𝐗𝐈𝐈𝐈. 𝑤𝑎𝑡𝑒𝑟𝑏𝑜𝑡𝑡𝑙𝑒


ARYA ESTAVA MUITO feliz em voltar para Hogwarts de novo, já que ela não aguentava mais dividir um teto com Eleanor. Como ela pensou que seria diferente nessas férias? Nunca era, nunca seria. Nem se Bianca intervisse, nem se o Ministro da Magia intervisse no relacionamento delas, o único que conseguia manter a paz naquele pedaço de inferno era seu "pai" — ou o indivíduo que ela fez Arya acreditar ser seu pai, o que a torna mais filha da mãe ainda —, e esse estava mais morto que a vontade de Arianna de se levantar da cama.

Provavelmente nem Angelina a aguentaria hoje, Arya estava definitivamente de mal-humor, até ela podia sentir isso. Era muita pressão.

Morgana sabia o quanto Arya odiava o fato de que os NOMs e os futuros NIEMs definiriam seu futuro inteiro por causa de um dia. Malditas seis horas.

O pior de tudo — ela arriscava até dizer que era o motivo de seu mal-humor — era o fato de que ela não conseguia pensar em nada disso. Não quando ela sabia que ao descer as escadas, daria de cara com Fred.

Não houve nada que passou pela mente de Arya nos últimos dias que não era ele. Tudo estava girando em torno daquele beijo, porque foi o momento mais romântico e emocionante da vida dela.

O mundo era injusto ao ponto de não deixar Arya pular em cima dele na frente de todo mundo e não largar nunca mais.

— Ou você tá sob o uso de cogumelos alucinógenos mágicos ou apaixonada — interrompeu Angelina, parando ao lado do dorsel da cama da loira enquanto a julgava apenas pela visão das costas de Arya. — Não tem um meio termo.

— E qual é a diferença? De qualquer jeito eu estou fodida. — respondeu Arya, num murmúrio sófrego. Ela ainda estava sentada na beirada da cama, com os pés pendendo para fora enquanto ela tentava enganar Angelina e dizer que estava com uma "dor terrível de cabeça".

— Se em 15 minutos você não estiver pronta, vai ficar sem sobremesa por uma semana. — mandou Angelina, fechando a porta do quarto e deixando Arya sozinha no quarto.

Incrível como em tão pouco tempo Angelina aprendeu a tirar Arya da cama, quando nem ela mesma sabia como fazer isso.

Ele estava do mesmo jeito que há quatro dias, continuava alto, seus cabelos eram do mesmo tom de ruivo, sua voz ainda era mais grossa do que ela imagina ser toda vez que vai falar com ele, Fred continua sendo o Fred.

— Está vendo isso, George? Ela está soltando aquela fumacinha das orelhas de quando está nervosa. — ele acha graça da cara de sonolenta dela, que dá um tapa no braço dele.

— Já até consigo ver a testa ficando vermelha, Fred. — o irmão completa, recebendo outro tapa dela.

— Vocês dois, vão a merda, ok?


🌞

Depois que George pois tachinhas no assento de McGonagall, a turma inteira estava presa na sala de aula em um esporro sobre como seriam bruxos medíocres e inúteis se continuassem sem levar a sério a escola. Ainda bem que faltavam apenas 15 segundos para o sinal tocar e McGonagall também reclamar de que não é o sinal que os libera, e sim a professora (mesmo que não seja).

Angelina e Jade saíram junto da sala de aula, já que a próxima aula também fariam juntas e depois tirariam um tempo no jardim, mas quando Arya percebeu que deixou sua garrafa de água — que ela nunca bebia até o final, mas mesmo assim carregava — na sala de aula, voltou para buscar.

— Ei, Arya! — a Rosier sentiu que alguém a puxou pelo capuz do moletom rosa que estava usando quando estava fechando a porta da sala de transfiguração, era Fred.

— Ah, oi Fred! — ela respondeu, tentando ao máximo não transparecer que estava tremendo quando a mão dele agarrou a cintura dela e a puxou para um outro corredor menor. É claro que dentro dela haviam mais fogos de artifício que no Ano-Novo, mas ela não deixava que ele soubesse disso.

— Aconteceu alguma coisa? — ele murmurou contra a pele do rosto de Arya, ela podia sentir o hálito da bala de hortelã que ele sempre tinha no bolso. — Você não vai fingir que aquilo não aconteceu, vai? — Um músculo no maxilar dele saltou e sua voz foi ficando mais grossa. O que antes parecia ter um tom preocupado, quase inseguro agora era carregado com uma certa agressividade enquanto ele esperava uma resposta dela. As mãos dele foram ao encontro das de Arya, ele se aproximou mais um pouco dela. Os dedos dela tocaram levemente uma veia saltada no braço esquerdo dele, e um espasmo correu a espinha dela.

— O quê? Não! É claro que não! — Arya sussurrou, abrindo um sorriso orgulhoso ao perceber que Fred mantinha os olhos castanhos e intensos sob ela, inspecionando todos os detalhes do rosto dela enquanto esperava sua resposta. A respiração dela era descontrolada e esbaforida, o tom de rosa que suas bochechas estavam já diziam tudo que Fred precisava saber. — Foi uma das melhores coisas que já aconteceram comigo, eu só consegui pensar naquele beijo o resto dos dias.

O ruivo respirou fundo e olhou para um lado do corredor, depois o outro, para checar se eles estavam realmente sozinhos, evitando que seus olhos parassem nela.

— Então eu sou uma das melhores coisas que já aconteceu com você? Hum? — ele deixou um sorriso convencido nos lábios, e ela o deu mais um tapinha no braço.

— É sério, idiota. — ela sussurrou, no mesmo tom que eles estavam falando. — Fazia tanto tempo que eu queria que isso acontecesse... acho que desde aquele dia no sofá.

— E eu então? Porra... eu imaginei tantas vezes, eu te imaginei tantas vezes. Você pode perguntar para qualquer um, até o George sabe, faz meses que eu vivo atrás de você. E aquele beijo foi... o seu beijo foi tão... você. É perfeito. Eu quero de novo. Por favor, diz que voc... — Fred pede, quase implora, seu corpo se aproximava cada vez mais do calor do dela quando foi interrompido pelo repouso do dedo indicador sob os lábios dele, enquanto Arya mantinha seus olhos vidrados na boca dele como durante o discurso inteiro.

Ela não esperava isso dele. Talvez na cabeça de Arya, Fred não fosse capaz de sentir sentimentos tão fortes como ela, porque os poucos meninos que ela conheceu não conseguiram sentir. Mas Arya também não conseguia evitar sentir a famosa sensação das pernas fracas, ela já estaria no chão se não fosse ele ali, a prensando numa parede qualquer de um corredor mais qualquer ainda.

Ela até pensou em falar alguma frase de efeito igual via nas comédias românticas da Julia Roberts, mas a única coisa que conseguiu fazer foi mexer os dois dedos maiores das mãos que ela levou até a nuca dele para criar uma espécie de parede ilusória. Ninguém interromperia eles agora, ninguém tiraria esse momento dela, de jeito nenhum.

Eles nunca tinham se visto naquela posição e nessa intenção — lembrete mental de que eventualmente ela teria que usar sapatos mais altos, ou se preparar para algumas dores no pescoço — mas era óbvio que a diferença de altura era gritante. Fred tinha 1,92 cm — Morgana que abençoe — e Arya ostentava seus 1,62 cm, até Ginny era mais alta que ela.

As mãos dele foram para a cintura dela — e por mais que Arianna não fosse uma menina considerada magra, era fina e destacava seu quadril e coxas — de uma forma lenta e torturante, escorregando os dedos pelo corpo coberto do moletom esportivo, ele a queria mais perto ainda se fosse possível. Sua boca explorava a dela com um misto de avidez e cautela. Das últimas vezes que repetiram o processo, Arya notou que Fred tinha um cuidado excessivo quando se tratava do corpo dela, mais precisamente o ato de tocá-lo.

Ela subiu os dedos para o cabelo dele — coisa que ela já havia notado causar um choque de sensações nele — e o emaranhado de cabelos laranja camuflava os dedos que traçavam círculos por toda parte. Outra nota mental: Fred sente coisas quando ela passava a unha principalmente na nuca dele, ou atrás da orelha.

O joelho dele tocou a perna descoberta dela (bendito seja quem inventou a saia colegial) e, quando ele notou a arfada que Arya deu no meio do beijo, Fred tonou isso como um novo controle remoto que ele definitivamente usaria no futuro.

Será que algum dia eles teriam um beijo que se manteria calmo e romântico até o final?!

A respiração dos dois estava uma bagunça, as pequenas lufadas de ar eram tudo que tinham para se apoiar e não largar o beijo. Arya tomava como missão pessoal explorar a boca dele com a língua, e ela fazia isso perfeitamente, eles tinham o perfeito encaixe.

— Porra, Arya... — o ruivo deixou um murmúrio de insatisfação quando se separaram.

A respiração descompensada, o cabelo bagunçado, a saia provavelmente bem mais acima do que o regulamento a permitiria andar pela escola... era tudo tão errado, mas isso também era meio sexy.

— Weasley... — ela murmurou de volta, jogando a cabeça para trás enquanto ainda mantia as mãos entrelaçadas na nuca dele. — Você é tão...

— Perfeito? Lindo? O dono do melhor beijo do mundo? — ele a interrompe, suas mãos descem das costas dela para um pouco mais embaixo, o sorriso maroto cresce nos lábios dele e a loira revira os olhos.

— Eu ia dizer 'apaixonante', mas tenho certeza que todas as alternativas acima estão certas. — ela respondeu, os olhos verdes fixos nos castanhos enquanto ela juntava os dois ainda mais com os braços jogados atrás do pescoço dele.

O formigamento na ponta dos dedos, a sensação estranha das mil borboletas no estômago, o batimento cardíaco que podia ser fácilmente comparado a um carro de Fórmula 1... Arya estava apaixonada por Fred. Completa e totalmente apaixonada por cada pedaço dele.

🌞

Arya passou pelo buraco do retrato sem conseguir esconder o sorriso idiota que formou nos lábios, ele a acompanhara desde o beijo até o retrato da Mulher Gorda. Ela passou tão desatenta pela Sala Comunal, tão preocupada em chegar no dormitório rápido e gritar com a cara enfiada no travesseiro que nem notou George Weasley e Lee Jordan sentados nos sofás da Sala Comunal, com os olhos grudados na loira e uma expressão engraçada.

— Demorou, né, senhorita Rosier? — murmurou George, fingindo estar preocupado como um pai esperando acordado a filha voltar para casa de alguma festa.

— É, onde você estava? — Arya até tentou segurar a risada com a atuação tosca de George, mas o que a fez perder o jogo foi a imitação de voz grossa que Lee sempre fazia e Arya sempre acabava rindo igual uma hiena.

— Escutem aqui, abusados... eu fui buscar minha garrafinha na sala da McGonagall. Pronto? — a loira cruzou os braços em frente o peito quando George levantou uma sobrancelha questionadora.

— É engraçado isso, você voltou só um pouco depois do Fred. — comentou Lee, despretensioso, fingindo limpar debaixo das unhas. — Não foi, George?

— Com certeza! E ele também voltou como se tivesse apostado oitenta rounds com o Salgueiro Lutador. Tinha até umas marcas de unha atrás do pescoço, sabe? Mas nenhum animal atacaria ele justamente na nuca, não acha, Lee? — o gêmeo respondeu no mesmo tom que Jordan usou antes, casualmente apontando para as mãos de Arya com a cabeça, que indicavam o alongamento de unhas que Jade havia testado na loira.

Arya tentou se esticar para conseguir enxergar seu reflexo num espelho em cima da lareira da Sala Comunal — talvez ela ainda tivesse esperança que pudesse dar uma desculpa para Lee e George sobre os arranhões e sua aparência—.Seu rabo de cavalo mais parecia um coque samurai agora e seu rímel era facilmente comparável a um urso panda. Com muita sinceridade, ela parecia ter voltado de um pernoite em uma balada numa sauna sueca.

— Eu trombei com o pirraça no corredor... maldito poltergeist! — ela gaguejou. Sendo uma ilusionista era de se esperar que Arya soubesse mentir melhor.

— Foi ele que deixou esse chupão aí no seu pescoço também? — Lee mais uma vez abusou de seu tom calmo, enquanto agora estralava o pescoço.

Filho da puta.

Como ela não percebeu isso?! Chupões geralmente costumam doer.

Se bem que naquela hora que ele desceu os beijos do canto da boca dela para atrás da orelha, e depois foi descendo para o pescoço enquanto ela enterrava os dedos no cabelo dele e repetia o nome dele de um jeito muito, muito sujo... é, pode ser que ela percebeu isso.

— Não é um chupão, Lee! Deixa de ser ridículo! É uma... picada de mosquito. Pronto. — Arya se aprresou em responder, tentando não transparecer o desespero na voz. George e Lee pareciam não acreditar, porque estava com os olhos voltados para qualquer outro lugar menos ela, de novo.

— Mosquitos?! — exclamou George, incrédulo.

— Você sabe como são os mosquitos aqui no... inverno. É. E tenho certeza de que Fred também tenha uma boa desculpa para os arranhões. Uma que não envolva minhas unhas e um cenário onde eu e ele estaríamos tão próximos um do outro. — ela consipirou, se sentando no braço da poltrona em frente George.

— Na verdade — a voz do próprio Fred se fez presente na Sala Comunal, saindo do dormitório masculino. A pele dele estava avermelhada por conta do banho quente, o cabelo ruivo que começava a crescer estava molhado e ele usava uma calça de pijama vermelha listrada. O ruivo se apoiou com os dois braços no encosto de um dos sofás que eles ocuparam na sala, seus olhos castanhos procuraram os verde-esmeralda de Arya, mas ela os desviou rapidamente assim que o contato foi feito, quase gerando uma faísca. — Por que vocês dois não vão arranjar uma namorada e param de encher o saco?

A voz ligeiramente grossa dele ecoou pela mente dela como se fossem apenas os dois naquela sala, as mãos dele apertavam de leve o estofado do sofá, e a mesma veia que a loira vem notando por meses salta, as mãos dele nunca pareceram tão atraentes quanto agora.

— Não acho que Jordan seria capaz de arrumar uma namorada, de qualquer jeito. — a loira brinca, e Jordan mostra o dedo do meio para ela.

Fred se senta na mesma poltrona que Arya estava se apoiando no braço, ficando de frente para o irmão gêmeo e Lee. A loira sente um arrepio quando nota que os olhos castanhos do Weasley se mantém grudados nela o tempo inteiro.

— Para o governo de vocês, eu estou saindo com uma menina. — o moreno se defende, com um sorriso orgulhoso.

— Saindo ou "Conversei com ela uma vez e ela sorriu pra mim, então eu acho que ela gosta de mim"? — ironizou George, com um sorriso de canto e Lee revirou os olhos, apenas confirmando o que o ruivo havia apontado.

Arianna sorriu ao ver aquilo, os amigos que tinha feito naquele ano, tudo o que ela achou que não aconteceria e que aconteceu. George e Lee eram pessoas tão especiais e importantes para ela agora, e era assustador imaginar o quão rápido eles conseguiram atingir a posição em que estavam agora.

— Se você quiser sentar aqui me fala, tá? — o ruivo, o seu ruivo, sussurrou no pé de seu ouvido, Arya conseguia sentir o quão perto sua boca estava do rosto dela agora.

Os olhos dela foram direto para os outros dois amigos na sala, esses já nem estavam mais incomodados com os flertes que Fred lançava para a loira. Ela notou também que ele havia aberto um espacinho pequeno para ela se sentar, e era impossível que suas coxas coubessem ali.

— Obrigada, Freddie. — sussurou Arya, se virando para observar a reação dele com o novo apelido que ela havia inventado. Dada a mordiscada que ele deu no lábio inferior, ela definitivamente usaria-o de novo. — Mas eu nunca vou caber nesse espacinho aí.

— Pode sentar no meu colo se você preferir também.— as mãos dele afastaram o cabelo loiro preso das costas dela, onde ele se inclinou para sussurrar. — Te garanto, eu não vou me incomodar.

Arya suspirou, fechando os olhos para resistir a tentação de agarrar ele ali mesmo. A mão dela procurou a dele, e entrelaçou seus dedos, enquanto o polegar dele alisava as costas da mão dela.

Pensando bem, Arya encontrou uma das melhores coisas que tinha agora, seu motivo para ainda ser uma adolescente apaixonada, para ainda acreditar que alguém realmente gostaria dela por quem ela é, não por seus poderes ou pelo dinheiro.

Frederick Weasley era seu melhor achado, e ela não o perderia por nada.

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Vim pedir pra vcs votarem, comentarem... faz muita diferença pra mim e faz o meu dia em saber que vcs realmente gostam do que eu escrevo!

Estamos chegando no final desse livroooo!!! Agora vem o segundo ato, Cálice de Fogo... esse promete viu KKKK

BEIJO ❤️

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