cap.016; o vento sopra
Amadahy acordou cedo naquele dia, como costumava fazer. O sol já tingia o céu de um laranja suave, mas a brisa fresca da manhã ainda trazia consigo o frescor da noite. Era o seu primeiro dia de volta ao trabalho na cafeteria, um lugar pequeno, mas acolhedor, onde ela se sentia confortável e, ao mesmo tempo, esquecia dos pesares do mundo.
O cheiro do café recém-passado, misturado com o aroma de pães quentes e bolos caseiros, parecia chamar por ela enquanto ela caminhava em direção ao estabelecimento. Ao chegar, no entanto, algo parecia diferente. A porta estava entreaberta, mas não havia o barulho habitual de risadas e conversas. A cafeteria parecia silenciosa demais. Sem saber ao certo o que esperar, ela empurrou a porta com uma leveza cautelosa.
Quando entrou, seus olhos percorreram o local. O balcão estava vazio, a mesa com jornais espalhados ainda estava arrumada, mas não havia ninguém. Nenhum cliente, nenhum barista. Só o eco do silêncio. Amadahy franziu a testa e foi até a cozinha, esperando encontrar algum sinal de vida, talvez uma mensagem, um recado. Mas nada.
— Olá? Sr. Lee? - chamou, mas ninguém respondeu. - Estranho, ele sempre está por aqui a essas horas.
Dando de ombros, a menina se pôs então a voltar à floresta, onde vivia com Iroh e Zuko em uma caverna encontrada pelo mais velho a algumas semanas.
O espírito de Zuko estava mais sombrio e mal humorado nos últimos dias, porém não era nada além de anormal.
Ao chegar na caverna a menina viu que estava vazia, sem nada além da fogueira apagada, entrando no local a mesma procurou por pistas, algo que a deixasse alguma esperança de que eles iriam voltar.
Foi então que ela viu o pequeno pedaço de papel sobre o balcão. Seu coração deu um salto. O nome de Zuko estava escrito em uma caligrafia firme, mas com uma leveza que ela reconheceria em qualquer lugar. Ela pegou a carta, e o papel parecia mais pesado do que deveria.
Abriu-a com dedos trêmulos e leu:
"Amadahy,
Tivemos que partir. Há um destino a cumprir, e ele nos chama em outra direção. Iroh e eu fomos convocados para seguir nosso caminho. Não se preocupe. Encontraremos nossos destinos, assim como você encontrará o seu.
Não sabemos o que o futuro reserva, mas sempre que precisar, olhe para as estrelas.
Zuko."
A carta estava escrita com o cuidado de quem tenta aliviar a dor da despedida. O sentimento que transbordava ali, contudo, era mais de um adeus do que de qualquer outra coisa. Amadahy não sabia o que pensar. Zuko e Iroh haviam sido uma parte fundamental de sua vida durante aquele tempo. Eles estavam ali, ela os considerava amigos, quase uma família. Mas agora, eles haviam ido embora, deixando-a para trás. A solidão, como uma neblina fria, começou a envolver o coração de Amadahy.
Ela permaneceu em silêncio por alguns minutos, segurando a carta com os olhos fixos na última frase, "olhe para as estrelas." Não sabia o que isso significava, mas algo no fundo de sua alma dizia que esse simples conselho era mais importante do que ela imaginava.
A cidade parecia agora mais estranha e solitária do que nunca. A cafeteria, antes um refúgio, agora parecia um espaço vazio. Ela não sabia por quanto tempo ficaria ali, mas não queria ser uma presença estática em um lugar onde as pessoas e os laços já haviam se rompido. Amadahy sabia que precisava seguir em frente.
Sem mais palavras, ela deixou a cafeteria e caminhou pelas ruas da cidade, sem destino certo, sentindo-se cada vez mais como uma folha ao vento. O que fazer agora? Para onde ir? Ela sabia que a resposta não estava em seu pequeno mundo, mas em algo maior, algo que a chamava. O vento parece soprar para o leste, como se quisesse guiá-la.
Decidiu então partir para Ba Sing Se, a imensa cidade no Reino da Terra. Sempre ouvira histórias sobre a grandiosidade de sua muralha e sobre os mistérios que guardava. Talvez lá ela encontrasse algo — um trabalho, uma vida nova, ou até um propósito.
A viagem foi longa, e o caminho, repleto de paisagens deslumbrantes e perigos ocultos. Amadahy, com o peso da solidão em seus ombros, caminhou durante dias, atravessando vilarejos e pequenas aldeias, onde a vida parecia ser mais tranquila e as pessoas mais acolhedoras. Mas o pensamento de Zuko e Iroh não a deixava, e o vazio da despedida ainda ressoava dentro dela.
Quando finalmente chegou à Ba Sing Se, o cenário foi mais impressionante do que ela imaginava. A muralha imensa que cercava a cidade parecia um monumento à resistência e à proteção. Ao entrar, a diferença de clima e estilo de vida foi chocante. As ruas estavam cheias de pessoas de todas as partes do mundo, com lojas e mercados vibrantes por todos os lados. Mas, por mais que fosse um lugar repleto de vida, Amadahy sentia-se estranha. Como se ainda estivesse à procura de algo, sem saber exatamente o que.
Ela procurou por uma hospedagem simples, uma pequena pensão no centro da cidade, e ao se acomodar, fez planos para os próximos dias. Precisaria encontrar trabalho, claro. O que mais faria aqui? A vida na cidade parecia engolir quem não tinha um propósito claro.
Porém, ao andar pelos mercados de Ba Sing Se, algo em particular chamou a atenção. Uma pequena tenda de chá, escondida entre duas grandes lojas, com uma placa que dizia "Chá de Jasmine e Sabedoria Antiga". O nome, de alguma forma, tocou seu coração. Talvez fosse um sinal. Ela entrou, sem pensar muito, e foi recebida por uma senhora idosa que, com um sorriso caloroso, lhe ofereceu uma xícara de chá.
O calor da bebida e o aroma doce e suave do chá de jasmim trouxeram um conforto inesperado para Amadahy. Sentou-se, e a senhora, percebendo seu semblante cansado e melancólico, lhe perguntou:
– Você parece procurar algo, minha filha. O que é que sua alma deseja?
Amadahy hesitou, mas antes que pudesse formular uma resposta, a senhora continuou com uma sabedoria serena:
– Às vezes, a vida nos leva por caminhos desconhecidos, mas lembre-se: é no deserto da solidão que as flores mais raras começam a brotar.
Essas palavras, simples, mas carregadas de significado, tocaram profundamente Amadahy. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas ali, naquele pequeno refúgio de chá, talvez ela tivesse encontrado o primeiro passo para a descoberta de si mesma.
--------
1. reta final.
2. comentem para engajar mais a história.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top