𝐩𝐫𝐨𝐥𝐨𝐠𝐨
ARIANNA ROSIER se dava bem em poucas coisas na vida. Mas, sem dúvidas, uma das coisas que ela mais gostava de fazer era tirar os professores do sério com suas perguntas encabeçadas e seu sarcasmo irritante. Era como um mecanismo de defesa próprio dela, um jeito de se defender da selva que era Drumstrang.
Em qualquer outra escola para gente rica e mimada, podemos culpar apenas os alunos que frequentam a instituição, mas nesse caso conseguimos afirmar com provas que a escola impunha o padrão de babaquice — claro que nunca devemos julgar sem conhecer, mas Arya podia afirmar que a maioria das pessoas de lá eram todas umas babacas.
Isso tudo até a sua "carta de alforria"... sua carta de expulsão.
Após uma brilhante e mirabolante travessura, — cuja ideia vinda de um sonho que teve durante a aula de Cultura Milenar — e algumas muitas mais pegadinhas aprontadas pelos corredores e salas de aula da fortaleza, enfim a sua escapada do "Reino dos Idiotas" como ela apelidou o local.
Sua mãe, Eleanor Rosier, ficou devastada... de início achou que poderia subornar Karkaroff e fazê-la voltar a estudar — algo bem corrupto até para o diretor— mas nem ele, nem os professores e até mesmo os alunos aguentavam mais. A menina simplesmente odiava aquele lugar com todas as suas forças. Graças a Merlim que este evento aconteceu faltando 2 semanas para as férias, o que fez Eleanor ganhar tempo ao procurar um perceptor para Arya.
— Você tem noção do problema que me causou? Como eu vou achar alguém que aceite ensinar uma... uma vagal como você? — a mãe gritava e esperneava pelos corredores da grande "mansão" Rosier.
Mas de nada adiantara, Arya nunca teria se envergonhado de seu feito... sempre bateria no peito com orgulho em dizer que saiu daquele inferno. Depois disso, —no intervalo de 2 semanas — Arya passou por nada menos que 3 professores, dos poucos que aceitaram o desafio que era Ariana Rosier. Era notório o desprezo por regras que a menina tinha, por mais que a Rosier também fosse absurdamente inteligente. Agora as férias estavam quase acabando, faltavam 1 semana para o fim das férias e Eleanor não sabia o que fazer.
Em uma tarde fria, com nuvens pretas cobrindo a extensão do céu e, onde o sol brilhava, agora uma nuvem densa carregada de água habitava o local, a elfa doméstica Gipsy entrou correndo, sem ao menos se apresentar, na sala de estar onde Eleanor tomava seu chá de hortelã.
— Senhora! Senhora! T-Tem uma carta para a senhora! — a elfa anunciou, ainda esbaforida por sua pequena corrida até o local onde sua mestra estava. A criaturinha estendeu a mão, revelando um envelope cinza-escuro, com um lacre de vela derretida dourada e de endereço apenas um "Malfoy's Manor".
Sem alguma palavra, Eleanor apoiou a xícara de porcelana em seu pires e a posicionou na mesinha ao lado dela, logo pegando a carta da mão da elfa sem a olhar, com uma cara presunçosa.
— Querida Eleanor... fiquei sabendo sobre... eu e meu marido Lucius... enquanto isso você e sua filha poderiam passar alguns dias conosco... estaríamos honrados... — a mulher lia a carta em voz alta e cortando pedaços em que ela já havia lido mentalmente, picotando a fala de vez em quando. Eleanor lia as palavras com um pouco de desprezo pela "dó" que a Sra. Malfoy parecia ter dela e de sua filha, mas esse sentimento aos poucos era substituído por um sorriso enquanto ela lia a carta. — Gipsy, pegue papel de carta e caneta, e no caminho chame minha filha e diga para ela vir aqui.
A elfa acenou prontamente, reverenciando e saindo do cômodo, a fim de encontrar Arya. A menina estava em seu quarto, com um dispositivo trouxa de tocar músicas e com fone de ouvido, tentando relaxar. As batidas em seu quarto eram rápidas e tinham um intervalo, como se a pessoa estivesse ansiosa com alguma resposta, isso a dedurou rapidamente quem estava do outro lado: Gipsy.
— Oh Gipsy, diga... — a menina abriu a porta, olhando para baixo com a intenção de olhar a elfa nos olhos.
— Srta. Arya, sua mãe te chama na sala de estar do primeiro andar. — A elfa sussurra, encarando a menina, que revirou os olhos. — Sim, eu sei, mas ela quer agora, parece ser importante.
— Ok, muito obrigada, Gip. — A menina agradece, tirando os fones de ouvido do pescoço e desligando o aparelho, que tocava " Wannabe" em alto volume. Assim que a elfa saiu, ela desceu as escadas do casarão até a sala de estar. — Mandou me chamar, mamãe?
— Sim! Sim... sente-se aqui do meu lado. — A mãe a chama, com os dedos apontados para o lugar ao lado dela. — Recebi uma carta hoje, um convite dos Malfoy para passar uns dias das férias de verão lá, até que eles e eu conseguirmos uma inscrição para Hogwarts.
"Hogwarts?! Caramba! " pensou Arya, animada com a ideia. Mas ela não disse nada, apenas sorriu em resposta.
— Você é uma menina de sorte, Arianna. Tem sorte de alguma instituição decente a aceite depois da tragédia que você fez em Durmstrang. — Eleanor continuou com um sermão, era algo típico dela. — Preciso de suas malas prontas até hoje de noite, partiremos amanhã cedo.
— Sim mamãe... — ela murmura, ainda muito feliz com a ideia de estudar em Hogwarts.
— Ah sim! Já ia me esquecer! Os Malfoy têm um filho, Draco, quero que se enturme com ele. Pode ser um grande partido no futuro. — A Rosier mais velha aconselha, quase como uma ordem, fazendo Arya revirar os olhos.
"Partido? Isso só pode ser uma brincadeira!" A menina pensa, não realmente dizendo aquilo, mas também não ocultando sua opinião em gestos.
— Creio que quem precisa se preocupar sou eu, não? — Arya retruca, com ar de seriedade por mais que esteja ironizando sua mãe.
— Olha, uma hora você deveria se preocupar com isso, casamentos são muito úteis para ambas as famílias. E você sabe que nossa fortuna vai acabar um dia. — A mãe alerta, se levantando do sofá e segurando as mãos da filha, que estava incrédula com tudo aquilo.
Então ela era uma mercadoria a ser vendida? Quase que como uma vaca premiada para sair de casa ou coisa assim? Não, ela não deixaria isso.
— Vou pensar no assunto, mamãe. — A menina responde, querendo pôr um fim no assunto. — Vou arrumar minhas malas.
🌞
Dali umas 3 horas, com o relógio marcando seis da tarde, Arya pediu para que Gip pusesse as malas ao lado da aporta de entrada, e que avisasse sua mãe disso.
Ela estava bastante nervosa com as novas mudanças, tanto as férias na Mansão dos Malfoy, quanto a nova escola. Será que se enturmaria? Que teria amigos? Ela não sabia.
A única coisa que garantia era que faria de tudo para que as coisas fossem melhores do que Durmstrang, onde não tinha ninguém.
As pilhas de roupas, com um toque de varinha, foram movidas aos poucos para dentro da mala, aonde iriam junto as suas curiosidades sobre Londres e Hogwarts. Depois de um tempo, as malas já estavam prontas, e as duas Rosier e a elfa Gipsy estavam em Londres.
Então, mais ou menos umas 1:50 da manhã, a Sra. Rosier, Arianna e a elfa doméstica Gipsy já estavam em frente ao portão da Grande Mansão Malfoy. Um grande portão cromado com um metal cor grafite, puxadores dourados.
Uma mulher alta, com cabelos lisos e pretos, com mechas descoloridas embaixo e um vestido preto veio em direção ao portão para abri-lo. Não parecia tão simpática, mas estava melhor que sua mãe sem dúvidas.
— Eleanor, querida! Quanto tempo não a vejo! -a mulher disse, destrancando o portão com sua varinha.
— Narcisa, é um prazer revê-la, e muito obrigada por nos hospedar em sua casa, foi um ato de muita gentileza da parte de você e seu marido. —disse Eleanor, "então essa é a tal de Sra. Malfoy que Gipsy falou?" pensava Arya, enquanto isso.
— Ah querida, não seja por isso! Entrem! Vou mostrar seus quartos, devem estar cansadas da viagem! — a mulher disse, fechando o portão e as conduzindo para a mansão.
A decoração era baseada em preto, cinzas escuros e verde escuro, com muitos quadros de molduras douradas extravagantes por toda a casa. Os móveis eram luxuosos, uma sala de estar enorme. Uma grande escada, localizada no centro da casa, as levava para o andar de cima, onde Arya imaginava que estariam os quartos.
— Sua casa é encantadora, Narcisa! — Eleanor exclamou, mesmo que não fosse a maior fã da decoração fúnebre. Arya e a mãe se sentaram no sofá maior da sala de estar e Narcisa em uma poltrona ao lado. — Mal posso esperar para que Arianna e Draco sejam amigos.
— "Diga por você." — a loira pensou, só de imaginar o que passava pela cabeça de Eleanor e Narcisa fazia o estômago da menina revirar.
— Ah sim, querida! Vai ser incrível ter mais uma Rosier aqui nas férias conosco. Faço questão de convidar todos os amigos de Draco para ficar em nossa casa nas férias, até porque hoje em dia, que a cultura de sangues-ruins foi tão popularizada, vai saber o que a casa dos outros ensina para o meu filho, não é? — a Sra. Malfoy explicava, e Arya internamente queria morrer, qual era o problema delas?
— Ah, nem se fala! Em Durmstrang só eram aceitas pessoas de família boa, com os pais casados, com um sobrenome de importância, e nem se fala do sangue. Apenas gente boa. — Sua mãe complementava, compartilhando da mesma opinião sangue-purista.
— Na minha opinião, o que determina a pessoa ser boa ou não, é sua índole, não sua família. Claro, isso se aplica nos dois casos. — Arya comenta, causando intriga na conversa de negócios de sua mãe. Eleanor a olha irritada, podia devorá-la viva. Já Narcisa estava atônita com a audácia da Rosier menor.
— Mudando de assunto. Narcisa, alguma chance de minha filha ir para alguma casa de Hogwarts que não seja a Sonserina? — Eleanor desvia o assunto depois de um silêncio um tanto desconfortável.
— Pode até ser que ela seja indicada, mas durante a Cerimônia do Chapéu Seletor você consegue manipular o resultado mentalizando a casa em que quer ser sorteada. Fique tranquila, Draco e seus amigos assegurarão que Arya não tenha que socializar com nenhum sangue-ruim, ou pior, traidores de sangue. A escória. — Narcisa fala as piores palavras que podem sair da boca de alguém com uma tranquilidade, quase como se aquilo fosse muito normal, era isso que a Rosier pensava. Como alguém poderia formular as frases mais preconceituosas possíveis e não sentir nenhum remorso?
— Nem me fale. Aqueles que nascem com a dádiva que é ter o sangue puro e mesmo assim desperdiçam essa oportunidade são tão ruins como sangues-ruins. — Eleanor concordava, assim como com tudo que Narcisa falava.
— O Ministério da Magia inclusive possui uma divisão sobre o Mal Uso dos Artefatos Trouxas, dá para acreditar nisso? É um colega de Lucius o tal chefe, um Weasley. — Narcisa conta, se servindo de chá. Naquela hora, Arya pensou que talvez tentar recitar em sua cabeça uma letra de música seria uma boa, para não falar o que não devia.
— Um Weasley? Esse mundo está perdido. — Eleanor pergunta, aceitando a xícara de chá que Narcisa a oferecia.
— Agora parece que estão no Egito, ganharam um dinheiro na Loteria Bruxa.
— O Egito deve ser legal. — Arya comenta, baixo o suficiente para ninguém ter que fingir que ouviu e se importa.
— E o pior, ele é casado com uma Prewett, provavelmente agora estão no oitavo filho, já perdi a conta. — Narcisa bebericou a ponta da xícara com seus lábios secos e finos. — Ano passado, eu acho, saiu no jornal que ele teria um carro trouxa encantado, que voou da estação de Londres até Hogwarts. E pilotado por duas crianças! Dá para acreditar na falta de responsabilidade?!
— Nossa, um carro que voa? Isso sim deve ter sido incrível! — Arya murmura encantada com a história, depois percebendo a cotovelada que levara da mãe.
— Que irresponsável! — Eleanor comenta de volta, disfarçando sua filha.
— E uma das crianças era Harry Potter, que é amigo, pelo que Draco diz, desses Weasley. Moram em uma casa toda quebrada, no meio do nada. Draco me contou, eles usam roupas doadas, são muito pobres.
— Viu, filha? E você reclama de não ter mais um vestido. Olha isso, usam roupas usadas! Duvido que você sobreviveria assim! — Eleanor cutuca a filha, que estava quieta se segurando para não falar e se arrepender, mas naquele momento não aguentou.
— Aposto que são felizes. Que o marido dela volta do trabalho e jantam todos juntos. Que jogam quadribol no jardim e quando alguém está doente, todos tentam animar a pessoa. Que mesmo sem dinheiro, se amam muito. Então não adianta você ter milhões de galeões se dentro da sua casa sua vida é uma merda, que não tem ninguém sincero para conversar. — Ela libera, sem pudor algum. Se sentia bem por falar isso, e melhor ainda vendo os olhares assustados de Eleanor e Narcisa. — Se me dão licença, vou me deitar.
A menina subiu as escadas tendo certeza de que sua mãe a matava com os olhos no andar de baixo, mas não se importava. Podia ainda ouvir ela murmurando para Narcisa um "ela está com sono, releve".
O quarto em que fora hospedado era muito bonito, não tão grande, mas realmente elegante e arrumado. Em formato quadrado, o cômodo possuía uma cama de casal com lençóis pretos, a base da cama era de madeira escura. Ao lado, uma mesinha pequena existia apenas para apoiar alguma coisa ou outra, mas numa parede vazia havia o guarda-roupa e a escrivaninha, sendo o primeiro bem grande e espaçoso.
Aquele, a garota já havia se conformado, era o começo de uma nova era em sua vida.
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