˖࣪ 𓂃🍷 𝙎𝙤𝙢𝙗𝙧𝙖𝙨 𝙙𝙚 𝙢𝙞𝙢.

🦇🍷🫀. . ℭ𝖠𝖯𝖨́𝖳𝖴𝖫𝖮 𝖴𝖬 . . Sombras de mim.
❛⠀𝓑𝐄𝐘𝐎𝐍𝐃 𝔗𝐈𝐌𝐄 \  𝙱𝙴𝚈𝙾𝙽𝙳 𝚃𝙸𝙼𝙴  ۪  •





    ﹙𝓑﹚/ㅤㅤAs pessoas vivem se perguntando que tipo de pessoa em plena consciência acordaria às seis da manhã para encarar, cara a cara, um paciente em um presídio de segurança máxima. Bem, eu sou exatamente esse tipo de pessoa. Psicóloga forense, especializada em perfis de gente que nem deveria estar respirando o mesmo ar que a gente.

Ajusto meus óculos – não são de grau, mas desde que me especializei em psicologia, achei que me dariam um ar mais... convincente. À minha frente, Dick Jhones, o maior serial killer da região. Quantas pessoas ele matou? Boa sorte tentando descobrir. Ele me encara com olhos mortos, sem nada de remorso, e eu encaro de volta.

O FBI me mandou aqui para fazê-lo confessar. Honestamente? Não é pela moralidade, nem por um senso de dever. Eu preciso pagar umas contas, e eles estão me pagando bem para isso.

— Senhor Jhones, estou aqui para entender melhor o seu comportamento. Está ciente das acusações? — Minha voz é firme, mas educada.

Ele abre um sorriso – daqueles falsos, que já vi antes em caras como ele.


— Eu não sei do que está falando.
Dou de ombros, tamborilando os dedos na mesa.

— Entendo. Mas e as testemunhas que afirmaram ter visto você?
Isso o faz rir, uma gargalhada alta e exagerada, quase um espetáculo.

— Elas estão mentindo, porra! — Ele bate as mãos algemadas na mesa. Meu coração dá um pulo, mas mantenho a expressão neutra.

— Senhor Jhones, me parece que o senhor está escondendo algo. Quer falar sobre isso? — Minha voz sai tão calma que eu quase acredito no que digo.
Ele me analisa. Eu analiso ele de volta. Um tique no olho esquerdo. Ele está a ponto de explodir, e eu espero, paciente.

— Eu planejei tudo... Escolhi as vítimas, observei cada uma... e agi. Ninguém desconfiou de mim! — Ele ri de novo, mas agora é um riso histérico, quase beirando o desespero.

— Bem, senhor Jhones, agradeço pela honestidade. Vai ser importante para o seu “tratamento”. — Traduzindo: vai direto para a cadeira elétrica.


Chamo o guarda e aviso que terminei. Enquanto caminho pelos corredores mal iluminados do presídio, já sinto o cheiro do ar fresco lá fora. Quando finalmente chego ao estacionamento, dou uma olhada no celular. Duas chamadas perdidas de Stefan e uma de Damon.

Pego um pirulito de cereja na bolsa e coloco na boca enquanto desbloqueio o telefone. Deve ser mais um convite para alguma festa de fim de ano, aquelas que sempre terminam com alguém bêbado. Suspiro. Chata. Quando chegar em casa, talvez eu ligue de volta. Talvez.

[...]


Mas, sinceramente, não me importaria de tirar uma folga nesse final de ano. Tenho trabalhado sem parar nos últimos dois anos, e todo dia penso seriamente em me aposentar... ou desaparecer. Seja lá o que for mais fácil.

Dirijo pelas ruas de Los Angeles em um ritmo tranquilo. A diferença entre essa cidade e Mystic Falls é absurda. Lá era sempre o mesmo cenário: floresta, gente com segredos.

Aqui, pelo menos, a confusão é mais explícita. Mas, se eu for honesta – e só porque estou sozinha –, até que sinto falta daquele lugar. Não vou a Mystic Falls há um ano, desde que briguei com o meu pai. Ele insiste em agir como se eu ainda tivesse quinze anos. Não entende que já sou adulta e sei cuidar de mim mesma. Ou pelo menos finjo que sei.

Chego no prédio onde moro. Meio velho, com cara de “vou desabar a qualquer momento”, mas ainda assim tem o seu charme. E, sinceramente, o aluguel cabe no bolso. Entro no elevador que range a cada andar. Se isso cair, morro de um jeito bem ridículo. Faço uma careta só de imaginar a manchete.

Quando finalmente chego no meu andar, empurro a porta do apartamento com o pé e jogo meu salto vermelho em um canto qualquer. A sensação de liberdade ao me livrar deles é quase terapêutica.

Meu celular vibra no bolso, e eu reviro os olhos antes de atender.

— O que foi agora, Damon? — pergunto, sem nem tentar esconder a exaustão na voz.

[...]


Do outro lado da linha, a voz dele soa um pouco menos maliciosa. O que, convenhamos, é estranho. Porque é o Damon, afinal.

— Bem, eu só te liguei para te dar uma notícia... nada agradável. — Ele faz uma pausa. — Mad, eu sinto muito, mas o seu pai... ele morreu.

O mundo à minha volta parece simplesmente desaparecer. Por um instante, fico em silêncio, esperando. Esperando pela risada, pela reviravolta idiota que sempre acompanha as brincadeiras de mau gosto do meu primo. Mas não vem nada.

— O quê? Como assim? Damon, isso não pode ser... — Minha voz falha, e eu sinto as lágrimas quentes descendo pelo meu rosto antes que possa fazer qualquer coisa para impedir.


É como se tudo simplesmente... desmoronasse.

— Eu sinto muito, de verdade. Queria estar aí para te dar a notícia... Mas precisamos que você volte, Mad. Eu e o Stefan... precisamos de você. — A voz de Damon soa suave, o que só faz tudo parecer mais real.


Fico em silêncio por alguns segundos. Não confio na minha voz, então respondo com um simples:

— Ok.


Desligo antes que ele diga mais alguma coisa. Largo o celular na mesinha e, sem perceber, levo a mão à boca para abafar um grito choroso. É um som feio, rasgado, que eu não sabia que podia sair de mim.


Minhas pernas fraquejam, e eu deslizo para o chão, sentindo o frio contra as palmas das mãos. As memórias vêm como um ataque: a risada do meu pai, o jeito como ele insistia em arrumar meu cabelo, a maneira irritante que ele tinha de me chamar de “minha menininha”. Mas é a última briga que crava uma faca no meu peito.


As palavras, tão cheias de raiva, ecoam como uma maldição. É tão insuportável que parece que meu peito está sendo esmagado. Tento respirar, mas não consigo. É como se o ar tivesse sumido.

Não sei por quanto tempo fico naquela posição, mas, quando me levanto, sinto uma dor leve no corpo. Ainda assim, é nada comparada ao que está esmagando meu peito agora.

Me movo como se estivesse no piloto automático. Pego a primeira mala que vejo e começo a jogar roupas lá dentro, o suficiente para umas duas semanas. Procuro por um vestido preto. Demoro um pouco, mas encontro o único que usei há anos, num funeral. Não gosto dele, mas vai servir.

Fecho a mala com as mãos tremendo e encaro meu reflexo no espelho. Minha maquiagem está borrada, um reflexo patético do que eu era há uma hora.

Caminho até o pequeno banheiro, lavo o rosto e tento me recompor. Antes de sair, pego alguns cartões na mesinha de canto. Quando tranco a porta, sinto uma presença atrás de mim.

— Vai pra algum lugar, gracinha? — É o senhorio, o velho Grey. O sorriso dele é amarelo, nojento, e me dá vontade de vomitar.

Aceno sem paciência, mas, antes que eu consiga dar um passo, ele segura meu braço.

— Pode me soltar — digo, com a voz rouca, os olhos queimando de exaustão.

— Acho que não. Por que não vamos até a minha casa? Posso fazer você se sentir melh... — Ele não termina. Não dou espaço para isso. Meu punho já está acertando o rosto dele.

— Maldita vadia! — ele grita, caído no chão, segurando o nariz enquanto me encara como se fosse me atacar.


Não dou atenção. Entro no elevador com a mala e não olho para trás.
No estacionamento, coloco a mala no banco de trás do meu conversível vermelho.

O carro foi presente do meu pai, no meu aniversário de dezoito anos. É um dos poucos luxos que eu realmente amo. Quando sento no banco do motorista e ligo o motor, um sorriso triste escapa.


— Mystic Falls... estou indo.
O carro acelera pelas ruas de Los Angeles...




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