25. Did she?
Era estranho como um dia podia mudar tudo. Eu estava no corredor, arrastando minha mala com uma mão e segurando outra mochila no ombro, com o coração pesado, mas não quebrado. Zara tinha ficado tão chateada quanto eu por termos que dividir caminhos, mas prometemos que isso não mudaria nossa amizade. Ela era mais do que uma companheira de equipe; era uma irmã.
"Não deixe aquele velho te quebrar, Calizinha".
Ela havia dito, usando o apelido que tanto gosta de me chamar. Seu sorriso era encorajador, mesmo que os olhos denunciassem o descontentamento. Ela não queria que eu fosse para o Cobra Kai, era como uma traição, visto que eram seus principais inimigos, e que Tory seria minha nova colega de dojô. Para Zara, isso foi quase uma ofensa, mas ela sabia que eu não tinha muita escolha.
Axel também apareceu enquanto eu terminava de arrumar minhas coisas, já pronta para seguir na direção do corredor, sem muito rumo de onde eu iria. Ele parecia notoriamente desconfortável, algo quase raro de se ver nele.
— Olha, Calista, Eu... Sobre antes... Fui um idiota. — Ele cruzou os braços, desviando o olhar. — Não deveria ter surtado daquele jeito.
Eu sorri de leve, já pronta para perdoar.
— É, você foi mesmo. — Dei uma risadinha baixa, colocando a mão em seu braço como forma de tranquilizá-lo, dando duas batidinhas amigáveis — Mas está tudo bem, Axel. Você é um bom amigo, mesmo quando age como um completo babaca.
Ele soltou uma risada curta, dando um passo à frente para um abraço rápido.
— Boa sorte com tudo.
Eu apenas assenti, grata por ele e Zara terem sido como pilares me mantendo naquela equipe que só me trazia dor. Mas agora, no corredor vazio, enquanto caminhava em direção ao incerto, eu senti a solidão me alcançar. Não fazia mais parte dos Iron Dragons, não tinha mais meu quarto compartilhado com Zara, e, por um momento, a insegurança me atingiu.
Foi quando ouvi o som dos passos firmes que eu mais temia.
— Que cena triste. — A voz de Silver chegou antes dele. Ele apareceu de repente no final do corredor, as mãos nos bolsos e o mesmo sorriso de escárnio que eu já conhecia. — Uma garota sem rumo, sem equipe, sem futuro.
Eu parei no meio do corredor, me virando devagar para encará-lo, a dor latente em minha mão só comprovava o quanto eu estava decidia a simplesmente deixá-lo sem muita cerimônia.
— Silver...
Ele começou a caminhar na minha direção, um predador saboreando a fraqueza da presa, e eu não ousei recuar, não mais.
— Me diga, Calista, o que vai fazer agora? Vai implorar para voltar? Pedir que eu te aceite de volta?
Eu abri a boca para responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, uma voz cortou o ar como uma lâmina afiada.
— Ela não precisa implorar por nada.
Me virei e vi Kwon no final do corredor oposto. Ele caminhava com confiança, o que contrastava com os hematomas ainda visíveis no rosto. Mas seu olhar estava fixo em Silver, cheio de determinação.
— Calista tem um dojô melhor ao lado dela agora — e continuou, parando ao meu lado.
Silver riu, jogando a cabeça para trás.
— Que poético. O valentão da Sensei Kim protegendo a garota desamparada. — Ele colocou a mão no peito — Isso é quase comovente.
— Não tem nada de comovente em você perder tudo, Silver. — Minha voz saiu firme, surpreendendo até a mim mesma. — Perdeu o controle do torneio, perdeu o respeito da sua equipe... E agora, perdeu a única coisa que realmente importava pra você, o poder sobre mim.
Os olhos dele ficaram mais estreitos, e eu soube que tinha atingido um ponto fraco, o que me fizera abrir um sorriso pequeno de vitória no canto dos lábios.
— Acha que venceu, Calista? — Ele deu um passo à frente, mas Kwon também avançou, bloqueando o caminho.
— Chega, seu velho. — A voz de Kwon era baixa, mas carregada de ameaça. — Não importa o que você diga ou faça, ela está fora do seu controle agora.
Eu segurei o braço de Kwon, não na tentativa de impedí-lo, mas apenas de evitar mais dores de cabeça antes do torneio. Precisávamos de foco, não de mais hematomas.
— Não vale a pena, Kwon. — Suspirei, afirmando de maneira calma — Ele não vale todo esse esforço.
Silver deu um último olhar para nós dois, a raiva contida por trás de seu sorriso forçado.
— Isso não acabou.
E com isso, ele se afastou, os passos ecoando pelo corredor. Kwon suspirou, relaxando os ombros quando o som dos passos de Silver desapareceu.
— Está tudo bem? — Ele perguntou, os olhos escaneando meu rosto como se procurasse algum sinal de que eu estava abalada.
Eu sorri, cansada, mas sincera, colocando as mãos no rosto dele.
— Estou agora.
Ele abriu um sorrisinho quase discreto e se inclinou em minha direção, pegando a alça da minha mala antes que eu pudesse protestar.
— Vamos. Você tem um lugar pra ficar.
— Onde exatamente? — Perguntei, arqueando uma sobrancelha. Não era a primeira vez que ele me colocava em uma emboscada ao se tratar de quartos.
Ele apenas sorriu, me guiando pelo corredor.
— Você vai ver.
E pela primeira vez em dias, eu me senti segura.
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Kwon não falou muito enquanto me guiava pelo corredor, e eu estava tão exausta que nem insisti em perguntar. Ele carregava minha mala com facilidade, enquanto eu ajustava a mochila no ombro, tentando acompanhar seu ritmo sem tropeçar de cansaço. Paramos em frente a uma porta a poucos quartos de distância do dele, o que me fez franzir o cenho, confusa.
— Kwon, o que é isso? — Perguntei, olhando para a porta — Como conseguiu...
Ele apenas deu um sorriso de canto, ignorando minha pergunta e batendo na porta com os nós dos dedos. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, a porta foi aberta, revelando uma figura que me pegou completamente de surpresa.
Tory Nichols.
A garota estava encostada no batente da porta, braços cruzados e um olhar curioso me analisando. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo bagunçado, e havia aquele ar desafiador que parecia ser sua marca registrada. Ela olhou de mim para Kwon e voltou a mim, arqueando uma sobrancelha.
— Então, é você — Disse ela, sua voz carregada de um tom brincalhão, mas com uma ponta de ironia.
— Eu? — Perguntei, ainda meio perdida, olhando para Kwon, que apenas deu um pequeno sorriso, deixando minha mala no chão ao lado da porta.
— Sim, você. A garota que deixou nosso príncipe do karatê aqui completamente fora de si. — Tory apontou com o queixo para Kwon, que revirou os olhos bufando, mas não negou.
Eu não sabia o que dizer. Por um momento, fiquei apenas parada, até que Tory abriu mais a porta e fez um gesto para que eu entrasse.
— Vamos lá, não fique parada aí. — Ela me olhou de cima a baixo com um sorriso que quase parecia genuíno. — Eu não mordo.
Ainda hesitante, entrei no quarto. Era simples, mas aconchegante, com duas camas de solteiro, um armário embutido e uma janela com vista para o jardim do hotel. Era um pouco menor do que o quarto que eu dividia com Zara, mas parecia bem mais tranquilo.
— Então, você não vai ficar sozinha. — Kwon se encostou no batente da porta, cruzando os braços.
Eu olhei para Tory, que estava claramente tentando avaliar a situação, e depois para ele.
— Não vai ser um incômodo? — Perguntei receosa, tudo o que eu menos precisava era de menos pessoas represando minha presença. Disso já basta minha antiga equipe.
Antes que Kwon pudesse responder, Tory deu um sorriso sarcástico e balançou a cabeça.
— Olha, eu já sofri o suficiente nas mãos do Silver. Se tem uma coisa que a gente vai fazer bem aqui, é reclamar dele.
Isso me arrancou uma risada curta, e algo dentro de mim relaxou um pouco. Eu me virei para Kwon, que ainda estava parado na porta.
— Acho que você conseguiu, Kwon. — Afirmei estreitando os olhos para ele — Não vou te chutar dessa vez.
Ele riu baixo e balançou a cabeça.
— Vou deixar vocês se apresentarem melhor. Eu estou no quarto 315, se você precisar de alguma coisa, Dinamite.
Eu revirei os olhos com o apelido e ele apenas fechou a porta lentamente atrás de si, com um sorriso provocativo estampado em seus lábios, sem perder a oportunidade de uma provocação.
Tory esperou até que ele estivesse fora de vista antes de se virar para mim com um sorriso malicioso.
— E então... O que exatamente foi isso?
— O quê? — Perguntei, ainda meio perdida, enquanto começava a desempacotar minhas coisas.
Ela apontou para a porta onde Kwon tinha acabado de sair.
— Vocês dois. Rolou alguma coisa? — Ela cruzou os braços, suspirando — Porque eu sei que ele queria muito, pelo menos.
Eu ri, mas senti meu rosto esquentar.
— Não é nada disso. Só... As coisas entre nós estão menos confusas agora.
Tory arqueou uma sobrancelha, claramente não comprando minha resposta.
— Menos confusas, hein? Isso geralmente significa que alguma coisa aconteceu.
— E eu acho que isso não é da sua conta. — Tentei soar firme, mas minha voz saiu mais leve do que eu pretendia, e isso só fez Tory rir, o que me tirou um sorrisinho também.
— Certo, certo. Vou deixar você com seus segredos. Mas, sério, você parece... — Ela deu de ombros — Mais relaxada do que eu esperava, pra alguém que simplesmente largou mão de tudo o que tinha construído até então... E ainda sob influência daquele mala do Kwon.
Ela soou sarcástica ao fim, mas senti seriedade em sua fala. Eu apenas suspirei pesadamente, sentando na beira da cama enquanto ela se jogava na outra.
— Eu não sei. É como se tudo tivesse desmoronado, mas, ao mesmo tempo, as coisas começaram a se alinhar de um jeito que eu nunca esperei.
Ela me olhou, apoiando o queixo na mão.
— Bem-vinda ao Cobra Kai, Calista. É assim que as coisas funcionam por aqui aqui.
Eu ri, balançando a cabeça.
— E agora? O que eu faço? Não faço mais parte do Iron Dragons, não tenho um sensei oficial, e não sei nem se ainda estou no torneio.
— Relaxa. — Tory deu de ombros. — Se você conseguiu sobreviver ao Silver, o resto é moleza. Além disso, o Kwon parece meio obcecado por você, então acho que ele vai garantir que você não fique de fora. Acho que ele pode até mesmo convencer a Sensei Kim a te colocar de volta no jogo, ele sabe ser persuasivo quando fica fissurado por alguma coisa, no caso, você.
Revirei os olhos, mas não pude evitar um pequeno sorriso.
— Ele só está procurando se redimir de algum jeito.
Tory riu novamente, mas dessa vez havia algo mais suave em seu tom.
— E ele está fazendo um bom trabalho nisso, pelo que parece.
Eu fiquei em silêncio por um momento, olhando para a janela. O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa.
— Obrigada por isso, Tory. — Olhei para ela, sincera. — Por me deixar ficar aqui.
Ela deu de ombros, mas havia algo genuíno em seu sorriso.
— Não me agradeça ainda. Você ainda vai ter que lidar com meu humor e minhas reclamações.
Eu ri, sentindo um peso sair dos meus ombros. Pela primeira vez em dias, eu me sentia... Em casa. Ou algo próximo disso.
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O sol estava alto quando entrei no atual local de treino do Cobra Kai, ainda me acostumando à energia do lugar. Não era o ambiente tóxico e sufocante dos Iron Dragons, mas também estava longe de ser acolhedor. Era como um campo de batalha silencioso, onde o foco e a determinação eram os únicos requisitos para sobreviver.
Sensei Kim já estava no centro do tatame quando cheguei, os braços cruzados e a postura impecável, como sempre. Ela parecia estar esperando por mim, e eu sabia que seria um dia difícil. Apesar disso, o treinamento com ela tinha algo que me desafiava de uma forma diferente. Não era apenas sobre força física, mas sobre controle, estratégia e resistência mental.
Os outros alunos já estavam alinhados, incluindo Kwon e Tory, ambos parecendo incrivelmente concentrados. Sensei Kreese estava no canto, observando tudo com o olhar crítico de sempre. Eu podia sentir que ele ainda não estava completamente à vontade com a minha presença no Cobra Kai, mas ao menos não me expulsou. Isso já era alguma coisa.
— Calista, para o centro do tatame — Chamou Kim, com sua voz firme, mas sem agressividade.
Engoli em seco, mas obedeci, caminhando até o centro e me posicionando na postura básica. Kim começou a falar enquanto circulava ao meu redor, como um predador analisando sua presa.
— O Cobra Kai não é apenas força bruta, Calista. — Ela fez uma pausa, o olhar penetrante preso em mim. — Aqui, queremos guerreiros que usem o cérebro tanto quanto os punhos. Que saibam se adaptar.
Assenti, mas não disse nada. Falar só me faria perder o foco, e eu sabia que era isso que ela estava testando, meu controle.
— Tory, Kwon, vocês dois, para o tatame — Ordenou Kim, gesticulando para que eles se juntassem a mim. — Vamos ver como ela se sai contra vocês.
Tory se posicionou à minha frente, enquanto Kwon ficou ao meu lado. Ela tinha aquele sorriso desafiador no rosto, e eu sabia que ela não iria pegar leve.
— Pronta, novata? — Perguntou Tory, ajustando a postura.
— Já vai descobrir, Nichols. — Respondi, fazendo-na abrir um sorriso de canto, enquanto eu sentia a adrenalina correr pelas minhas veias.
O treinamento começou intenso. Tory atacava rápido e com precisão, e eu me esforçava para desviar e contra-atacar, mantendo o equilíbrio. Kwon, por outro lado, me desafiava com movimentos estratégicos, forçando-me a pensar rápido. Era diferente de tudo o que eu tinha experimentado nos Iron Dragons.
Kim interrompia ocasionalmente para corrigir minha postura ou comentar sobre meus movimentos.
— Mais firme no bloqueio, Calista. Não deixe sua base escapar.
A cada erro, ela pedia que eu repetisse o movimento, não como punição, mas como forma de gravar o aprendizado no meu corpo. Não havia pancadas ou gritos, apenas o peso do próprio esforço para melhorar.
Depois de um tempo, Kim pediu que eu me enfrentasse sozinha no tatame contra três dos garotos mais fortes da equipe. O teste era claro, não vencer, mas resistir. Cada golpe que eu bloqueava, cada movimento que eu desviava, era um pequeno triunfo. Quando o último ataque foi finalizado, Kim fez um gesto para que eu me levantasse, me encarando com um olhar avaliador.
— No começo, achei que você não era suficiente para o Cobra Kai — Disse ela, sem rodeios, enquanto eu ofegava, suando e com os músculos queimando de esforço. — Achei que era apenas uma rebelde procurando por um lugar para se encaixar.
Minha respiração ainda estava pesada, mas mantive o olhar fixo no dela, esperando o veredicto.
— Mas agora vejo que você tem algo que muitos aqui não têm. — Kim cruzou os braços, dando um pequeno sorriso. — Você tem o coração no lugar certo. E, acima de tudo, você aprende rápido, e é muito boa no que faz.
Meus lábios se abriram em um sorriso discreto. O elogio dela significava mais do que eu poderia admitir.
E ao final do treino, enquanto eu me alongava, Kwon se aproximou, jogando uma garrafa de água para mim.
— Nada mal, Dinamite.
Revirei os olhos, mas sorri.
— Ainda preciso de muito mais para acompanhar você e a Tory, quer dizer, o estilo de luta de vocês é diferente do que eu estou acostumada. É simples, mas ainda diferente.
— Você está indo bem — Respondeu ele, genuinamente. — E a sensei Kim não dá elogios à toa.
Eu sabia que ele estava certo, mas minha mente vagava de volta para Zara e Axel. Sabia que eles ainda estavam sob o domínio de Silver e Wolf, presos em um ambiente que sugava o que havia de melhor neles. Queria encontrá-los, fazê-los entender que havia um caminho diferente, mas Zara era teimosa demais para se juntar a Tory, e Axel... Ele jamais suportaria me ver com Kwon.
— Parece aérea. — perguntou Kwon, me tirando dos pensamentos.
— Eu só estou pensando.
— Em Axel?
O modo como ele disse o nome fez meu coração apertar, havia um misto de desdém e raiva. E eu apenas balancei a cabeça.
— Em Zara também. — Afirmei, antes que ele começasse a tirar conclusões precipitadas — São meus amigos. E não merecem o que estão passando.
— Nem você merecia — Disse ele, firme. — E olha onde está agora.
Olhei para ele, sentindo uma pequena esperança nascer dentro de mim. Talvez houvesse um jeito de trazê-los também. Só precisava de um pouco mais de tempo. E força. Ou então, seria obrigada a derrotá-los ao fim de tudo, porque a vitória é tudo o que eu almejo, e com ou sem Silver, eu irei conseguí-la.
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As portas duplas se abriram, e foi como se todo o mundo tivesse parado. A luz forte me envolvia, tornando impossível não sentir o peso de todos os olhares sobre mim. Por um breve instante, meus passos vacilaram, mas a presença de Kwon ao meu lado me manteve firme. Ele estava ali, tão confiante e imponente quanto sempre, como se carregasse o autocontrole que eu ainda buscava encontrar.
O som abafado dos tambores ecoava pelo ginásio enquanto a atmosfera se enchia de tensão. Aquele era o momento que todos aguardavam, o dia da prova que decidiria as semifinais do torneio. A energia no ar era palpável, e as equipes estavam perfiladas no grande tablado, cada uma vestindo seus uniformes impecáveis, a postura reta e o olhar fixo à frente.
O anunciador caminhou até o centro do tablado com um microfone em mãos, sua voz retumbando por todo o espaço.
— Senhores e senhoras, chegou o momento que todos estavam esperando! Hoje, as equipes lutarão pela glória, pela chance de avançar às semifinais! — Ele fez uma pausa estratégica, olhando ao redor como se quisesse absorver toda a energia da plateia. — E agora, temos uma novidade para todos! A equipe do Cobra Kai, conhecida por sua força e determinação, recebeu uma nova integrante.
Caminhei em silêncio ao lado dele, sentindo o tecido do uniforme preto com a marca em minhas costas do Cobra Kai como uma armadura contra os julgamentos que inevitavelmente viriam. Minha respiração estava controlada, mas eu sabia que meu coração batia forte. Cada passo ecoava pelo tablado, ressoando como se fosse um grito de afirmação, eu pertenço a este lugar agora.
Olhei à minha frente, mantendo a postura reta. Não podia me dar ao luxo de demonstrar fraqueza agora. As expressões que encontrei me atingiram como uma tempestade silenciosa.
Zara estava ali, com um olhar que parecia misturar apoio e uma pontada de preocupação. Eu sabia que ela entendia porque eu fizera essa escolha, mas a presença dela do outro lado da arena era um lembrete doloroso do preço que eu paguei para estar ali. Axel, no entanto, era outra história. Seu olhar parecia fuzilar cada célula do meu corpo. Era ódio puro, quase palpável. Ele mal disfarçava a aversão ao me ver ali, tão perto de Kwon. E Silver...
Meu olhar cruzou com o dele, e um frio percorreu minha espinha. Silver estava parado, imóvel, mas seus olhos me diziam tudo. Eles queimavam com ódio, com uma fúria contida que parecia prestes a explodir. Por um momento, senti a garganta apertar, mas não desviei. Ele não ganharia isso de mim.
Ao meu lado, Kwon se inclinou ligeiramente na minha direção.
— Respira fundo, dinamite. — Ele deu uma risadinha maldosa — Eles não sabem o que está por vir.
Dei uma risadinha curta, sem conseguir evitar. Claro que ele acharia um jeito de me fazer sorrir no meio de tudo isso, e uma maneira de me motivar, com a raiva latente em meu peito.
Cruzamos o tablado, e a voz do anunciador ecoou mais uma vez.
— Senhoras e senhores, apresento a mais nova integrante do Cobra Kai, antiga integrante dos Iron Dragons, Calista Silver.
A reação foi imediata. Murmúrios e cochichos se espalharam pela plateia. Podia sentir os olhares de surpresa e incredulidade queimando contra minha pele. Alunos do Myiagi-Do cochichavam entre si, claramente sem acreditar no que estavam vendo. Então Larusso inclinou-se para Devon e murmurou algo que não consegui ouvir, mas ambas me encararam com uma expressão indecifrável.
Respirei fundo e mantive a cabeça erguida. Eu sabia que aquilo não seria fácil, mas eu estava aqui por um motivo. Havia sacrifícios que eu precisava fazer, e ficar olhando para trás não era uma opção. E enquanto o anunciador continuava a introdução das equipes, deixei meu olhar vagar pela multidão. Você está no lugar certo, repeti para mim mesma. E pela primeira vez, comecei a de fato, acreditar nisso.
AVISO IMPORTANTE: Acho que nos próximos dias vai ser muito difícil conseguir atualizar a fic, porque estou fazendo a mudança toda e desempacotando as coisas, MAAAAS, quando eu conseguir tirar um tempinho, vou dar meu jeito de escrever, então pelo menos um capítulo por semana vai sair. 💗
Obra autoral ©
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