prologue

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͘ ࣭⸰ 𖥔 round 6 fanfiction ⸰ֺ⭑«
𝘄𝗿𝗶𝘁𝘁𝗲𝗻 𝗯𝘆 𝘀𝘁𝗮𝘆𝘄𝗼𝗹𝗳𝗻𝗼𝗶𝗿, 𝟮𝟬𝟮𝟱
• • • • prólogo00 • • • •

• ୨ UMA VIDA DE MERDA ࣪ ⊹


⚠️: esse capítulo contém cenas de assédio e abuso sexual.

Os raios de sol adentravam a janela do quarto de Hee-jin, a fazendo despertar de seu sono profundo. Nem ela mesmo sabia como dormia tão tranquila apesar do inferno em que sua vida se encontra. Após aquele dia, tudo parece ter virado do avesso.

Ela pegou seu celular, e não ficou surpresa ao ver várias notificações de cobrança do banco. Mensagens, ligações perdidas. Uma única notificação chamou a sua atenção, entretanto, não de uma forma boa. Um email de uma vaga de emprego que havia feito uma entrevista. Foi reprovada, de novo. Já não era mais uma novidade. Está desempregada há exatos dois anos e cinco meses. Hee-jin tentava e muito arrumar um emprego, porém, o fato de ter sido demitida acaba complicando nesse quesito. Odiava tanto o seu antigo chefe por ter acabado com a sua carreira.

Após se levantar e fazer suas higienes básicas, a Park foi para a sala. Sua casa era pequena, contendo dois quartos, uma sala e uma cozinha, havendo apenas um banheiro. Todos os cômodos sendo minúsculos, não cabendo nem mesmo ela e a sua mãe. Entretanto, ainda era o suficiente.

Ao chegar no cômodo, viu a sua mãe pondo a mesa. A mais velha já vestida para mais um dia de trabalho exaustivo, a mulher trazia a mesma expressão rígida e cansada de sempre. Hee-jin não conseguia evitar o peso da culpa que sentia ao vê-la trabalhar tanto para sustentar a casa com um salário miserável. Sentia-se inútil por não conseguir ajudá-la, por não conseguir sequer um emprego.

—Vem comer. — ordenou a sua mãe apontando para a mesa no chão.

Hee-jin assentiu com a cabeça e se sentou no piso, de frente para a sua tigela de arroz e kongnamul-guk. Começou a comer em silêncio, enquanto sua mãe fazia o mesmo.

—Conseguiu a vaga? — perguntou a mais velha.

—Não. — respondeu simplista. — Fui reprovada.

A mãe suspirou profundamente, como quem já esperava aquela resposta, mas ainda assim se sentia decepcionada.

—Como sempre. Não sei porque ainda tenho esperanças.

—Bom, a culpa não é minha. — retrucou Hee-jin, dando de ombros.

O som de uma mão batendo com força na mesa ecoou pela sala. A mãe olhou para ela com uma expressão furiosa.

Yah! Não é sua culpa?! Se você tivesse sido uma boa funcionária na polícia, nada disso teria acontecido!

Hee-jin sentiu o sangue subir ao rosto. A raiva borbulhava dentro dela.

—Sério?! Minha culpa?! Eu estou me esforçando para arrumar emprego e ainda tive as dívidas para pagar o seu tratamento! — gritou ela, batendo na mesa com a mesma intensidade.

—Do que adianta ter pegado empréstimos e ter levado um golpe?! No final não tivemos nem o tratamento e muito menos o dinheiro!

—Ao invés de ser uma ingrata, deveria agradecer ao meu esforço de tentar te ajudar! O seu salário não paga nem a diária do hospital, quem dirá o tratamento!

Odiava esse lado da mãe. O lado ingrato e egoísta. Bem, essa era Kang Soon-ja, a pessoa que colocou Hee-jin no mundo. Amava a sua mãe, amava mesmo, mas essas atitudes da mais velha a fazia repensar se valeu a pena ficar com tantas dividas, até mesmo risco de morte, por causa dela.

—Já chega! Eu estou indo trabalhar. Pelo menos alguém tem que fazer isso! — disse Soon-ja, se levantando. — Faça o favor de tentar procurar outro emprego.

—Hoje tenho outra entrevista. Pode ficar tranquila que isso eu estou fazendo. — diz a morena, voltando a dar atenção para a sua comida.

—Sabe que eu faço isso porque me preocupo, não sabe? — perguntou a mais velha, arrancando um olhar da filha, que assentiu com a cabeça.

—Sei sim. — respondeu ela, a sua refeição voltando a ter a sua atenção.

A Kang se direcionou ao mancebo cabideiro que ficava atrás da porta, para pegar o seu sobretudo e a sua bolsa para trabalhar. No entanto, uma dor persistente em seu peito começou a se manifestar, fazendo a mais velha soltar um suspiro de dor e colocar a mão na região dolorida. Hee-jin, ao ouvir o suspiro da mãe, imediatamente se levantou e foi em direção a mais velha, colocando a mão em suas costas e a olhando com um olhar preocupado.

Omma, o que houve? Aquela dor no peito de novo? — indagou com preocupação. — Se tiver forte, podemos ir ao médico. Diz para o diretor que não pode ir trabalhar.

—Está maluca?! — exclamou enquanto olhava para a filha. — Um dia a menos de trabalho é horas não pagas, ou seja, um dia inteiro sem receber. Um dinheiro a menos para as contas.

Hee-jin respirou fundo, tentando manter a calma por causa da teimosia da mãe.

—Quer que eu pelo menos leve a senhora para a faculdade? — perguntou ela, recebendo um aceno negativo da mais velha.

—Não! Vá procurar emprego, é melhor do que perder tempo comigo. — ordenou a mais velha. — Eu vou ficar bem.

É isso o que a sua mãe diz há três anos. O câncer no pulmão era inicial quando descobriram e até correram atrás de um tratamento. Porém, quando Hee-jin foi demitida, tiveram que dar um tempo na procura. Até que ela resolveu pegar empréstimos no banco para pagar o tratamento. Deu certo no começo, acharam um médico que parecia ser bom no ramo. No entanto, a Park não conseguia um emprego, e não podia mais pegar empréstimo no banco. Foi então que pegou empréstimo com agiota. Não com um, mas com quatro. Aparentemente estava dando tudo certo, até que, descobriram que na verdade caíram em um golpe. Não havia tratamento, não havia médico experiente. O homem sumiu com o dinheiro. E desde então, os juros no banco devido a dívida só aumentam e Hee-jin não pode sair de casa sem estar disfarçada por causa dos agiotas que a persegue. Tudo estava dando errado na sua vida por causa... dele.

Se ela conseguisse um emprego, de qualquer coisa, já daria para começar a pagar tudo o que deve, mesmo que seja minimamente parcelado. Mas, no momento, só ganhando na loteria para resolver a sua situação financeira precária.

Faltava algumas horas para a sua entrevista, e então, Hee-jin se apressou para se ajeitar. Ela ajeitou a louça e logo foi se arrumar. Tomou um banho, arrumou o seu cabelo, se maquiou com as poucas maquiagens que ainda lhe resta e colocou a sua melhor roupa que usa em todas as suas entrevistas: uma calça jeans escura com uma blusa social preta e um sobretudo bege claro. Era a roupa que deixava separada para a procura de emprego, afinal, precisaria parecer chique e arrumada, para assim causar uma boa impressão. É o que dizem, não é? Entretanto, essa arrumação toda não adianta muito, por causa da sua maldita carteira de trabalho com aquela maldita demissão.

Antes de sair de casa, ela calçou seus sapatos: uma bota de cano curto sem salto na cor preta e pegou o seu boné de cor escura, o colocando em sua cabeça para enfim sair de sua residência. O dia estava bastante frio em Seul, por isso ela teve que ficar bem agasalhada. A mulher começou a andar em direção ao ponto de ônibus. O seu bairro não era tão perto do ponto, por isso tem que andar um pouco. Uns dez minutos, praticamente. Além do ônibus, também teria que pegar o metrô para chegar até a empresa que vai ter a entrevista.

—Olha só quem eu estou vendo! — uma voz conhecida a fez se virar na direção da pessoa.

O que a fez se arrepender amargamente por ter feito isso, desviando o olhar e ajeitando mais o boné para esconder o seu rosto.

Era os quatro agiotas que ela devia. Esses que eram do mesmo grupo. E é claro que ela só descobriu isso depois que estava devendo milhões de wons para cada um.

—Merda! — murmurou ela enquanto voltava a andar com passos apressados.

Yah! Hee-jin-ah! — um dos caras a chamou. A forma como ele disse seu nome parece que eles tem uma baita intimidade, sendo que ela sabe que isso é só para provocá-la.

A Park sentia que eles estavam mais próximos, o que a fez praticamente correr para longe deles. Entretanto, não deu muito certo. Dois deles conseguiram ultrapassá-la e ficar a sua frente, enquanto os outros dois estavam atrás de si. Resumindo: ela estava completamente encurralada.

—Uau! Finalmente nos encontramos! Parece que foge da gente. — diz um dos homens enquanto acariciava a bochecha da mulher. Nessa hora, Hee-jin já estava tremendo por completo.

—Eu... só estou atrasada para um compromisso. — a morena tentou desviar do assunto. Ela buscou se desviar dos dois homens a sua frente, porém, um deles percebeu e segurou o seu braço com força, a impedindo de dar mais um passo. — Me deixem ir, por favor. — implorou ela, arrancando risadas do quarteto.

Um dos homens pegou um canivete em seu bolso, colocando a lâmina no pescoço da mulher, pronto para cortar a região dependendo das ações da Park.

—Escute aqui, Hee-jin, queremos que nos pague, tá legal? — diz o cara com o canivete, em tom de ameaça. — Um ano e cinco meses que está nos devendo e até hoje não vimos um centavo do dinheiro que nos prometeu.

—É porque eu não tenho, acredite! Prometo que irei pagá-los assim que tiver! — prometeu ela. Mas, eles nao acreditavam mais em suas palavras. Já fazia um ano e cinco meses que a Park os devia. Obviamente que eles vão desconfiar.

—Acreditar? — um deles riu alto, inclinando-se em sua direção. — Você acha que somos idiotas, Hee-jin? Já ouvimos isso muitas vezes.

O homem com o canivete pressionou a lâmina levemente contra a pele dela, o suficiente para fazê-la sentir o frio do metal.

—Vamos facilitar as coisas. — ele continuou, seu tom calmo e ameaçador. — Se você não pode pagar com dinheiro, podemos encontrar outra forma de resolver isso.

—O-o que quer dizer com isso? — gaguejou Hee-jin, sentindo o suor escorrer por sua nuca.

Os outros homens trocaram olhares e risadas. Um deles, o mais baixo, deu um passo à frente, aproximando-se dela.

—Você é bonita, sabe? — ele disse, inclinando-se para sussurrar em seu ouvido. — Aposto que conseguiria "trabalhar" pra pagar sua dívida bem rápido.

—Que tal? — completou outro, cruzando os braços. — Um pouquinho de esforço da sua parte e talvez a gente até diminua os juros.

Hee-jin congelou, o coração disparando no peito. A ideia do que eles estavam sugerindo a fez sentir náuseas, mas ela sabia que não poderia mostrar fraqueza. Qualquer reação errada poderia piorar a situação.

—Eu... Eu não sou esse tipo de pessoa. — respondeu ela com firmeza, mesmo que por dentro estivesse em pânico. — Posso resolver isso de outra forma. Por favor, me deem mais tempo.

—Tempo? — o homem com o canivete gargalhou, afastando a lâmina do pescoço dela, mas não a soltando. — Você já teve tempo suficiente.

Outro deles se aproximou, segurando o queixo dela e forçando-a a olhar em seus olhos.

—Escuta, querida. Essa é a nossa oferta mais generosa. Ou você aceita, ou a gente vai ter que encontrar outro jeito de fazer você pagar... e garanto que não vai ser tão agradável quanto essa ideia.

Hee-jin engoliu em seco, tentando encontrar uma saída. Ela precisava pensar rápido, mas sabia que estava sozinha e cercada.

—Se você colaborar conosco, estendemos o tempo para pagar e até diminuímos os juros. O que acha? — o homem do canivete sugeriu. O estômago de Hee-jin novamente revirou. — Como meu colega disse, essa é a nossa oferta mais generosa. Caso o contrário, bom, acho que teremos que fazer uma visitinha para a sua mãe.

O coração da mulher parou ao ouvir essa ameaça. A sua mãe. Que não tem culpa de nada do que ocorreu. Que paga por tudo o que ela fez. Trabalha direto para tentar pagar as contas de casa mesmo com câncer. Ela já se sentia culpada por tudo o que acontecia em casa, não poderia deixar que mais isso acontecesse.

E então, contra a sua vontade, ela teve que aceitar.


Os passos deles finalmente se afastaram, ecoando pela rua deserta enquanto riam e trocavam piadas cruéis entre si, como se nada tivesse acontecido. A respiração de Hee-jin estava acelerada, mas ela não conseguia se mover. Suas pernas tremiam tanto que era impossível se manter de pé. Ela caiu de joelhos no chão frio e áspero, encarando o vazio, os olhos arregalados enquanto revivia cada detalhe do que acabara de acontecer.

Seu corpo doía, mas era a sensação de sujeira que a consumia. As mãos tremiam e suavam descontroladamente, e ela tentou limpá-las na calça, como se isso pudesse apagar o toque daqueles homens. Mas nada adiantava.

O gosto amargo subiu à sua garganta, e antes que pudesse controlar, Hee-jin vomitou no chão à sua frente, soluçando entre golfadas. A bile queimava sua garganta, mas era melhor do que o nó sufocante que estava preso em seu peito.

Por que isso estava acontecendo com ela? Tudo isso por causa do que aconteceu no passado? Por que ela se apaixonou e amou alguém? O amor a levou para esse fundo do paço em que ela se encontra? O amor transformou a sua vida nesse verdadeiro inferno? Não, até vivendo ao lado do capeta no inferno seria bem melhor do que isso que ela chama de vida.

Hee-jin tentou se levantar, mas suas forças haviam desaparecido. Ficou ali, ajoelhada no chão, enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto. O soluço veio alto, e a morena afundou o rosto nas mãos, chorando com toda a dor e vergonha que a consumiam.

O vento frio da manhã cortava sua pele, mas ela nem sentia. Só conseguia pensar no que tinha acontecido, no olhar deles, nas palavras e nos toques. O desejo de desaparecer tomou conta de sua mente.

Com dificuldade, arrastou-se até uma parede próxima, encostando-se nela para buscar apoio. O cheiro do vômito e o sangue seco em seus lábios faziam com que se sentisse ainda pior.

—Não... — murmurou, balançando a cabeça freneticamente enquanto mais lágrimas caiam. — Isso é só um pesadelo, me diz que é...

Ela abraçou os joelhos, tentando se proteger do mundo, mas não havia proteção para o que sentia. A vergonha, a culpa e o ódio estavam enraizados nela agora, como uma ferida que nunca iria cicatrizar.

De repente, seu celular vibrou no bolso. Ela sabia que era um alarme para sua entrevista de emprego, mas sequer teve forças para olhar.

O mundo ao seu redor continuava, mas Hee-jin estava paralisada naquele momento de dor e humilhação. E, naquele instante, tudo o que ela queria era desaparecer.


"Sinto muito, senhorita Park. Devido a demissão do seu último trabalho, infelizmente não poderemos te contratar."

E mais uma vez, reprovada. Eles não lhe deram nem a chance de analisar o seu currículo e entrevistá-la direito. Só de olharem para o seu histórico e ver a sua demissão de seu último emprego já a fez ser reprovada, de novo. Não aguentava mais isso. Ela só queria um emprego, nada mais e nada a menos que isso. Será que era melhor apostar? Roubar? As pessoas que fazem isso se dão bem melhor do que os trabalhadores honestos e trouxas. Talvez deva ir para o mundo do crime, será?

Não, melhor não. Antes ficar desempregada do que presa. Com sorte, não verá aqueles agiotas de novo por um bom tempo. Até lá, pode arrumar algum dinheiro para pelo menos pagar uma parcela da dívida.

Hee-jin estava sentada no banco da estação de metrô, esperando o próximo veículo. Estava tão concentrada chorando e se lamentando que acabou perdendo o transporte, se obrigando a esperar o próximo. Já estava tudo ruim mesmo, o que poderia ser pior?

Foi quando um homem alto, de terno e gravada, o cabelo prateado para o lado e com uma maleta se sentou ao seu lado. A princípio, a mulher ignorou a sua presença. Poderia ser só mais um trabalhador voltando de seu trabalho.

—Senhorita. — ele a chamou. Hee-jin limpou o rosto molhado pelas lágrimas com a manga do seu sobretudo antes de olhá-lo. — Tem um minuto?

Aposto que era alguém indo falar de religião. Ainda mais pela forma que se vestia.

—Acredito em Jesus, mas não quero saber de religião, obrigada. — ela diz de forma simplista e seca, se afastando do homem.

—Não é isso. Eu quero lhe dar uma oportunidade...

Aish! Eu já disse que não quero saber! — exclamou, voltando a olhar para ele. — Do jeito que minha vida se encontra, nem mesmo Jesus ou Deus pode resolver! Então, faça o favor de parar de me incomodar e vaza daqui! — ordenou ela, desviando o olhar.

—Senhorita... — ele continuou insistindo, fazendo a morena revirar os olhos. — Quer jogar um jogo comigo?

Ao ouvir essa pergunta, imediatamente as mãos da Park começou a tremer. Que tipo de jogo seria? O mesmo que aconteceu há algumas horas atrás? O mesmo jogo que a faria sentir nojo de si mesma?

—O que você faz? Enche o saco dos outros com coisas idiotas? — ela voltou a olhá-lo, com irritação nos olhar.

Porém, ele abriu a maleta, mostrando o seu conteúdo. Havia notas de wons, dez mil e cinquenta mil, além de dois ddakji nas cores vermelho e azul. A garota logo reconheceu o jogo que ele queria jogar. Era uma brincadeira besta de criança.

—A senhorita já jogou ddakji, não? — perguntou o homem, pegando um ddakji de cada cor e mostrando para a morena a sua frente.

Claro que ela já jogou. Era o seu jogo favorito na infância. Inclusive, vencia muitas vezes de seus amigos.

—Jogue comigo. — continuou ele. — Sempre que ganhar, eu te darei cem mil wones.

Aquela oferta era bem fácil para ser verdade. Parece até brincadeira de mal gosto. No entanto, o dinheiro parecia bem real a primeira vista. Se vencesse várias vezes, poderia pagar um pouco da dívida além de voltar com o tratamento da sua mãe.

—Então, se eu virar seu ddakji, vai mesmo me dar cem mil wones? — indagou a Park.

—Mas, a cada vitória minha, a senhorita deve me dar cem mil wones. — continuou ele.

"Então, eu terei que vencer, já que não tenho dinheiro" — pensou ela.

—Pode começar.

Hee-jin ficou um pouco pensativa, pensando se era mesmo verdade ou se estava caindo em outro golpe.

—Olha, eu já fui policial e não estou de bom humor hoje. Se isso for uma piada, eu irei te matar. — ameaçou a morena. Ao invés do homem demonstrar algum sinal de medo, ele apenas sorriu. — Tudo bem, eu irei começar.

E então, eles dois se posicionaram no meio da estação. Hee-jin escolheu a cor azul, sobrando a cor vermelha para o homem ao seu lado. O ddakji de cor escura estava no chão, e então, após se preparar, a mulher lançou com força o ddakji no outro, o fazendo virar no mesmo segundo. Cem mil wones garantido. O homem entregou o dinheiro a ela, mostrando que realmente era verdade.

Porém, na outra rodada, ele havia ganhado. Ele olhou para a mulher, indicando que era para ela dar o dinheiro.

—Não tem dinheiro? — indagou o cara ao ver que ela não entregou nada a ele.

—É o que parece. — respondeu Hee-jin, colocando as mãos em seus bolsos, como se tivesse procurando algo.

—Pode pagar com o seu corpo.

Aquela sugestão fez a Park imediatamente o encarar com um olhar assustado. Era como se relembrasse o que aconteceu mais cedo. De uma forma bem ruim, é claro. Não queria passar por aquilo de novo.

—O que?

Entretanto, a resposta dele foi a que ela menos esperava. O homem lhe deu um tapa em seu rosto, a assustando pelo ato repentino. Hee-jin colocou a não no rosto, sentindo o local arder.

—Qual é?! Não poderia avisar antes?! — exclamou ela, irritada.

—Vou descontar cem mil wones a cada tapa. — explicou ele, ignorando totalmente o que a morena havia dito.

Bom, antes um tapa do que um outro evento de mais cedo. Com esse fato esclarecido, os dois foram para uma outra rodada.


No final, Hee-jin estava feliz enquanto contava as centenas de notas de cinquenta mil que havia ganhado do vendedor. Seu rosto estava um pouco vermelho devido aos tapas que levou. No entanto, havia ganhado mais vezes que ele, o que a deixava extremamente animada. Porém, o dinheiro não era o suficiente para pagar uma parcela da divida e muito menos uma parte para começar o tratamento da sua mãe. Teria que escolher um dos dois para usar esse dinheiro.

—Senhorita. — ele a chamou, fazendo a Park o olhar. — Dá para ganhar muito mais jogando por alguns dias. Gostaria de tentar?

Ela deu um sorriso de canto, indignada com o esquema de pirâmide que ele estava fazendo.

—Eu tenho mais coisa para fazer do que ficar jogando por alguns dias. — Hee-jin diz de forma debochada, voltando a olhar para as notas de dinheiro em sua mão.

O homem ao seu lado se levantou, e a morena achou que ele finalmente iria embora após encher tanto a sua paciência e tirado o seu tempo. Já era para estar em casa há horas, mas estava lá, jogando ddakji no metrô.

—Senhorita Park Hee-jin, — ele a chamou pelo seu nome, a fazendo o encarar com um olhar confuso e surpreso ao mesmo tempo. — não assinou um termo de renúncia a integridade física? — a mulher franziu o cenho ao ouvir aquilo. — Nome: Park Hee-jin, vinte e cinco anos. Ensino Médio na escola de Seul. Formada na Academia de Polícia: Seoul Metropolitan Police Academy. Ex-policial. Foi demitida de seu trabalho há dois anos e cinco meses atrás. Tem uma mãe de quarenta e sete anos que está com câncer de pulmão há três anos. No momento, deve duzentos e cinquenta milhões de wones a agiotas e trezentos e vinte milhões para o banco.

Hee-jin se levantou, abismada com o tanto de informação que esse homem sabia.

—Quem é você e como sabe tudo isso? — quis saber ela.

Mas, ao invés de respondê-la, ele tirou um cartão do bolso de seu paletó. Era um cartão que parecia ser feito com papel kraft, com um número atrás.

—Não restam muitas vagas. — diz ele entregando o objeto a mulher.

Ao ver melhor o cartão, pode ver um símbolo outro lado: um círculo, um triângulo e um quadrado.

—Me ligue. — foi a última coisa que o homem disse antes de pegar a sua maleta e ir em direção ao metrô.

Porém, Hee-jin ainda ficou no mesmo lugar, analisando o cartão dado pelo homem. Será que ele estava falando a verdade? Um jogo que pode lhe dar muito dinheiro, o suficiente para pagar suas dívidas? Provavelmente deve ser.

Ela ficou pensativa o caminho todo de volta para casa. Era uma proposta bastante tentadora. Ele disse que é só jogar uns jogos por alguns dias e ganhar muito dinheiro se vencer. Hee-jin precisa de dinheiro. Precisa de alguma forma pagar o tratamento da sua mãe para finalmente ela ficar livre do câncer.

Ao chegar em sua residência, sua mãe já estava dormindo. Com certeza o dia deve ter sido cansativo para ela tanto quanto para a morena. Porém, havia deixado o jantar pronto para a filha.

Após comer e se arrumar para dormir, a Park pegou o cartão e ficou o olhando, ainda pensativa. Foi então que decidiu ligar para o número.

—Alô. — a voz soou do outro lado da linha.

—Oi. Eu... sou a mulher que pegou o cartão com você no metrô. — explicou ela.

—Quer participar do jogo? — indagou a pessoa do outro lado da linha. — Se quiser participar, diga seu nome e data de nascimento.

—Park Hee-jin. Nove de março de mil novecentos e noventa e cinco.

Pronto, a inscrição estava feita. O que poderia dar errado, afinal? Não tinha mais nada a perder.

O que ela não espera, é que esse jogo é bem diferente do que ela imaginava. E, bom, os eventos futuros pode surpreender a todos nós.






GLOSSÁRIO:

1. kongnamul-guk: é uma sopa coreana feita com brotos de feijão-mungo.

2. Yah: traduzindo no sentido literal do português: Yah é como se estivéssemos falando "Ei!", só que em coreano.

3. Omma: mãe.

4. Hee-jin-ah: quando a pessoa coloca o ah no final do nome, é uma forma de chamar a pessoa de uma forma "informal", indicando que são íntimos e amigos.

5. Aish: Pode ser traduzido como algo similar a "Ai", "Nossa", ou "Caramba" em português.

Oioi pessoal! Como vão? Prólogo postado! Achei que essa fic não teria um, mas acabei decidindo fazer! Esse capítulo foi mais para conhecerem um pouco a vida da nossa Hee-jin. A partir do próximo que vamos ter os jogos e tudo o mais! E tenham paciência: logo vai ter os momentos dela com o Jun-ho.

Peço mil perdões pela demora. Para quem viu no mural, provavelmente irei começar a trabalhar. Então está uma correria por causa disso. Mais uma vez, peço desculpas.

O que acharam do prólogo? Confesso que chorei naquela cena😭

Aí, tô muito ansiosa para essa fanfic! E espero que gostem tanto dela do mesmo jeito que estou gostando só de pensar!

Quero agradecer novamente a Yas (scoopsink) que fez o gif (e mais um que vai aparecer no próximo capítulo) DIVO que vai aparecer nos capítulos! MUITO OBRIGADA DIVAAA🫶🏻🫶🏻

Eu resolvi colocar algumas palavras em coreano (obviamente com o glossário no final) para ficar um pouco mais realista. Mas, se caso não gostarem, eu mudo esse jeito de escrever sem problemas!

Peço perdão pelos erros ortográficos ou até mesmo erros de roteiro,  tento ao máximo evita-los, mas pode sim passar despercebido.

Vejo vocês no próximo capítulo💜✨️

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