cap.015; esmola

vou finalizar a fanfic no ato dois, pois não tenho muita criatividade para continuar com ela.

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A madrugada na aldeia era envolta em uma quietude melancólica, uma serenidade frágil que facilmente se romperia ao amanhecer. Amadahy puxou o capuz até cobrir bem seu rosto enquanto atravessava as ruas ainda desertas. Depois de fugir de Azula e seus seguidores, ela e o pequeno grupo de aliados que havia formado – Iroh e Zuko – estavam em uma cidade desconhecida, cada um lidando com os próprios receios e desafios.

Iroh, que em outros tempos fora um general reverenciado e poderoso, agora encontrava-se dobrado pelo peso das circunstâncias. Ao lado de Zuko, sentava-se ao pé de uma escadaria, segurando uma tigela de madeira. A expressão de Zuko era de constrangimento e raiva reprimida; ele não suportava a ideia de pedir esmolas, mas sabia que, por ora, não havia outra alternativa. Por mais que detestasse a situação, o jovem príncipe mantinha-se firme, ciente de que as necessidades de sobrevivência superaram seu orgulho.

Amadahy sabia que, para conseguirem uma refeição decente, precisam mais do que o que conseguissem em esmolas. Ela ouvira falar de uma taverna que pagava bem por algumas horas de trabalho; eles precisavam daquele dinheiro, então ela respirou fundo e se dirigiu para lá. A fachada da taverna era desgastada, mas ainda possuía um charme de rusticidade.

Ela entrou e, ao se aproximar do balcão, foi recebida pelo olhar atento do dono, um homem robusto e de feições duras, que a analisou por um longo tempo. Ele ergueu uma sobrancelha e perguntou:

– Está procurando algo, garota?

Amadahy, reunindo sua determinação, respondeu:

– Um emprego temporário. Posso limpar, carregar caixas... o que precisar.

O homem soltou uma risada áspera e cruzou os braços.

– E por que eu deveria contratar você? Sabe, é preciso força para o trabalho aqui, e você não parece... como posso dizer? Capaz.

Amadahy apertou os punhos, mas manteve a calma. Sabia que precisava daquele trabalho, e discutir com o dono só complicaria a situação.

– Posso fazer o serviço. Eu garanto – ela insistiu, com um tom firme.

Após alguns segundos de hesitação, ele suspirou e acenou para que ela seguisse até os fundos, onde lhe mostrou um amontoado de caixas e barris pesados.

– Quero isso tudo empilhado ali, perto da porta. Se conseguir fazer isso, eu lhe pago algumas moedas no fim do turno.

Amadahy assentiu, sentindo o cansaço já pesar sobre seus ombros, mas sem desistir. Ela precisava cumprir aquela tarefa para garantir o jantar.

[...]

Enquanto isso, do outro lado da cidade, Iroh observava com um olhar sereno os transeuntes que passavam, alguns lhe oferecendo moedas, outros o ignorando. Ele percebeu que Zuko mantinha-se tenso e desconfortável, olhando fixamente para a frente, evitando qualquer contato visual com as pessoas que passavam.

– Sabe, Zuko – Iroh começou, numa tentativa de aliviar a tensão –, há um ensinamento nas Artes do Chá que diz que, mesmo as situações mais difíceis podem nos oferecer sabedoria e paciência. A vida tem formas curiosas de nos guiar.

Zuko suspirou, claramente exasperado.

– Tio, não me venha com lições de chá agora! – ele respondeu, olhando ao redor para garantir que ninguém os reconheceria. – Nós estamos literalmente mendigando, e você ainda consegue falar em lições?

Iroh, sempre calmo, sorriu com paciência.

– A vida sempre nos apresenta desafios, meu sobrinho. Talvez este seja apenas mais um deles.

Zuko não respondeu, mas algo no tom de Iroh lhe trouxe um leve consolo. Ele sabia que o tio tinha razão, e que as adversidades os estavam moldando, mesmo que ainda não conseguisse ver como.

[...]

Depois de horas de trabalho pesado, Amadahy finalmente empilhou as últimas caixas e barris no lugar indicado. Ela limpou o suor da testa e voltou ao balcão. O dono da taverna olhou para ela com aprovação, lançando-lhe algumas moedas.

– Você fez um bom trabalho, garota. Posso até precisar de você de novo amanhã. Que tal?

Amadahy pegou as moedas com um breve sorriso de agradecimento.

– Eu estarei aqui – respondeu, inclinando a cabeça em respeito.

Saindo da taverna, ela olhou para o céu. O sol estava começando a descer, e logo o frio da noite tomaria conta das ruas. Ela seguiu apressadamente até onde havia deixado Zuko e Iroh.

Ao encontrá-los, observou-os por um momento antes de se aproximar. Iroh parecia calmo como sempre, mas Zuko parecia mais abatido do que nunca. Ele notou a expressão séria dela e rapidamente desviou o olhar.

– Trouxe o suficiente para jantarmos – disse Amadahy, estendendo as moedas na direção deles.

Iroh sorriu, grato, e Zuko a olhou com uma mistura de surpresa e alívio.

– Vamos para um lugar onde possamos comer com tranquilidade – sugeriu Iroh, puxando o sobrinho e acenando para Amadahy.

Caminharam juntos até um canto mais isolado da cidade, onde encontraram um restaurante simples e pediram uma refeição modesta, mas reconfortante. Enquanto comiam, o clima parecia um pouco mais leve.

– Amadahy, muito obrigada – disse Iroh, com um olhar gentil.

Ela assentiu, ainda refletindo sobre a situação. Estavam em uma cidade que os tratava como forasteiros, sem recursos e sendo caçados por Azula. Mas, naquela noite, a comida quente e a companhia dos dois tornavam as dificuldades um pouco menos pesadas.

Zuko, ainda comendo em silêncio, ergueu os olhos e, hesitante, murmurou:

– Obrigado... por ajudar.

Amadahy deu um leve sorriso, compreendendo o esforço que aquelas palavras custam a ele. O fardo compartilhado entre os três, mesmo que difícil, agora parecia um pouco mais suportável.

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