Capítulo 24
Após o café da manhã, combinamos de ir ao Expresso Polar, uma excursão ao Cascade Canyon que nos levaria em uma viagem de 40Km através da Floresta Nacional de San Juan e do Rio Animas. Estava super animada, pois nunca tinha feito algo do tipo.
Roy não estava querendo deixar Emily ir, achava que seria muito perigoso, mas a menina conseguiu convencê-lo. Estávamos Charlotte, Em e eu em meu quarto terminando de nos arrumar. A senhora não iria passear conosco, mas estava arrumando a neta.
- Em, querida, você poderia ver se o seu irmão já está pronto por favor?
- Claro, vovó! - Antes de sair correndo, deu um beijo em nós.
- Ana, gostaria de conversar com você assim que chegarem. - Disse minha querida amiga.
- Tudo bem! - Respondo - Mas aconteceu alguma coisa? Se quiser, posso ficar com a senhora.
- Não seja boba! Está tudo bem! Só gostaria de bater um papinho de avó para neta.
- Neta? - Pergunto constrangida.
- Sim, querida! - Acaricia meu rosto - Mais tarde nos falamos! Façam um ótimo passeio, Deus esteja com vocês!
- Amém! - Beijo sua bochecha e ela sai do cômodo.
Termino de pegar minhas coisas, coloco a mochila nas costas e quando ia sair quase esbarro em Lauren.
- Desculpa, Lauren!
- Não, tudo bem! Eu estava um pouco distraída. - Ela diz me oferecendo um pequeno sorriso - Acho que não começamos com o pé direito.
- Tem razão!
- Desculpe-me pelo show que eu dei na noite anterior! Quando vi que a Ana, ex do meu namorado, era você, o ciúme me dominou! Você é linda e parece ter conquistado toda a minha família, pois só escutava coisas boas ao seu respeito. Isso colaborou ainda mais com a minha desconfiança. - Ela sorri tristemente - Mas o Thom conversou comigo, e eu confio nele!
- Ele te ama, mais do que já amou qualquer outra, Lauren, tenha certeza disso! - Seguro suas mãos.
- Eu sei! - Rimos - Além do mais, eu vi como você olha para o meu primo! E eu não preciso nem dizer o contrário...
- Como assim? - Pergunto nervosa com a resposta.
- Não percebeu ainda? - Ela pega minha mão e me guia em direção a escada - Então preste mais atenção a partir de agora! - Pisca para mim. Descemos os degraus e reparei que todos estavam nos esperando na sala - Olhe só como ele olha para você.
É óbvio que eu não o encarei, fitei meus pés enquanto descia as escadas, e chegando ao térreo fui deixada por Lauren, que foi em direção ao seu namorado.
- Vamos? - Perguntou Evans.
- Isso é Expresso Polar, baby! - Gritou David nos fazendo rir.
Pegamos dois táxis. Em um foram Thom, Lauren e David. No outro Evans, Emily, Roy e eu. Não sei quanto tempo demorou o percurso, pois eu fiquei admirando a paisagem natalina de Durango.
- Imagine tudo isso a noite! - Comentei - Deve ser lindo!
- E é, você verá em breve. - Responde Roy.
- Ana, você gosta de esquiar? - Evans perguntou.
- Nunca esquiei, mas sempre quis.
- Opa! Tenho certeza que o nosso professor terá um grande prazer em te ajudar! - Um sorriso sapeca dança em seu rosto.
- Que professor? - Pergunto, mas já imaginando a resposta.
- Meu irmão, oras! - Responde Em.
- Não sabia que era professor de esqui! - Digo olhando para ele.
- Tem muita coisa que você ainda não sabe ao meu respeito, senhorita Bianchi. - Responde dando seu lindo sorrisinho torto que tira o meu folego.
- Pois é... - Evans diz rindo.
- E quando iremos esquiar? - Já estava ansiosa pela experiência.
- Na quarta, após o natal.
- Não sei se conseguirei dormir até lá... - Sussurro voltando meu olhar para a janela.
Chegamos a estação do Expresso Polar ao mesmo tempo que os outros. Saímos do táxi e fomos encontrar com o pessoal.
- Respirem! - Fala David abrindo os braços e respirando profundamente - Isso é vida, pessoal!
- Menos, maninho! - Lauren dá um tapa na barriga do irmão enquanto passa com ele.
- Estraga prazeres! - Murmura.
- Vamos, Clara! - Emily pega minha mão e seguimos juntas para o interior da estação. Compramos nossas passagens e ficamos esperando o horário. Meia hora depois embarcamos no trem que nos levaria para tão grande aventura do Expresso Polar natalino.
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Já sabia que a viagem não seria rápida, mas não me importava, estava tão ansiosa para contemplar as maravilhas criadas por Deus. Sentamos juntos em uma mesa, três pessoas de cada lada, e Emily no colo do irmão.
- Então, nos conte como vocês se conheceram! - Evans pediu a Lauren e Thom depois que já estávamos acomodados.
- Em um dos desfiles da Paris Fashion Week. - Disse a mulher de forma nostálgica, olhando para o meu amigo que tinha um lindo sorriso no rosto.
- Exatamente! Ela bateu os olhos nesse fotógrafo bonitão e não resistiu! - Thomas disse fazendo todos à mesa rirem.
- Não foi bem assim, gatinho...
- Ah, não foi?
- Mais ou menos! - Rimos de sua vergonha. Curiosa como sou, gostaria de perguntar algumas coisas, mas ainda estava com o pé atrás, então preferi ficar na minha.
- Mas não pensem vocês que eu fui uma presa fácil, pois isso não aconteceu! Não é, querida? - Disse piscando para a mulher ao seu lado.
- Isso eu tenho que concorda! - Disse rindo - Foi difícil fazê-lo esquecer... - Ela para de repente e olha em minha direção. Thom pigarreia.
- Bom, não foi um trabalho fácil, mas ela conseguiu. - Disse brincalhão. David e Evans riram, mas Lauren, Roy e eu apenas sorrimos.
- E vocês dois? - David aponta de Roy para mim.
- O que tem? - O homem ao meu lado fica um pouco mais tenso.
- Como se conheceram?
- Somos vizinhos! - Resolvo responder - Nos conhecemos em nossas casas - Dei de ombros.
- Huuuum, em suas casas? - Crispou os olhos em nossa direção.
- Não entendi seu comentário, David? - Olha para ele desafiadoramente.
- Quer que eu explique mesmo? - Surge um sorriso sarcástico em seus lábios.
- Corta essa, mané! - Diz Roy jogando um guardanapo amassado na direção do primo que se desvia.
- Eu também não entendi o que o tio David quis dizer, Ro! - Emily diz olhando para o irmão.
- O seu tio David não bate muito bem da cabeça, Em! Então simplesmente o ignore, assim como nós! - Pisca para a garotinha que assente.
- Qual foi, Roy? - Seu primo responde rindo.
- Tá aí! - Digo chamando a atenção de todos - Nós nos conhecemos através desse princesinha aqui. - Aperto as bochechas de Emily que abre um grande sorriso - Vocês sabem sobre a varanda?
- Que varanda? - Dessa vez quem pergunta é a Lauren.
- A varanda compartilhada, maninha! Depois eu que sou o tapado... - Ri da irmã.
- Fique quieto, David! - Ela esbraveja encarando curiosamente o primo - A tal varanda do antigo apartamento de nossa avó?
- Isso mesmo! - Apoio meu rosto em uma das mãos
- Caramba, então você é a doida que aceitou dividir sua varanda com um completo estranho! Agora que minha ficha caiu! - Diz rindo.
- Assim você nos ofende priminha! - Roy coloca a mão no peito fazendo drama.
- Mas ela só aceitou ser nossa vizinha depois do jantar com o Ro. - Disse Emily.
Em seguida o que escutamos foram risadinhas, e comentários desnecessários como "huuum", "mas já?", "não perde tempo hein" e mais risadas. Minha vontade era de me jogar desse vagão e enfiar minha cabeça na neve, mas simplesmente escondo o rosto entre minhas mãos.
- Por que eles estão rindo e por que a Clara está envergonhada? - Emily pergunta me deixando mais desconcertada.
- Tá bom! Chega! - Digo levantando - Preciso ir ao banheiro. - Passo por eles pedindo licença e me afasto o mais rápido possível da mesa.
Entro no banheiro e lavo o rosto. - Por que essas coisas só acontecem comigo? Não poderíamos, simplesmente, ser namorados? Isso evitaria muito estresse! - Arregalo meus olhos - O que eu estou falando? - Não queria pensar essas coisas, mas estava sendo inevitável. Suspiro frustrada. Lavo minhas mãos e saio do banheiro.
Dou dois passos e vejo Roy parado no corredor. Ele me observa atentamente antes de falar.
- Está melhor?
- Sempre estive bem! - Respondo firme.
- Ah é? - Cruza os braços na frente do corpo - Não parecia há poucos minutos, quando estava ficando roxa de vergonha - Diz zombeteiro.
- Cla... Claro que não! Eu só estava... Estava... Sufocada! - Quase gritei a última palavra.
- Se você diz... Vamos voltar? - Estende sua mão para mim.
- Acho melhor não! Você vai e depois eu vou, quero evitar comentários desrespeitosos. - Digo emburrada. Roy dá alguns passos lentos em minha direção e pega meu rosto.
- Você fica tão linda quando está envergonhada! É encantador - Acaricia meu rosto - Apenas ignore! Agora vamos, diz pegando minha mão.
Chegando perto de nossa mesa, desfaço o contato de nossas mãos e praticamente corro para o meu lugar.
- Ana, ou Clara, ou simplesmente Ana Clara, ainda não sei como te chamar, uns chamam de Ana outros de Clara... enfim! AC - Ergo as sobrancelhas com o novo apelido dado por David - Você já pensou em se mudar para a França?
- Para a França? Por que a pergunta? - Indago.
- Cara, fique quieto! - Aconselha Evans.
- Apenas responde, mulher! Que dificuldade! - Dou risada de sua reação.
- Bom, digamos que esse seja um dos meus planos para o futuro. - Pisco para ele.
- Hum! Interessante! - Coloca a mão no queixo - Você sabia que o...
- Thomas - Roy chama a atenção do meu amigo de repente.
- Ei, eu estava falando seu mal educado! - David diz.
- Seu tempo acabou - O homem ao meu lado responde sério.
- Mas...
- Thom, soube que você é um fotógrafo muito famoso. - Ele assente - Conte-nos um pouco sobre a sua profissão.
E assim foi a nossa viagem, conversas, risadas, discussões, mais risadas até chegarmos à floresta Nacional de San Juan e o Rio Animas.
- Que perfeição! - Exclamo ao contemplar as paisagens naturais cobertas de neve.
- Deus é perfeito em tudo o que faz! - David completou.
- Olha lá, Em, um cervo. - A menina corre para o meu colo para ver melhor.
- Eu quero um, Ro! Me dá?
- Sinto muito, Em, mas não podemos criar um cervo! - Seu irmão responde.
- E um cachorro? - Abre um sorrisão.
- Você não desiste não é? Mas eu também não, então a resposta continua sendo a mesma! Não!
- Mas precisamos de um parceiro para o cookie! - Só de imaginar aquele gato horripilante eu fico toda arrepiada.
- Prefiro mil vezes um cachorro! - Todos olham para mim, mas Evans e David não conseguem conter o riso, e Thom se junta a eles - Digo, eu prefiro um cachorro invadindo a minha casa do que um gato. - Justifico-me.
- Viu, Ro! - Emily insiste.
- Falando nisso, eu vi o gato de vocês há algumas semanas com uma senhora.
- Ele não é nosso, Clara! É da senhora Lucy. - Roy explica tirando minhas dúvidas.
- Mas ele sempre aparece lá em casa para comer meus biscoitos. - Completa a menina ao meu colo.
- Ah... por isso o nome Cookie! - Eles assentem.
Ao chegar no fim do percurso, saímos por uns instantes pra admirarmos a natureza e tirarmos algumas fotos. Estava tão frio, mesmo debaixo de tantas peças de roupas eu estava tremendo. Olho para a minha direita e vejo Thom e Lauren abraçados afim de se esquentarem juntos, olho para o outro lado, Evans e David correndo que nem crianças para espantar o frio.
Estava agarrando o meu próprio corpo inutilmente, até senti um braço me puxando para perto de si. Olho para o alto e vejo Roy com Emily em seu colo, sua cabecinha enfiada no pescoço do irmão. Com o outro braço, ele me abraça lateralmente fazendo movimentos, para cima e para baixo, com o braço na tentativa de me aquecer.
- Espero que não se incomode! - Ele sussurra - Recebi ordens do alto. - aponta para sua irmã.
- Aqui fora é lindíssimo, mas eu estou congelando! - Digo batendo os queixos - Vamos entrar?
- É claro!
Seguimos para o vagão que estávamos anteriormente. Quando nos sentamos, vejo que a pequena acabou pegando no sono. Tiro minhas luvas e encosto minha mão em sua testa. Suspiro ao ver que sua temperatura está normal.
- Vocês são muito parecidos! - Digo observando Emily dormir tranquilamente nos braços do irmão. Será que um dia eu também me sentirei assim? Em seus braços... Bato com uma da mãos em minha testa.
- O que foi? - Pergunta preocupado.
- Nada! - Desconverso - Como era sua mãe?
- Fisicamente? - Confirmo - Uma versão mais velha da Emily. Cabelos longos e loiros, olhos verdes, pele clara, alta, magra. Ela era linda! Não por preencher os pré-requisitos do estereótipo de beleza da mídia de mulher perfeita! - Faz uma cara de nojo - Mas por ser dona de um coração imenso e incrível!
- Vejo que vocês também se parecem! - Ele olha para a paisagem lá fora e sorri
- Se eu conseguir ser um pouco do que ela foi, para mim será o suficiente. Você precisava conhecê-la, Clara! Ela iria te amar! - Olha para mim - Tinha um caráter ímpar! Uma sede gigantesca por conhecer mais de Deus, não media esforços para estar no centro da vontade do Altíssimo e obedecer aos Seus mandamentos. Ela O amava acima de tudo! Tudo mesmo!
- Seria um prazer conhecê-la! - Apoio-me na janela - Charlotte é mãe do seu pai, ou de sua mãe?
- Da minha mãe!
- Hum... - Penso por uns instantes antes de prosseguir com o interrogatório - Por que seus tios ou tio não vieram passar o natal com a mãe?
- Minha mãe era filha única, Clara.
- Ué, e os seus primos? - Aponto para fora, confusa.
- São meus primos por parte de pai. Mas vovó os acolheu desde quando estavam no ventre. Minha tia Sally, mãe deles e irmã do meu pai, mora na França e não pôde vir esse ano.
- Entendi.
- Mas não faltará oportunidade para se conhecerem. - Sorrimos e continuamos nossa conversa até o pessoal retornar. A viagem de volta foi mais tranquila e silenciosa. Todos estavam cansados demais para mais uma rodada de conversas.
Apoiei minha cabeça no vidro da janela, na tentativa frustrante de conseguir dormir, mas o trem balançava tanto que minha cabeça ficava batendo o tempo todo. Bufei cruzando os braços e tentei encontrar uma posição mais confortável.
- Acredito que o meu ombro será mais confortável que a janela. - Roy sussurra ao meu lado. Aceito seu convite e encosto minha cabeça em seu ombro. Observo as pessoas ao nosso redor, a maioria de olhos fechados ou olhando para a paisagem, alheias ao que estava acontecendo, menos Thomas, que nos observa com um sorriso sacana no rosto.
Rapidamente fechei meus olhos, mas antes de me render ao cansaço decido matar minha curiosidade.
- Roy?
- Oi!
- Como eu fui parar na minha cama essa noite? A última coisa que eu me lembro, foi de ter caído no sono enquanto estávamos na estufa.
- Eu te embrulhei em uma manta e te carreguei para dentro da casa. Chegando lá te coloquei em sua cama, ao lado de Em. - Sorriu.
- Ah... Obrigada! - Sorri - Posso repetir a dose?
Seu sorriso se alargou ainda mais e ele assentiu. Encostei, mais uma vez, minha cabeça em seu ombro, e agora sim me rendi ao cansaço.
>>>><<<<
Oi, gente!! Como estão?? Espero que bem!!
Mais um capítulo!! 🤩🤩
Clara ou Ana, agora não sei como a chamar... Talvez a chame de AC, assim como o David kkkkkk
Enfim, Clara e Roy hein... só eu que estou torcendo para esse romance acontecer logo?? 🤔🤔
Domingo tem mais, pessoal!!
Att. NAP 😘
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