𝗖𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 3

❝ 𝗕𝗟𝗨𝗘 𝗧𝗘𝗔𝗥𝗦 ❞
▬▬ 03: Passado
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FLASH BACK ON

A neve caía suavemente, cobrindo o chão com um manto branco enquanto minha mãe me apertava contra seu peito, correndo em direção ao desconhecido. O beco escuro ao lado da fábrica pulsava com a energia de uma esperança desesperada, iluminado apenas pela luz que escapava das janelas altas. As pessoas ao redor clamavam por abrigo, seus rostos marcados pelo medo e pela urgência, mas eu estava segura nos braços da minha mãe, envolta em seu calor e no aroma doce que sempre me tranquilizava.

— Mamãe, pare de chorar, o que está acontecendo? - Minha voz tremia, mas eu tentava ser forte por ela.

— Nada filha, volte a dormir. A mamãe promete que quando você acordar vai estar em um lugar bem quentinho e com bastante comida, tá bom? - Sua voz era um sussurro choroso, mas havia uma firmeza nela que me fazia acreditar que tudo ficaria bem.

— Tá bom - Eu murmurei, fechando os olhos e deixando o som dos passos apressados da minha mãe me embalar.

O som metálico de batidas em uma porta pesada me despertou. Era um ritmo estranho, quase como um código secreto, e logo a porta se abriu, revelando uma figura familiar na penumbra.

— Abigail! - A voz da minha mãe se iluminou com alívio e alegria.

— Morgan! - A resposta veio carregada de surpresa e felicidade. - Nem acredito que estamos nos vendo aqui e agora, nessa situação. Pensei que nunca mais fosse te ver.

— Papai chorou quando te escutou no rádio. Quando soubemos que dentre as crianças que estavam sendo abrigadas você poderia cuidar da Jenna, todos ficaram extremamente felizes. - A voz da minha mãe tremia com emoção. - Por favor, irmã. Cuide dela, e faça com que ela nunca passe por isso que estamos passando aqui fora.

Um silêncio pesado caiu sobre nós, quebrado apenas pelo som abafado de soluços. Eu podia sentir a dor e o amor nas lágrimas que elas derramavam, mesmo sem ver seus rostos.

— Ela estará em boas mãos. Vou fazer com que ela saiba quem você foi pra ela e vou a fazer brilhar, acima de tudo, ela terá muito amor da minha parte. - A voz de Abigail era firme, uma promessa inquebrável.

Fui transferida do colo quente e familiar da minha mãe para os braços de Abigail, que eram limpos e frios, mas de alguma forma reconfortantes. Havia algo nela que me lembrava o lar, uma sensação de segurança que eu não queria perder.

— Aqui estão os papéis e informações sobre ela, assim como pediu… Promete mandar informações sobre ela todos os anos no rádio? - A voz da minha mãe estava carregada de súplica.

— Farei o possível, mana. - Abigail respondeu, e eu senti suas mãos acariciando minhas costas de forma reconfortante.

Um último beijo da minha mãe tocou minha testa, e suas palavras finais ecoaram em minha mente: Lembre sempre querida, não importa o que te digam… o CRUEL não é bom.

O trem balançava suavemente enquanto eu me acomodava no assento duro, cercada por guardas e outras crianças. Meus olhos se abriram cautelosamente, e eu observei o menino ao meu lado. Ele tinha um olhar intenso e um cabelo arrepiado que formava um topete desafiador. Seu moletom azul era a única cor em um mar de cinzas e marrons, e o anel prateado em seu colar brilhava como um farol de individualidade.

— Eai - Sua voz era neutra, mas seus olhos estavam cheios de perguntas.

— Oi - Eu respondi, ainda confusa com tudo o que estava acontecendo.

— Também te tiraram da sua mãe? Esses caras são uns babacas. - Ele lançou um olhar desdenhoso para um dos guardas. - Sem ofensas cara.

— Não, na verdade minha mãe que me trouxe. - Eu pisquei, tentando entender sua reação. - Mas acho que foi uma coisa boa né? Ela disse que lá é bem quentinho e tem muita comida.

Ele levantou uma sobrancelha, claramente cético.

— Que merda ein. Você é bem burrinha né? É claro que sua mãe te disse isso, mas pra mim, qualquer lugar longe da minha mãe é ruim. - Suas palavras eram duras, mas havia uma tristeza subjacente que eu não conseguia ignorar.

Lágrimas brotaram em meus olhos, e a expressão do garoto mudou instantaneamente para preocupação.

— Ei! Calma. Vai ficar tudo bem, vamos fazer amigos… olha quantas crianças tem aqui. Temos só 7 anos, logo logo eles nos devolvem pra nossas mães, quando tudo melhorar. - Ele tentou me consolar com um abraço apressado, mas logo se afastou.

— Tipo, agora somos amigos! Meu nome é Minho, qual o seu?

— Jenna. - Eu disse, limpando as lágrimas e tentando sorrir.

As portas se abriram novamente, e os guardas começaram a organizar as crianças em filas. Minho foi levado para uma fila só de meninos, enquanto a minha era mista. Eu olhei em volta, procurando por algo familiar, e então ouvi a voz de Abigail.

Ela estava ali, uma presença reconfortante em meio ao caos. Seu cabelo loiro ondulado emoldurava um rosto gentil, e ela usava uma blusa de gola alta azul que combinava com seu jaleco branco. Eu me aproximei dela, esperançosa.

— Jenna, está tudo bem? Fica tranquila que daqui a pouco eu vou te levar para o seu quarto. - Ela sorriu para mim, e eu senti uma pontada de alívio.

— Tia, eu posso ficar na fila do meu amigo? - Perguntei, apontando para onde Minho estava.

Abigail hesitou, seu sorriso desaparecendo por um momento antes de voltar, um pouco mais forçado.

— Ah querida, não dá, você pertence a essa fila aqui, recomendo que faça amizade com as pessoas da sua fila. Pode ser que você encontre seu amigo lá dentro, mas eu não manteria tanto contato se fosse você.

Eu franzi a testa, confusa com sua resposta. Olhei para Minho, depois para Abigail, e perguntei:

— Por que?

— Porque no mundo em que vivemos, é aqui no CRUEL, nunca é bom se apegar às pessoas

***
7 ANOS DEPOIS

Era meu aniversário de 14 anos, estava feliz pois Tia Abigail havia me acordado com um bolo de aniversário e disse que me daria um presente, mas só após me darem uma notícia

Os dias no CRUEL eram tranquilos. Digo tranquilos em relação ao que já estávamos acostumados

As crianças eram divididas em setores. Em cada setor havia dois grupos, os que controlavam e estudavam os experimentos e os próprios experimentos. Assim como eram organizadas as filas quando chegamos

Os experimentos seriam mandados para a primeira fase do plano, que é o Labirinto. Passamos anos os estudando e convivendo com eles para levarmos informações aos superiores do CRUEL e relatar seus desenvolvimentos

Os garotos começaram a ser enviados esse ano. Sete garotos já estavam lá dentro, todo mês, uma criança é escolhida e assim enviam o experimento pelo qual ela é responsável, ou seja, a outra criança

Meu maior medo é que enviem o meu…Minho. Nós nos tornamos melhores amigos desde o dia em que nos conhecemos. E o fato de ele ser a criança pela qual eu sou responsável, só aumentou nossa proximidade, eu realmente o amava. E tinha quebrado um dos conselhos da tia Abigail de nunca se apegar. Eu me apeguei demais a Minho

— Eai, min, min. Está com fome né? Eu sei…mandaram você ficar de jejum desde ontem pra tirar sangue hoje cedo. Não é culpa minha viu, eu nem sei por que eles ainda tiram tanto sangue seu, já devem ter um galão ou algo assim - Eu tagarelava sem parar enquanto entrava no seu quarto e começava a preparar a agulha para o exame

Estranhei ao perceber que ele não me respondeu ainda. O mesmo estava sentado em sua cama, completamente apreensivo e
com as mãos unidas sobre as pernas, seu maxilar estava tenso, assim como sua expressão

— Ei - Me aproximei e me abaixei a sua frente, ficamos com os rostos bem perto um do outro - O que aconteceu? Normalmente você é tão tagarela - Fiz carinho em suas mãos e finalmente consegui a atenção do mesmo

Quando ele levantou seus olhos para mim foi como um belo soco no estômago. Seus olhos estavam brilhando e inchados, ele estava chorando. E pela aparência chorou por muito tempo

— Ei min min…o que acon…- Eu fui interrompida pelo mesmo me abraçando. Ele rodeou seus braços pela minha cintura e escondeu seu rosto no meu pescoço, chorando muito

O que raios estava acontecendo aqui?

— Eu te amo Jen - Meu coração disparou - Eu nunca vou me esquecer de você, tá legal?

Quando ele disse isso, um frio na barriga tomou conta de mim, meus olhos arregalaram, e um filme passou pela minha cabeça. Eu torci muito para ter interpretado errado e ele estivesse chorando apenas por um pesadelo

Retirei seu rosto do meu pescoço e o segurei, fazendo o mesmo me encarar. Estávamos cara a cara, e o garoto chorava muito, fazendo com que meu nariz ardesse, sinalizando que logo eu seria a próxima

— Minho…me conta o que aconteceu - Eu disse respirando fundo

— Eu vou pra lá, Jenna. Eu vou para aquela merda de labirinto…eu sou o próximo - Ele diz

Droga…

A lágrima foi automática quando ele disse isso. Analisei seu rosto para ter certeza que não era apenas uma pegadinha de aniversário, mas nada

Rapidamente me fiz de forte e sequei a lágrima, levantando do meu lugar e indo até a minha maleta. O garoto me olhou curioso

— O que vai fazer? - Disse ele

— Isso - Mostrei um frasco - É uma amostra do seu sangue que eu coletei no mês passado….E isso - Mostrei outro frasco - É sangue de um infectado - Se eu misturar os dois vão achar que você não é imune e vão deixar eu te estudar por alguns meses. Podemos planejar alguma coisa até lá, fugir para longe, matar, eu não sei!

— Jenna, você está em pânico, não está pensando direito, calma! Eles são muito inteligentes, olhe pra nós, somos apenas crianças. Isso pode custar a sua e a minha vida - Minho se aproximou

De repente a porta do quarto foi aberta e dali entraram Ava e um dos guardas. Meu coração acelerou novamente, com medo

***

“ — Minho vai ser o próximo a entrar no Labirinto, e não tem nada que você é essa sua paixãozinha idiota possam fazer “

Sua voz martelava muito a minha cabeça, lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu caminhava pelo corredor cheio de quartos com números e nomes. Assim que paro na frente da porta de Minho o mesmo abre a porta antes mesmo de eu bater

— Entre, não temos muito tempo - Ele me puxou para dentro - Temos exatos 5 minutos para nos despedir ou se não fudeu, ok?

Eu ri com a sua fala mas concordei rapidamente

— Eu juro que vou dar um jeito de me lembrar de você, Jen - Minho afirmou segurando o meu rosto

— Não se eu me lembrar primeiro, Min min - Sorri

— Espere o que quer dizer com isso? Você não vai pro labirinto! - Ele franziu a sobrancelha e me analisou

— Não duvide de mim, e não dá pra me impedir em 5 minutos. Então…quem se lembrar primeiro ganha

— Jenna, eu não posso deixar que…

Eu o interrompi rapidamente antes que ele comece um discurso

— Três minutos! - O lembrei

— Não me espere hoje a noite - Seus dedos brincaram com o meu ombro nu. Nos encontrávamos todas as noites para ver as estrelas, mas hoje seria diferente - Ou espere…Talvez eu apareça nos seus sonhos - Nós rimos

Eu observei ele tirar o colar de anel que ele nunca tirava de seu pescoço e por no meu pescoço

— Feliz aniversário, Jen. Eu te amo muito - Ele disse, e eu senti como se meu coração fosse sair pela boca - Aqui… - ele pegou o colar e me mostrou - Tem um M de Minho, minha mãe me deu, mas eles não deixam a gente entrar com nenhum item pessoal, então espero que não entre no labirinto e perca meu colar, viu? - Ele fingiu uma cara de bravo ao final da sua frase - E se caso eu morr…

Antes que ele terminasse sua frase eu o beijei. Uni nossos lábios em um beijo aconchegante porém rápido, não tínhamos tempo. Sei que era o primeiro beijo de ambos ali, o que tornou a coisa completamente constrangedora, mas não tanto assim por que afinal…Era o minho então…

— Porra… - Ele soltou e eu ri. A cada 10 palavras de seu vocabulário 9 eram palavrões. Eu sempre pedia pra ele parar com isso pois não era uma coisa boa mas em momentos de nervosismo ele não se controlava, o que tornou a situação muito engraçada

— Você precisa ir embora! Vai, vai! - Disse o empurrando até a porta

— Garota, isso foi um puta de um golpe baixo, ok? - Ele diz indo até a porta. Mas antes de sair ele correu até mim e me deu um selinho. O mesmo saiu rindo até a porta

***
2 SEMANAS DEPOIS

— Cérebro agitado, dá um tempo Thomas, ele entrou a duas semanas e já é um corredor! Apenas aceite que ele é incrível! - Eu disse para o amigo ao meu lado enquanto digitava em meu computador

— Isso é favoritismo, só porque ele era seu namoradinho - “ele era” mas que droga

Meu sorriso sumiu de repente e Thomas percebeu, automaticamente tentou se desculpar

— Tá tudo bem, Thomas. Juro - Sorri triste

“Jenna, me encontre nos corredores da ala 3, por favor, tenho uma notícia pra você, mas controle-se por favor”

Franzi minha sobrancelhas com o chamado imediato da minha Tia. Olho para Thomas pra ver se ele ainda estava prestando atenção em mim, por sorte não estava

Então me levantei saí da sala de controle e indo até a ala 3, e paro em frente ao corredor. Mas estava vazio, será que ela se confundiu com a ala 13?

Quando estava prestes a sair alguém me puxou para um vão entre as paredes. Era ela, Abigail

— Você se lembra do seu presente de aniversário? - Rapidamente olho para o chão e olho para ela, tentando entender a onde ela queria chegar com esse assunto

Abigail era o braço direito de Ava, uma cientista extremamente brilhante e inteligente, que estudava a cura para o vírus durante anos, antes mesmo de eu nascer. Mas ela não concordava com muitos dos métodos do CRUEL, e desde que eu cheguei ela planeja algo do qual nunca me contou. Mas de algo eu posso ter certeza, ela pensa em cada mínimo detalhe, respiração e movimento. Ela não faz nada à toa

No dia do meu aniversário ela já sabia que Minho iria para o Labirinto, e me fez uma proposta, que ela só iria colocar em prática se eu aceitasse, mas é algo que eu ainda não sabia

— Lembro, o que têm? Você ainda não me falou o que é - Cruzei meus braços a encarando

— Jenna…eu posso te colocar no labirinto. Em duas semanas você pode ser a próxima a subir por aquela caixa. Mas eu preciso que concorde com isso, tenha 100% de certeza que vale a pena abandonar até as suas memórias, por esse garoto. Claro, você estar lá seria crucial para mim, e é algo que você têm me suplicando. Mas preciso que entenda que isso não é brincadeira, e está bem longe de ser…lá de dentro se algo acontecer eu vou te salvar, sem pensar duas vezes mas não garanto o mesmo com os seus amigos de lá ou o Minho, está disposta a entrar nisso?

Eu olhei para o colar em meu peito o segurei e massageei. Minho confiava em mim, e tenho a absoluta certeza que estaria fazendo o mesmo se fosse o contrário, então respirei fundo e olhei para ela

— Tudo bem! Me coloque com ele. Faca-me esquecer de tudo, me torture, faça o meu cérebro, mas me coloque com ele - Segurei fortemente o anel do colar

— Então é isso - Eu vi seus olhos brilhando - Eu prometi pra sua mãe que ia te fazer brilhar e é isso que está fazendo…por conta própria. Quando a próxima fase do meu plano for concluída você se lembrará disso tudo, mas não sei quando isso vai acontecer então…Temos duas semanas pra nos despedir, por que você será a próxima dentro do labirinto. Em relação aos superiores que vigiam o labirinto, não se preocupe, tenho tecnologias para resolver isso…Vamos colaborar que eu sou bem mais inteligente que todos eles juntos - Ela fez uma careta ao dizer a última frase, o que me fez rir

— Tenho que voltar pra sala de controle - Disse respirando fundo, tentando assimilar tudo

— Vou passar essa semana resolvendo tudo para você entrar. Talvez não me veja tanto, então se esse for o caso…Te vejo no labirinto, Jenna

— Te vejo nas minha memórias, Abi

FLASH BACK OFF

***

( notas da autora💙 )

Capítulo com migalhas🥺

Mas lembrando que eles não lembram disso então tecnicamente as migalhas não adiantam de nada HAHSHKKK

Não sei se gostei do resultado final do capítulo👎

Oq estão achando??

Amo vcss<3

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