𝟬𝟯. 𝗡𝗨𝗢𝗩𝗢 𝗜𝗡𝗜𝗭𝗜
𝟬𝟯. 𝗡𝗨𝗢𝗩𝗢 𝗜𝗡𝗜𝗭𝗜
(Recomeços)
𝐀𝐘𝐋𝐀
O resto do caminho até em casa foi em silêncio, tirando às vezes que Lukas fez alguma piada ou trocadilho comigo.
O trajeto era longo, parecia que nunca chegaríamos, ou talvez, eu estivesse apenas nervosa. Até que adentramos um grande e luxuoso condomínio, parando à frente de um portão.
Daniel baixou o vidro, cumprimentando um senhor de aparência madura e cabelos grisalhos.
— Bem-vindo, Daniel. — Ele deu um pequeno sorriso, abrindo o portão para o veículo adentrar.
Meu primo agradeceu, entrando com o carro.
Pela janela pude observar variadas plantas, flores e árvores que decoravam o enorme ambiente. À medida em que o veículo adentrava o condomínio, mais boquiaberta eu ficava. Era tudo tão lindo, tão aconchegante.. parecia aqueles jardins de novela mexicana.
A minha surpresa aumentou ainda mais, quando Daniel estacionou o veículo em frente à uma imensa casa.
Assim que o carro foi desligado, pulei para fora, admirando o casarão. Ela não era grande, era enorme, possuía vários andares e janelas brilhantes de vidro, a porta da frente era gigantesca e parecia não ter fim, tinha uns três metros, talvez… mais? Sua coloração era visivelmente clara, com suas lápides esculpidas. Ao redor havia todo tipo de planta, desde de coqueiros até as mais altas palmeiras, mais à frente estava uma fonte, que jorrava água cristalina, sim, cristalina.
— Gostou, Aylinha? — Lukas perguntou, sorrindo. Acho que ele notou minha cara de boba.
— Eu não tenho nem palavras — disse, ponderando todo o ambiente.
— O que é meu, é seu. — Daniel falou, saindo do carro. — Aliás, cadê o bolo de chocolate que a tia Beatrice prometeu?
Eu sabia, mamãe já havia avisado ele sobre o bolo, antes mesmo do meu avião pousar em território paulista.
— Não acredito, você trouxe?! — Lukas exclamou. — Os bolos da tia Bea são uma delícia, cê é louco..
— Nem vem que não tem, o bolo é meu. — Daniel afirmou, emburrado.
— Tem seu nome? — Lukas ironizou. — E pelo que eu sei, eu sou o preferido da tia Beatrice, então… — ele deu de ombros.
— Tá de brincadeira? Vocês parecem duas crianças birrentas. — Revirei os olhos, sorrindo.
Daniel gargalhou, abrindo o porta-malas.
— Deixa que eu ajudo, senhor Girafales. — Ele fez uma reverência para Dani, com um sorriso traquina nos lábios.
Pois é… a Ayla de seis anos atrás nunca imaginaria que eu estaria de volta na presença desses dois garotos que tanto amo.
Provavelmente ela surtaria um milhão de vezes. Na verdade, ela está fazendo isso agora, dentro de mim.
Quando as duas figuras masculinas pegaram todas as minhas malas — que não eram poucas — fomos direto para a porta principal.
Adentramos a enorme casa; o ar dela possuía uma fragrância totalmente refrescante, com toques cítricos e amadeirados, senti-lá me trouxe uma sensação imediata de leveza e paz. Logo mais, uma senhora de meia-idade veio ao nosso encontro trazendo consigo um enorme sorriso no rosto, seu nome era Mirian, ou melhor, Sra. Mirian. Sua presença era reconfortante, como se ela fosse a própria nonna em minha frente.
Ela nos avisou que o jantar seria posto à mesa daqui há uma hora, Daniel logo propôs que eu deveria conhecer meu quarto, aproveitando para tomar um banho.
Arregalei os olhos quando vi o meu quarto, que estava mais para um apartamento. O cômodo estava completamente mobiliado, desde a cama gigantesca de casal, e penteadeira, até um closet que seria do tamanho da sala de estar lá de casa. E pasmem, o banheiro permanecia dentro do próprio closet, e isto foi o motivo do meu choque de realidade.
Fico pensando quantos anos levaria para encher este closet de roupas, pois, as minhas inúmeras malas não encherão nem sequer um armário desse.
Após meu banho demorado, falei com a mamãe e papai pelo telefone.
Eles disseram que não morreram do coração mais cedo porque Daniel havia avisado assim que cheguei. Depois de um grande sermão, dei boa noite, desliguei a ligação e corri para a sala de jantar.
A senhora Mirian tinha acabado de me servir, quando Daniel chegou à cozinha falando sem parar:
— Oba, o que temos hoje, sra. Mirian? — O mais alto perguntou, se sentando ao meu lado. — Tá comendo sem mim, ãna? — Revirei os olhos, sorrindo.
— Hoje temos guisado de frango, Daniel. — Ela sorriu — Ayla gostou muito, não foi?
— Sim, é o prato que a minha tia costumava preparar para mim. É o meu preferido. — Respondi, dando uma colherada.
Claro que não chega a ser o mesmo sabor do famoso guisado que tia Márcia preparava com tanto carinho, mas estava uma delícia.
— Eu também gostava, mas preferia o guisado de camarão. — Daniel disse, começando a se servir. Fiz uma careta. Com toda certeza, o guisado de camarão não estava na minha lista de pratos preferidos.
— Depois eu posso preparar o jantar para a gente — Falei, e a sra. Mirian sorriu — Posso fazer o famoso prato italiano Pappardelle al cinghiale.
Aprendi esse prato com minha mãe, ela sempre fazia nos almoços de domingo.
— Você sabe que eu não gosto de macarrão — Daniel falou, bebendo um pouco de suco.
Revirei os olhos. A mamãe sempre fazia outra coisa para ele comer, porque esse besta sempre odiou qualquer tipo de macarrão.
Irônico, já que ele é um italiano.
Depois de alguns minutos de conversa, a senhora Mirian foi embora para a sua casa, deixando o ambiente em silêncio.
Lukas chegou na sala de jantar, cantarolando alguma música aleatória, ele parecia animado.
Franzi o cenho com a aparição do moreno, o que ele ainda está fazendo aqui?
— Boa noite, queridos. — Ele disse me encarando. — Gostou do seu quarto? — Daniel me lançou um olhar esperançoso.
— É… incrível, eu amei tudo. — Os garotos deram um hive five. — Vocês planejaram tudo?
— Lukas deu a ideia, e eu dei uns toques mágicos estilo Dani Molo — Daniel se gabou, enquanto Lukas se sentou à mesa.
Lukas deu a ideia? Interessante..
Mas o que ele estava fazendo aqui?
— Não sabia que era tão bom com isso.. — falei, enquanto brincava com um dos talheres.
— Sou bom em muitas coisas, Aylinha. — Ele soltou uma piscadela, sorrindo.
Convencido.
Após um breve momento dos dois garotos conversando sobre algo relacionado ao canal; coisa que não me interessava, criei coragem, fazendo uma pergunta a Lukas:
— Você mora perto daqui? Acho que sim, já que vocês gravam todos os dias. — Especulei, bebericando um pouco de água, tentando disfarçar minha curiosidade.
Os dois se entreolharam com o cenho franzido.
— Eu moro aqui, Ayla.
Arregalo os olhos, me engasgando com a água que estava bebendo e a cuspindo sobre a mesa.
— Ayla, cê tá bem?! — Daniel exclamou, dando tapinhas nas minhas costas.
Isso só pode ser brincadeira.
🧁
Os quentes raios do sol que passavam pela janela anunciavam que o dia já havia começado.
Bocejei, me levantando ainda sonolenta.
Ontem à noite demorei um tempão para finalmente pegar no sono, acontece que a frase do Lukas ficou remoendo na minha cabeça a noite inteira, como se fosse um vilão de filmes de terror que não parava de aterrorizar a mocinha protagonista.
“Eu moro aqui, Ayla.”
Balanço a cabeça, tentando me livrar da voz dele, que ainda insistia em permanecer na minha mente.
O que vou fazer? Como vou viver uma nova vida longe do passado, se ele ainda insiste em ficar, tirando meu sossego?
— Calma, Ayla. Isso são águas passadas, você mudou… está uma mulher madura agora, e isso não vai te impedir de crescer. — Sussurrei para mim mesma, andando de um lado para o outro. — Não pense nisso… você não é mais a mesma menina de quatorze anos!
Suspirei mais uma vez.
Mais uma…
E mais uma.
Não é tão fácil assim, os sentimentos idiotas de quando eu ainda era uma adolescente ainda estão aqui, mesmo não fazendo sentido algum.
Dei um pulo quando ouvi batidas à porta atrás de mim, segurando meu peito.
Abri a porta vagarosamente e dei de cara com Alice; minha melhor amiga.
Calma… Alice?
Ela não estava viajando?
— Aylinha, quanto tempo! — Ela exclamou, logo me abraçando.
Arregalei os olhos, piscando várias vezes.
Parei alguns segundos encarando seu rosto, quando finalmente sorri. Eu estava surpresa por vê-la, mas muito feliz.
Alice e eu éramos melhores amigas desde os quatorze anos, ela era prima de Lukas e dois anos mais velha que eu. Em uma das idas de Lukas para gravar na casa da minha tia, ele acabou levando Alice. E desde esse dia, não nos desgrudamos mais. Mesmo depois dela ter vindo estudar em São Paulo.
— Eu senti tanto a sua falta — choraminguei, a puxando para outro abraço.
Depois de muitos abraços, e de muitas emoções pelo nosso reencontro. Deixei Alice mexendo nas minhas malas, procurando o presente que eu tinha trago para ela e fui para o banheiro tomar um banho.
Sai do banheiro, enrolada em um roupão e secando o cabelo em uma toalha. Alice ainda estava sentada no chão, vasculhando as malas que restavam.
— E então, me diga como foi a viagem para cá — ela se levantou, se jogando na cama. Alice parecia mais animada do que o papai quando encontrava dois reais na rua. — Não achei o presente, mas está tudo do jeito que você deixou.
— Na verdade, não estava nessa mala. —
Apontei, sorrindo.
— Depois você me entrega, eu quero saber como está seu coraçãozinho depois de… — Alice parou por alguns segundos. — Você entendeu..
E o meu sorriso sumiu.
Ela estava falando de Lukas.
Depois de conhecer Alice, não demorou muito para ela perceber minha paixão platônica pelo seu primo. Eu deveria ser muito boba mesmo. Mas a verdade é que era visível o quanto eu era apaixonada por Lukas. Ele era o único que não percebia.
Idiota.
Suspirei, entrando para o meu closet.
— Não adianta fugir, senhorita. — Ela pulou da cama, me seguindo.
— Ele está bem, palpitando como sempre. — Desconversei, procurando uma roupa pelos armários.
— Não adianta fugir, Ayla. Eu sei que você ficou mexida. — Insistiu no assunto — Ainda mais depois de saber que ele mora aqui, creio que isso não seja mais nenhuma surpresa para você.
— Se sabe o que sinto, por que perguntou? — Dei um longo suspiro, a encarando.
— Finalmente admitiu que nunca esqueceu ele, pensei que ia negar mais um pouco. — Alice abriu um sorriso debochado.
— Tem certeza que você é minha amiga? — Revirei os olhos — Não senti nada demais, logo vai passar. Lembre de uma coisa: não sou mais a garotinha de antes.
— Ayla, se isso não mudou em seis anos, não é agora que vai mudar. E eu espero que você pare de se enganar. — A expressão divertida de Alice deu lugar a seriedade. Ela estava falando sério.
Engoli em seco. Por mais que eu esteja acostumada com sua sinceridade, às vezes ela me atingia sem rodeios, me constrangendo.
Eu não mereço isso, não mereço guardar e nutrir sentimentos que não são recíprocos. Eu não posso passar o resto da minha vida esperando alguém que nem sequer pensou em olhar para mim.
— É claro que já passou, Alice. Você está vendo coisas onde não existem. Vim para São Paulo apenas para começar uma nova fase da minha vida, e não dar atenção ou me prender a sentimentos do passado.
Quando o assunto se trata dos sentimentos que estão penetrados no meu coração, tudo se torna dez vezes mais difícil e incompreensível.
Odeio tudo isso.
— Nem negando um milhão de vezes você vai conseguir se convencer disso. Porque nem você mesma acredita no que diz.
Sei que Alice quer apenas o meu bem, como uma ótima amiga, mas não estou com cabeça para ouvir “verdades” a esta hora da manhã.
— Acho melhor encerrar esse assunto. — Digo, finalmente encontrando a roupa que queria.
— Não irei mais insistir no assunto. Você quem sabe o que é o melhor para você. — Alice suspirou, me deixando em paz.
જ 🧁 ❪ 01 ❫ Olá, doces amados! Como vocês estão? Espero que estejam bem.
જ 🧁 ❪ 02 ❫ Estão gostando da história?Me digam aqui!
જ 🧁 ❪ 03 ❫ O que acham que irá acontecer agora que Ayla descobriu que vai morar e conviver com o seu primeiro amor? Será que ela vai ser forte e resistir aos charmes de Lukas?
જ 🧁 ❪ 03 ❫ Digam sugestões ou suposições para os próximos capítulos!
જ 🧁 ❪ 03 ❫ Enfim, obrigada por darem uma chance a esta história. Deus abençoe vocês!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top