𝟬𝟬𝟭 | 𝐭𝐡𝐞 𝐬𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫
Eu, sentindo o sol em meu rosto enquanto desperdiçava todo o meu belo tempo precioso em um cochilo em frente ao lago. O som dos pássaros cantando na manhã fresca e cheirosa de uma primavera, as flores cada dia mais lindas. Tudo um sonho. Um belo sonho eu diria.
Estava dentro de casa, tremendo de frio, com os dentes trincado enquanto tentava, uma tentativa falha, esquentar meus pés na pouca fumaça que saia da lareira quebrada.
—duas moedas, foi o que consegui hoje – Disse minha irmã, entrando em casa também tremendo de frio – vamos ter que arranjar mais coisas durante esse inverno se quisermos sobreviver.
Dei de ombros quando ela jogou seu casaco em cima da mesa vazia que era o centro de nossa "sala de estar".
—podia ao menos deixar a casa limpa enquanto estou fora – Sara reclamou.
—estou com frio – falei, com sinceridade.
—estou com frio também e mesmo assim sai para a cidade tentar alguma coisa para comermos e não morrermos de fome – ela disse.
Desde que nossos pais faleceram com a praga de nossa cidade, as coisas ficaram mais difíceis para nós. O inverno em Epidii parece nunca passar, como se fosse congelando-nos eternamente. O dinheiro para a comida encurtou demais já que os negócios de minha mãe morreram com ela, não sobrou exatamente nada. Digamos que tínhamos sorte de ter pelo menos a fumaça em nossa velha amiga lareira.
—De qualquer forma, é sua vez de caçar durante a tarde, consiga algo bom – Sara tornou a dizer – precisamos pelo menos nos alimentar com alguma coisa.
—Eu cacei ontem à tarde Sara. – afirmei
—E eu fui ao mercado hoje de manhã, enquanto poderia estar deitada de baixo do único lençol que temos – ela falou
—não sou uma máquina de caça, se é isso que pensa – falei dando de ombros.
—mesmo que não seja, ainda é melhor que eu para essas coisas – ela disse e finalmente olhei em seus olhos cor de mel – sabe que se dependesse de mim morreríamos de fome, eu não sei usar um estilingue Arrie, eu nunca se quer aprendi.
—Tudo bem. – foi tudo que consegui dizer antes de sair disparada para o cômodo que chamamos de quarto.
《 ✮ 》
Caminhar com aquelas botas quase estouradas pela neve me deixou com a sensação em que tudo estava pesado, cada passo, cada movimento de meu corpo me cansou antes mesmo de eu achar a primeira árvore em que eu poderia me encostar. Ainda tremendo de frio, encostei na árvore e tirei de minha mochila a faca de tamanho médio que sempre usava para matar nossa comida.
Tudo que eu precisava era apenas chamar atenção de seja qual animal pudesse estar naquele frio, só um animal como eu perderia seu tempo e conforto saindo para o frio congelante, era como seguir caminho direto para a morte, de fato.
Sem sucesso — Nem se quer um sinal, um ruído, nada, absolutamente nada. Caminhei mais para frente da onde costumava ficar e xinguei ao pisar fundo em uma pedra, jurei que havia sentido-a contra a pele do meu pé que, mesmo calçado congelava. Caminhei e caminhei e caminhei mais ainda, o anoitecer já se mostrava enquanto o vento gelado do inverno só piorava na noite. Merda.
Eu estava com fome e consequentemente estava fraca, a horas estava caçando sem resultado nenhum. — Por um instante ouvi um passo, um passo em um galho que soou um estralo, avancei alguns passos e me escondi atrás de uma árvore, não enxerguei nada além de um par de asas batendo para cima e longe, bem alto. Não consegui atirar, não tinha um arco e flecha, apenas a mesma faca de sempre.
Aceitei que o dia não foi um sucesso e voltei para casa o mais rápido que consegui, de mãos vazias. Ao entrar vi como Sara me olhava, esperança, era isso que a mesma mostrava em seu olhar brilhante, seu olhos fixos em mim, me viram fechar a porta sem nada em minhas mãos.
—sinto muito, o dia de hoje não foi muito bom – falei e sua expressão de esperança sumiu – talvez amanhã consiga algo durante a tarde, ou talvez seja melhor de manhã.
—enquanto estava fora consegui um pão no mercado da cidade – Ela suspirou. – podemos dividir e dormir para esquecer a fome. Eu assisti.
《 ✮ 》
Acordei com Sara me chacoalhando ao meu lado em minha cama, entre todas as coisas difíceis que passamos dia após dia, o brilho dela pela manhã ainda prevalece. Seus cabelos ruivos estavam penteados para o lado e um sorriso em seu rosto estampado dava forças para começar o dia.
—Se quer conseguir alguma coisa hoje é melhor que levante agora – ela disse – aproveitarei que estará caçando e visitarei a cidade novamente em busca de algum emprego ou qualquer coisa que nos de dinheiro suficiente para comer.
—Caso eu falhe novamente, certo? – falei preguiçosamente e a mesma assentiu. Sara é idêntica ao meu pai, cabelos ruivos, olhos cor de mel, a gentileza e a positividade, tudo isso ela herdara dele enquanto eu, fiquei apenas com seus lindos cabelos ruivos.
Me acostumei ter os olhos azuis de minha mãe e seu temperamento difícil de entender, sua coragem e personalidade forte.
Sara me disse uma vez que ao me olhar sempre lembrava de nossa mãe, ela tinha os cabelos claros, não eram iguais aos nossos que eram ruivos como o fogo, um temperamento forte, costumava dizer que eu era idêntica a ela. Coisa que me conforta bastante mas que me machuca ao mesmo tempo, lembrar nossa mãe nos trás uma dor imensa.
Me afastei dos pensamentos me levantando da cama, Sara deixou o cômodo enquanto eu tentava me trocar ali, naquele cubículo junto com aquele frio. Coloquei o de sempre, o casaco preto, a calça preta quase fina e as botas, as botas quase estouradas de tão velhas que eram. Segui caminho para fora dali, mais um dia de caça sem comer absolutamente nada.
—Te vejo depois e boa sorte – Sara falou e seguiu outro caminho para o centro da cidade, eu assenti.
Respirei fundo, uma longa caminhada até a mesma floresta, frio, neve, angústia, tudo isso reunido no mesmo lugar, da mesma forma de sempre.
《 ✮ 》
Já estava cansada, com fome e nervosa por não conseguir nada novamente, meu corpo pedia socorro toda vez que eu andava e minhas pernas estremeciam. Engolia em seco pois estava morrendo de sede e na correria de tudo esqueci de levar um tubo de água.
Bati a porta atrás de mim e me choquei contra a mesma quando vi Sara sentada na frente de nossa lareira que estava brilhante com o fogo que se aposentava-se na mesma, ao lado de uma pessoa, um rapaz para ser bem específica. Os mesmos se levantaram quando me viram.
—Arrie, conseguiu alguma coisa? – ela perguntou sorrindo e o rapaz fez o mesmo.
Olhei para a mesa do centro, duas sacolas, sacolas cheias de comida ali em cima. Eu olhei de volta para eles estranhando tudo aquilo, mas eles não deixaram de sorrir um minuto.
—bom, vejo que não – Sara disse – mas não se preocupe, esse é Azriel, filho de um amigo antigo de nosso pai. Encontrei com ele hoje na cidade. Ele não tirou os olhos de mim. Disse que não era necessário mas mesmo assim ele quis nos ajudar.
—Você ficou maluca? Como deixa um estranho entrar em nossa casa desse jeito? – perguntei
—Ele não é um estranho – ela falou –Bom, Azriel, essa é a minha irmã Aurore, me desculpe pelo seu péssimo temperamento.
—Me desculpe – falei me aproximando um pouco.
—Prazer Aurore – Azriel falou. Ele era lindo, o macho mais lindo que eu virá desde que me conheço por gente, cabelos castanhos, sua pele era linda, um tom chocolate claro tão interessante, alto e forte, ele era bem forte. – Trouxe comida para vocês, fiquei sabendo que as coisas estão difíceis.
—Obrigada – agradeci
Minha barriga roncava de fome, Sara estava do mesmo jeito então logo tratou de nos reunir na mesa para finalmente comer algo bom, algo que precisávamos a dias.
nota da autora:
sejam bem vindos, agradeço desde
já por se interessarem pela história,
farei o meu melhor para não os decep-
cionarem ao decorrer da mesma.
Sintam-se em casa aqui.
Tentarei o quanto der postar
todos os dias e não deixar parada.
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