente, quebrando o silêncio.
Amadahy olhou para ele, surpresa. Era raro ele tocar nesse tipo de assunto.
— Às vezes — admitiu. — Mas acho que o que eu realmente sinto falta é da ideia de quem eu era antes de tudo mudar.
Zuko assentiu lentamente, olhando para o reflexo do lago. — Eu entendo. Também sinto que perdi partes de mim mesmo.
Amadahy inclinou a cabeça, estudando-o. Ele parecia tão diferente do garoto impetuoso que conhecera no passado, mas ainda carregava um peso nos ombros.
— Você está tentando mudar — ela disse, mais para si mesma do que para ele. — Isso é importante.
Ele virou-se para ela, e seus olhos dourados capturaram os dela. — E você me deu uma chance para isso.
Ela desviou o olhar, sentindo o rosto esquentar. — Bem, você ainda tem muito o que provar.
Zuko riu, mas havia uma ternura em seu olhar que fez o coração de Amadahy acelerar.
O Primeiro Toque
Na noite seguinte, Zuko apareceu na loja de chá antes de Jasmine fechar. Amadahy estava limpando as mesas quando ele entrou, parecendo um pouco nervoso.
— O que foi? — ela perguntou, parando de limpar.
— Quero te mostrar uma coisa — disse ele, evitando o olhar dela.
— Agora? — Ela olhou para Jasmine, que estava no balcão, organizando ervas.
— Vai, querida — disse Jasmine, com um sorriso divertido. — Eu posso cuidar do resto aqui.
Amadahy hesitou, mas acabou tirando o avental e seguindo Zuko.
Dessa vez, ele a levou até um dos canais principais da cidade, onde barcos pequenos deslizavam suavemente sobre a água iluminada por lanternas. Ele comprou dois bolinhos de arroz de um vendedor de rua e entregou um a ela.
— Você realmente sabe como impressionar alguém, hein? — ela brincou, mordendo o bolinho.
Zuko sorriu.
— Espere até ver o resto.
Eles caminharam até uma ponte de pedra que oferecia uma vista panorâmica do canal. Lanternas flutuantes eram lançadas ao céu por grupos de moradores, criando um espetáculo de luzes contra o céu escuro.
— Uau — disse Amadahy, maravilhada.
— Quando eu descobri isso, pensei que você gostaria — disse Zuko, observando-a.
Ela se virou para ele, tocada pelo gesto. — Obrigada, Zuko.
Ele sorriu, mas parecia distraído, como se estivesse lutando com algo que queria dizer.
Amadahy se aproximou da beira da ponte, olhando para as lanternas que flutuavam na água. Sentiu Zuko ao seu lado, a presença dele sempre calorosa e sólida.
— Amadahy — ele começou, a voz hesitante.
— Sim? — Ela se virou para olhá-lo.
Zuko parecia mais nervoso do que nunca, suas mãos fechando e abrindo como se tentasse encontrar as palavras certas. Finalmente, ele respirou fundo.
— Eu queria dizer que... desde que nos reencontramos, tem sido diferente para mim. Você me faz querer ser melhor, sabe?
Ela piscou, surpresa com a confissão. — Zuko...
Mas antes que pudesse responder, ele deu um passo à frente, e, num movimento hesitante, inclinou-se.
Amadahy sentiu o coração disparar. Por um instante, o tempo parecia ter parado. Então, ela também se inclinou, fechando os olhos.
O beijo foi suave, quase tímido, mas carregado de emoção. Quando se separaram, os dois estavam ligeiramente ofegantes, como se aquele momento tivesse tirado o ar de seus pulmões.
— Desculpe — Zuko murmurou, corando. — Eu não devia ter...
— Está tudo bem — disse Amadahy, interrompendo-o. Ela não sabia o que dizer, mas o sorriso em seus lábios dizia mais do que qualquer palavra.
Os dois ficaram em silêncio, olhando um para o outro sob o brilho das lanternas flutuantes. E, pela primeira vez em muito tempo, Amadahy sentiu que o mundo estava exatamente onde deveria estar.
Caminhos Entrelaçados
Nos dias que se seguiram, Amadahy e Zuko continuaram suas noites juntos, mas agora havia algo diferente entre eles. Um tipo de conexão que parecia crescer a cada olhar, a cada palavra trocada.
Eles sabiam que o passado ainda estava lá, com suas cicatrizes e desafios. Mas, por enquanto, tudo o que importava era o presente – e a promessa de algo novo e inesperado.
E, em Ba Sing Se, sob o brilho das estrelas, o início de uma nova história começava a ser escrita.
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