24. She choose me

Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Minha raiva já estava no limite, e o olhar superior de Silver só piorava tudo. Eu respirei fundo, tentando manter a calma, pelo menos por enquanto. Eu sabia que precisava estar em forma para a próxima prova, e não sei se entrar em uma briga com um sensei com minha idade de experiência, se não mais, seria a melhor ideia, mas isso, se ele não pedisse por uma briga.

— Eu não vou me afastar da Calista só porque um psicopata velho acha que pode me dar ordens — Cuspi, minhas palavras afiadas como lâminas e um riso sarcástico formara-se no canto de meus lábios. Eu nunca fui um aluno disciplinado, e esse maldito sequer era meu sensei.

Silver levantou uma sobrancelha, e o sorriso dele sumiu por um momento. Ele deu um passo à frente, o som dos sapatos ecoando no concreto.

— Você está testando minha paciência, garoto — Ele disse, a voz baixa e carregada de ameaça. — Não faço esse tipo de aviso duas vezes.

— Não dou a mínima para a sua paciência! — Retruquei, os punhos cerrados. — Não importa o que você faça ou diga, eu não vou deixar ela.

Silver parou a poucos metros de mim, a sombra dele parecendo ainda maior sob a luz do entardecer. Ele inclinou a cabeça, como se estivesse tentando decidir o que fazer comigo.

— Última chance, Kwon — Ele falou, calmamente. — Deixe-a. Agora. Ou você vai se arrepender.

A ameaça foi a gota d'água. Eu dei um passo à frente, levantando o queixo.

— Você acha que me assusta? — Perguntei após uma risada descrente — Eu não vou a lugar nenhum. E eu não sou tão fácil de derrubar quanto você pensa, então sugiro que não me subestime.

Silver riu com escárnio, um som seco que fez meu sangue ferver ainda mais.

— Não subestimá-lo? — Ele repetiu, o tom cheio de ironia. — Isso não vai ser justo, garoto. E não estou interessado em machucar você... A menos que seja necessário.

Sem pensar duas vezes, avancei. Minha mão voou em direção ao rosto dele, mas Silver desviou com facilidade. Ele era rápido, mais rápido do que eu esperava. Antes que pudesse recuar, ele agarrou meu braço e me empurrou para trás com força. Eu cambaleei, mas não caí.

— Tão previsível... — Ele disse, a voz quase desinteressada.

— Previsível, é? — Rosnei, lançando um chute na direção dele.

Dessa vez, acertei seu flanco. Silver se enrijeceu com o impacto, mas se recuperou rapidamente, bloqueando meu próximo ataque com o antebraço. Ele tentou me agarrar novamente, mas eu consegui escapar, acertando um soco na lateral de seu rosto.

— Nada mal, Kwon — Ele disse, esfregando a mandíbula com um sorriso frio. — Mas ainda está brincando em uma zona de risco. Será que Kreese realmente te ensinou o método do punho?

Silver avançou dessa vez, rápido demais para eu reagir. Ele agarrou meu ombro e me girou, me jogando no chão com força. O impacto fez minha visão escurecer por um segundo, mas eu não podia ceder. Rolei para o lado e me levantei, ignorando a dor que começava a pulsar nas minhas costas.

— Não vou parar até você cair — Gritei, a raiva alimentando cada movimento meu.

Avancei novamente, atacando com uma série de socos e chutes. Acertei o abdômen dele algumas vezes, fazendo-o recuar um pouco, mas Silver logo respondeu, me acertando um golpe no braço que quase me fez perder o equilíbrio.

— Você tem coragem, eu admito isso — Ele disse, enquanto desviava de outro soco meu e me acertava uma cotovelada nas costelas. — Mas coragem sem controle só vai te destruir.

— Cale a boca! — Gritei, ignorando a dor enquanto tentava mais uma vez acertá-lo.

Eu o acertei na lateral da cabeça, um golpe mais forte do que esperava, e o vi cambalear. Por um segundo, pensei que tinha uma chance. Mas Silver se recuperou rápido, o olhar dele mais sombrio do que antes.

— Agora você me irritou, garoto. — Ele disse, o tom calmo desaparecendo.

Ele avançou com mais força dessa vez, me acertando um chute no peito que me fez cair de costas no chão. Tentei me levantar, mas ele já estava em cima de mim, me imobilizando com um movimento rápido.

— Você é determinado, eu dou isso a você — Ele disse, enquanto me segurava no chão. — Mas determinação sem estratégia é só teimosia.

Eu me debati, tentando me soltar, mas era como lutar contra uma parede de concreto. Mesmo assim, eu não desistiria.

— Isso não acabou... — Murmurei, tentando me levantar novamente.

Silver riu, mas não de forma divertida.

— Para você, já acabou. Não desperdice mais a sua vida com isso. Ela não vale tanto a pena assim.

Sua afirmação fora como uma explosão em meu peito. A raiva e o orgulho não me deixavam ceder. Eu continuei lutando, mesmo quando meu corpo começava a gritar de dor. Eu sabia que estava em desvantagem, mas desistir não era uma opção.

Eu me joguei para frente, canalizando toda a força que ainda tinha em um soco na lateral do corpo de Silver. Foi como acertar uma parede. Ele recuou meio passo, mas seu sorriso debochado me fez sentir como se não tivesse causado impacto algum. Antes que eu pudesse me recompor, senti um golpe seco no estômago. O ar escapou dos meus pulmões como se tivessem arrancado com as mãos.

— Você não desiste, não é? — Silver murmurou, quase como se lamentasse. Ele deu um passo à frente, me empurrando com uma força que me fez tropeçar para trás. — Mas sabe o que é patético, senhor Jae-Sung? É lutar quando já se perdeu.

Eu cerrei os dentes, ignorando o gosto metálico de sangue que agora invadia minha boca.

Patético? — Eu ri quase descontroladamente, sentindo a raiva queimar meu peito — Patético é um homem adulto mexendo com a vida de uma garota como um maldito manipulador covarde. E ainda se diz padastro dela...? Que piada.

Silver estreitou os olhos, e em um movimento rápido, agarrou meu braço, torcendo-o em um ângulo que me fez gritar de dor.

— Cuidado com o que você fala. Não esqueça que eu controlo esse jogo.

Com uma rotação do corpo, consegui girar e desferir um chute direto no lado de sua cabeça. Ele cambaleou alguns passos para o lado, visivelmente irritado agora. Meu braço latejava, mas aquele golpe tinha me dado um fio de esperança.

— O jogo acabou, Silver. — Minha voz saiu trêmula, mas firme. — Eu não vou desistir dela, e não vou te dar o sabor de vencer.

Ele riu, mas havia algo diferente em sua expressão agora. Um traço de verdadeira irritação. Ele avançou com uma rapidez impressionante, acertando um soco no meu queixo que fez minha visão borrar por um momento. Eu mal conseguia me manter de pé, mas ainda assim ergui os punhos.

— Você tem mesmo muita coragem e ousadia, garoto. — Silver balançou a cabeça, quase como se estivesse impressionado. Mas então sua expressão endureceu. — Pena que isso não é suficiente.

Ele avançou, e dessa vez os golpes vieram como uma chuva. Socos e chutes precisos que eu mal conseguia bloquear. Senti a dor irradiar por todo o meu corpo, cada impacto me derrubando mais um pouco. Minha respiração estava ofegante, e minhas pernas tremiam, mas ainda assim, eu não recuava.

— Por que insiste, Kwon? — Silver perguntou entre os golpes, seu tom quase exasperado. — Você não é páreo para mim. Não pode protegê-la.

Eu cuspi o sangue que se acumulava na minha boca e sorri, mesmo que meu rosto estivesse latejando.

— Porque ela vale a pena.

Minha resposta pareceu desarmá-lo por um segundo, mas logo ele retomou o controle, me acertando um chute que me lançou contra a parede.

— E você acha que ela vai gostar de ver você destruído assim? — Ele perguntou, agora mais sério, sua voz carregada de ameaça.

Eu me ergui com dificuldade, apoiando-me na parede.

— Não importa. — Minha voz era quase um sussurro. — Porque eu estou aqui por escolha, não por obrigação.

Silver avançou novamente, mas desta vez, eu me esquivei no último segundo, usando o impulso para acertar um soco direto em suas costelas. Ele grunhiu de dor, mas revidou com um chute que me fez cair de joelhos.

A dor era insuportável, mas não maior do que minha determinação. Eu sabia que não podia ganhar, mas se isso significava mostrar a ele que não podia me quebrar, então valia a pena.

Silver estava prestes a desferir o que parecia o golpe final, o braço erguido e os olhos brilhando com uma satisfação doentia, quando uma mão firme segurou seu punho no ar, interrompendo o movimento com uma força inesperada. Ele foi empurrado para trás, cambaleando ligeiramente antes de se virar, a expressão perplexa rapidamente se transformando em pura indignação.

Calista estava ali, de pé entre mim e ele, o rosto contorcido em uma mistura de raiva e determinação que parecia iluminar o ambiente. Por um momento, minha dor se dissolveu no ar, substituída por algo mais forte, alívio e uma sensação de orgulho que não sabia que poderia sentir.

Silver riu, uma risada baixa, quase sádica, batendo palmas lentamente como se estivesse assistindo a um espetáculo patético.

— Bravo, Calista. Muito bravo. — Sua voz pingava sarcasmo. — Eu deveria ter imaginado que você faria algo tão... Estúpido.

— Se proteger alguém com quem eu me importo é estúpido, então é uma honra ser burra — Ela rebateu, os punhos cerrados, o corpo inteiro em alerta.

Silver arqueou uma sobrancelha, como se estivesse intrigado, mas seu tom continuou gotejando desprezo.

— Você realmente quer fazer isso? Colocar tudo o que construiu em risco? Tudo o que eu ofereci? Por causa De que? Dele? — Ele apontou para mim, ainda ajoelhado no chão, lutando para respirar. — Um moleque que nem sabe quando desistir?

Calista deu um passo à frente, encurtando a distância entre ela e Silver, o olhar dela penetrando no dele sem hesitação.

— Você está certo. Ele não sabe quando desistir. E é isso que eu admiro nele. Ele luta pelo que acredita, mesmo quando as probabilidades estão contra ele.

Silver riu outra vez, dessa vez mais alto, quase como se estivesse saboreando cada palavra.

— Então é isso. Você escolheu seu lado. — Ele deu um passo para trás, estalando os dedos casualmente. — Mas, Calista, se está disposta a se colocar entre mim e ele... — Ele inclinou a cabeça, o sorriso se transformando em algo mais cruel. — Está disposta a levar o golpe também?

— Tente. — A voz dela saiu firme, quase baixa, mas carregada de uma ameaça tão palpável que até eu fiquei surpreso. — Se você encostar nele mais uma vez, terá que passar por mim.

Silver parou, analisando-a como um predador avalia uma presa rebelde. Ele inclinou a cabeça, agora mais curioso do que irritado.

— Interessante. Muito interessante. — Ele riu novamente, mas desta vez havia um traço de frustração. — Você acha que pode me enfrentar, Calista? Você acha que é forte o suficiente para me desafiar?

Ela não recuou, e caramba, essa visão parecia fazer toda a dor quase desaparecer.

— Não sei. Talvez não seja. Mas se precisar, vou tentar até meu último fôlego. Porque ele faria o mesmo por mim.

Essas palavras me atingiram como um raio. Eu queria me levantar, mas meu corpo não obedecia. Minha visão estava turva, mas a imagem dela ali, firme como uma rocha, se gravou em minha mente.

Silver respirou fundo, massageando as têmporas como se estivesse cansado da situação.

— Isso é patético. Vocês dois são patéticos. Não é assim que se vence na vida, Calista. É assim que se perde tudo.

Ela estreitou os olhos, agora mais impaciente.

— Já perdi muito por sua causa, Silver. Não vou perder mais.

Ele a encarou por alguns segundos, um silêncio tenso caindo sobre o terraço. Então, ele deu de ombros, um gesto quase indiferente, mas o brilho em seus olhos ainda era de ameaça.

— Muito bem, Calista. Tenha seu momento de glória. Mas lembre-se, isso vai ter um preço.

Com isso, ele se virou e começou a caminhar lentamente em direção à saída, deixando para trás um rastro de tensão que parecia encher o ar. Quando ele desapareceu, o som da porta se fechando ecoou no terraço.

Calista se virou imediatamente, ajoelhando-se ao meu lado, seus olhos estavam cheios d'água, mas ela conteve todas as emoções, hesitanto em tocar em meus ombros, com todo o cuidado do mundo. A preocupação era nítida em sua expressão.

— Kwon, você está bem?

Eu queria dizer algo, algo que fizesse jus ao que ela havia acabado de fazer por mim, mas tudo o que consegui foi sorrir, mesmo com a dor explodindo pelo meu corpo.

— Você foi incrível.

Ela balançou a cabeça, os olhos brilhando com preocupação e uma pontada de irritação.

— Você é um idiota por ter enfrentado ele sozinho.

— E você é louca por se meter nisso. — Eu ri fracamente, tentando aliviar o peso do momento.

Ela sorriu, mas havia lágrimas se formando em seus olhos.

— Louca ou não, eu não vou te deixar lutar sozinho, muito menos com alguém que conheço tão bem e sei o quanto pode ser cruel. Não mais.

Calista respirou fundo, os olhos ainda fixos na porta por onde Silver havia saído. Ela sabia que o que acabara de acontecer tinha rompido qualquer laço restante com os Iron Dragons, e com o que restava de sua família. Não havia mais volta. A sensação de alívio misturava-se ao peso do desconhecido, mas uma coisa era clara, ela havia escolhido seu lado, e não se arrependia.

— Vamos — Disse ela, voltando-se para mim, a voz firme mas carregada de cuidado. — Vou te levar para o seu quarto.

Eu balancei a cabeça, relutante, mesmo enquanto tentava me levantar.

— Não precisa, Calista. Estou bem. Só preciso de um minuto.

Ela arqueou uma sobrancelha, impaciente, e cruzou os braços.

— Kwon, você está quase desmaiando. Deixa de ser teimoso e me deixe cuidar disso.

— Já te causei problema demais por hoje. — Meu tom era baixo, entre a dor e a culpa, enquanto tentava disfarçar a fraqueza no corpo.

Ela abaixou-se, puxando um dos meus braços por cima de seus ombros, forçando-me a aceitar o apoio.

— Cala a boca, Kwon. É minha vez de cuidar de você, e escute bem, a culpa toda foi minha. Silver é problema meu, você se machucou por minha causa.

Por mais que eu quisesse protestar, o tom dela não deixava espaço para discussão. Com um suspiro, deixei que ela me ajudasse a andar, cada passo trazendo uma nova onda de dor pelo corpo. Eu podia sentir a tensão em seus movimentos; mesmo sem palavras, era evidente que ela estava processando tudo o que havia acontecido.

— Você sabe que isso muda tudo, não é? — Murmurei, tentando aliviar o peso do momento.

— Sim, eu sei. — A resposta dela foi breve, mas carregada de uma convicção que me fez olhar para ela. Seu rosto estava sério, determinado, mas seus olhos carregavam uma gentileza que parecia me envolver como um manto.

Ela me ajudou pelo corredor silencioso, ignorando os olhares curiosos de alguns que passavam. Quando finalmente chegamos à porta do meu quarto, ela me encostou na parede por um momento, pegando a chave no bolso da minha jaqueta com uma praticidade que me fez sorrir levemente, apesar da dor.

— Bem à vontade, não acha? — Provoquei, tentando esconder o desconforto.

— Depois de tudo o que passamos até agora, acho que já passei da fase de pedir permissão. — Ela sorriu de lado, abrindo a porta e me guiando para dentro.

Quando chegamos à cama, ela me ajudou a sentar, colocando-me com cuidado como se eu fosse feito de vidro. Seus olhos avaliavam meus machucados, e ela suspirou profundamente.

— Fica aí. Não se mexe. Vou pegar gelo.

— Calista, sério, não precisa...

Ela ergueu uma mão, interrompendo-me.

— Eu disse fica quieto.

Por mais irritante que fosse ser tratado assim, algo no cuidado dela fez minha resistência desmoronar. Enquanto ela saía rapidamente do quarto para buscar gelo, fiquei ali, tentando absorver tudo o que havia acontecido. A dor física era insuportável, mas o fato de ela ter escolhido ficar ao meu lado, mesmo sabendo o que isso significava, fazia tudo valer a pena.

Ela voltou minutos depois com gelo e uma toalha molhada, sentando-se ao meu lado na cama. Sem dizer nada, começou a limpar o corte no meu rosto, a expressão dela tão concentrada que era quase engraçada.

— Isso vai doer um pouco — Avisou, sem realmente esperar uma resposta.

— Já estou acostumado com dor, lembra? — Brinquei, mas um gemido escapou assim que o pano tocou a pele machucada.

Ela balançou a cabeça, um pequeno sorriso nos lábios.

— Você é mesmo um idiota teimoso.

Eu ri, mesmo com a dor.

— E você, a pessoa mais louca que eu já conheci.

— Talvez. Mas loucura parece ser o que a gente faz melhor. — Ela finalmente sorriu, um sorriso genuíno que me fez esquecer momentaneamente de todas as dores.

E naquele instante, enquanto ela cuidava de mim, tudo parecia mais simples. Como se, pelo menos por um momento, o caos lá fora não pudesse nos alcançar. Calista pressionava o pano com gelo contra o meu rosto, os olhos dela fixos em cada machucado como se quisesse apagar cada um com o olhar. Apesar de seus movimentos cuidadosos, a expressão dela estava carregada de frustração.

— Você é um completo estúpido, sabia? — Ela quebrou o silêncio, a voz cortante. — O que você estava pensando, Kwon? Enfrentar o Silver? Um homem que tem o triplo do seu tamanho e provavelmente um histórico de brigas que faria qualquer um correr?

Eu ergui uma sobrancelha, ainda tentando ignorar a dor, mas o tom dela era tão exasperado que me fez rir baixo.

— Pensando? Eu não estava pensando. Só agi. E se tivesse que fazer de novo... — Fiz uma pausa, olhando direto nos olhos dela. — Eu faria. Sem hesitar.

Antes que eu pudesse dizer mais, Calista inclinou-se rapidamente e roubou um beijo. Foi tão inesperado que eu fiquei imóvel por um instante, o coração batendo descontrolado, o calor subindo pelo meu peito. Ela se afastou quase tão rápido quanto se aproximou, mas eu não pude evitar um sorriso surpreso.

— O que foi isso? — Perguntei, rindo baixo, ainda sentindo os lábios dela nos meus.

Ela deu de ombros, um sorriso travesso nos lábios.

— Só acho que precisava de uma compensação depois de uma surra dessas E... — Seu tom suavizou, mas os olhos dela ainda estavam cheios de determinação. — Queria te agradecer. Por ter feito o que fez, mesmo sendo loucura. E agora, Kwon, eu vou fazer qualquer coisa para que nem você nem eu passemos por isso de novo.

Eu a encarei por um momento, o coração pesado com as implicações do que ela dizia.

— Você sabe que isso vai te custar a vaga na final, não sabe?

Ela suspirou, mas não parecia hesitante.

— Eu sei. Mas vou dar um jeito. Se ainda posso entrar em outra equipe ou lutar por conta própria, eu vou descobrir como.

Por um momento, fiquei em silêncio, pesando as possibilidades. A ideia de Calista fora dos Iron Dragons já tinha passado pela minha cabeça, mas ouvir ela falar sobre isso com tanta convicção mexeu comigo. E confesso, um pensamento egoísta de que ela estaria longe de Axel, fez uma pontada de alívio percorrer meu peito.

— Sensei Kim te acha admirável — Falei, olhando para ela. — Se estiver dentro das regras, talvez ela aceite você.

Calista franziu o cenho, pensativa. Não parecia uma ideia totalmente dispensável, apesar de eu ter ciência do quão difícil poderia ser, mas qualquer um no meu dojô tem cérebro o suficiente para ver o quão habilidosa ela é. E seria bom tê-la na equipe, seria bom tê-la perto de mim.

— Isso parece loucura — Ela riu — E quanto ao Kresse? Você acha mesmo que ele permitiria isso?

Eu ri baixo, balançando a cabeça.

— Kreese é imprevisível, mas ele não é burro. Ele sabe que eu fico mais forte quando você está por perto. Fora o fato de que ele já te viu lutando, então... Acho que ele finalmente entendeu que você não é um obstáculo.

— Ah, não? — Ela arqueou uma sobrancelha, um sorriso começando a se formar.

— Não. Você é meu combustível, Calista. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas era a verdade.

Ela piscou, surpresa, e o sorriso dela se ampliou.

— Combustível, hein? Gosto disso.

Eu me inclinei para frente, com cuidado por causa da dor, mas incapaz de resistir à conexão entre nós.

— Se você aceitar isso, eu acho que podemos incendiar o mundo juntos.

Calista soltou uma risada curta, mas havia algo mais suave nos olhos dela, algo que parecia corresponder ao que eu estava sentindo, determinação, e uma raiva acima de tudo, para destruir absolutamente tudo o que já nos fez sentir dor.

— Eu aceito o desafio. — Sua afirmação determinada veio acompanhada de um toque leve na minha mão, e naquele momento, tudo parecia possível.

Fiquem com essas divas nos bastidores.

Obs: Será que teremos Calista no Cobra Kai? Vocês gostariam? Me contem 🤫.

Obra autoral ©

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