cap.018; reencontro no grande mercado

O Grande Mercado de Ba Sing Se era uma explosão de vida. Barracas coloridas se estendiam por toda parte, vendendo desde especiarias aromáticas a tecidos luxuosos. O som das vozes dos mercadores misturava-se com as risadas das crianças que corriam entre os corredores apertados, enquanto o aroma de pães assados e carne grelhada pairava no ar.

Amadahy estava ali para ajudar Jasmine a escolher ervas frescas para a loja de chá. A cesta de palha pendia em seu braço, já meio cheia com folhas de menta, flores de hibisco e algumas raízes de gengibre. Era uma manhã tranquila e, ao mesmo tempo, cheia de movimento – o tipo de equilíbrio que ela aprendera a apreciar em Ba Sing Se.

No entanto, enquanto parava em frente a uma barraca de frutas, sentiu algo diferente. Uma presença familiar, uma energia que parecia puxá-la para trás, como se estivesse revivendo um momento há muito enterrado. Virando-se instintivamente, seu olhar cruzou com o dele.

Zuko.

Ele estava ali, parado a poucos metros, com uma expressão surpresa, como se não esperasse encontrá-la. O cabelo escuro caía desordenado sobre o rosto, e sua postura rígida o fazia parecer deslocado em meio à leveza do mercado. O brilho dourado de seus olhos, entretanto, era inconfundível.

Amadahy congelou. Sentiu um turbilhão de emoções – choque, raiva, tristeza e, talvez, algo que ela não queria admitir: alívio.

Zuko foi o primeiro a se mover, dando um passo hesitante em sua direção.

— Amadahy... — chamou, sua voz baixa, quase como um sussurro.

Ela estreitou os olhos, cerrando a mandíbula.
— Zuko.

Os dois ficaram em silêncio por um momento que pareceu uma eternidade. Amadahy sabia que os mercadores e clientes ao redor continuavam suas vidas, mas, para ela, o mundo havia parado.

A última vez que vira Zuko ainda estava marcada em sua memória como uma ferida aberta. Ele havia partido sem explicações, deixando-a sozinha quando ela mais precisava de apoio. Durante semanas, ela se perguntou se era culpa dela, se havia algo que pudesse ter feito diferente. Mas no fundo sabia que não. Zuko sempre esteve à procura de algo maior, algo que parecia estar além de qualquer um que cruzasse seu caminho.

— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou finalmente, com a voz mais fria do que pretendia.

Ele abaixou os olhos, visivelmente desconfortável.
— Eu... estou morando em Ba Sing Se agora. Com meu tio.

Amadahy soltou uma risada sem humor. — Ah, claro. Agora que eu finalmente encontrei um lugar onde me sinto segura, você aparece para bagunçar tudo de novo.

Zuko levantou o olhar, parecendo ferido. — Não vim aqui para te machucar, Amadahy.

— Não? — Ela cruzou os braços. — Porque foi exatamente isso que você fez da última vez.

Ele abriu a boca para responder, mas nenhuma palavra saiu. Era evidente que não tinha uma boa justificativa.

— Posso... podemos conversar? — Zuko finalmente perguntou, sua voz mais firme agora.

Amadahy hesitou. Parte dela queria simplesmente virar as costas e sair andando. Mas outra parte, mais teimosa, queria ouvir o que ele tinha a dizer, mesmo que apenas para esfregar em sua cara o quanto ele a magoou.

— Estou ouvindo — ela disse, cruzando os braços.

Zuko olhou ao redor, percebendo que o mercado talvez não fosse o melhor lugar para aquela conversa. — Não aqui. Há um lugar tranquilo no parque próximo. Podemos ir até lá?

Amadahy suspirou, mas acabou concordando com um aceno de cabeça. Ele não merecia a chance, mas ela precisava de respostas.

[...]

O parque era um oásis em meio ao caos de Ba Sing Se. Árvores altas lançavam sombras sobre os caminhos de pedra, e pequenos lagos refletiam o céu azul. Amadahy sentou-se em um banco de madeira, enquanto Zuko permaneceu em pé, claramente desconfortável.

— Fale logo — ela disse, sem rodeios.

Zuko respirou fundo, como se estivesse reunindo coragem.
— Eu não sei por onde começar. Sei que te deixei de repente, e que isso foi errado.

— Errado? — Amadahy interrompeu, a raiva crescendo em sua voz. — Você me abandonou, Zuko. Sem sequer uma palavra. Eu confiei em você, e você me deixou sozinha.

Ele assentiu, a culpa evidente em seu rosto. — Eu sei. E sinto muito por isso. Mas na época eu estava perdido. Tudo na minha vida estava desmoronando.

— E você achou que a melhor solução era me deixar? — ela retrucou, sua voz tremendo de emoção. — Eu também estava perdida, Zuko. Mas eu nunca teria te deixado.

Zuko sentou-se ao lado dela, ainda mantendo uma distância cautelosa. — Eu estava obcecado em recuperar minha honra, em encontrar o que havia perdido. Achei que, se seguisse em frente sozinho, poderia me concentrar nisso.

Amadahy balançou a cabeça, ainda incrédula.
— E encontrou?

Ele ficou em silêncio por um momento antes de responder.
— Não. Percebi que o que estava buscando não era o que realmente importava.

Ela o observou, tentando avaliar a sinceridade de suas palavras. Havia algo diferente nele agora. Ele parecia mais cansado, mais humilde, talvez até arrependido.

— E agora? O que você quer, Zuko?

— Quero tentar fazer as coisas certas — respondeu, olhando diretamente para ela. — Sei que não posso apagar o que fiz, mas quero me redimir.

Amadahy sentiu seu coração apertar. Queria acreditar nele, mas as cicatrizes do passado ainda ardiam.

— Não é tão simples, Zuko — ela disse, sua voz suave, mas firme. — Você não pode simplesmente aparecer e esperar que tudo volte a ser como antes.

Ele assentiu, aceitando suas palavras.
— Eu não espero isso. Só quero uma chance de provar que posso ser alguém melhor.

Amadahy desviou o olhar, observando as folhas das árvores balançando ao vento. Havia algo na sinceridade de Zuko que fazia com que ela quisesse acreditar nele, mas também sabia que precisava proteger seu coração.

— Isso vai levar tempo — ela disse finalmente.

Zuko esboçou um pequeno sorriso.
— Eu estou disposto a esperar.

Os dois caminharam juntos de volta ao mercado, o silêncio entre eles mais confortável agora. Zuko parecia aliviado por ter tido a oportunidade de falar, enquanto Amadahy ainda processava tudo o que ouvira.

Ao se aproximarem do ponto onde haviam se encontrado, ela parou e olhou para ele.

— Não estrague isso, Zuko — disse, sua voz firme, mas não sem um toque de esperança.

Ele assentiu, com um olhar que parecia prometer que faria o possível para não decepcioná-la novamente.

Enquanto ele se afastava, Amadahy ficou parada por um momento, olhando para as multidões do mercado. Ainda havia muitas perguntas, muitas feridas a serem curadas. Mas, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que talvez houvesse uma chance de reconciliação.

E, talvez, de algo mais.  

---------
1. comentem para engajar o livro.
2. reta final da final.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top