15. I love you, i'm sorry
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❝ I love you, i'm sorry - Gracie Abrams ❞
Eu estava jogado na cama, os braços esticados para os lados, sentindo o peso de tudo o que havia acontecido nos últimos dias, e principalmente há alguns minutos atrás. A luz da noite vinha do abajur, lançando sombras no teto, mas eu não conseguia tirar os olhos dele. O quarto vazio estava silencioso, o som da minha respiração sendo o único ruído, e eu estava ali, sozinho, tentando processar tudo.
As palavras que eu tinha dito a Calista ainda reverberavam em minha mente. Como diabos eu cheguei naquele ponto? Como pude deixar minha raiva e minha própria bagagem me dominarem a ponto de machucar alguém como ela? Eu sabia que o que eu fiz, o que disse, não tinha justificativa. Nada poderia consertar a dor que causei. O pensamento de que eu tinha sido um monstro para ela ainda queimava minha pele, e isso não era algo fácil de engolir, fora o fato de que admiti algo que eu nem mesmo sabia, o quanto ela estava dominando meus pensamentos.
Mas, ao mesmo tempo, tinha algo ali, um vestígio de alívio. A lembrança de que ela parecia... Mais leve ao fim da nossa conversa, quase como se tivesse deixado um fardo para trás. Eu não tinha certeza se ela estava apenas fingindo para que eu a deixasse em paz ou se realmente sentia um pouco de alívio. A verdade é que, no fundo, eu queria acreditar que a leveza que vi nela não era só um reflexo da minha mente, mas uma verdadeira mudança. Ela estava... Mais aberta, menos tensa. E eu? Eu me sentia como se tivesse me despojado de uma parte do peso também.
Mas não era o suficiente. Eu sabia disso. Não era só porque ela tinha se acalmado que as coisas estavam resolvidas. Nada podia apagar o que fiz, nada poderia apagar os meus erros. E como ela disse, deixando aquilo me assolar de dentro para fora, isso ainda não acabou.
Fechei os olhos por um momento, pensando no sorriso dela, ainda que pequeno, quando estávamos ali no corredor, falando. Eu queria ter a capacidade de entender o que aquilo significava. E, ao mesmo tempo, eu queria que ela não fosse assim tão distante. Não apenas por causa de qualquer desejo impulsivo ou raiva. Eu queria ser alguém que pudesse ser bom para ela, mas a realidade me dizia que eu não merecia nem um segundo da sua confiança, e esse sentimento, precisei de muito tempo para o deixar claro para mim mesmo.
Sentei-me na cama, meus dedos apertando a camisa no peito, tentando silenciar os pensamentos que me devoravam. Não tinha controle sobre a confusão que eu sentia. O que era aquilo? Eu estava profundamente ressentido por tê-la machucado, mas ao mesmo tempo, o pensamento de que talvez, só talvez, ela ainda poderia me dar uma chance, me tirou um sorriso. Algo pequeno, quase imperceptível, mas genuíno.
Eu respirei fundo, tentando manter o foco. Se fosse para fazer algo certo dessa vez, não podia continuar vivendo em um mar de dúvidas. Não com ela. Ela já tinha sido machucada demais, e eu não podia ser o cara que continuaria a arrastá-la para mais dor. E, no entanto, havia algo em mim, algo que, mesmo ainda incrivelmente torturado por meus próprios demônios, queria ser algo diferente para ela. Eu só não sabia como.
Deitei-me de novo, olhos fixos no teto, e, por um segundo, senti que, talvez, o sorriso que eu esboçara antes fosse um reflexo de algo mais importante do que apenas palavras ditas no calor do momento. Algo que eu teria de aprender a controlar. Algo que, no fundo, eu precisava mais do que tudo, redenção.
Eu estava praticamente jogado na cama,estirado como um peso morto, o olhar perdido no teto, tentando desesperadamente organizar meus pensamentos, mas tudo parecia mais confuso a cada segundo. Calista. A imagem dela, a voz dela, os gestos, tudo. Ela estava me consumindo de uma forma que eu não sabia lidar. Eu não conseguia mais simplesmente afastar esses sentimentos. Não conseguia ignorar as memórias, os momentos que compartilhamos. O beijo, o soco na praia, os momentos entre palavras cortadas e silêncios tensos. Toda vez que fechava os olhos, ela estava lá, me atormentando.
Eu estava completamente fora de controle. E, pior, eu não sabia o que fazer com isso.
O peso de tudo me esmagava, e eu sabia que não poderia aguentar muito mais. Foi instintivo, quase uma necessidade desesperada, eu peguei meu celular, deslizei pela tela, e então liguei para Yoon. Eu nunca ligava para ninguém quando estava assim. Normalmente, eu ficava em silêncio, lidando com tudo sozinho. Mas ele, Yoon, era o único cara que sempre esteve lá para mim, mesmo que eu nunca tenha demonstrado realmente o quanto eu precisava dele.
Quando ele atendeu, a voz dele soou surpresa, como se não fosse crível que eu estivesse me abrindo com ele.
"Kwon? Tudo bem? Tá acontecendo alguma coisa?"
Eu fechei os olhos por um segundo, sentindo a pressão de tudo.
"Cara... Eu estou enlouquecendo por causa da Calista." A minha voz saiu mais rouca do que eu queria. "Eu não sei o que fazer, tudo está me irritando. Não consigo mais pensar em outra coisa, e isso está me afetando de um jeito que não entendo."
Houve um silêncio do outro lado da linha, e então ele riu baixinho, quase como se tivesse esperado por isso, como se soubesse o que eu estava tentando evitar admitir.
"Você tá completamente obcecado por ela, Kwon." A risada dele se estendeu mais um pouco. "Cara, tá claro, você tá fascinando por ela e não consegue esconder mais."
Eu engoli em seco, sentindo meu estômago revirar. Não era isso. Não podia ser isso.
"Não, não é assim, Yoon." Minha voz ficou mais firme, mas também mais bruta. "Eu... Não sei o que está acontecendo. Tudo virou uma bagunça, e agora eu só fico pensando nela. Cada coisa que eu faço, ela está ali. Cada erro, cada palavra, ela está em minha cabeça o tempo todo. E eu... não consigo me livrar disso. Eu... Eu não posso continuar assim."
Eu passei uma mão pelo rosto, tentando aliviar a tensão.
"Você não entende, cara. O beijo, o soco... Eu machuquei ela de um jeito que não tem volta. E tudo isso por causa de uma raiva idiota que não tem explicação. Ela é tão diferente, tão... Calista. E tudo o que eu fiz foi afastá-la ainda mais."
O riso de Yoon sumiu e foi substituído por um tom mais sério.
"Kwon, você tem que parar de mentir pra si mesmo." Ele suspirou. "Tá nítido que você tá apaixonado. Não tem como negar mais. Você está obcecado, mas mais do que isso, você tá perdido em tudo o que aconteceu com ela."
Eu fiquei em silêncio por um momento, as palavras de Yoon batendo na minha cabeça, reverberando em todos os cantos.
"Eu não sou obcecado por ela", eu disse, mais como uma afirmação do que uma negação.
"É exatamente isso que é, Kwon. Você já tentou fingir que não, mas não dá. A maneira como você age perto dela, como fica... Distante e agressivo, mas no fundo não quer perder ela de vista? Isso é mais do que atração. Isso é obsessão. É só uma questão de você se permitir aceitar isso."
"Eu não aceito isso!" Gritei, a frustração me consumindo de novo. "Não é isso que eu sou. Eu não posso ser isso. Eu... Eu só não sei mais o que fazer com tudo que aconteceu. Eu a machuquei, Yoon. Eu me machuquei."
Do outro lado, Yoon ficou em silêncio por alguns segundos, deixando a tensão no ar. Então ele falou com uma calma imperturbável,
"Kwon, você já sabe o que fazer. Não adianta continuar fugindo de como se sente. Você está perdendo controle, cara. E só você pode mudar isso."
Eu passei a mão no cabelo com força, sentindo o peso de tudo.
"Não sei se consigo mais consertar isso, cara."
Ele riu de novo, essa risada abafada.
"Você nunca sabe até tentar, Kwon. Se você realmente sente alguma coisa, vai ter que enfrentar isso, mesmo que doa. Não vai ser fácil, mas não vai ser impossível."
Eu desliguei o telefone antes que ele continuasse, sentindo como se tudo tivesse ficado ainda mais claro. Mas, ao mesmo tempo, tão distante. Eu estava tão confuso, e tudo o que Yoon me disse só me fez sentir como se tivesse ficado ainda mais perdido. E então, eu simplesmente joguei o celular no canto da cama, fechei os olhos e afundei o rosto no travesseiro, tentando abafar o som da minha mente. Mas não funcionava. Eu não conseguia afastar o pensamento de Calista. E eu sabia, agora, que estava começando a perder o controle sobre tudo.
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O silêncio do quarto era insuportável. A madrugada avançava, mas o sono era uma miragem inalcançável. Eu estava deitado, mas a inquietação pulsava em meu peito como um tambor descompassado. Cada vez que fechava os olhos, tudo o que via era Calista, o olhar dela, a expressão confusa, a distância que parecia se estender como um abismo entre nós, a repentina proximidade em nossa repetida "aventura" nos tubos de ventilação. Nada tinha se resolvido, nada estava certo. E isso me consumia.
Respirei fundo, tentando me acalmar, mas foi inútil. Era como se algo estivesse preso na garganta, algo que eu precisava dizer ou fazer, e enquanto não acontecesse, não teria paz. As palavras dos meus senseis ecoaram na minha cabeça, um mantra que eu havia escutado tantas vezes nos treinos e que, de alguma forma, agora parecia a única verdade, "acerte primeiro."
Era isso. Eu precisava acertar. Precisava falar com ela, esclarecer tudo. Não podia mais esperar. Antes que pudesse sequer questionar a impulsividade dessa ideia, eu já estava de pé, o coração disparado. Sem me dar conta, saí correndo pelo corredor do hotel, o pijama simples e desajeitado balançando a cada passo. O piso frio sob meus pés descalços não me importava, assim como as luzes fracas e o vazio do corredor. Tudo o que eu via era o caminho até o quarto dela.
Quando cheguei, eu sequer hesitei, apenas comecei a bater na porta com força, talvez mais do que deveria. Uma batida, duas, e então perdi o controle, batendo repetidamente, com agressividade, como se isso fosse acelerar o tempo ou garantir que ela aparecesse.
De repente, a porta se abriu com um estrondo de irritação, revelando Zara, que me olhou com olhos semicerrados e a expressão claramente mal-humorada.
— Você só pode estar brincando, cara — Ela resmungou, cruzando os braços. — São o quê? Três da manhã? Dá um tempo, tá? Veio procurar briga de novo?
—Cala a boca — Eu rebati sem pensar, o tom ríspido escapando antes que eu pudesse conter. Não estava interessado em discutir com ela agora. — Eu preciso ver Calista. Agora.
Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, quase como um rosnado. Eu não conseguia controlar o desespero que subia como um vulcão prestes a explodir. E ela estreitou os olhos, ainda parada no batente, claramente indignada.
— Você perdeu a noção, Kwon? Ela não vai falar com você agora, ainda mais depois de tudo o que você fez. Vai embora antes que...
— Não me interessa o que você acha! — Eu interrompi, a frustração evidente. — Não vou embora. Isso não pode esperar.
A intensidade na minha voz pareceu surpreendê-la por um segundo, mas logo ela revirou os olhos novamente, como se eu fosse um caso perdido.
— Você é patético. — Ela bufou, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, eu insisti, o tom mais firme agora.
—Chama ela, Zara — Eu praticamente implorei, mas sem abaixar a voz. — Por favor. Eu preciso falar com ela.
Zara hesitou, talvez porque visse algo nos meus olhos, algo que nem eu sabia explicar, mas que parecia sincero o bastante para fazê-la parar de me mandar embora. Por fim, ela suspirou, jogando as mãos para o alto em derrota, e desapareceu para dentro do quarto, batendo os pés com irritação. Fiquei ali parado, o peito subindo e descendo, o coração martelando com força suficiente para ecoar em meus ouvidos. Não sabia o que ia acontecer, mas uma coisa era certa, eu não sairia dali até que Calista tivesse piedade o suficiente para me encarar, outra vez.
❝ That's just the way life goes
I like to slam doors closed
Trust me, I know it's always about me
I love you, I'm sorry ❞
Obra autoral ©
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