𝟭𝟬. 𝗣𝗜𝗔𝗖𝗘𝗩𝗢𝗟𝗘 𝗖𝗢𝗠𝗣𝗔𝗚𝗡𝗜𝗔

𝟭𝟬. 𝗣𝗜𝗔𝗖𝗘𝗩𝗢𝗟𝗘 𝗖𝗢𝗠𝗣𝗔𝗚𝗡𝗜𝗔
(Companhia agradável)

𝐋𝐔𝐊𝐀𝐒

Os planos que eu tinha para essa noite foram totalmente descartados. Na verdade, não reclamo por isso, a garota nem era tão interessante assim. Acho que posso agradecer a Alice por ter sumido do mapa e deixado a amiga para trás.

Vai por mim, nada seria mais divertido do que rir da cara assustada da Ayla. E mais legal ainda é vê-la sorrindo e ficando emburrada por conta das minhas piadas.

Depois que saímos da roda-gigante que Ayla nomeou de “geringonça”, fomos procurar o bendito algodão doce que ela tanto queria. Estávamos passando por várias barracas, com os mais variados tipos de guloseimas, quando de repente, ela parou e abriu um sorriso de criança:

— Lukas, olha isso — ela puxou meu braço, e apontou para uma barraca de doces. — Eu preciso provar.

Alice não estava mentindo quando disse aquilo sobre a amiga, ela parece uma formiga.

— Você não tem medo de pegar uma diabetes, não? — perguntei, e como sempre sua reação foi revirar os olhos.

— Vamos logo, quero conhecer a pessoa que faz os doces. — Ela me puxou até a barraca sem pensar duas vezes.

— Boa noite, queridos. Querem algo? — O senhor de bigodes perguntou, e Ayla assentiu com a cabeça.

O bigodudo entregou o cardápio e Ayla escolheu uns cinco doces diferentes. O senhor ficou meio surpreso, mas abriu um sorriso e foi separar os pedidos.

Haja dinheiro para bancar essa menina.

— Você vai comer isso tudo? — perguntei, me escorando no balcão.

— Claro que não, você vai me ajudar — disse animada. — Até porque é por sua conta.

Fiz uma careta e ela riu.

Coitado do meu bolso.

Enquanto o senhor preparava os nossos pedidos, Ayla encheu o coitado do velho de perguntas sobre sua carreira e a loja. Acredite, ele não parecia nada incomodado com isso.

— Está aqui, rapaz. — O senhor me entregou as embalagens. — Dê um beijinho de agradecimento ao seu namorado, moça. Ele é muito gentil.

— Ah, ele nã….

— Claro que ela vai dar. — Interrompi, entregando o pagamento. Olhei para Ayla e abri um sorriso quando notei suas bochechas ficarem vermelhas.

Na moral, eu adoro provocar essa menina.

Em frente a barraca dos doces tinham algumas mesinhas espalhadas e pelo o que observei ao redor tinham muitos casais sentados às mesas.

— Vamos nos sentar — puxei ela para uma das mesas e nos sentamos.

Fiquei observando ela colocar cada um dos doces espalhados pela mesa. Ayla parecia aquelas crianças que tinham ganhado o presente dos sonhos.

Como ela conseguia ficar tão bonita?

Por que eu tô pensando isso?

Balancei a cabeça tentando dissipar os pensamentos, e continuei olhando para ela.

— Você quer começar por qual? — perguntou, e era visível a animação em seu tom de voz.

— Você escolhe. Você é melhor nisso. — Sorri, me inclinando um pouco para frente.

— Então eu vou começar por esse aqui — ela apontou e pegou o pequeno bolinho com chantilly e uma cereja em cima.

Abri um sorriso quando ela deu uma mordida e acabou sujando toda a boca.

Ayla realmente parecia uma criança.

— Sua boca tá suja, Aylinha. — Apontei para o canto da sua boca.

— Me dá um guardanapo — ela estendeu a mão. Eu peguei o guardanapo, mas para sua surpresa levei até o canto da sua boca e o limpei.

— Pronto, pode voltar a saborear o seu cupcake. — Voltei a me escorar de forma desajeitada na cadeira.

— Não precisava, eu poderia limpar sozinha.

E foi nesse momento que percebi o quão vermelha ela ficou com o meu gesto. Ela ficava mais linda ainda quando estava nervosa.

Ayla já estava no terceiro doce, enquanto eu ainda não tinha experimentado nenhum. Como um ser humano tão pequeno como ela podia ter um estômago tão grande para caber tudo isso de doces?

— Lukas tem certeza que não vai provar nenhum? Esse aqui está uma delícia.. — falou dando uma mordida no espetinho de uva com chocolate.

— Já que você insiste tanto, Aylinha.. — me inclinei para frente e mordi o espetinho que ela segurava.

E mais uma vez a vergonha estava estampada no rosto da garota, por que toda vez que eu me aproximava ela ficava feito um tomate? O mais estranho era que eu gostava disso. Tinha algo dentro de mim que amava provocar ela, eu só não entendia o porquê.

Depois de Ayla comer quase a maioria dos doces e me forçar a comer também, ela viu uma barraquinha de tiro ao alvo e disse que queria ir até lá. Ela me obrigou a ir deixar os doces que tinham sobrado dentro do carro.

— Espera eu voltar para irmos juntos, ok? — pedi, me levantando com os doces em mãos.

— Ninguém vai me sequestrar, Lukas. Não precisa se preocupar — respondeu com um sorriso.

Segui em direção ao carro, depois de ter a certeza que ela não iria sair daquela mesa enquanto eu não voltasse. Joguei os doces dentro do veículo e voltei rapidamente para o lugar onde estávamos.

Mas antes mesmo que eu me aproximasse, notei um cara sentado conversando com ela.

Quem era aquele cara com Ayla?

Eu só tinha saído a um minuto e já tinha um idiota com ela?

Andei em passos largos em direção a garota e o homem que parecia muito contente para o meu gosto.

— Quem é esse cara, Ayla? — Me aproximei, olhando diretamente para ela e com o tom de voz nada calmo.

Ela abriu um sorriso sem graça e seus olhos demonstravam confusão.

Ayla não conhecia o cara, ele estava dando em cima dela. E eu sabia disso.

Um homem sempre conhecia outro homem.

— Eu não sei… — ela respondeu baixinho, mas mesmo assim eu consegui escutar.

— Mas se quiser pode conhecer, gatinha — o maluco soltou uma piscadela desajeitada para ela, que olhava para mim desesperada.

— Acho melhor você cair fora, cara. Ela já tá acompanhada. — Puxei o braço de Ayla, fazendo ela se levantar da mesa e ficar ao meu lado.

Mas o sem noção continuou sentado e nos encarando com um sorrisinho idiota nos lábios.

Esse filho da mãe estava me provocando.

— Vamos embora, Lukas. — Ayla pediu quase em um sussuro, parecendo assustada.

— É uma pena você ser namorada de um cara tão feio, gatinha. Que desperdício. — Ele olhou de cima a baixo para Ayla com um olhar malicioso.

O que fez o meu sangue ferver ainda mais dentro de mim.

Eu ia quebrar aquele idiota.

Meu sangue parecia borbulhar dentro de mim. Eu já estava pronto para socar o cara, quando senti Ayla segurar o meu braço.

Meu peito subia e descia pesadamente, o sangue ainda fervendo de raiva. Minha mão ainda estava fechada em um punho, a ponto de machucar minha própria pele.

Porque eu queria bater nele, eu queria esmagá-lo com minhas próprias mãos.
Queria acabar com aquele sorriso nojento, apagar da cara dele qualquer vestígio de que ele achou que podia falar com ela daquele jeito.

Mas então, senti o toque de Ayla ainda mais forte sob minha pele.

Por favor, vamos embora. — Senti meu corpo estremecer diante do seu toque, sua voz chorosa e quase em forma de súplica.

E a forma como ela me olhava…

Droga.

Ela estava assustada.

Não só com aquele idiota, mas comigo também.

Isso me atingiu mais forte do que qualquer soco poderia.

Ayla nunca teve medo de mim. Nunca.

Mas ali, por um instante, ela olhou para mim com os olhos brilhando, a voz baixa, como se estivesse implorando para eu não fazer nada.

E foi isso que me fez recuar.

Engoli minha raiva e passei um braço ao redor dos ombros dela, a guiando para longe daquele lugar.

Ela se encolheu contra mim, o seu corpo ainda tenso.

Eu queria dizer alguma coisa.

Queria perguntar se ela estava bem. Se ele tinha encostado nela.

Ou se eu precisava voltar lá e quebrar aquele imbecil.

Mas tudo o que fiz foi segurá-la firme.

Porque, no fundo, eu sabia que, se abrisse a boca, ia acabar dizendo alguma coisa que não deveria.

Que ia acabar mostrando para ela o quanto aquilo realmente mexeu comigo.

O quanto eu odiei ver outro cara olhando para ela daquele jeito.

O quanto eu odiei saber que ela não se sentiu segura sem mim ali.

E, mais do que tudo…

O quanto eu odiei perceber que eu ainda não sabia o que diabos éramos um para o outro.

Mas sabia que, se acontecesse de novo, eu não ia conseguir me controlar.
E dessa vez, ninguém ia me impedir.

Ayla não falou nada enquanto caminhávamos. E eu também não.

Mas com um gesto sutil e completamente inesperado para mim, ela entrelaçou os dedos aos meus.

Meu coração deu um pulo.

Ela não disse nada. Não olhou para mim. Apenas segurou minha mão.

E eu entendi, que ela só precisava sentir que eu estava ali… com ela.

Era que ela confiava em mim.

E isso bastava.

                             
🧁

Assim que chegamos onde o carro estava estacionado, abri a porta para que ela entrasse e dei a volta para entrar.

— Desculpa, Lukas… ele chegou de repente e… — ela começou, assim que entrei.

— Você não teve culpa, Ayla. Aquele cara era um imbecil. — Interrompi ela, encarando a direção do carro.

Ela abaixou a cabeça e com voz baixa, disse:

— Obrigada por ter me defendido.

— Não precisa agradecer, fiz o que todo mundo deveria fazer em uma situação como essa — respondi, dando partida no carro.

Ela não respondeu, encostando a cabeça na janela.

— Eu é quem devia te agradecer, sabia disso? — perguntei, depois de alguns minutos em silêncio.

Ela me olhou confusa.

— Pelo quê?

— Por essa noite, Aylinha.. — respondi, abrindo um sorriso sincero.

Ayla ficou me olhando por alguns segundos, como se tentasse entender o que eu quis dizer. Então, ela sorriu de leve e desviou o olhar para a janela novamente.

— Eu também gostei, Lukas.

Aquela resposta, simples, mas carregada de algo que eu não conseguia nomear, fez meu peito aquecer de um jeito estranho. Meu coração bateu diferente.

E, sem nem perceber, eu já estava sorrindo feito um idiota.

Dirigi em silêncio por um tempo, tentando processar tudo o que tinha acontecido naquela noite. Meu sangue já não fervia como antes, mas a cena daquele desgraçado olhando para Ayla ainda estava gravada na minha mente.

Eu sabia que não devia me sentir assim. Que não devia deixar o ciúme me consumir desse jeito. Mas no fundo eu sabia que não era apenas ciúmes, era medo. Medo que alguém a machucasse e eu não estivesse por perto.

Mas era impossível, não sentir um pouco de ciúmes quando se tratava dela.

Era Ayla.

Era a garota que eu tentei evitar por anos. A garota que eu pensei que nunca poderia ter.

E agora… agora ela estava ali, sentada no banco do passageiro do meu carro, depois de uma noite um pouco caótica, mas que eu sabia que nunca ia esquecer.

O silêncio novamente recaiu sobre nós dois, e na verdade eu não queria falar nada. Não naquele momento. Eu só queria que ela soubesse que eu estava ali e sempre iria estar quando ela precisasse de mim.

Sem pensar muito, estiquei minha mão e entrelacei meus dedos nos dela, que estavam apoiadas em seu colo.

Ayla se virou para mim na mesma hora, os olhos arregalados de surpresa.

Mas não afastou a mão.

E também não disse nada.

E no silêncio daquela noite, eu entendi muitas coisas que as palavras não podiam dizer.


જ      🧁 ❪ 01 ❫ Oi, gente! Tudo bem? Espero que sim. Bom, eu queria saber o que vocês estão achando da fanfic em si, enredo, desenvolvimento e o casal. Outra coisa, o que vocês acham que deve melhorar na estória? Deixem sugestões! ♡


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