𝟬𝟮. 𝗧𝗘𝗡𝗦𝗜𝗢𝗡𝗜
02. TENSIONI
(Tensões)
𝐀𝐘𝐋𝐀
E de repente, tudo ao meu redor congelou. Podia ouvir apenas o barulho do meu coração, ansioso, martelando no meu peito. Parado à minha frente: O garoto que me fez sorrir como ninguém e viver momentos inesquecíveis. Mas, ao mesmo tempo, responsável pela arma que acabou meu coração frágil de menina. Seu nome? Lukas.
Depois de tantos anos sem vê-lo, lá estava ele, parado à minha frente — como uma raposa vigia a sua presa. Aqueles olhos castanhos, tão profundos como um oceano numa noite sem lua, que um dia foi a razão dos meus sorrisos tolos, das minhas risadas tímidas e inúmeros devaneios madrugadamente vividos.. agora, finalmente, me encaravam mais uma vez.
Os mesmos olhos — sinônimo de perdição e rendição. Porque, não importava o momento, quando meu olhar se encontrava com o dele, tudo era renovado e esquecido, como um feitiço irresistível, poderoso e encantador.
Esse era o maldito efeito que Lukas sempre teve sobre mim, e eu ainda não sei o porquê.
— Aylinha, pirralha! — Daniel gritou, atrás de Lukas. Me obrigando a sair do transe.
Sem pensar duas vezes, ele correu em minha direção, me abraçando forte.
— Você está bem, Aylinha? — Meu primo me encarou, com o cenho franzido.
— Eu.. por que não estaria? — Engoli em seco, soltando o ar que nem sabia que prendia.
— Você está branca que nem papel, mais branca que o normal. Viu um fantasma?
Sim, o nome dele é Lukas. Conhece?
— Acho que foi por causa do voo, lembra? Eu nunca gostei de andar de avião.
Menti, menti descaradamente.
Ele suspirou aliviado, depois sorrindo, como se nada tivesse acontecido.
— Eu senti tanto sua falta, sua pirralha. — Apertou minhas bochechas, com os olhos marejados.
— Eu também senti muitas saudades, seu poste ambulante. — Sorri fraco, mantendo meu olhar sobre Daniel. Não queria olhar para Lukas novamente e dar o risco de desmaiar ou de dar uns bons pontapés nele, vai saber.. né?
Daniel sorriu, bagunçando meus cabelos.
Enquanto isso, criei coragem e observei Lukas nos olhar, meio distante. Ele não havia se aproximado ou sequer me cumprimentado. Ainda se mantinha na mesma posição; paralisado.
— Ei, Lukas. Você não vai cumprimentar a Ayla? — Daniel perguntou, chamando atenção dele, que parecia ainda aéreo.
Me cumprimentar? Não, não. Não precisa!!
— Foi mal, não queria atrapalhar o momento de vocês. — Ele disse piscando rapidamente, e depois se aproximou.
Ver Lukas depois de tantos anos é estranho. Porque eu sabia que ele não era mais o mesmo, assim como eu também não era.
— Que bom te rever, Ayla. — Ele sorri, parando na minha frente. Mas, para minha surpresa, ele me puxa para um abraço, fazendo todo meu corpo se arrepiar ao colidir com o dele. — Tá gatinha, hein? — Ele ponderou o olhar sobre mim, parecendo me devorar com os olhos.
Senti minhas bochechas queimarem e minhas pernas amolecerem, desviei o olhar para Daniel, que parecia não ter gostado da fala do amigo.
— Fico feliz em te ver, Lukas. — Volto a olhar para ele, que sorria. Este maldito sorriso sempre me fez sentir borboletas no estômago. Mas… não é o mesmo sentimento, é como se eu pudesse sentir uma tensão estranha entre a gente, algo muito novo e diferente.
Talvez coisa da minha cabeça…
Vai saber..
— Sei que está tudo muito lindo, muito emocionante, mas precisamos ir! — Daniel exclamou. Eu concordei com ele, pronta para levar uma das minhas malas, quando Lukas me interrompeu.
— Deixa que eu levo. — Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele pegou a mala de minha mão. Em um gesto rápido pude sentir seus dedos tocarem os meus, e um leve choque foi liberado do meu corpo, como se tivesse saído faíscas do breve contato físico, e por mais que tenha sido por apenas alguns segundos, foi suficiente para que meu coração voltasse a bater descompassadamente.
Lukas me lançou um rápido olhar, puxando a mala e se pondo ao meu lado.
— Eu estava morrendo de saudade de você, pequena. — Daniel choraminga, caminhando ao meu lado.
— Eu também estava com saudade de você, Girafales. — Sorrio, sem graça.
— E de mim? Você não estava?— Lukas questionou, franzindo o cenho.
Arregalei os olhos, surpresa com sua pergunta. Eu deveria dar uns socos nele descontando todos os anos de distância, isso não seria uma má ideia..
— Claro que não, ela sente mais falta de mim — Daniel laçou seu braço em meus ombros. — Ela nem se lembra de você.
Segurei minha risada.
— Tá com ciúmes só porque sou mais bonito que você? — Um sorriso sarcástico se fez presente em seus lábios.
Não consigo me conter, soltando uma pequena risada.
— Pelo menos eu sou mais alto — Daniel disse, emburrado. Mas a frase não pareceu afetar o amigo, que gargalhou junto.
— Vocês não mudaram nada, não é?
— Você não viu nada, Aylinha. — Lukas disse, soltando uma piscadela para mim.
🧁
Já estávamos a caminho de casa, enquanto Daniel e Lukas não paravam de me fazer perguntas e de comentarem o quanto cresci. Ou seja, o assunto principal era sobre minha vida.
— Espero que goste da cidade, Aylinha. — Daniel parou o veículo por causa do semáforo e se virou para trás para olhar para mim, que estava no banco traseiro.
— Tenho certeza que sim. — Abro um pequeno sorriso, olhando pela janela do veículo observando as grandes paisagens e os enormes prédios estendidos por todas as vias da cidade. É uma metrópoles — sem dúvidas — turbulenta.
Porém, um máximo.
— E a faculdade, tá ansiosa? — Lukas perguntou, me fazendo desviar dos meus pensamentos.
Suspirei, lembrando que os dias não tão tranquilos e atarefados chegariam, tirando todo o resto de saúde mental que possuo.
— Não tanto, acho que.. só um pouquinho. — Sorri fraco.
A quem quero enganar? Eu não estou nem um pouquinho, estou para “muitão”. Mas, não posso mentir, estou realmente com medo dessa vida nova que me aguarda.
Não consigo parar de pensar em nada, cada mínimo detalhe de como será meu primeiro dia. Que roupa irei? Como o clima estará? Farei novos amigos?
Praticamente tudo.
Mal sabem eles que passei a viagem toda acordada, não consegui grelhar o olho uma vez sequer e tô quase capotando de sono.
Acho que dá pra notar a minha linda cara de múmia do Egito.
— Não fica pensando muito, não. Cê deve saber que Alice também estuda na mesma universidade que você vai estudar — Lukas sorriu, se inclinando para me olhar. — E ainda vai demorar muito.
Pelo menos isso era verdade. Alice estudava Direito, um curso totalmente diferente do meu. Mas, quando não tivesse aula, poderia estar com ela. E além do mais, as aulas demorariam alguns meses para começar, poderia organizar um pouco da minha vida antes de entrar de vez em uma nova fase.
Abri um sorriso aliviado. Queria ver Alice o quanto antes e dar um abraço daqueles. Ela estava em uma viagem de negócios da sua irmã em Portugal, por isso não veio me encontrar.
— E a titia, como ela está? — Perguntei a Daniel.
Ela não tinha ido com os meninos me buscar no aeroporto, e nem me explicou o porquê. Titia nunca iria perder a chance de rever a sua sobrinha depois de tanto tempo.
— Ah, eu esqueci de te contar. — Ele travou o maxilar. — Ela tá viajando.
Calma aí, ela também estava viajando? E não me contaram nada. Ótimo, como sempre Ayla sendo a última a saber de tudo.
— Pra onde ela foi? Pensei que ela ficaria e mostraria a cidade para mim.
— Ela foi pra gramado, com o… novo namorado. — Daniel pigarreou, mantendo seu olhar sobre a estrada.
Caramba, agora até namorado tia Márcia tem.. mas, eu não sabia de absolutamente nada. Qual é? Não é como se eu fosse surtar por conta disso.
— A gente conversa sobre isso em uma outra hora, beleza? — Ele forçou um sorriso, e eu apenas assenti.
Daniel não parece nada feliz pela viagem e muito menos pelo relacionamento da mãe..
Essa história está muito mal contada.
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