Capítulo 20
O QUÊ? - Ash gritou ao saber do meu jantar com Roy.
- Shhhh, pare de gritar! - Olhei feio em sua direção. Estávamos em minha sala terminando de analisar alguns croquis - Não te conto mais nada, sua escandalosa!
- Não contar o quê? - Olhamos para a porta e sorrio ao ver Thom encostado no batente de braços cruzados.
- Thom! - Levante-me e fui abraçar o meu amigo - Como vai?
- Vou bem, Aninha. E você, melhorou? - Pergunta-me depositando um beijo no alto da minha cabeça.
- Estou bem melhor, graças a Deus! Entre. - Pego sua mão e olho para minha amiga, que agora está quieta olhando de boquiaberta em direção ao meu amigo. Às vezes esquecia que Thomas era um homem bem conhecido por seu trabalho. Pigarreio chamando a atenção de Ash. - Thom, essa é a minha amiga e parceira de trabalho, Ashley Jones! Ash, esse é o meu melhor amigo, Thomas Daves.
- Prazer em conhecê-la, senhorita Jones! - Thom diz formalmente estendendo a mão em direção à estátua em nossa frente.
- Agora resolveu dar uma de tímida? Sério, Ash? - Pergunto irônica, fazendo com que minha amiga me olhe feio.
- O prazer é meu, senhor Daves! - Apertou sua mão - Ana sempre falou muito bem ao seu respeito, estava ansiosa!
- Fico aliviado em saber disso. - Meu amigo diz rindo, recebendo uma cotovelada minha - Mas e aí, Aninha, o que você não irá mais contar para a sua amiga? - Revirei os olhos e me sentei, sabendo que agora seriam dois enchendo o meu saco.
- Ela terá um encontro hoje! - Ashley responde em meu lugar, voltando a animação de antes.
- Um encontro? Com o seu vizinho? - Ele me encara erguendo as sobrancelhas.
- Sim! Você já sabe sobre a história? - Questionou Ashley o observando, talvez para saber se ele ainda gostava de mim. Ele deu de ombros.
- Até o conheci! Você precisava ver a preocupação dele na sexta-feira quando...
- JÁ CHEGA! - Levantei batendo as duas mãos na mesa - Eu estou bem aqui! - Eles se assustaram com minha reação.
- Desculpa, amiga! Mas finalmente você irá sair da seca... - Thom olha para Ashley como se ela fosse um E.T.
- Basta ignorar! - Digo para ele - Ashley, você não tem trabalho a fazer? Acho que o senhor Daves deseja falar comigo.
- Ah, claro! Estou sobrando aqui. - Reviro os olhos - Até mais, senhor Daves!
- Até! - Responde se sentando onde antes minha parceira de trabalho estava.
- Feche a porta por favor! - Peço para Ash.
Após ela sair e fazer o que pedi, encaro Thom a minha frente, que me olha com um sorriso sapeca no rosto.
- O que foi, Thomas? - Encosto-me na cadeira.
- Então a senhorita Bianchi terá um encontro hoje a noite? - Cruzou os braços também encostando em sua cadeira.
- Não escute o que aquela doida diz! Não tenho encontro nenhum, apenas fui convidada para jantar na varanda. - Dei de ombros.
- Sei... - Ele abre ainda mais o sorriso - Ele já viu o seu pé?
- THOMAS! - Digo jogando uma caneta em sua direção. Ele se esquiva e começa a gargalhar. É inevitável não acompanhá-lo - Acredito que sim, mas nunca disse nada! - Sorri envergonhada.
- Seus pés são lindos, Aninha! Pés de uma verdadeira bailarina! - Assenti sorrindo.
- A que devo sua visita?
- Precisa ter um motivo? - Questionou-me parecendo ofendido.
- Não, não precisa, mas eu te conheço, Thomas, e sei que você não pararia o seu horário de trabalho simplesmente para jogar conversa fora... A não ser que tenha acontecido algo que está te incomodando a ponto de você não conseguir se concentrar no trabalho. - O observo atentamente e vejo que seu rosto começa a ficar vermelho - Hum... Aconteceu alguma coisa! - Exclamo.
- Sim, aconteceu! - Responde um pouco acanhado.
- Conte-me! - Cruzo as mãos na mesa e me aproximo dele.
- Lembra quando estávamos conversando no Central Park antes de nos esbarrarmos com sua paixonite? - Reviro os olhos.
- Sim!
- Eu estava te contando sobre uma mulher que eu conheci na França, mas fui interrompido.
- É verdade! - Apoio os cotovelos na mesa - Nem tivemos tempo para conversar melhor sobre isso...
- Pois é! Eu a encontrei semana passada, ela veio morar em New York. E... Nós retomamos nosso namoro - Diz com um sorriso bobo no rosto.
- Isso é maravilhoso, Thom! Parabéns! - Ele assente e me encara - Qual é o problema?
- Eu acho que é ela, Aninha! - Olho para ele sem entender onde o mesmo quer chegar - Acho que ela é a mulher que Deus escolheu para viver o resto da vida ao meu lado! - Ergo as sobrancelhas - Eu sei que é estranho estar conversando com você sobre isso, afinal, eu sempre imaginei que você fosse essa mulher, e nunca escondi isso! - Coça a cabeça nervosamente - Mas eu estava apaixonado, e aparentemente enganado... - Ouvir aquelas palavras doíam um pouquinho, só um pouquinho, mas eu o compreendia - Eu não quero que você pense...
Rapidamente me levantei, rodeei a mesa e o abracei.
- Não precisa se justificar, Thom! - Ele apoia a cabeça em meu ombro e me abraça - Eu amo você, e o que eu mais quero é te ver bem e feliz, ao lado de quem realmente te ama como você merece ser amado! - Pego seu rosto em minhas mãos e sorrio - Se realmente for isso, desejo de coração que Deus abençoe essa união e que ela dê muuuitos frutos para a glória do Senhor! - Ele pega minhas mãos e deposita um beijo em cada uma.
- Amém, Aninha! Muito obrigado!
- Por nada! - Pisquei para ele - Mas saiba que se ela te magoar, eu arranco cada fico de cabelo dessa mulher! - Ele ri e me abraça novamente.
- Eu te amo tanto! - Diz beijando meus cabelos - Espero que Deus abençoe o seu relacionamento com o Roy, ele parece ser uma ótima pessoa.
- Que seja feita a vontade de Deus! - Voltei para o meu assento - E aí, vão passar o natal juntos?
- Sim, iremos passar com a família dela. E você?
- Sinceramente - Digo olhando para a janela - Não faço ideia! Os planos que eu tinha em mente mudaram...
- Se você for ficar sozinha, eu posso...
- Não, Thom! De forma alguma! - Levanto-me pegando minha bolsa e o sobretudo nos ganchos que ficam perto da porta - Vamos caminhando, já deu o meu horário, e hoje eu tenho um jantar para ir...
- Tudo bem! Fomos em direção aos elevadores - Só não esqueça de colocar algum sapato fechado... - Dou um tapa em sua cabeça e ele resmunga rindo.
***
Chego em caso às 6 horas, tendo uma hora para me arrumar tranquilamente. Separo um look simples, para não parecer que estava achando ser um encontro, e vou para o banho. Um bom e relaxado banho. Preparo uma make bem simples, pois minha cara não estava muito legal.
Pego meu celular e vejo várias mensagem da Ash.
"Capriche no look, gata!"
"Hoje você sai da seca, amiga!"
"Depois me conte tudo!"
"NADA DE MAKE SIMPLES!!!!"
"AHHHH, ESTOU ANSIOSAAAA!!!"
Revirei os olhos e olhei no relógio. 7.05 p.m. Droga! Não suportava chegar atrasada aos meus compromissos. Corri para sala, ajeitei meu cabelo e abri a porta da varanda. Encontrei meu vizinho terminando de arrumar a mesa. Nada de velas, definitivamente, não é um encontro!
Caminhei em sua direção e chegando perto percebi que a mesa estava posta para 3. Sinal de que Em também iria nos acompanhar.
- Hey! - Digo e ele se assusta deixando um dos talheres cair. Abaixamos para pegar ao mesmo tempo, fazendo com que nossas mãos se tocassem. Ele sorri, segura minha mão e a leva até sua boca depositando um beijo singelo.
- Oi! - Roy diz com um sorriso lindo em seus lábios.
- Está tudo bem com vocês? - Viramos em direção a uma Emily curiosa e confusa.
- Oi, princesa! Nada de mais! Venha me dar um abraço! - Levanto-me e abro os braços a convidando. Na mesma hora ela corre em minha direção e o faz.
- Vamos sentar! - Ela pega minha mão me direcionando a uma das cadeiras.
- Obrigada, querida! - Digo ao me sentar.
- Bom, já que estão todos acomodados, vou pegar a comida. - Roy segue para o apartamento. Pego uma das taças e coloco um pouco de água.
- Clara... - Emily chama minha atenção enquanto tomava um gole da bebida - Por que você e o meu irmão não namoram? - Consequentemente, joguei todo líquido para fora, e comecei a tossir! - Ela arregala os olhos e vem bater em minhas costas.
- O que aconteceu aqui? - Roy pergunta ao colocar a travessa com a comida na mesa.
- Eu só perguntei... - Tampei a boca dela com minhas mãos antes que eu morresse envergonhada.
- Nada! - Digo nervosamente.
- Nossa, esse cheirinho está maravilhoso! O que é? - Tento desconversar. Ele nos analisa por um momento, mas graças ao bom Deus, resolve ignorar. Solto Emily e ela volta para o seu lugar me olhando com um sorrisinho no rosto.
- Eu fiz Bisteca Fiorentina, uma receita vinda direto de Florença! - Disse orgulhoso.
- Uau, parece estar incrível! - Digo.
Fazemos uma oração e logo Roy nos serve. A comida estava realmente deliciosa.
- Roy, devo dizer que essa Bisteca está sensacional! Parece até com a que minha avó costuma fazer!
- Sua avó? - Questionou meu vizinho.
- Sim! Ela é italiana. - Digo dando mais uma garfada em minha comida.
- Bianchi! É claro, este é um sobrenome italiano. - Concordei - Por parte de pai ou mãe?
- Por parte de pai. Eles foram para o Brasil quando papai tinha apenas 15 anos. Mas minha avó retornou para a Itália após o falecimento do meu avô.
- Sinto muito! - Disseram juntos.
- Eu também, não cheguei a conhecê-lo. Meus pais tinham acabado de se casar quando tudo aconteceu. - Dei de ombros.
- Clarinha, quando iremos conhecer sua família? - Questionou-me Emilly.
- Bom... - Penso por um instante - Vocês iriam conhecê-los no natal, mas isso não irá mais acontecer...
- Eles viriam passar natal com você?
- Esse era o plano! Mas depois de algumas coisas acontecerem, os planos mudaram. - Olho para o meu vizinho que escuta tudo em silêncio.
- Foi bom você ter tocado nesse assunto, Clara, pois temos um convite para te fazer - Em sorriu e começou a sacudir as perninhas ao ouvir o irmão.
- Convite?
- Marcamos esse jantar para fazer uma sondagem. - Ergo uma sobrancelha - E agora já sabemos que você não tem planos para o natal. - Ele segura a mão da irmã - Queremos convidá-la para passar o natal conosco.
- Nossa! - Exclamo sem saber o que dizer - Obrigada pelo convite, fico honrada! - Digo envergonhada. Por essa eu realmente não esperava. - E onde passarão o natal?
- Durango, na casa da montanha dos nossos avós! - Emily responde rapidamente.
- Durango? Onde fica?
- Colorado...
- COLORADO? - Arregalo os olhos - Fica do outro lado do país!
- Sim, e nós iremos de avião! - Roy pisca para mim - E aí, o que nos diz?
- Bom... não sei, gente!
- Por favorzinho, diz que sim! Diz que sim! - Emily insiste.
- Tudo bem! Acho que sim! - Dou de ombros.
- Obaaaa, vou ligara para a vovó! - A pequena sai correndo em direção ao apartamento nos deixando sozinhos.
- Tem certeza que será uma boa ideia, Roy?
- Absoluta! - Levanta-se da mesa - Vou trazer nossa sobremesa.
- Eu te ajudo! - Levanto e juntos, começamos a limpar a mesa recolhendo os talheres, pratos e refratários. Meu vizinho coloca o doce preparado por ele em cima da mesa.
- Tiramisù! Estou me sentindo na Itália outra vez! - Digo fazendo graça.
- Só não terá o mesmo gosto, pois não coloquei conhaque. - Deu de ombros.
- Tudo bem! - Pegamos a sobremesa e fomos nos sentar no banco onde nós sentamos na noite passada - Sabe, estou começando a gostar dessa varanda... - Ele ri enquanto mastiga o seu Tiramisù - Eu reparei que essa é a única varanda diferente do prédio. Todos os outro apartamentos possuem sua própria varanda. - Ele assente - Acho que você vai saber me explicar o porquê.
- Digamos que essa é uma história um pouco... diferente. - Começou a contar - Nossa avó conheceu o vovô enquanto ela era apenas uma estudante de arquitetura e ele um jovem médico. Eles se apaixonaram e começaram a namorar pouco tempo depois. - Um pequeno sorriso aparece em seu rosto ao relembrar a história - Um ano após a formatura da vovó, a família do meu avô queria construir um prédio, sendo que um dos apartamentos seria do vovô.
Ele pega a taça de sobremesa que estava em minhas mãos e coloca em cima da mesa. Volta e senta ao meu lado, dessa vez olhando a linda paisagem.
- O único pré-requisito exigido por ele, era que em um dos andares tivesse uma varanda compartilhada entre dois apartamentos. - Sorriu ainda mais.
- Mas por quê?
- Porque um apartamento seria o dele e o outro, o dela. E essa varanda se tornaria a área comum, onde os dois poderiam se encontrar, conversar, jantar e namorar... - Ele olha para mim rapidamente, mas logo desvia o olhar.
- E por que os seus avós não se casaram? - perguntei franzindo as sobrancelhas.
- Naquela época a vovó não queria assumir os riscos do casamento - falou pensativo - Ela veio de uma família destruída, então o casamento, ao seu ver, não era algo bom...
Roy se levantou indo em direção à sacada.
- Dessa forma, a solução vista pelo vovô era cada um viver em seu apartamento e quando quisesse compartilhar da presença um do outro, se encontrariam na varanda. - Ele fica de costas para a paisagem, agora olhando para mim - Nessa varanda!
- Uau - foi a minha única reação no momento. O silêncio que veio a seguir era a prova de que estávamos cada um perdido em seus pensamentos e memórias. No entanto, Roy foi o primeiro a quebra o silêncio.
- Mas esse não foi o final da história! - Diz abrindo um sorriso radiante - Ela percebeu o quanto estava errada e em menos de um ano eles estavam casados.
Não pude conter a risada.
- E aí? Em qual dos dois apartamentos eles ficaram? - Perguntei
Roy olhou para mim dando aquele sorrisinho torto que derretia o meu coração. Foco Ana Clara! Foco!
- Pobre Clara! Nunca percebeu uma moldura coberta no meio de sua sala?
Rapidamente me levantei do banco e fui correndo em direção à minha sala. Roy já sabendo o que eu iria fazer, veio atrás de mim. Chegando no cômodo olhei para parede que separa os nossos apartamentos e percebi algo que antes não tinha notado. Uma moldura de mais ou menos 2m de largura por 2,5m de altura, que para olhos desatentos como os meus, parecia apenas um detalhe arquitetônico. Mas após saber da história contada pelo meu vizinho, tudo fazia sentido!
- Eles abriram um vão e integraram os apartamentos, tornando-os um só. - Respondi impressionada voltando o meu olhar para o homem ao meu lado.
Roy sorriu colocando as mãos no bolso.
- Exatamente! - Disse Roy se aproximando de onde eu estava - No entanto quando vovô faleceu, vovó saiu desse apartamento enorme e voltou para a França. Para alugar os apartamentos foi necessário fechar o vão, antes aberto - apontou para a moldura em nossa frente - O primeiro problema foi resolvido, mas... - fez um sinal com a cabeça me chamando para voltarmos ao local onde estávamos anteriormente - Existia a varanda integrada! E como você percebeu nem todos os moradores gostariam de compartilhar um dos cômodos de sua casa com um estranho - piscou para mim. FOCO, MULHER DE DEUS! - Vovó não permitiu que fizéssemos absolutamente nada nesse cômodo, pois para ela, abre aspas, existe um valor sentimental muito além da compreensão de vocês, fecha aspas. - falou fazendo o sinal de aspas no ar.
- Roy, essa é uma linda história! - Digo emocionada - Estou ansiosa para conhecer sua avó!
- Acredito que vocês irão se dar bem! - Assim eu esperava...
>>>><<<<
Thom namorando???
Natal com a família do boy, quer dizer, Roy???
Eiiita 😍🤩
Não esqueçam de deixar a ⭐️
Até sexta!!
Att. NAP 😘
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